ESPALHANDO O OTIMISMO

NE 2.17-20

 

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Pr. José Antônio Corrêa

 

 

INTRODUÇÃO

 

Neemias foi um líder otimista. Por isso suas palavras transmitiam segurança aos que estavam empenhados na reconstrução do muro.

 

O otimismo revigora a fé e a confiança das pessoas; por outro lado, o pessimismo é uma arma que destrói a autoimagem.

 

Nesta lição, veremos o otimismo como arma de combate e de defesa.

 

 

I. O OTIMISMO COMO ARMA DE COMBATE

 

O otimismo pode ser conceituado como "o sistema de julgar tudo o melhor possível"; "tendência para achar tudo bem".

 

Queremos esclarecer que não estamos falando de indução psicológica, ou convencimento mental. Neemias era um homem de Deus e apoiava a sua fé na Sua Palavra, como podemos ver no capítulo 1.5-11, por isso era tão otimista e conseguia passar confiança para o povo. Não existe otimismo verdadeiro, desprovido da Palavra do Senhor. Sendo assim:

 

1. O otimismo como “arma de ataque”, não vê o tamanho do problema, mas a certeza de que todo problema tem solução - "Então, lhes disse: Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas têm sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio", v.17. Ser otimista não significa ignorar o problema, mas sim, enfrentá-lo com fé e convicção de que para Deus tudo é possível (Mt 19.26, “Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível”). Tudo é possível ao que crê, Mc 9.23, “Tudo é possível ao que crê”.

 

Neemias tinha consciência do problema, tanto que o menciona: "vedes vós a miséria em que estamos". No entanto, sabia que todo problema tem solução para quem está com Deus, por isso contrapôs: "vinde, pois, e reedifiquemos...".

 

O maior problema hoje nas igrejas, não é a depressão (mal do século), nem a pobreza generalizada, muito menos as drogas, mas o pessimismo. Alguns irmãos conseguem matar espiritualmente e fisicamente o seu semelhante, com apenas meia dúzia de palavras.

 

2. O otimismo como “arma de ataque”, relembra os feitos de Deus e as vitórias alcançáveis. "Então, lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito...", v 18a. Não podemos viver de vitórias do passado, precisamos a cada dia ter novas experiências com Deus, mas não podemos, também, deixar de lembrar os feitos do Senhor em épocas remotas: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios", Sl 103.2.

 

Neemias era conhecedor destes salmos que relembram um passado glorioso de Israel:

 

- Sl 124.1-8, “1 Não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, Israel que o diga; 2 não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, 3 e nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se acendeu contra nós; 4 as águas nos teriam submergido, e sobre a nossa alma teria passado a torrente; 5 águas impetuosas teriam passado sobre a nossa alma. 6 Bendito o SENHOR, que não nos deu por presa aos dentes deles. 7 Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres. 8 O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”.

 

- Sl 126.1-3, “1 Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. 2 Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles. 3 Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres”.

 

- daí o seu apoio para afirmar que, em Deus, as vitórias são alcançáveis.

 

3. O otimismo como “arma de ataque”, ergue o espírito dos abatidos, "... Então, disseram: Levantemo-nos e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem", v.18b. Neemias conseguiu tirar forças da fraqueza. O povo estava com a sua autoimagem destruída, pois perdera um pouco a sua identidade. Havia muitos judeus nascidos no cativeiro. A situação era parecida com a de hoje na qual existem irmãos deprimidos, traumatizados por causas variadas. Há centros de recuperação abrigando drogados que viveram durante muitos anos no cativeiro das drogas, onde perderam a própria identidade e presenciou a destruição de sua família. Como podemos ajudar tais pessoas a se levantarem novamente? Neemias deu o exemplo, usando palavras de fé: "Levantemos e edifiquemos".

 

Devemos ser otimistas com os irmãos que estão com a vida em ruína e não fazer como os "amigos" de Jó, que o vendo naquele estado lastimável usaram palavras de escapismo e foram repreendidos, Jó 16.2-5; 20, “2 Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois consoladores molestos. 3 Porventura, não terão fim essas palavras de vento? Ou que é que te instiga para responderes assim? 4 Eu também poderia falar como vós falais; se a vossa alma estivesse em lugar da minha, eu poderia dirigir-vos um montão de palavras e menear contra vós outros a minha cabeça; 5 poderia fortalecer-vos com as minhas palavras, e a compaixão dos meus lábios abrandaria a vossa dor. 20 Os meus amigos zombam de mim, mas os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus”.

