APROFUNDANDO-SE NA ADORAÇÃO
Ramon Tessmann
Adaptado pelo Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO
Hoje
em dia muito se comenta sobre a palavra adoração. Em congressos de louvor,
seminários, palestras ou mesmo em livros este é um assunto sempre presente. A verdade
é que este é um tema bastante profundo e exige tempo para compreendermos o seu
sentido. Mas é bom saber que um grande número de pessoas têm buscado o
significado de adorar e tem realmente tomado a adoração como um estilo de vida,
tornando-se verdadeiros adoradores. Tentando entender o assunto, muitos
leitores poderiam me questionar: “Como você define a adoração?”.
Bem,
o termo adoração deriva da palavra latina “adorare”. Em latim, adorare
significa “falar com”, no sentido de “ter comunhão com”. Podemos
entender, então, que adorar a Deus é basicamente conversar com Deus ou ter
comunhão com Deus.
Para
que você entenda melhor, o processo de adoração a Deus, é necessário dividirmos
este assunto em quatro pontos fundamentais. Veremos como a adoração pode ser
explicada através da amizade, da preocupação, do aprender a agradar e da
doação.
Observe:
I. ADORAÇÃO COMO INTIMIDADE COM DEUS
Você
se lembra de alguma situação na qual você foi apresentado a uma pessoa
desconhecida? Nestas situações, é natural que o ser humano se sinta retraído e
tímido. Isto acontece com todos, desde o mais tímido ao mais extrovertido, e
assim ocorre porque ainda não existe uma intimidade profunda nesta relação.
Tudo parece estranho.
Quando
uma verdadeira amizade é formada, cria-se também uma relação mútua de amizade.
É um sistema de parceria. Um se coloca a disposição do outro para o que for
preciso. Cada dia que passa, o relacionamento se torna mais íntimo e a comunhão
mais profunda.
Na
relação entre Deus e o adorador ocorre o mesmo processo. O ser humano é
apresentado a um novo amigo (Deus). No princípio desta amizade ele não O
conhece e não sabe como agradá-lo. Não há familiaridade. Ambos, então, passam a
conversar constantemente (a oração). O homem então começa a entrar na
intimidade de Deus e conhecê-lo melhor a cada dia que passa.
Este
é um ponto fundamental para haver sincera adoração: tornar-se amigo íntimo de
Deus! A questão do conhecimento dentro da amizade é um requisito básico para um
adorador. Ele deve se esforçar para conhecer Deus ao máximo e estreitar esta
amizade maravilhosa que foi construída. O próprio Senhor Jesus revela em João
15.15: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a
conhecer”.
Como
é bom saber que Jesus nos chama de amigos e está sempre aberto para novas
amizades! O ser humano, quando aceita Deus em sua vida, se torna um amigo de
Deus. Porém, Deus exige que a pessoa obedeça a Sua vontade. O homem só
continuará esta amizade quando estiver fazendo a Sua vontade. O Senhor Jesus
novamente nos revela em João 15.14: “Vós sois meus amigos, se fizerdes o
que eu vos mando”. Quando a pessoa com sinceridade ora, louva, agradece, dobra
os joelhos ou lê a Bíblia, ela está adorando a Deus. Qualquer um que deseja se
tornar um adorador, deve buscar incansavelmente exercitar a adoração.
Deus
procura pessoas que assim o façam e assim O buscam. É muito bom saber que Ele
se deixa achar. Observe em Jeremias 29.13, Deus dizendo: “Buscar-me-eis,
e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” Ainda que Deus
seja todo suficiente, Ele não é indiferente para conosco!
II. ADORAÇÃO COMO PREOCUPAÇÃO NO AFASTAMENTO DO PECADO QUE DESAGRADA
A DEUS
Adoração
também está relacionada com a palavra preocupação. No início da caminhada com
Deus, aquele que louva deve ter a preocupação de derrotar os pecados em sua
vida (santidade). Este é o início da vida do adorador. Porém, o lado ruim desta
preocupação é que no começo ela está totalmente direcionada aos pecados mais
visados ou conhecidos tais como matar, roubar ou mentir.
