CARACTERÍSTICAS
DE UMA RELIGIÃO
QUE NÃO
AGRADA A DEUS
Pr. José Antônio Corrêa
“1 A visão de Isaías, filho de Amoz, que ele
teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e
Ezequias, reis de Judá. 2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque
falou o Senhor: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles se rebelaram contra
mim. 3 O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu
dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. 4 Ah,
nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores,
filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de
Israel, voltaram para trás. 5 Por que seríeis ainda castigados, que
persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. 6 Desde
a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã; há só feridas, contusões e
chagas vivas; não foram espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. 7 O
vosso país está assolado; as vossas cidades abrasadas pelo fogo; a vossa terra
os estranhos a devoram em vossa presença, e está devastada, como por uma
pilhagem de estrangeiros. 8 E a filha de Sião é deixada como a cabana na
vinha, como a choupana no pepinal, como cidade sitiada. 9 Se o Senhor
dos exércitos não nos deixara alguns sobreviventes, já como Sodoma seríamos, e
semelhantes a Gomorra. 10 Ouvi a palavra do Senhor, governadores de
Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra. 11 De que me
serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos
holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do
sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. 12 Quando vindes
para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar
os meus átrios? 13 Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para
mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias... não
posso suportar a iniquidade e o ajuntamento solene! 14 As vossas luas
novas, e as vossas festas fixas, a minha almas aborrece; já me são pesadas;
estou cansado de sofrê-las. 15 Quando estenderdes as vossas mãos,
esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações,
não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue. 23 Os teus
príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas,
e anda atrás de presentes; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles
a causa da viúva”, IS 1.1-23.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO:
Uma das coisas que mais abominam ao Senhor é
a hipocrisia religiosa, ou seja, uma vida religiosa onde há excesso de
imposições cultuais, rituais, mas ausência dos princípios religiosos vitais,
tais como: sinceridade, misericórdia e amor cristãos. Jesus confrontou os
fariseus, que eram pródigos em cerimônias e rituais religiosos, mas fracos na
misericórdia e amor, com as seguintes palavras: “Misericórdia quero, e não
holocaustos e sacrifícios”, Mt 9.13.
Isaías profetizou em um período assim, onde o
povo de Deus era carregado de rituais e cerimônias religiosas, mas estava tremendamente
corrompido pelos pecados mais comuns: prostituição religiosa, abandono do
pobre, injustiça social, etc..
A partir do exemplo da profecia de Isaías,
queremos falar sobre as principais “características
de uma religião QUE NÃO AGRADA A Deus”:
I. REBELIÃO
CONTRA DEUS
V. 2, “... Criei filhos, e os engrandeci, mas eles
se rebelaram contra mim”, v. 5, “Por que seríeis ainda
castigados, que persistis na rebeldia?”.
Olhando para o contexto de onde estes dois
versículos estão inseridos, podemos notar alguns fatos importantes:
a) Deus declara que
criara a nação de Israel e a engrandecera, como um pai cria e engrandece seus
filhos, v. 2, “Criei filhos e os engrandeci...”. O verbo “criar”
descreve o processo de se educar carinhosamente um filho; já o verbo “engrandecer”,
refere-se à alta posição ocupada por um filho bem educado, treinado.
b) Foi desta forma que Deus gerou o seu filho
(figurativamente, a nação de Israel), libertando-o mais tarde da escravidão
egípcia e posteriormente dando-lhe independência, com leis próprias, fixando-o
na terra de Canaã, dando-lhes ainda profetas que eram incumbidos de
anunciar-lhes as verdades eternas da revelação divina, além da incumbência de
anunciar sua Palavra a outros povos.
c) Mesmo com todo este
cuidado divino, Israel respondeu a Deus com atos de profunda rebelião. A
palavra “rebelar-se”, vem do latim “rebellare” e significa em seu
sentido original “romper relações com alguém”, ou “separar-se
completamente dele”. Olhando para qualquer dicionário da língua portuguesa
temos a seguinte definição para esta palavra: “insurgir-se”, “revoltar-se”.
A rebelião contra Deus é um dos pecados mais
terríveis. Em 1Sm 15.23 temos: “Porque a rebelião é como o pecado de adivinhação
(feitiçaria), e a obstinação é como a iniquidade de idolatria...”.
Se a Palavra de Deus compara a rebelião com o
pecado de feitiçaria, podemos deduzir que há neste tipo de pecado uma
influência de demônios, pois eles atuam com todo empenho nas obras de
feitiçaria. Quem pratica a feitiçaria presta culto aos demônios. Quem é rebelde
está sobre a influência também de demônios.
Por muitas vezes a Palavra de Deus se refere
ao pecado de rebelião. Vejamos algumas delas:
a) Nm 14.9, “Tão somente não sejais
rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo desta terra, porquanto são eles
nosso pão. Retirou-se deles a sua defesa, e o Senhor está conosco; não os
temais”.
