FALANDO SOBRE AMOR DE DEUS
JO 3.16; 1JO 4.8
José Antônio Corrêa
“Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
“Aquele que não ama
não conhece a Deus, pois Deus é amor”.
INTRODUÇÃO
1.
Por causa de nosso ativismo religioso, muitas vezes, nos esquecemos de refletir
sobre um assunto bíblico de suma importância – o amor de Deus. As
Escrituras nos mostram Deus amando sua criação e o homem como obra prima de
suas mãos, desde Gênesis até Apocalipse. Seu amor é declarado de muitas formas
e maneiras.
2.
Henrique Drummond diz “que o amor é a coisa maior do mundo”. “E do nosso ponto
de vista o amor é a coisa maior em Deus. Sem amor Sua justiça nos condenaria;
Sua santidade nos afastaria de Sua presença e Seu poder nos destruiria. O amor
é a única esperança dos pecadores e nossa maior preocupação deve ser a
descoberta do amor de Deus para conosco” (extraído).
I. O AMOR DE DEUS É ETERNO
“deu seu filho”
1.
Quando olhamos para as Escrituras, iremos ver que o Filho de Deus – Jesus
Cristo – existia com o Pai desde a eternidade. E foi na eternidade que Deus
projetou a vinda de seu único Filho para vir ao mundo “buscar e salvar o que se
havia perdido”, Lc 19.10. Pedro deixa claro este propósito de Deus em 1Pe
1.18-20, 18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos
legaram, 19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo, 20 conhecido, com efeito, antes da fundação do
mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”.
2.
Não podemos nos esquecer que no Antigo Testamento Deus declarou de forma
clara seu amor eterno por Israel:
a)
Na profecia de Jeremias. “De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor
eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí”, Jr 31.3.
A
expressão “amor eterno” tem a ver com algo que é “perpétuo”, “para sempre”, “para
todos os tempos”. Isso nos levar a pensar na essência daquilo que Deus é. Não
podemos dizer apenas que “Deus tem amor”, mas que “Ele é amor”. Por Ele ser
amor, o amor é parte inerente de seu caráter.
b)
Na profecia de Oseias, Os 11.4, “Atraí-os com cordas humanas, com laços
de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me
inclinei para dar-lhes de comer”.
Quando
Deus através de Oseias expressa seu amor pelo seu povo, Ele usa esta expressão
tremenda: “Atraí-os com cordas humanas e com laços de amor”. O verdadeiro amor
é ponto de atração. Não é por acaso que Jesus disse: “E eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”, Jo 12.32. A fonte
motivadora que levou o Senhor para a cruz foi o seu amor pelos pecadores –
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos
seus amigos”, Jo 5.13.
c)
Na observação da rainha de Sabá, sobre o reino de Salomão, “Bendito seja o
SENHOR, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é
porque o SENHOR ama a Israel para sempre, que te constituiu rei, para
executares juízo e justiça”, 1Rs 10.9.
Pelas
observações desta rainha, o “Senhor ama a Israel para sempre”. Novamente temos
exarado o conceito de eternidade do amor de Deus pelo seu povo, na expressão
“para sempre”, que indica a ideia de algo que não pode se acabar. Paulo fala
isso em 1Co 13.8, “O amor jamais acaba”.
d)
Paulo falando sobre eleição divina e o amor de Deus por Israel, expressou: “Assim que, quanto ao
evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por
causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”, Rm
11.28-29.
Aqui
fica claro que os judeus nos dias de Paulo continuavam desfrutando do mesmo
amor dos patriarcas – “amados por causa dos pais”. Em razão deste amor, veio a
eleição a Israel, e tanto o amor como a eleição permanecem, uma vez que os dons
e a vocação de Deus são “irrevogáveis” (outra tradução da expressão “sem
arrependimento”.
3.
Declarado no Novo Testamento:
a)
Na escolha divina, “assim
como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor”, Ef 1.4.
