CRISTO OU BARRABÁS

MT 27.15-25

 

Autor: José Luiz Martins Carvalho

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

“15 Ora, por ocasião da festa, costumava o governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem. 16 Naquela ocasião tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. 17 Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? 18 Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado.19 E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito. 20 Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus. 21 De novo, perguntou-lhes o governador: Qual dos dois quereis que eu vos solte? Responderam eles: Barrabás! 22 Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. 23 Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja crucificado! 24 Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo; fique o caso convosco! 25 E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!”.

 

INTRODUÇÃO:

O momento mais forte e mais conhecido do ministério de Jesus é, realmente, a Crucificação. Não só pela Obra espiritualmente redentora que Ele praticou ali, mas também pelo relato envolvente e extremamente chocante que os evangelistas fazem dele. O texto em questão faz parte desse relato. É por demais conhecido, mas muito pouco meditado. Ele tem muito a nos dizer.

Analisando o contexto histórico do texto, compreendemos que o que estava acontecendo ali, era um evento de tal magnitude que envolvia de maneira indivisível aspectos religiosos e políticos. A páscoa era para os judeus uma das datas mais importantes do seu calendário, pois rememorava a maravilhosa ação de Deus na libertação do Seu povo do cativeiro egípcio. Entretanto, como que por ironia, comemoravam a libertação do passado, sob a grande opressão romana no presente.

 

1. POR QUE ESCOLHERAM A BARRABÁS?

Sabendo disso, entendemos os motivos que o texto nos dá para o povo escolher Barrabás e rejeitar a Jesus:

a) Por ansiar soluções humanas e terrenas (v. 16). Barrabás era um homem muito conhecido que estava condenado à morte por liderar pequenos motins e levantes em Jerusalém. Naquele tempo, só eram condenados à morte os presos políticos, e essa era uma atribuição exclusiva do representante de Roma em cada província. Na Judéia, estava a cargo de Pilatos. O povo se levantou em favor de Barrabás porque criam que ele poderia libertá-los da opressão para a qual davam mais atenção naquele momento, a opressão do corpo. Esqueceram-se de que tudo começa no mundo espiritual e eles estavam sob profunda opressão espiritual, não percebendo que o tempo da revelação do Messias havia chegado. Estavam mais preocupados com as questões humanas do que com as questões espirituais.

b) Por causa do seu próprio coração pecaminoso (v. 18). Não há como negar que o coração humano é pecaminoso e cheio de engano. Mesmo estando diante do Filho de Deus revelado em carne para a salvação do Seu povo, os homens ainda arrumaram tempo para a inveja. De fato, Jesus desagradou muita gente com sua abordagem franca da Lei, que não estava atrelada às interpretações viciadas de sua época. O povo, acostumado com a exclusão a que fora relegado pelos escribas e interpretes da Lei (fariseus e saduceus), teve o seu coração cauterizado e já estavam tão acostumados com isso que não conseguirão vislumbrar a libertação que Jesus lhes trazia.

c) Por incitação dos religiosos de plantão (v. 20). Os poderosos de Jerusalém estavam assustados com a possibilidade de perder seus confortáveis postos no Sinédrio, se o povo fosse influenciado por aquele homem que acusava os seus erros, suas corrupções e suas falsas e aparentes vidas religiosas. Os líderes judeus se sentiam incomodados com Jesus, na medida em que os Seus ensinos lhes retirava o poder conseguido após anos a fio de mentiras, opressões e hipocrisias. É por isso que Jesus os chama de “sepulcros caiados”, belos por fora, mas completamente apodrecidos por dentro. São estes homens que incitam o povo a querer o que Deus não quer, fazendo-os escolher a Barrabás, ao invés de se voltarem para Jesus.

 

2. QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DE NÃO SE TER A JESUS?

Toda escolha produz consequências. E a escolha de permanecer afastado ou se afastar de Jesus não é diferente.

a) Tormentos na consciência (v. 19). A mulher de Pilatos não tinha a Jesus e, por isso, foi atormentada por sua consciência em sonhos. A mente humana clama por Deus! Somos naturalmente inclinados a sentir falta daquele de quem fomos afastamos pelo pecado. Se não o temos, nossa própria consciência nos atormenta. É como alguém que sabe antecipadamente que um crime acontecerá, mas não faz nada para impedi-lo, sendo, a partir de então, eternamente refém da culpa de não ter feito o que era certo. O homem sem Deus se culpa e se atormenta a si mesmo, pois sabe, intimamente, da sua necessidade do Criador.

b) Covardia (v. 24). Pilatos não quis se envolver com aquela questão (que era basicamente religiosa) e não intercedeu em favor de Jesus (ele era o único que poderia fazer isso), que ele sabia ser inocente, pois não queria enfrentar a ira do povo que preferia Barrabás. Intrepidez é característica essencial de quem conhece a Jesus! Diferentemente dos que não O conhecem, que se escondem atrás de subterfúgios e não encaram, e com humildade, as suas necessidades mais íntimas. Ninguém pode estar diante de Jesus e permanecer inerte, indiferente. É preciso tomar uma atitude! “Lavar as mãos” é covardia...