Diante da conquista da terra prometida, o
sucesso estava garantido, porém a condição imprescindível para a vitória estava
no fato do povo banir de seu meio a rebeldia. Satanás será sempre vitorioso
contra o rebelde, mas encontrará tremenda barreira quando se lança contra o
obediente.
b) Dt 9.24, “Tendes sido rebeldes contra
o Senhor desde o dia em que vos conheci”. Neste versículo, vemos Moisés
reclamando da permanente atitude de rebelião do povo de Deus. “Desde o dia
em que vos conheci”.
Olhando os versículos anteriores, observamos
que Moisés mexe com o passado do povo, lembrando-lhes que sempre foram rebeldes
contra o Senhor. Tem crentes que possuem um passado de rebelião contra Deus e
contra todos.
c) Sl 68.6, “Deus faz que o solitário
viva em família; liberta os presos e os faz prosperar; mas os rebeldes habitam
em terra árida”.
A rebelião provoca escassez de prosperidade. “Terra
árida” é sinônimo de pobreza, miséria, uma vez que este tipo de terra não é
produtiva. Quem vive debaixo de rebeldia, estará habitando em “terra árida”.
d) Sl 106.43, “Muitas vezes os livrou;
mas eles foram rebeldes nos seus desígnios, e foram abatidos pela sua
iniquidade”.
A rebelião nos leva ao abatimento, tanto
físico, como também espiritual.
É preciso corrigir nossos caminhos rebeldes
diante do Senhor. Deus não opera contra os princípios de sua Palavra. Ele
somente abençoará aqueles que forem obedientes.
II. FALTA
DE CONHECIMENTO DE DEUS
V. 3, “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a
manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não
entende”.
A palavra “conhecer” aqui é usada no
sentido de “conhecer por experiência”. “O animal doméstico conhece
instintivamente a bondade de seu dono. Trabalha docilmente no serviço do homem
e dele recebe sustento, sem qualquer pretensão de mudar o seu modo de viver e
servir, ou de se recusar a obedecer fielmente à vontade do dono”(1).
Israel deveria possuir um profundo
conhecimento experimental de Deus. Porém, em razão de suas ações malignas,
tinha perdido até mesmo o sentido de gratidão a ele.
A falta do conhecimento de Deus e de sua
Palavra tem levado muitos crentes a naufragarem na fé:
a) Hb 3.10, “Por isso me indignei
contra essa geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não chegaram
a conhecer os meus caminhos”.
Temos aqui uma citação do Sl 95.10, onde
o salmista se refere ao povo de Deus no deserto. O erro no coração está
profundamente ligado à falta do conhecimento de Deus. Precisamos conhecê-lo e
conhecer sua Palavra para errar menos.
b) Mt 22.29, “Jesus porém lhes
respondeu: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus;”.
Vemos nesta passagem Jesus confrontando os
líderes religiosos de seu tempo, que se julgavam cheios de sabedoria, mas
estavam cometendo o engano de “errar”, pela falta do conhecimento da
Palavra e do Poder de Deus.
Deus nos incentiva a conhecê-lo em sua
plenitude:
a) Os 6.3, “Conheçamos e prossigamos em conhecer
ao Senhor...”. O conhecimento de Deus não é um conhecimento estático, mas
dinâmico.
Quanto mais o conhecemos, mais temos vontade
de conhecê-lo. É preciso conhecê-lo cada vez mais e sempre.
b) Jr 31.34, “E não ensinarão mais
cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor;
porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor, pois
lhes perdoarei a sua iniquidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados”.
Neste trecho, o profeta Jeremias fala de um
tempo em que todos os filhos de Deus serão abastecidos por um conhecimento
sobrenatural do Senhor.
c) Ef 3.17-19, “Que Cristo habite
pela fé em vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em
amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de
Deus”.
Podemos deduzir que esta passagem da
Escritura, poderia muito bem ser o cumprimento de Jr 31.34. Podemos
hoje, conhecer a Deus de forma mais profunda, pois temos em nós o Espírito
Santo que nos capacita a recebermos o conhecimento.
É preciso aprender a conhecer ao Senhor, para
não errarmos em nossa vida cristã.
III.
ABANDONO A DEUS
V. 4, “... Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo
de Israel, voltaram para trás”. As palavras “deixar” e “desprezar”,
nos traz a ideia de “rejeitar com desdém”, “voltar as costas”.
Eles rejeitaram com desprezo nada mais, nada menos que o Santo de Israel. Em
outras palavras, eles “entraram em profunda apostasia”. “Chamado para
ser um povo santo, Israel tinha recebido as provas do amor imutável no concerto
do Senhor, mas tinha rompido os laços que o prendiam ao Santo de Israel”(2).
Não conhecer ao Senhor e a sua Palavra, pode
nos levar a errar em nossa vida cristã. Porém, deixar ao Senhor, voltar para
trás, tem sido também a ruína de muitos cristãos. Há um hino no cantor cristão
que expressa com muita realidade esta verdade: “Quantos que corriam bem, já não
mais contigo vão. Outros seguem, mas também, frios e sem amor estão”.