Se
foi o amor a Abraão que motivou Deus a elegê-lo e consequentemente seus
descendentes, foi também o amor de Deus que nos escolheu como o povo da nova
aliança. Este conceito é claro em Jo 1.11-13: “11 Veio para o que era
seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; 13 os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus”.
b)
Na preparação do Cordeiro Divino, “18 sabendo que não foi mediante coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil
procedimento que vossos pais vos legaram, 19 mas pelo precioso sangue, como de
cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, 20 conhecido, com
efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor
de vós”, 1Pe 1.18-20.
Embora
o “cordeiro de Deus”, que no dizer de João veio para “tirar o pecado do mundo”
(Jo 1.29), tenha se manifestado nos dias do Novo Testamento pelo amor de
Deus ao homem perdido, este projeto teve origem na eternidade, uma vez que o
cordeiro foi separado e “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo”.
Isto nos mostra que o amor de Deus é desde a eternidade!!
II. O AMOR DE DEUS É INTENSO
“de tal maneira”
2.
Analisemos a expressão “grande amor” no Novo Testamento:
Grande
amor que confere vida, “4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do
grande amor com que nos amou, 5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu
vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos”, Ef 2.4.
Foi
sem dúvida o “grande amor” de Deus que libertou dos nossos pecados, cuja
punição era a morte (“porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito
de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”, Rm 6.23), que
nos deu vida e salvação por Cristo.
3.
Grande amor que nos dá filiação divina, “Vede que grande amor nos tem concedido o
Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de
Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele
mesmo”, 1 Jo 3.1.
Uma
das doutrinas significativas do Novo Testamento é a doutrina da “filiação
divina”. Quando recebemos Jesus como Senhor e Salvador, entramos para a família
de Deus como “filhos adotivos”:
Jo
1.12,
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus, a saber, aos que creem no seu nome”.
Rm
8.15, “Porque
não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez,
atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos:
Aba, Pai”
Ef
1.5,
“nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo,
segundo o beneplácito de sua vontade”.
III. O AMOR DE DEUS É ABRANGENTE
“amou o mundo”
1.
Este amor ao mundo, não é o amor pelo “kosmos”, como pode sugerir a língua
original, mas a palavra “mundo” aqui tem a ver com a raça humana. Deus amou
todos os seres humanos independente de sua cor, raça, sexo, religião, etc.
2.
Este amor se manifestou independente de nossa condição de pecadores,
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido
por nós, sendo nós ainda pecadores”, Rm 5.8.
Deus
não amou apenas o escolhido Abraão e sua posteridade (“Por amor do meu servo
Jacó e de Israel, meu escolhido...”, Is 45.4), mas amou todo e qualquer
ser humano. Aliás, dentro da promessa abraâmica, temos a inclusão de toda a
raça – “em ti serão abençoadas todas as nações da terra”, Gn 12.3. Nesta
promessa, observamos que o objetivo divino era muito mais amplo e extensivo,
pois envolvia toda geração dos homens, de qualquer língua, povo e nação.
Somente diante do trono de Deus poderemos medir a extensão da graça de Deus: “e
entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os
selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem
de toda tribo, língua, povo e nação”, Ap 5.9.
Se
formos ainda mais além haveremos de ver que esta promessa de salvação a todos
os homens, acontece logo depois da queda: Gn 3.15, “Porei inimizade
entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. O descendente divino, nascido
de mulher – Jesus Cristo - atingiria Satanás com um golpe mortal – “te ferirá a
cabeça”, tirando de suas mãos e poder, o homem fragilizado e escravizado pelo
pecado. Paulo nos mostra este processo: “13 Ele nos libertou do império das
trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a
redenção, a remissão dos pecados”, Cl 1.13-14.
3.
Somente o amor herdado de Deus é capaz de cobrir pecados, “Acima de
tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre
multidão de pecados”, 1Pe 4.8.
