Feliz
Natal, com Cristo
Por Elton
Batista de Melo
Pr. José
Antônio Corrêa
Devem os cristãos celebrar o Natal? Há muitas
argumentações que pretendem convencer os cristãos a não celebrar o Natal
alegando ser uma festa pagã. Basta uma breve pesquisa na Internet e “chovem”
textos condenando a data do Natal, os símbolos natalinos, e fazendo acusações
àqueles que decidiram celebrar esta festa. Um bom número de seitas e
novas igrejas que professam seguir a Cristo insistem que o Natal é uma festa
pagã o qual todos os verdadeiros cristãos devem afastar-se.
Provavelmente a mais notável destas religiões
são as Testemunhas de Jeová, que publicam ferroados ataques sobre a celebração
do Natal ano após ano. No entanto, estes grupos não estão sós na sua condenação
destes feriados religiosos mais populares.
Muitos cristãos evangélicos também acreditam
que o Natal é uma celebração pagã, vestindo “roupas cristãs”. Enquanto
muitos cristãos marcam o Natal como um dia especial para adorar a Cristo e dar
graças pela Sua entrada no mundo, eles rejeitam qualquer coisa que tenha a ver
com Papai Noel, árvores de Natal, troca de presentes e tal.
Existem bases bíblicas para rejeitar tudo ou
parte do Natal? Qual deve ser a atitude dos cristãos neste assunto?
A Bíblia está repleta de conteúdo que encoraja a alegre celebração do
nascimento de Jesus. Textos contidos nos livros de Isaías e Miquéias, por
exemplo, anunciam em tom de alegre expectativa e esperança a promessa do
messias de todos os povos. Nos evangelhos não faltam expressões de alegria e
festa, como o anúncio do nascimento do menino Jesus, pelos anjos e o louvor que
surge nas expressões dos pastores quando o encontram. Os magos se dispõem a
encontrar o menino prometido, viajando longa distância para entregarem ofertas
cheias de significado. Simeão, outro personagem bíblico, se alegra em tomar o
pequeno Jesus em seus braços, como cumprimento das promessas de Deus.
A resposta dada aqui é de que, enquanto
certos elementos da tradição Natalina são essencialmente pagão, eles devem ser
rejeitados (especialmente as bebidas e imoralidades, na qual o mundo se acham
dona naquele período do ano), o Natal em si e muitas das tradições associadas
com ele, pode ser celebrado pelos cristãos que têm uma consciência clara.
Aqueles que se inclinam a rejeitar fora de mão, tal posição, podem estar
interessados em saber que, durante um tempo este escritor teria concordado com
eles. Um exame minucioso destes assuntos incluídos, no entanto, conduz a
uma conclusão diferente.
Celebrando
o aniversário de Jesus
O argumento básico e comum apresentado contra
o Natal, é de que não se encontra na Bíblia. Muitos cristãos, e também
grupos como as Testemunhas de Jeová, sentem de que ao não estar mencionado nas
Escrituras, não é para ser comemorado. De fato, as Testemunhas argumentam
que desde que as únicas pessoas na Bíblia que celebravam o seu aniversário
foram Faraó (Gn 40.20-22) e Herodes (Mt 14.6-10). Sendo assim, eles sentem, que
Deus não aprovaria a celebração do aniversário de Jesus.
Em resposta a estes argumentos, algumas
coisas precisam ser ditas. Primeiro, o fato é que a Bíblia nada diz contra a
prática de celebração de aniversários. O que foi mau nos casos de Faraó e
Herodes, não era o fato de celebrarem seus aniversários, mas, sim as práticas
más nos seus aniversários (Faraó matou o chefe dos padeiros, e Herodes matou
João Batista). Segundo, o que a Bíblia não proíbe, seja explicitamente ou
por implicação de alguns princípios morais, é permitido ao cristão, enquanto
for para edificação (Rm 13.10; 14.1-23; 1Co 6.12; 10; 23; Cl
2.20-23; etc.). Portanto, desde que a Bíblia não proíbe aniversários, e
eles não violarem princípios bíblicos, não há base bíblica para rejeitar
aniversários. Pelo mesmo motivo, não há razões bíblicas para rejeitar
completamente a ideia de celebrar o aniversário de Jesus.
25 de
Dezembro
Outra objeção comum ao Natal está relacionado
com a celebração no dia de 25 de dezembro como sendo o aniversário de
Cristo. Frequentemente argumentam que Cristo não podia ter nascido no dia
25 de dezembro (geralmente porque os pastores não teriam seus rebanhos nos
campos de noite naquele mês), portanto, no dia 25 de dezembro, não podia ter
sido seu aniversário. Como se isso não bastasse é também apontado
de que 25 de dezembro era a data de um festival no Império Romano no quarto
século, quando o Natal era largamente celebrado nesse dia, celebrando o
nascimento do sol invicto.
É verdade que parece não haver evidência como
sendo o aniversário de Cristo nessa data. Embora sem existir uma definição
sobre a data de celebração do nascimento de Jesus, muitos cristãos já o
celebravam a partir do segundo século depois de Cristo. Alguns o faziam em
Março, outros em Dezembro e ainda outros em Setembro. Dependendo do critério de
cálculo adotado a data poderia cair em qualquer um destes meses. Não era
a data que importava, mas a celebração do nascimento de Jesus.