c) Juízo de Deus (v. 25). Certamente, aquele povo não sabia a gravidade dessa afirmação. Se soubessem, não a bradariam com tanto vigor. O sangue de Cristo é perdão e salvação para o que O recebe, mas é juízo e condenação para quem O rejeita! A queda de Jerusalém no ano 70, a dispersão dos judeus pelo mundo, os pogrom’s e as perseguições da Idade Média, e até o holocausto nazista da Segunda Guerra Mundial, são consequências dessa afirmação. A reunificação do Estado de Israel, em 1948 (após quase 1900 anos sem pátria), não apagou as marcas que a rejeição a Cristo produziu no coração e na vida do povo judeu. Pior ainda, é pensar que o juízo de Deus é eterno e imutável. Rejeitar a Jesus traz condenação eterna!

 

3. PARA NÓS HOJE, QUEM É BARRABÁS?

É alarmante pensar nisto tudo! E o é, não só para os que não têm a Cristo, mas também para aqueles que pensam que têm, mas por baixo dos panos escolhem Barrabás. Precisamos estar atentos às formas que ele se apresenta para nós hoje. Olhando para o próprio texto, vemos que nada mudou, passados dois mil anos...

a) O mundo e seus valores (v. 16). A exemplo do povo que esperava soluções humanas para problemas espirituais, nós agimos da mesma forma. O aspecto mais evidente com o qual Barrabás se nos apresenta é na forma do mundo e dos valores mundanos. Quando falamos mundo, não devemos olhar para as pessoas e coisas ao nosso redor, mas para as práticas, objetivos e ideias que estão à nossa volta. A frouxidão do caráter, a relativização da Verdade e o pragmatismo são valores do mundo que provocam atitudes mundanas até nos círculos cristãos. Esses são os valores mais perigosos porque se apresentam de forma muito sensível e suscetível a levar-nos a certas vantagens, reconhecimento e aparentes bons resultados.

b) Nossas obras e nossos desejos (v. 18). Conforme a inveja e o pecado que fizeram aquele povo rejeitar a Jesus e escolher a Barrabás, nós também o escolhemos. Esse é o Barrabás que nós próprios criamos, por isso, é muito difícil enxergá-lo. Constantemente, colocamos os nossos valores e interesses acima dos valores e interesses do Reino de Deus. Perdemos a noção de quem é o dono da Obra e que somos apenas os administradores. Querendo viver segundo nossa própria consciência, negamos a Palavra de Deus. Em muitos casos, tentamos até adaptá-la de forma a se conformar dentro daquilo que nós queremos e planejamos. Esquecemos de que “o coração do homem faz planos, mas a resposta correta vem do Senhor”.

c) A vida religiosa sem unção (v. 20). Um povo cego que é guiado por cegos fatalmente caíra no abismo. Assim como na Bíblia, nós também somos incitados por líderes (por vezes inescrupulosos, outras vezes incautos) a escolher também a Barrabás e passam a viver uma religião que não é a Religião de Deus, enganando a si próprios. Pior do que isso é quando somos nós os líderes que, se afastando de Deus, levam o povo a escolher Barrabás. Líderes têm uma responsabilidade muito grande diante de Deus. Precisam estar sempre plugados no céu, para que possam levar o estar sempre ao lado de Jesus. Líderes com uma vida religiosa sem unção, levam o povo para Barrabás e não para Cristo. Como Gideão, que pecou e “todo Israel se prostituiu após ele”.

 

CONCLUSÃO:

Esta é uma escolha muito séria que temos que fazer: Cristo ou Barrabás? Não podemos nos furtar a esta decisão. Você precisa decidir. Há uma música do grupo Katsbarnea que tem como título essa pergunta “Cristo ou Barrabás?”:

“Nem sempre o que o homem pede é pão

Dizem por aí, que a voz do povo é a voz de Deus

Mas como o povo pede pra matar um dos seus

A história mostra que o pedido de morte partiu

Da multidão

O momento é de saber que lado você vai escolher

Do contrário o sistema, te engole e te leva

Pro fundo do túmulo

Não aceite manipulações, mesmo que pressões te encostem no muro

Cristo ou Barrabás?

A pergunta está no ar: Quem sua vida pode mudar?

Não faça como Pilatos, sem decisão, não lave tuas mãos

Cristo ou Barrabás?”

Escolha a Cristo! É o melhor para você...

Dados do autor:

Nome: José Luiz Martins Carvalho

E-mail: joseluizmartins@petrobras.com.br

Professor em cursos de teologia na Internet, professor de Escola Dominical e líder de louvor e de jovens e

adolescentes na Igreja Presbiteriana do Caju-RJ.