CURA DE CRISTO

LC 4.14-19

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

“14 Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galileia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor. 15 E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado. 16 E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. 17 E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: 18 O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, 19 A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor”.

 

 

INTRODUÇÃO:

 

1. A Palavra de Deus descreve o ministério de Jesus como sendo um ministério centralizado na Evangelização, Expulsão de Demônios e Cura Divina:

 

a) Mt 5.16-17, “16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos; 17 Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças”.

 

b) At 10.38, “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”.

 

2. O aspecto da cura das enfermidades que permeava o ministério de Jesus era motivado pelo seu alto sentimento de compaixão pelos necessitados, Mt 14.14, “E, Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos”. Era esta “compaixão” de Jesus pelas vidas que o levava a curar aqueles que eram acometidos de enfermidades várias.

 

Queremos ver nesta noite os:

 

 

“PRINCIPAIS ASPECTOS SOBRE A CURA DE CRISTO”:

 

 

I. CURA FÍSICA

“...Restauração de vista aos cegos...”

 

1. A enfermidade física é aquela que atinge a nossa carne, o nosso corpo, como por exemplo “uma cegueira”, “uma pneumonia”, “um enfarto”, etc.. A palavra grega no Novo Testamento para corpo, é soma. Em Rm 6.12, temos a ocorrência desta palavra na expressão Sneto umom somati(vosso corpo mortal), “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências”.

 

2. Durante seu ministério terreno, Jesus pode curar pessoas acometidas de males puramente físicos, provavelmente doenças advindas de causas naturais. Podemos citar pelos menos dois exemplos:

 

a) A cura da “Mulher Hemorrágica”, Mc 5.25-29, “25 E certa mulher que, havia doze anos, tinha um fluxo de sangue, 26 E que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior; 27 Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste. 28 Porque dizia: Se tão-somente tocar nas suas vestes, sararei. 29 E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal”.

 

Atentando para o v. 29, temos: “E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal”. Note a expressãosentiu no seu corpo, o que denota que aquela enfermidade era um mal que atingira o seu corpo, provavelmente um descontrole hormonal que provocava aquele fluxo de sangue. Pelo toque daquela mulher nas vestes do Senhor, ela foi instantaneamente curada.

 

b) A cura do “Homem da Mão Ressequida”, Mt 12.9-13, “9 E, partindo dali, chegou à sinagoga deles. 10 E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados? 11 E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? 12 Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequência, lícito fazer bem nos sábados. 13 Então disse àquele homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra”.

 

Temos também neste trecho da Palavra de Deus um exemplo claro de uma enfermidade que atingiu o “corpo” daquele homem. Sua mão era seca”, “mirrada. Ele possuía aquela deformidade física clara em sua mão, o que o limitava de seus movimentos. Jesus ordenou a cura e sua mão foi miraculosamente restabelecida.                                      

 

2. Porém nem todas as doenças físicas são originárias de causas naturais, mas em algumas delas existe o dedo de Satanás e seus demônios:

 

a) A Cura da “Mulher Encurvada”, Lc 13.10-13, “10 E ensinava no sábado, numa das sinagogas. 11 E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; e andava curvada, e não podia de modo algum endireitar-se. 12 E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. 13 E pôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus”.

 

Notem que esta mulher possuía um “espírito enfermidade”, um “demônio” que agia no seu corpo. Esta enfermidade colocada na mulher pelo demônio, provocava uma tremenda deformidade física em sua coluna vertebral. Jesus expulsou o demônio e a mulher teve sua coluna endireitada.

 

b) A cura do “Homem mudo” Mt 9.32-33, “32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. 33 E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.

 

Novamente vemos que a mudez deste homem era provocada por um demônio. Expulso o demônio o homem voltou a falar livremente.

 

3. Jesus curava as enfermidades físicas.

 

 

II. CURA PSÍQUICA - LIBERTAÇÃO DA ALMA:

“Enviou-me a curar os quebrantados do coração, ...A pregar liberdade aos cativos...”.

 

1. A expressão “quebrantados de coração” em algumas traduções é “corações partidos”. Ela descreve pessoas altamente feridas em seus corações, e que se arrastam pelos caminhos da vida de uma forma miserável.

 

2. Estas pessoas possuem deformidades em sua alma, provocadas evidentemente, por “traumas”, “mágoas”, “falta de perdão”, etc., sentimentos que quando não devidamente curados, transformam a vida num verdadeiro inferno.

 

Esta foi a situação de Davi após o seu pecado com Bate-Seba. Ele teve seus sentimentos alterados, Sl 32.4, “Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio”.