No
início da vida cristã, esta pessoa se esforça para não cometer os erros tidos
como “graves”, e geralmente neste nível ela já se acha digna para trabalhar na
obra. Muitos chegam a pensar: “Eu não mato, não roubo e não minto, portanto
estou pronto para trabalhar na obra de Deus!” À medida que a pessoa começa a
entrar na intimidade de Deus, a preocupação automaticamente aumenta, iniciando
outra fase no processo da adoração.
Nas
Escrituras podemos encontrar um episódio que relata uma visão onde o profeta
Isaías vê o Senhor assentado no seu trono. Observe o que ele diz quando teve a
visão: “Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou homem de
lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos
viram o rei, o Senhor dos exércitos!”, Isaías 6.5.
Podemos
perceber que o sentimento de preocupação entrou instantaneamente no coração de
Isaías. Ele viu que mesmo sendo um profeta de Deus poderia estar perdido, pois
ainda era homem de lábios impuros, o que antes não lhe causava preocupação.
Depois de ter um contato mais profundo com Deus, o adorador começa a entender
que não roubar, não matar, não fumar, não mentir, etc., passam a ser requisitos
básicos para se tornar um genuíno adorador.
A
preocupação começa a ser direcionada a pontos mais profundos, os quais pareciam
sem significado no início da vida cristã. O adorador tenta não murmurar, não
pronunciar palavras frívolas e torpes, não sentir inveja ou não ser homem de
lábios impuros como reconheceu Isaías. A pessoa entende que pode magoar a Deus
em pequenas atitudes. Este é um patamar mais elevado no que se refere à
comunhão e intimidade com o Senhor.
Há
um certo nível neste processo onde a pessoa deseja viver totalmente dependente
de Deus, conversando com Ele diariamente (amizade). O adorador tem sede de
conhecê-Lo mais e mais. A intimidade se torna tão profunda que a preocupação
leva a pessoa a estar constantemente se perguntando: “Será que esta atitude vai
agradar a Deus?”, “Será que isto vai magoar a Deus?”, “Deus vai concordar com
aquilo?”, etc.
Estas
perguntas devem fazer parte do vocabulário diário do adorador. Isto deve ter
influência até sobre os cânticos a serem escolhidos na igreja: “Será que este
cântico irá agradar ao Senhor?”. Você entende? O genuíno adorador deve estar
preocupado em colocar Deus no centro de sua vida. Todas as preocupações devem
realmente ser voltadas a Ele.
III. ADORAÇÃO COMO APRENDER A AGRADAR AO SENHOR
Adorar
a Deus é aprender a agradá-lo. Como já expliquei anteriormente, só podemos
agradar uma pessoa quando conhecemos o coração dela. O adorador só começará a
agradar a Deus quando ele começar a conhecer o Seu coração e conhecer Sua
Palavra. O desejo de Deus para o adorador é capacitá-lo a entender o que é
agradável ao seu coração.
Pedro
foi repreendido muitas vezes pelo Senhor Jesus, mesmo depois de um tempo
caminhando ao lado Dele. Em muitas ocasiões Pedro tentava agradar Jesus, porém
de uma maneira errada, na ignorância. Até mesmo os discípulos foram
repreendidos algumas vezes.
Em
Marcos 10.13,14, por exemplo, há um episódio onde as criancinhas queriam
se encontrar com Jesus: “Então lhe traziam algumas crianças para que as
tocasse; mas os discípulos o repreenderam. Jesus, porém, vendo isto,
indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais,
porque de tais é o reino de Deus”.
Nesta
ocasião os discípulos provavelmente abordaram as crianças dizendo: “Vão embora!