 

A Bíblia diz: "O homem se alegra na resposta da sua boca, e a palavra, a seu tempo, quão boa é!", Pv 15.23.

 

 

II. O OTIMISMO COMO ARMA DE DEFESA

 

Por que o otimismo é uma arma de defesa? Porque vê o invisível, Hb 11.27, “Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível”. O otimismo é uma arma de defesa, ainda, porque crê em Deus que chama as coisas que não são como se já fossem, e espera o improvável, Rm 4.17,18, “17 como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem. 18 Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência”.

 

1. O otimismo como “arma de defesa”, não ignora a existência do inimigo, mas o sobrepuja, "O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?", v. 19. Neemias enfrentou três oponentes: Sambalate, Tobias e Gesém e os sobrepujou.

 

Todos nós sabemos que o maior gerador de problemas é o inimigo das nossas almas, que aproveita o momento de fraqueza espiritual para armar ciladas. No lar, espera o casal apresentar sinais de fragilidade e então golpeia a mente e o corpo dos abatidos. Se nada for feito, o inimigo zombará e desprezará o povo de Deus.

 

2. O otimismo como “arma de defesa”, reconhece a insuficiência pessoal, mas sabe de onde suscitar força, "Então, lhes respondi e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar...", v. 20a. O servo de Deus conhecia bem o estado do povo e sabia que muitas brechas estavam abertas deixando-os vulneráveis. Os setenta anos de cativeiro desestabilizaram a nação. Muitos judeus nascidos em terra estrangeira mal conheciam a língua natal, a Palavra do Senhor não era ensinada e havia muitas misturas de culturas, casamentos e filosofia religiosa, logo eram incapacitados para a batalha. No entanto, era preciso iniciar o combate, por isso Deus procurou alguém para tapar a brecha, Ez 22.30, “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei”.

 

Ele encontrou Neemias que sabia guerrear com Deus. Você, amado irmão, pode ser o servo escolhido do Senhor para tapar a brecha e começar a grande batalha que se estenderá até que o último soldado ferido seja resgatado, restaurado e consolidado.

 

3. O otimismo como “arma de defesa”, pode cair, mas se ergue em persistência - "... e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos...", v. 20b. A queda é uma fraqueza própria do homem, mas se cair, não pode ficar prostrado. A Palavra de Deus nos garante: "que do pó levanta o pequeno e, do monturo, ergue o necessitado", Sl 113.7.

 

Neemias foi persistente ao continuar a edificação, embora soubesse que o povo estava em situação lastimável, visto que a natureza humana é propícia à queda. "Se te mostrares frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena", Pv 24.10.

 

4. O otimismo como “arma de defesa”, é capaz de detectar a presença do adversário - "... mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém", v. 20c. O pessimista normalmente vê derrota por todos os lados, mas atribui tudo a azar, coincidência, castigo de Deus, perseguição dos irmãos etc.

 

Devemos saber que o inimigo não chega exposto. É sutil e enganador, 2Co 2.11, “para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios”.

 

O otimismo nos faz entender que não existe nada destas coisas mencionadas acima, e que se as coisas vão mal, e se eu estou dentro da vontade de Deus, certamente há um inimigo agindo sutilmente.

 

Neemias detectou o inimigo e o desmascarou: "o Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós, seus servos, nos disporemos e reedificaremos; vós, todavia, não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém", Ne 2.20.

 

 

CONCLUSÃO

 

O otimismo é a confiança que depositamos em Deus e a convicção nas suas promessas, que não podem falhar. Assim creu Abraão: "e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer", Rm 4.21.

 

O otimismo é uma arma poderosa contra as murmurações, as maledicências, a incredulidade e desânimo. Por meio dele, podemos detectar os inimigos que tentam minar vidas para enfim destruí-las. Mas nós "nos levantaremos e edificaremos...".