Olhando para a Palavra de Deus, podemos
deduzir que o fim daqueles que abandonam ao Senhor acaba sendo trágico:
a) Jz 2.12-15, “12 abandonaram o
Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após
outros deuses, dentre os deuses dos povos que havia ao redor deles, e os
adoraram; e provocaram o Senhor à ira, 13 abandonando-o, e servindo a
baalins e astarotes. 14 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra
Israel, e ele os entregou na mão dos espoliadores, que os despojaram; e os
vendeu na mão dos seus inimigos ao redor, de modo que não puderam mais resistir
diante deles. 15 Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra
eles para o mal, como o Senhor tinha dito, e como lho tinha jurado; e estavam
em grande aflição”.
Deus não pode abençoar aqueles que o
abandonam, para servir outros deuses. Deus não pode abençoar aqueles que recuam
na fé. Não há como voltar atrás, pois se assim acontecer, ficaremos a mercê das
maldições deste mundo.
b) Jr 5.19, “E quando disserdes: Por que
nos fez o Senhor estas coisas? então lhes dirás: Como vós me deixastes, e
servistes deuses estranhos na vossa terra, assim servireis estrangeiros, em
terra que não é vossa”.
O abandono ao Senhor e a adoração ao outros
deuses, provocaria a escravidão física de seu povo. Muitos cristãos nos dias
atuais acabam voltando à escravidão de Satanás e deste mundo, pelo fato de
abandonarem ao Deus Eterno.
c) Jr 2.13, “Porque o meu povo
fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram
para si cisternas , cisternas rotas, que não retêm as águas”.
Quantos têm deixado o Senhor que é a fonte de
águas verdadeiras e têm cavado para si “cisternas rotas”, que não
produzem água, ou até estão produzindo “água podre”, imprópria para o
consumo. Jesus disse: “Quem tem sede, vem a mim e beba”, Jo 7.37.
d) 2Tm 4.10, “Porque Demas me
desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica...”.
Nesta passagem o apóstolo Paulo descreve o
comportamento de Demas, que em razão de amor ao mundo o abandonara, abandonando
também a Cristo. A Palavra de Deus nos adverte contra este amor ao mundo que
pode ser a ruína de muitos crentes, 1Jo 2.15-17, “15 Não ameis o
mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está
nele. 16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. 17
E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece
para sempre”.
Vamos ter cuidado com a apostasia para não
corrermos o risco de ficar para trás, Hb 4.1, “Temamos, pois, que,
porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de
vós fica para trás”.
Jamais poderemos contaminar o mundo com a
mensagem de Deus, se a nossa vida não for equivalente às nossas palavras. De
nada adianta uma vida religiosa impregnada de belos rituais, mas divorciada de
sinceridade.
CAPÍTULO 2
Temos visto até aqui três “características”
ou “aspectos” de uma religião que não agrada a Deus. São elas:
a) Rebelião contra Deus. Quando nos mantemos
rebeldes contra Deus, estamos praticando um tipo de pecado que se relaciona de
uma forma estreita com a feitiçaria. Lembremos o que Samuel disse a Saul: “A rebelião
é como o pecado de feitiçaria”, 1Sm 15.23. A rebelião tem a ver com
certa independência do homem que muitas vezes se acha autossuficiente e por
esta razão chega à conclusão de que não precisa mais de estar debaixo de
obediência. Quando assumimos uma posição assim entramos num verdadeiro caos,
numa vida religiosa estéril. Devemos deixar a rebelião e sermos obedientes ao
Senhor!
b) Falta de conhecimento de Deus. Para desfrutarmos
de uma comunhão perfeita com o Criador é necessário que o conheçamos de uma
forma mais profunda. Um conhecimento superficial ou apenas intelectual de Deus,
em nada nos ajudará. Precisamos buscar um conhecimento experimental dele para
termos uma vida cristã mais abençoada. No dizer de Oséias, precisamos “...
conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor”, Os 6.3. Isto nos mostra
que o conhecimento de Deus não deve ser estático. Há muito para se conhecer de
Deus. Precisamos buscar o conhecimento experimental de Deus!
c) Abandono de Deus. Isto ocorre quando
deixamos para traz os valores religiosos mais importantes, como a prática da
Palavra de Deus, a oração, frequência aos cultos em nossa comunidade, etc.
Muitos cristãos têm abandonado a Deus, vivendo uma vida cristã longe dele,
carregando amargas derrotas, assim como o filho pródigo, conforme Lc
15.11-32, que longe de seu pai provou uma vida medíocre e miserável. Graças
a Deus que ele voltou ao lar. É preciso voltar ao Senhor!
Agora queremos continuar falando sobre o
capítulo 1 do livro de Isaías. Queremos ver: “OUTRAS CONSEQÜÊNCIAS DE UMA
RELIGIÃO QUE NÃO AGRADA A DEUS”.