Não aborreçam o Mestre!”. Com esta atitude pensaram que estariam agradando a
Cristo, mas Ele ouvindo isto se indignou e os repreendeu severamente. Estas
ocasiões bíblicas nos revelam que mesmo depois de terem aceitado seguir a
Jesus, os discípulos falhavam quando tentavam agradá-lo de uma maneira errada,
talvez por não conhecê-Lo bem!
O
adorador enfrenta o mesmo processo. Não se aprende a adorar a Deus da noite
para o dia. Nas suas orações diárias, o adorador deve pedir que Deus se deixe
revelar, e Ele certamente se deixará conhecer. Através da Bíblia e de
experiências vividas diariamente o adorador aprenderá a agradar a Deus até nas
menores atitudes.
IV. ADORAÇÃO COMO DOAÇÃO DE NOSSO TEMPO DE VIDA A DEUS
Adoração
está relacionada com doação. Doação completa da vida do adorador para Deus. O
próprio apóstolo Paulo ordena que: “... se ofereçam completamente a Deus como
sacrifício vivo dedicado ao seu serviço e agradável a Ele”, Rm 12.1,”
Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos
como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional”.
O
texto é bem claro! O adorador tem a obrigação de se dedicar inteiramente a
Deus, doando tempo para o serviço de Deus e principalmente para Deus. Como este
assunto é direcionado às pessoas que atuam no ministério de música, há uma
pergunta que eu gostaria muito de responder: “Como o adorador pode doar seu
trabalho de músico na obra de Deus?”
Primeiramente,
ele deve buscar estreitar a sua relação com Deus diariamente. O verdadeiro
adorador não pode falar com Deus apenas nos cultos da igreja. A comunhão deve ser
estreitada dia após dia. O adorador não deve substituir nem a música pelo
relacionamento com Deus!!! A vida do levita dever ser inteligentemente
balanceada entre Deus e a música.
Em
segundo lugar o adorador deve estar disponível para ministrar em qualquer lugar
e horário que lhe for possível. O adorador deve ter em seu coração o “eis-me
aqui, envia-me a mim”. Isto significa prontidão e disponibilidade para a obra
de Deus! O adorador precisa entender a palavra “doação”. Doar significa dar sem
pedir de volta! Dar não significa emprestar! Quando você empresta alguma coisa
a alguém, você espera que a pessoa te devolva. Quando ela não devolve você
começa a cobrar. Eu quero que você entenda que doar a Deus é dar por amor, sem
pedir nada em troca, mas mesmo assim Deus abençoa os seus adoradores.
O
Diabo, em troca da adoração, oferece satisfação e prazeres carnais ao homem. No
episódio onde tentou Jesus no desertou ele disse: “Tudo isto te darei, se,
prostrado, me adorares”, Mateus 4.9. O adorador deve sua vida a Deus
mesmo que seja abençoado ou não. Portanto, devemos adorar a Deus aprendendo a
doar o que temos e o que somos, sem pedir algo em troca. Deus abençoará
conforme a sinceridade da adoração.
CONCLUSÃO
Para
que o amado irmão entenda melhor estes quatro itens, quero deixar como exemplo
a história de Marta e Maria, situada em Lucas 10.38-42. Leia com
atenção: “Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher,
por nome Marta, o recebeu em sua casa. Tinha esta uma irmã chamada Maria, a
qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava
preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que
minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.
Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas
coisas; entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a
boa parte, a qual não lhe será tirada”.
Você
consegue perceber a presença dos quatro pontos estudados acima nesta história?
Comparando este verso com as explicações anteriores, vemos que Maria soube ser
amiga de Jesus, se preocupou em ouvi-lo e estar junto dele para aprender, soube
agradá-lo (escolheu certo) e doou seu precioso tempo, mesmo tendo outras
tarefas para fazer. Ela preferiu o relacionamento!
Sabe
o que Jesus disse a respeito disso: “...ela escolheu a boa parte”. Da mesma
forma, o adorador deve saber escolher a melhor parte: o relacionamento com
Deus!