Este fato invalida o Natal? Realmente,
não. Não é essencial para a celebração de aniversário de alguém, que seja
comemorado na mesma data do seu nascimento. Os americanos comemoram os
aniversários de Washington e Lincoln na terceira Segunda-feira de Fevereiro
todos os anos, ainda que o aniversário de Lincoln era no dia 14 de Fevereiro e
o de Washington, 22 de Fevereiro. Se tivesse certeza de que Cristo
realmente nasceu digamos, em 30 de abril, deveríamos então celebrar o Natal
naquele dia? Enquanto que não haveria nada de errado com tal mudança, não
seria necessário. O propósito é o que importa, não a atual data.
Mas, e com respeito ao fato de ser 25 de
dezembro a data de um festival pagão? Isto não prova que o Natal é
pagão? Não, não o prova. Em vez, prova que o Natal foi estabelecido
como um rival da celebração do festival pagão. Isto é, o que os cristãos
fizeram era como dizer, “Antes do que celebrar em imoralidade o nascimento de
Ucithra, um falso deus que nunca nasceu realmente, e que não pode lhe salvar,
celebremos com alegre justiça o nascimento de Jesus, o verdadeiro Deus
encarnado que é o Salvador do mundo”.
A fixação da data de 25 de dezembro é
decorrente da reação dos cristãos às ações do imperador romano Lucio Domício
Aureliano. A 25 de dezembro de 274 d.C., este imperador que governou Roma entre
270 e 275 D.C. inaugurou, com grandes festividades, os jogos circenses e o
Templo de Midas, deus protetor do império e cultuado pelos romanos como Sol
Invicto. Divindade de origem persa, Midas foi adotado pelos gregos e depois
pelos romanos, pois os navegadores e os militares adoravam-no como o gênio dos
elementos naturais. Os cristãos da época reagiram fortemente a esta atitude do
imperador, e decidiram se contrapor àquela festa, proclamando que o único que
verdadeiramente é a luz que ilumina o mundo é Jesus. Ao invés de se submeter à
devoção religiosa que Aureliano inventara, os cristãos fizeram da data um
“substituto cultural”, cujo motivo de celebração era Jesus, e não o imperador e
seu deus pagão. Não foi por acaso que a perseguição aos cristãos no império
romano tornou-se mais intensa a partir deste momento.
Algumas vezes, se argumenta que ao tornar um
festival pagão tentando “cristianizá-lo” é insensatez. No entanto, Deus
fez exatamente isso no Antigo Testamento. A evidência histórica nos mostra
conclusivamente, que algumas festas dadas a Israel por Deus através de Moisés
eram originalmente pagãs, os festivais agriculturais, os quais eram cheios de
práticas e imagens idólatras. O que Deus fez, com efeito, era estabelecer
festividades os quais tomariam o lugar dos festivais pagãos, sem adotar nada da
idolatria e imoralidade associado com ela.
Assim, 25 de dezembro tornou-se oficialmente
a data de celebração do nascimento de Jesus, mesmo que não se saiba exatamente
o dia em que ele nasceu. O cristianismo mostrou-se vencedor sobre o paganismo,
de tal forma que, ainda que muitos façam mau uso dessa data, o seu conteúdo é
verdadeiramente cristão. Por isso é bom lembrar que a alegria do Natal não deve
ser representada pela quantidade de comida, bebida, presentes, decorações e
outros gastos excessivos que refletem o apelo comercial desta época, mas por
uma atitude que reconheça o amor de Deus e nos faça capaz de expressá-lo ao
nosso próximo!
Santa Claus
(Papai Noel)
Provavelmente a coisa que mais incomoda aos
cristãos sobre o Natal mais do que qualquer coisa, é a tradição do Papai
Noel. As objeções para esta tradição incluem o seguinte: [1] Papai Noel é
uma figura mística incluído com atributos divinos, incluindo onisciência e
onipotência; [2] quando as crianças aprendem que Papai Noel não é real,
eles perdem a fé nas palavras dos seus pais e em seres sobrenaturais; [3]
Papai Noel distrai a atenção de Cristo; [4] a história de Papai Noel
ensina as crianças a serem materialistas. Em face de tais objeções
convincentes, pode-se dizer algo sobre Papai Noel.
Antes de examinar cada uma destas objeções,
deve se notar que, o Natal pode ser celebrado sem o Papai Noel. Retire
Papai Noel do Natal e o Natal permanece intacto. Retire Cristo do Natal,
no entanto, e tudo que sobra é uma festa pagã. Sejam quais forem nossas
diferenças individuais de como tratar o assunto de Papai Noel com as nossas
crianças, como Cristãos nós podemos concordar com este tanto.
Não existe dúvida alguma de que Papai Noel na
sua presente forma, é um mito, ou conto de fada. No entanto, houve
realmente um Papai Noel: o nome “Santa Claus” é uma forma anglosaxona do
Holandês, Sinter Klaas, que por sua vez significava “São Nicolau”.