IV. UMA
RELIGIÃO QUE NÃO AGRADA A DEUS PODE NOS LEVAR A ENFERMIDADES FÍSICAS, MENTAIS E
ESPIRITUAIS
Certamente que quando praticamos uma vida
religiosa sem a graça de Deus estaremos sujeitos a conviver com muitos tipos de
doenças tanto físicas, como também espirituais. Podemos ver em nosso texto
alguns pontos relacionados a esta verdade:
a) V. 5, “Por que seríeis ainda castigados, que
persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco”. Neste
trecho, podemos ver que o profeta fala de enfermidades tanto na “cabeça”,
como também no “coração”. Sabemos que tanto a cabeça como também o
coração são órgãos vitais e que quando atingidos por qualquer enfermidade podem
nos levar à morte.
b) V. 6, “Desde a planta do pé até a
cabeça não há nele coisa sã; há só feridas, contusões e chagas vivas...”. Aqui a enfermidade parece assumir proporções
mais alarmantes, ou seja, ela aparece espalhada pelo corpo todo. É um tipo de
doença que se alastra e altamente contagiosa.
c) V. 6, “... não foram espremidas, nem
atadas, nem amolecidas com óleo”. Note que embora as feridas sejam mortais, não
há quem cuide delas, o que nos mostra como que um abandono por parte do Senhor,
o que nos leva a crer que aqueles que se mantém na rebelião, Deus não lhes
transmite quaisquer cuidados.
d) Embora a enfermidade descrita nestes dois
versículos aparentemente seja física, podemos dizer sem qualquer medo de errar
que elas também podem assumir características espirituais levando o filho de
Deus a ficar “enfermo” em sua alma.
A Palavra de Deus nos mostra que quando o
homem entra pelo caminho da desobediência pode atrair para si tanto
enfermidades físicas, como também enfermidades espirituais:
a) Enfermidades Físicas:
- Lv 26.14-16, “14 Mas, se não
me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos, 15 E se
rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma se enfadar dos meus juízos, não
cumprindo todos os meus mandamentos, para invalidar a minha aliança, 16
Então eu também vos farei isto: porei sobre vós terror, a tísica e a febre
ardente, que consumam os olhos e atormentem a alma; e semeareis em vão a vossa
semente, pois os vossos inimigos a comerão”.
A rejeição à Palavra de Deus é premiada com a
vinda de doenças terríveis, como a “tísica” e a “febre ardente”.
A tísica é um tipo de enfermidade que ataca os pulmões que se não tratados a
tempo leva a pessoa à morte. É a moderna tuberculose! Naquele tempo não havia
recursos para este tipo de enfermidade e quem a contraísse certamente morreria.
A “febre ardente” tanto poderia ser a febre ocasionada pela própria
tuberculose, ou outro tipo de febre, com a “Febre Amarela”, “Malária”,
etc.
- Dt 28.58, 61, “58 Se não
tiveres cuidado de guardar todas as palavras desta lei, que estão escritas
neste livro, para temeres este nome glorioso e temível, o Senhor teu Deus, 61
Também o Senhor fará vir sobre ti toda a enfermidade e toda a praga, que não
está escrita no livro desta lei, até que sejas destruído”.
Aqui a ênfase em relação às enfermidades é
bem mais forte: “... toda enfermidade descrita no livro da lei...”, o que
indica que não haveria limites para contrair enfermidades por aquele que se
mantivesse na desobediência. Estaria esta pessoa vulnerável a qualquer tipo de
enfermidade.
b) Enfermidades Espirituais:
- Sl 77.9-10, “9 Esqueceu-se
Deus de ter misericórdia? Ou encerrou ele as suas misericórdias na sua ira? 10
E eu disse: Isto é enfermidade minha; mas eu me lembrarei dos anos da destra do
Altíssimo”.
A falta de Deus na vida do homem o leva a um
estado de tremenda insatisfação espiritual, ficando a sua alma enferma. Quando
o salmista diz: “Isto é enfermidade minha...”, está se referindo a um tipo de
enfermidade que havia sido produzida nele, pelo fato de Deus ter levantado de sua
vida a “misericórdia”, produzindo consequentemente a “ira divina”.
- Sl 32.3-4, “3 Quando eu
guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. 4
Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou
em sequidão de estio”.
A enfermidade de alma acometida por Davi em
razão de seu pecado, fez com que ele decaísse o seu semblante, ao ponto de
perder todo o seu bom humor, a sua alegria. Quando alguém perde o seu bom
humor, principalmente em razão do pecado, entra num período de insatisfação que
atingirá sua alma, deixando-a enferma, doente.
- Os 5.13, “Quando Efraim viu a sua
enfermidade, e Judá a sua chaga, subiu Efraim à Assíria e enviou ao rei Jarebe;
mas ele não poderá sarar-vos, nem curar a vossa chaga”.
Aqui a enfermidade tanto de Efraim, como de
Judá, foram produzidas em função de sua rebelião contumaz contra o Senhor. Esta
enfermidade espiritual os estava levando a buscar auxílio junto ao rei da
Assíria. Porém quando a enfermidade é produzida pela mão do Senhor, de nada
adianta procurar ajuda de fora. A solução está na volta aos caminhos do Senhor!
Para vivermos uma vida isenta de enfermidades
tanto físicas como da alma, é necessário que trilhemos os caminhos da
obediência.
V. UMA
RELIGIÃO QUE NÃO AGRADA A DEUS PODE NOS LEVAR À FALTA DE RESISTÊNCIA CONTRA O
INIMIGO
Vivemos num mundo onde somos “cercados” por
forças do mal, por demônios e espíritos malignos que usam pessoas para nos
atingir e nos derrubar de nossa posição em Cristo. Esta luta ocorre no terreno
espiritual, Ef 6.12, “Porque não temos que lutar contra a carne e o
sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais”.