 

3. Uma das tarefas de Jesus de Nazaré, ao ser ungido foi a “cura das emoções”, “cura da alma”. Ele foi enviado pelo Pai para curar aqueles que têm seus corações “partidos”, “dilacerados”:

 

a) Mt 11.28-30, “28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. 30 Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

 

O rabinos judaicos impunham sobre seus seguidores um peso legal tão forte que os deixavam “oprimidos”, “sobrecarregados”, pesados em suas almas. Nos dias atuais as pessoas também se acham oprimidas, sobrecarregadas, em virtude de situações como desemprego, problemas familiares, problemas econômicos, etc., o que as torna inseguras, ansiosas, levando-as a um sofrimento de alma. Somente Jesus pode dar o verdadeiro alívio!

 

b) 1Pe 5.6-7, “6 Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; 7 Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”.

 

Neste trecho de sua carta, Pedro nos mostra que Jesus é a cura para nossas ansiedades, preocupações. A palavra “ansiedade” vem do grego “merimna” - merimna, também traduzida em outras passagens da Escritura por “preocupação”. Os leitores originais desta carta estavam entrando num período de grandes perseguições, que certamente os iriam deixar tremendamente preocupados, ansiosos. Somente Jesus poderia oferecer a cura para este mal da alma.

 

4. Normalmente, a doença da alma é provocada pelo pecado. Foi o que aconteceu com Davi. Seu pecado lhe trouxe até mesmo, doenças físicas, Sl 32.3, “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia”. Ver ainda Rm 2.9, “Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego”.

 

Quando isso acontece, o pecado deve ser confessado e abandonado, Sl 32.5, “Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado”.

 

5. O modelo de arrependimento e confissão pode ser visto na atitude de Davi, Sl 51.1-6, “1 Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. 2 Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. 3 Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. 4 Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar. 5 Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. Ver também o v. 7, “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve”.

 

O hissopo era uma planta usada com propósitos medicinais e religiosos. Assim como aquela planta era esmagada e colocada sobre as feridas, assim também, Deus derrama de seu balsamo em nossas feridas espirituais.

 

Após a confissão, nossa comunhão com Deus é restabelecida, nos volta a paz e o fluir de Deus. Novamente recebemos o escudo de proteção, Sl 32.5, “Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão”. Ver ainda At 3.19-20, “19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, 20 a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério...”.

 

A palavra “refrigério” – grego “anapsuxis”, e significa receber alívio imediato.

 

6. Entregue os cuidados de tua alma ao Senhor Jesus!

 

 

III. CURA ESPIRITUAL - SALVAÇÃO ETERNA

“Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. ...a anunciar o ano aceitável do Senhor”.

 

1. A tarefa principal de Jesus era a evangelização (pregação de boas novas). A mensagem principal do Evangelho é pregar a salvação eterna efetuada por Cristo na cruz do Calvário, Rm 1.16, “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego”.

 

2. Desde o momento da queda, o homem perdeu a “imagem de Deus”, tornando-se enfermo em seu espírito. A morte espiritual foi a consequência natural da queda:

 

a) Gn 2.17, “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.

 

b) Rm 5.12, “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.

 

3. Através do Evangelho, o homem recebe “vida espiritual”, e retorna à condição espiritual de Adão antes da queda:

 

a) Ef 2.1, “1 E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados 4 Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5 Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”.

 

A palavra “vivificar”, nos dá a ideia de “reanimar”, “reviver”, “dar vida novamente”. Foi isto que Cristo fez conosco através da salvação. Estávamos espiritualmente “mortos”, porém recebemos novamente a vida de Deus a “vida espiritual”, que é característica de todos aqueles que se tornam pela fé filhos de Deus. 

 

b) Cl 3.1, “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus”.

 

Aqui, temos a palavra “ressuscitar”, que é praticamente um sinônimo da palavra “vivificar”. Tem também o conceito de “devolver a vida” a alguém que está morto. Porém esta ressurreição tem como objetivo nos levar a viver uma vida diferente dos padrões a que estamos acostumados. Devemos agora “buscar as coisas do alto, onde está Jesus”.

 

4. A grande verdade, é que a salvação nada mais é do que a cura definitiva, através da “reanimação”, da “vivificação”, da “ressurreição” do espírito humano, que sofre a ação do Espírito de Deus:

 

Rm 8.6, 9, “6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz 9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.

 

 

CONCLUSÃO:

 

1. Vimos nesta noite que podemos ser curados de três maneiras pelo Senhor:

 

a) Podemos ser curados fisicamente, que é quando sofremos de uma enfermidade física e o Senhor age com poder de cura.

 

b) Podemos ser curados em nossa alma, que é quando o Senhor cura nossas emoções doentias, que no passado foram atingidas seriamente por “traumas”, “ansiedades profundas”, “falta de perdão”, etc.

 

c) Podemos ser curados em nosso espírito, que é quando o Senhor nos salva através de nossa fé em Cristo. Neste caso recebemos uma vida nova, com as características do Reino de Deus, 2Co 5.17, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.

 

2. Evidentemente que a única cura definitiva, e que coloca em ordem nossa vida diante de Deus, é a cura espiritual. Sem ela as outras curas ficam incompletas. De nada adianta possuirmos um corpo são, uma mente sã, mas um espírito doentio, Mt 5.29, “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno”.