Nicolau foi um bispo cristão, no quarto centenário, sobre quem pouco se sabe.
Ele participou do Concílio de Nicéia em 325 D.C., e uma forte tradição sugere
que ele demonstrava uma singular bondade para com as crianças. Enquanto
que o velho vestido de vermelho puxando um trenó conduzido por veado voador é
um mito, a história de um velho amante de crianças que lhes trouxe presentes,
provavelmente não é - e em muitos países, é só isso que “Santa Claus” é.
Deve-se admitir que contar às crianças que Papai Noel pode vê-los em todo
tempo, e de que ele sabe se eles foram bons ou maus, etc.. Está errado.
É por isso que deve-se dizer às crianças que
Papai Noel é faz-de-conta, tão logo elas tenham idade suficiente para fazer
perguntas a respeito da realidade. Antes de ser uma pedra de tropeço para
acreditar no sobrenatural, ele pode ser um trampolim. Diga às crianças
que enquanto Papai Noel é uma faz-de-conta, Deus e Jesus não são.
Diga-lhes que, enquanto Papai Noel só pode trazer coisas que os pais podem
comprar ou fazer, Jesus pode lhes dar coisas que ninguém pode – um amigo que
sempre está com eles, perdão para as coisas más que eles fazem, vida num lugar
maravilhoso com Deus para sempre, etc. Siga as sugestões acima e não mais será
Papai Noel um motivo para distraí-los de Cristo. Diga a seus filhos que
Deus nos deu o presente mais maravilhoso, Cristo.
Árvores de Natal
Um dos poucos elementos sobre a celebração
tradicional do Natal, dos que se opõe a isso, afirmam o que diz na Escritura
sobre árvores de Natal. Especificamente pensa-se que em Jeremias 10.2-4
Deus explicitamente condenava árvores de Natal: “Assim diz o Senhor: Não
aprendais o caminho das nações, nem vos espanteis com os sinais dos céus,
embora com eles se atemorizem as nações. Porque os costumes dos povos são
vaidade; cortam do bosque um madeiro, e um artífice o lavra com o cinzel”.
Certamente há uma semelhança entre a coisa
descrita em Jeremias 10, e a árvore de Natal. Semelhança, no entanto, não
é igual a identidade. O que Jeremias descreveu era um ídolo – uma
representação de um falso deus – como o verso seguinte mostra: “Como o
espantalho num pepinal, não podem falar; necessitam de que os levem, pois não
podem andar. Não tenhais receio deles; não podem fazer o mal, nem podem
fazer o bem” (v.5).
A passagem paralela em Isaías 40.18-20
esclarece que o tipo de coisa que Jeremias 10 tem em mente, é, na
verdade, um objeto de adoração: “Também consumirá a glória da sua
floresta, e do seu campo fértil desde a alma até o corpo; será como quando
desmaia o doente. O resto das árvores da sua floresta será tão pouco que um
menino as poderá contar. Naquele dia os restantes de Israel, e os que tiverem
escapado da casa de Jacó, nunca mais se estribarão sobre aquele que os feriu,
mas se estribarão lealmente sobre o Senhor, o Santo de Israel” (Is 10.18-20).
Assim, a semelhança é meramente
superficial. A árvore de Natal não se origina de adoração pagã de
árvores (o qual foi praticada), porém, de dois símbolos explicitamente
cristãos, do Ocidente da Alemanha Medieval. A Enciclopédia Britânica
explica o seguinte: “A moderna árvore de Natal, em hora, se originou na
Alemanha Ocidental. O principal esteio de uma peça medieval sobre Adão e
Eva, era uma árvore de pinheiro pendurada com maças (Árvore do Paraíso) representando
o jardim do Éden. Os alemães montaram uma ‘árvore do Paraíso’ nos seus
lares no dia 24 de dezembro, a festa religiosa de Adão e Eva. Eles
penduravam bolinhos delgados (simbolizando a hóstia, o sinal cristão de
redenção); as hóstias eventualmente se transformaram em biscoitos de vários
formatos. Velas, também, eram com frequência acrescentadas como símbolo
de Cristo. No mesmo quarto, durante as festividades de Natal, estava a
pirâmide Natalina, uma construção piramidal feito de madeira com prateleiras
para colocar figuras de Natal, decorados com sempre-verdes, velas e uma
estrela. Lá pelo 16º século a pirâmide de Natal e a árvore do Paraíso
tinham desaparecido, se transformando em árvore de Natal”. Mais uma vez, não há
nada essencial sobre a árvore de Natal para celebrar o Natal. Como o mito
moderno de Papai Noel, é uma tradição relativamente recente; as pessoas
celebravam o Natal durante séculos sem a árvore e sem o semidivino residente do
Polo Norte (papai-noel).
Concluímos, então, que o que é essencial ao
Natal é o Cristo (Deus-Homem). Neste assunto temos liberdade cristã para
ensinar os nossos filhos e para celebrar o nascimento de Cristo, sem as
tradições comerciais do natal.