Neste texto de Isaías, a Palavra de Deus nos
mostra que quando praticamos uma religião sem Deus, estaremos desprotegidos
contra os ataques destes inimigos que quase sempre são “inimigos
espirituais”. Vejamos alguns destaques no texto:
a) V. 7, “O vosso país está assolado; as vossas
cidades abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa
presença, e está devastada, como por uma pilhagem de estrangeiros”.
Os termos deste versículo estão provavelmente
se referindo à uma terrível devastação ocasionada pelo cruel exército da
Assíria contra a Palestina, 2Cr 24.23-24, “23 E sucedeu que,
decorrido um ano, o exército da Síria subiu contra ele; e vieram a Judá e a
Jerusalém, e destruíram dentre o povo a todos os seus príncipes; e enviaram
todo o seu despojo ao rei de Damasco. 24 Porque ainda que o exército dos
sírios viera com poucos homens, contudo o Senhor entregou na sua mão um
exército mui numeroso, porquanto deixaram ao Senhor Deus de seus pais. Assim
executaram juízos contra Joás”.
É provável que esta invasão teve como
objetivo principal, não somente a conquista militar do exército de Israel, mas
também a devastação da terra para o plantio, que foi grandemente atingida.
Naquele tempo quando havia uma guerra, era costume da nação vencedora espalhar
sal pela terra para a tornar improdutiva, Jz 9.45, “E Abimeleque pelejou
contra a cidade (Siquém) todo aquele dia, e tomou a cidade, e matou o povo que
nela havia; e assolou a cidade, e a semeou de sal”.
b) V. 8, “E a filha de Sião é deixada como a
cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como cidade sitiada”.
A expressão “filha de Sião”,
normalmente é uma expressão usada para descrever a capital Jerusalém, também
duramente castigada durante a invasão assíria. A cidade foi sitiada por
Senaqueribe que “fechou o rei Ezequias na cidade como se fecha um pássaro na
gaiola”.
Porém Deus não permitiu que Senaqueribe
concluísse seu intento, 2Rs 19.35, “Sucedeu, pois, que naquela mesma
noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta
e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram
cadáveres”.
c) V. 9, “Se o Senhor dos exércitos não nos
deixara alguns sobreviventes, já como Sodoma seríamos, e semelhantes à
Gomorra”.
Certamente que este versículo se refere ao
juízo de Deus contra seu povo pela sua rebeldia, que graças à misericórdia
divina eles não foram totalmente dizimados, como aconteceu com Sodoma e
Gomorra, duas cidades antigas totalmente pervertidas.
Assim como a nação de Israel estava
desprotegida contra seus inimigos por praticar uma religião falsa, nós também
podemos ficar desprotegidos contra nossos inimigos, se não levarmos a sério
nossa vida religiosa. Só podemos ser vencedores quando estamos firmados em
Cristo e na Palavra de Deus. Vejamos mais alguns textos sobre as consequências
da desobediência e que nos tornam frágeis frente aos nossos inimigos.
a) Lv 26.17, “E porei a minha face
contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; e os que vos odeiam, de
vós se assenhorearão, e fugireis, sem ninguém vos perseguir”.
Olhando para o presente texto vamos verificar
que ele está ligado à questão da desobediência. Evidentemente que se os filhos
de Israel se portassem com rebeldia, seriam “feridos diante de seus inimigos”,
provocando-lhes uma fuga, até mesmo sem qualquer perseguição aparente.
b) Sl 31.11, “Fui opróbrio entre
todos os meus inimigos, até entre os meus vizinhos, e horror para os meus
conhecidos; os que me viam na rua fugiam de mim”.
Aqui, Davi está descrevendo um período de sua
vida em que foi envergonhado pelos seus inimigos, sendo motivo de escárnio por
parte deles. Esta fase na vida de Davi ocorreu quando ele caiu em pecado de
adultério e assassinato, desobedecendo a Palavra de Deus. Ainda bem que Davi,
neste Salmo, está confessando o seu pecado e pedindo a Deus que o restaure!
c) Sl 143.3, “Pois o inimigo
perseguiu a minha alma; atropelou-me até ao chão; fez-me habitar na escuridão,
como aqueles que morreram há muito”.
Como no Salmo anterior, Davi reclama de uma
perseguição ferrenha de seus inimigos, onde foi “pisoteado”, “atropelado”. Durante
tal perseguição ele se viu obrigado a viver dentro de cavernas, na mais
profunda escuridão. Quando andamos pelos caminhos da rebeldia e desobediência
somos atingidos pela escuridão espiritual.
Vamos trilhar um caminho seguro pautado em
Deus e em sua Palavra em nossa vida cristã, para sermos vitoriosos contra os
nossos inimigos, caso contrário serviremos de escárnio e zombaria frente a
eles!