Jamais
podemos entender este texto sem pensar no amor de Deus. Se, no dizer do
Apóstolo Pedro, quando amamos de fato nossos irmãos, tal amor cobrirá (a
palavra “cobrir” tem aqui o sentido de “ocultar”, “esconder” – com o mesmo
conceito da palavra “expiar” no A.T.) “multidão de pecados”, este amor atuante
em nós somente pode ser herdado da verdadeira e única fonte de amor permanente
– Deus. É o amor de Deus que nos levará a praticar esta verdade.
IV. O AMOR DE DEUS ESPERA UMA RESPOSTA DO HOMEM
“para que todo aquele que nele crê”
1.
Deus espera que o homem corresponda ao seu amor demonstrado na cruz de
Cristo. Iremos corresponder ao amor de Deus, quando nos predispomos a
obedecê-lo, aceitando o sacrifício de seu Filho.
2.
Observamos que Israel não correspondeu:
a)
Saíram da presença de Deus, “1 Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito
chamei o meu filho. 2 Quanto mais eu os chamava, tanto mais se iam da minha
presença; sacrificavam a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura”, Os
11.1.
É
por demais revoltante ver como o povo de Deus no Antigo Testamento reagiu ao
amor de Deus. Deus, usando Oseias, reclama desta atitude impertinente de seu
povo. Em outras palavras Deus esta dizendo: Embora eu tenha amado grandemente
os filhos de meu povo, os tirando da escravidão egípcia, quando mais eu tentava
atrai-los para mim, mais eles fugiam da minha presença. Que incoerência:
preferiam adorar imagens de esculturas, sacrificar a ídolos, a adorarem e
sacrificarem a Deus.
b)
Demonstraram um amor fútil, “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o
vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo
passa”, Os 6.4.
Duas
figuras são utilizadas aqui para demonstrar a futilidade e superficialidade do
amor de Israel para com o Senhor: a “nuvem da manhã” e o “orvalho da
madrugada”. Embora Israel alegasse amar a Deus, o seu amor desaparecia
rapidamente assim como a neblina e o orvalho ao calor do dia. Isso nos mostra o
quanto aquele amor era superficial e egoísta.
3.
E hoje, como temos reagido ao amor de Deus?
a)
Devemos amá-lo, aceitando e crendo em seu plano de salvação através da obra
redendora de Cristo.
Precisamos crer na demonstração do amor de Deus em nosso favor.
b)
Devemos crer para receber a vida eterna e escapar da condenação, Jo 5.24, “Em
verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”.
Ver ainda Jo 6.47, “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem
a vida eterna”.
c)
Devemos crer para termos saciadas a fome e a sede espirituais, Jo 6.35, “Declarou-lhes,
pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que
crê em mim jamais terá sede”.
d)
Devemos crer para termos a vida de Deus em nós, Jo 11.25, “Disse-lhe Jesus:
Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá”.
e)
Devemos crer para sair das trevas, Jo 12.46, “Eu vim como luz para o mundo, a fim
de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”.
CONCLUSÃO
1.
Nada pode ser comparado ao amor de Deus! Deus nos ama desinteressadamente, sem
quaisquer condições ou imposições de sua parte. Como seres humanos nosso amor
não raramente, exige reciprocidade, ou seja, amamos, mas queremos ser também
amados. Quando não somos correspondidos ao amor, rapidamente deixamos também de
amar. Não deveria ser assim, mas esta é a realidade. Se torna real na prática,
o seguinte texto das Escrituras: “Nós amamos, porque ele nos amou primeiro”, 1Jo
4.19.
2.
Porém o amor de Deus pode ser assim resumido: “Nisto está o amor: não em que
nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho
como propiciação pelos nossos pecados”, 1Jo 4.10. Mesmo sem o amarmos
como deveríamos, Ele nos ama ao ponto de nos dar o que tinha de mais precioso –
seu Filho querido. Aleluia!!!