Vimos neste capítulo duas coisas importantes
e que podem nos prejudicar em nossa vida cristã e no mundo em que vivemos:
a) A prática de uma
religião que desagrada a Deus, falsa, que pode nos levar a ficar enfermos,
tanto de alma, como de espírito. Você tem estado “enfermo”, “doente”, em
razão de sua desobediência ao Senhor?
b) A prática de uma
religião falsa, que pode desagradar a Deus, tira de nós toda e qualquer
resistência aos ataques de nossos inimigos. Como tem sido a tua luta contra os
ataques do inimigo? Você é “vitorioso”, ou “perdedor”?
Para levarmos uma vida cristã vitoriosa,
livre de enfermidades, tanto do corpo como da alma, e também sermos resistentes
contra os ataques do inimigo devemos buscar em Deus e na sua Palavra os
princípios que nos conduzirão à vitória tanto em relação às enfermidades, como
também em relação aos nossos inimigos naturais e espirituais.
Sempre lembrando de que a nossa luta não é
contra a carne e o sangue, mas é uma luta travada nas regiões celestiais, Ef
6.12, “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim,
contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas
deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
CAPÍTULO 3
Vimos no capítulo anterior duas consequências
da prática de uma religião que desagrada a Deus:
a) Atraímos sobre nós “enfermidades”,
que podem atingir tanto o nosso corpo, como também a nossa alma. Ao quebrarmos princípios
da Palavra de Deus, abrirmos tremenda “brecha” ao diabo e seus demônios
para nos atingir com certas enfermidades que nos tornarão a vida penosa e
muitas vezes sem sentido.
Texto: Dt 28.58, 61, “58 Se não
tiveres cuidado de guardar todas as palavras desta lei, que estão escritas
neste livro, para temeres este nome glorioso e temível, o Senhor teu Deus, 61
Também o Senhor fará vir sobre ti toda a enfermidade e toda a praga, que não
está escrita no livro desta lei, até que sejas destruído”.
b) Perdemos nossa
resistência contra os ataques de Satanás e seus demônios. Um crente que vive em
desobediência à Palavra de Deus, torna-se “presa fácil” do inimigo,
sendo por ele envolvido em seus ardis.
Texto: Lv 26.17, “E porei a minha face
contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; e os que vos odeiam, de
vós se assenhorearão, e fugireis, sem ninguém vos perseguir”.
Torna-se claro que para sermos vencedores
tanto em relação às enfermidades, como também contra nossos inimigos,
precisamos andar nas verdades da Palavra de Deus. Queremos ver ainda mais “DUAS
CONSEQÜÊNCIAS DE UMA RELIGIÃO QUE NÃO AGRADA A DEUS”.
VI. UMA
RELIGIÃO QUE NÃO AGRADA A DEUS PODE NOS LEVAR A SER REJEITADOS PELO SENHOR, QUE
CONSEQUENTEMENTE REJEITA O CULTO QUE A ELE PRESTAMOS
De nada adianta oferecermos a Deus um culto
cheio de cerimonialismo, rico em práticas cultuais, se nossa vida cristã não
for comprometida com os valores do Reino. Era assim que o povo de Deus estava
agindo nos dias de Isaías. Eles tentavam agradar a Deus com um rico
cerimonial de culto, mas com seus corações longe dele. Atentemos para alguns
destaques:
a) V. 11, “De que me serve a mim a multidão de
vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e
da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de
cordeiros, nem de bodes”.
Ainda que houvesse muitos sacrifícios de
animais, holocaustos, o culto deles nada podia representar para Deus, porque
era só isso: sacrifícios e holocaustos e nada mais.
“O Senhor
não se agrada de ofertas e sacrifícios, de festas religiosas e de assembleias
solenes, apresentadas com cerimônias elaboradas, mas espera antes o tributo da
justiça, do amor, da bondade e da misericórdia nas relações sociais do seu
povo”(3). Um texto paralelo que podemos utilizar aqui é Os 6.6,
“Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus,
mais do que os holocaustos”.
b) V. 12, “Quando vindes para comparecerdes
perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios?”
Deus afirma aqui pela boca do profeta que ele
não havia pedido (requerido) nenhum sacrifício, nenhum ato cultual, e o que
eles assim faziam, o faziam por conta própria. Quando não fazemos o que fazemos
com um coração disposto a servir ao Senhor, certamente estaremos fazendo algo
por conta própria e sem ser do agrado de Deus.
c) V. 13-14, “13 Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso
é para
mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias... não posso suportar a
iniquidade e o ajuntamento solene! 14 As vossas luas novas, e as vossas festas
fixas, a minha almas aborrece; já me são pesadas; estou cansado de sofrê-las”.
Deus queria uma basta em toda aquela
hipocrisia! Ele chega ao ponto de afirmar que não mais estava suportando tanta
mentira, tanto engano e que isto estava trazendo-lhe não prazer, mas
sofrimento. Imaginem um culto que faz com que Deus sofra e não tenha nele
prazer! Era o que estava acontecendo.
d) V. 15, “Quando estenderdes as vossas mãos,
esconderei de vós os meus olhos; e ainda
que multipliqueis as vossas orações, não as
ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue”.
Certamente que um culto dirigido desta
maneira não poderia nunca ser recebido por Deus, que é Santo e não se associa a
coisas erradas. “Estes homens egoístas não eram mais capazes de reconhecer a
hipocrisia nos seus cultos. Estendiam as mãos, cheias de sangue, na oração, com
a esperança de receber do Senhor quaisquer bênçãos materiais que pedissem. Já
tinham perdido o sentido moral da justiça e assim rebaixaram o seu próprio
conceito da justiça”(4).
É bem verdade que quando tentamos associar ao
nosso culto uma vida não limpa, com pecados não confessados, ou ainda quando
prestamos um culto sem envolvimento de nosso coração, alma e espírito, Deus não
pode nos atender. Quando buscamos ao Senhor ou fazemos algo para ele, devemos
envolver todos os nossos sentimentos:
a) Ef 6.5-8, “5 Vós,
servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade
de vosso coração, como a Cristo; 6 Não servindo à vista, como para
agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de
Deus; 7 Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens. 8
Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja
livre”.
Neste texto, Paulo está aconselhando aos
escravos de seus dias, no sentido de que não fossem rebeldes para com os seus
donos, e que procurassem obedecê-los com “temor e tremor”, com toda “sinceridade
de coração”. Na situação em que se encontravam isto não era algo muito
agradável, uma vez que eram escravos, mas mesmo assim não deveriam ser
desobedientes aos seus senhores.
Deveriam “portar-se” como “bons
escravos”, não somente para serem “vistos pelos homens” e quem sabe,
até mesmo para receberem elogios, mas deveriam comportar-se como “servos de
Cristo”, procurando sempre fazer a “vontade de Deus”. A nossa
motivação para “servir” deve estar centralizada no fato de que acima de
tudo “servimos a Deus”.
Quando assim procedermos, receberemos por “todo
o bem que fizermos”, mesmo que isto não seja algo que fazemos
exclusivamente para Deus. Tal verdade nos mostra que é importante colocarmos o
nosso coração em tudo o que fizermos, tanto quando estamos trabalhando no
trabalho secular, ou quando estamos trabalhando para Deus.
b) Cl 3.17, “E, quanto fizerdes
por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele
graças a Deus Pai”.
Aqui o apóstolo nos informa que precisamos
fazer as coisas sempre em “nome do Senhor”. “Notemos aqui que é o Senhor
Jesus em nome de quem labutamos. Isto indica que agimos em reconhecimento do
fato de que Cristo é o Senhor”(5).
Além de fazermos “tudo em nome do Senhor
Jesus”, precisamos também aprender a levar uma vida cheia de gratidão a
Deus. Devemos criar o hábito de agradecermos sempre a Deus, 1Ts 5.18,
“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para
convosco”.
Torna-se evidente que quando praticamos uma
religião apenas de aparências, com lindos rituais de culto, extenso
cerimonialismo, porém sem uma vida qualificada, sem coração, corremos o risco
de ser rejeitados por Deus.
VII. UMA
RELIGIÃO QUE NÃO AGRADA A DEUS PODE NOS LEVAR A LIDERANÇA CORRUPTA
Existe uma frase que espelha muito bem esta
última consequência de uma religião que não agrada a Deus: “Cada povo tem o
governo que merece”. Muitas vezes reclamamos de nossos governantes, de nossas
autoridades, taxando-os de corruptos, desonestos, etc., sem considerarmos o
fato de que estas autoridades e governantes, muitas vezes, são o nosso espelho.
Devemos lembrar que, principalmente num país democrático como o Brasil, as
autoridades são eleitas pelo povo e saem do povo.
Quando um povo é corrupto, normalmente suas
autoridades também são corruptas, já que é o povo quem “empresta”, estas
pessoas na qualidade de autoridades para governarem sobre ele. Isto acontecia
com a nação de Israel, que embora não fosse uma nação democrática, exercia
forte influência sobre suas autoridades. Daí a reclamação de Deus, Vs. 23, “Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros
de ladrões; cada um
deles ama as peitas, e anda atrás de presentes; não
fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da viúva”.
a) Notamos que tais
autoridades são chamadas de “rebeldes”, “companheiros de ladrões”,
“corruptos”, “injustos”, “defraudadores”, que são adjetivos fortes
empregados pelo profeta, mas que espelhavam a realidade em relação ao caráter
de tais governantes.
b) Em outras palavras
“Os príncipes tinham perdido qualquer sentido de honradez. Rebeldes contra a
honestidade e a justiça, eles tinham prazer em cooperar com ladrões, e assim
receber uma parte do despojo. Todos amavam o suborno e corriam atrás dos
presentes recebidos por atos da injustiça. Não existia mais no seu espírito o
desejo de prestar qualquer serviço aos mais necessitados, como o órfão ou a
viúva”(6).
Como povo de Deus devemos assumir algumas
posições em relação aos nossos governantes:
a) Devemos reconhecer que eles são nomeados
por Deus,
Rm 13.1, “Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque
não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas
por Deus”.
Devemos entender que se um determinado homem
ocupa um cargo de liderança, ele o faz sob a “ordenação” e permissão de
Deus, e ficará neste cargo até que o Senhor quiser. É Deus quem coloca e ao
mesmo tempo retira os governantes.
b) Devemos aceitar o fato de eles também são
ministros de Deus,
Rm 13.4, 6, “4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas,
se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de
Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. 6 Por esta razão também
pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo”.
A palavras “ministro” vem do termo
grego “diáconos”, que indica a ação de “servir”, ou “prestar
um serviço a”. É deste termo que vem a palavra “Diácono” em nossa
língua, que significa “alguém separado para uma determinada função ou serviço”.
Como instrumentos nas mãos de Deus as
autoridades deveriam estar em sintonia com seus propósitos, o que nem sempre
acontece. “As autoridades, por conseguinte, são ministros de Deus, porquanto à
sua própria maneira, e dentro de sua própria esfera, são instrumentos de Deus.
Ora, sendo as autoridades instrumentos nas mãos do Senhor, e sendo Deus o
princípio mesmo da bondade, é evidente que tal governo deve visar ao benefício,
e não ao detrimento da sociedade”(7).
c) Devemos ser-lhes submissos:
- Rm 13.1-3, “1 Toda a alma esteja sujeita
às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as
potestades que há foram ordenadas por Deus. 2 Por isso quem resiste à
potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos
a condenação. 3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras,
mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás
louvor dela”.
Temos que orientar nossos irmãos sobre a
necessidade de obedecer e respeitar nossas autoridades, uma vez que este é um
mandamento bíblico. “Há uma grande necessidade, em nossos dias, de enfatizar,
perante todos os crentes, essa solene exortação do apóstolo (Paulo). O
desregramento, o desprezo às autoridades, nos tem sobrevindo como um dilúvio. Esse
desregramento (anomia) é a essência mesma do pecado”(8).
O desrespeito, a falta de obediência às
autoridades nos acarreta prejuízos espirituais e materiais, uma vez que nossa
resistência é também uma afronta contra o próprio Deus que instituiu tais autoridades.
Por isso que o apóstolo afirma que os resistentes “trarão sobre si mesmos a
condenação”. Esta condenação pode ser dupla e é proveniente da quebra das
leis tanto humanas como divinas.
O mesmo conceito aparece em 1Pe 2.13-14, “13
Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei,
como superior; 14 Quer aos governadores, como por ele enviados para
castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem”. Temos aqui a
expressão “Toda instituição humana”, onde está em foco todos os
governos, sejam eles, federais, estaduais ou municipais, o que nos levar a crer
pelo dizer do apóstolo que “todas estas instituições tem a autorização indireta
da parte de Deus, porquanto os governos são ordenados por Deus”(9).
d) Devemos orar por eles, 1Tm 2.1-3, “1
Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações,
intercessões, e ações de graças, por todos os homens; 2 Pelos reis, e
por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada,
em toda a piedade e honestidade; 3 Porque isto é bom e agradável diante
de Deus nosso Salvador”.
Paulo descreve o ato de orar utilizando
quatro termos: Súplicas, orações, intercessões e ações de graças, que abrangem
todas as formas pelas quais podemos nos aproximar de Deus indo desde a “oração
chorada” (súplica) até a “oração de gratidão”, que é uma oração de
agradecimento a Deus. Temos ainda a intercessão, onde o objetivo principal pode
ser uma “causa” ou “pessoas”. É nesta última que mais se enquadra
a oração pelas autoridades.
Devemos pensar que aqueles cristãos dos dias
de Paulo, em virtude das perseguições sofridas, tinham mais motivos para odiar
do que amar e orar pelos seus governantes. No entanto, mesmo diante desta
situação o apóstolo apela no sentido de que a Igreja se envolvesse num clima de
busca a Deus e prol daqueles governantes para que pudessem desfrutar de “uma
vida tranquila e sossegada”. “Ninguém pode sentir ódio contra alguém por
quem ora... Nada se inclina tanto por atrair os homens pelo ensino, como amar e
ser amado” (Crisóstomo)(10).
Diante do que temos visto neste capítulo,
precisamos assumir duas importantes posições:
a) Reconhecer que a
prática de uma religião falsa, que desagrada a Deus, pode fazer com que Deus
nos rejeite e rejeite também nossos atos de culto.
b) Reconhecer ainda que
a prática de uma religião falsa, que desagrada a Deus, pode nos trazer
governantes corruptos, aos quais devemos nos submeter.
Portanto se queremos viver bem a nossa vida
cristã, precisamos praticar os princípios da Palavra de Deus vistos nesta
noite.
NOTAS
(1) CRABTREE, A.
R., A Profecia de Isaías, Vol. I, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro,
1967, p. 64.
(2) ibid, p. 65.
(3) CRABTREE, A. R., A Profecia de
Isaías, Vol. I, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1967, pág. 70.
(4) ibid, p. 74.
(5) Champlin, Russel Norman, Ph. D., “O Novo Testamento
Interpretado”, Sociedade Religiosa A VOZ BÍBLICA, Vol. V, p. 147.
(6) CRABTREE, A. R., A Profecia de
Isaías, Vol. I, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1967, p. 78.
(7) Champlin,
Russel Norman, Ph. D., “O Novo Testamento Interpretado”, Sociedade Religiosa A
VOZ BÍBLICA, Vol. III, p. 827.
(8) ibid, p. 826.
(9) ibid, Vol. VI, p. 122.
(10) ibid, Vol. V., p. 295.