O PODER DE
CRISTO SOBRE A MORTE
MC 5.21-24;
35-43.
Pr. José
Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1. Jairo era chefe da sinagoga e, portanto,
um dos líderes principais dos judeus. Seus deveres no ofício religioso incluíam
a direção da adoração, a seleção daqueles que deveriam liderar a oração,
leitura da lei e da Escritura, pregar, além de cuidar das questões financeiras
e materiais da sinagoga.
2. provavelmente, o seu nome era uma
derivação do nome hebraico “Jair”, Jz 10.3, “Depois dele
levantou-se Jair, gileadita, que julgou a Israel vinte e dois anos”. O
nome “Jair” significa “Yaweh Ilumina”.
3. Jesus tinha atravessado o Mar da Galileia,
vindo de Gádara, onde havia expulsado uma legião de demônios de um
endemoninhado gadareno, desembarcando próximo à cidade de Cafarnaum. Nesta
região, o Senhor recebe o pedido de Jairo, para curar sua filha que estava
horrivelmente enferma. Vamos Analisar Alguns Pontos Nesta Experiência de
Jairo Com Jesus: “O PAI AFLITO”.
I. O PEDIDO
DO PAI AFLITO
Vs. 22-23, “22 Chegou
um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe
aos pés. 23 e lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas
últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva”.
1. Jairo já conhecia a Jesus, pois foi nesta
cidade que Jesus curou o criado do Centurião, Mt 8.5sess.
2. Ele arriscou sua reputação ao aproximar-se
de Jesus, pois já havia controvérsias dos líderes religiosos contra o Senhor,
por acharem que Jesus era um agitador herege. E por ser ele um religioso,
poderia criar problemas com seus colegas de ofício.
3. Porém, Jairo valorizou sua necessidade
acima dos preconceitos religiosos e políticos. Quantas pessoas, por causa da
religião, da política, da família, ou outros meios de “repressão”, têm
perdido as bênçãos de Deus?
4. Em sua petição ao Senhor Jairo reconheceu
que Jesus era o Cristo, o Messias tão esperado pelos judeus.
a) “Lançou-se aos seus pés”, v.22, “Chegou um dos chefes
da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés”.
Lançar-se aos pés de alguém, nos dias de Jesus, era reconhecer que esta pessoa
era muito importante. Era uma forma de reconhecer autoridade. “Entre os orientais, esp. persas, cair de joelhos e tocar o
chão com a testa como uma expressão de profunda reverência” (BOL).
b) Mateus diz que Jairo o adorou, Mt 9.18, “Enquanto
ainda lhes dizia essas coisas, eis que chegou um chefe da sinagoga e o adorou...”.
Somente Deus merece a verdadeira adoração. Adorar significa “prestar homenagem ou reverência a alguém, seja para
expressar respeito ou para suplicar” (BOL).
c) Para entendermos esta adoração de Jairo ao
Senhor, é preciso conhecer o conceito hebraico de adoração ao Deus Único. Em Mt 4.10,
quando Satanás pedia para ser adorado, veja o que o Senhor respondeu: “Então
ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele servirás”. Esta citação de Mt 4.10, é
extraída de Dt 6.13 e envolve a ideia judaica de que somente Yaveh, o
Deus Todo Poderoso, podia ser adorado.
5. Jairo demonstrou sua fé no poder de Jesus,
v.23, “e lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas
últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva”.
a) Pediu com insistência por causa de sua
profunda necessidade:
Sua filha estava morrendo. Quantas vezes deixamos de ser abençoados pelo
Senhor, porque não somos persistentes na oração. Desistimos, muitas vezes, com
facilidade. Veja o conceito de oração ensinado por Paulo em Rm 12.12: “alegrai-vos
na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”. Ilustração
- A Parábola do Juiz Iníquo: “2 Havia em certa
cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. 3 Havia
também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a
minha causa contra o meu adversário. 4 Ele, por algum tempo, não a quis
atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a
homem algum; 5 todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa,
para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. 6 Então, disse o Senhor:
Considerai no que diz este juiz iníquo. 7 Não fará Deus justiça aos seus
escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em
defendê-los? 8 Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça”, Lc 18.2-8.
b) Pediu com fé, porque cria no poder de
Jesus. A fé é a maneira de adquirirmos “coisas” de Deus. Em Mc
9.23, encontramos Jesus dando uma bela receita sobre fé: “Ao que lhe disse
Jesus: Se podes! - tudo é possível ao que crê.” Esta palavra foi
proferida pelo Senhor àquele pai que passara uma noite aos pés dos discípulos
com seu filho endemoninhado, e eles não puderam fazer nada por ele.
II - A
OPOSIÇÃO AO PEDIDO DO PAI AFLITO
1. O tempo. Jesus estava longe da casa de Jairo e
ainda é obrigado a interromper sua caminhada, para atender a uma mulher que
possuía um fluxo de hemorragia, Mc 5.25sess. Tal fato fez com Ele se
atrasasse para chegar à casa de Jairo, e pode ser por esta razão que a menina
veio a morrer, v.35, “Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da
casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por
que ainda incomodas o Mestre?”.
2.
Os portadores da má notícia. Aqueles que levaram a notícia, também se
constituíram uma oposição à fé de Jairo, não somente por serem portadores da
notícia, para pelo teor com que a comunicaram a Jairo. “35 Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do
chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda
incomodas o Mestre?”, v.35. Será que nós também, não estamos
sendo instrumentos para destruir a esperança daqueles que querem crer em Jesus?
3. A falta de fé, “Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da
sinagoga: Não temas, crê somente”, v.36. Esta falta de fé estava
em evidência nas pessoas que ali estavam e que podia contagiar o pai da menina.
Ela se constitui numa grande oposição à operação do poder de Deus, tanto é
que, para evitá-la, Jesus permitiu somente aos discípulos mais chegados e de confiança
que o acompanharem, v.37, “E não permitiu que ninguém o acompanhasse,
senão Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago”.
a) A incredulidade impede a operação do poder
de Deus. Em Mt 13.58, somos informados de que
Jesus não fez muitos milagres e maravilhas em Nazaré, em razão da incredulidade
daquele povo – “E não fez ali muitos milagres, por
causa da incredulidade deles”. Ver ainda Mc 6.4-5, “5 Não pôde fazer ali
nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6
Admirou-se da incredulidade deles. Contudo, percorria as aldeias
circunvizinhas, a ensinar”.
b) A incredulidade
nos afasta de Deus
, “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em
qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo”,
Hb 3.12.
c) A incredulidade impede ao
homem de ser salvo por Cristo, “17 E contra quem se indignou
por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no
deserto? 18 E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra
os que foram desobedientes? 19 Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da
incredulidade”, Hb 3.17-19.
4. A zombaria. O escárnio dos que
estavam na casa de Jairo também, se constituiu uma fonte terrível de oposição
ao poder de Jesus. A Palavra de Deus nos mostra que “muitos riam-se dele”,
v.40. Jesus enfrentou o riso e o escárnio muitas vezes, mais foi por
ocasião de sua morte, que tal fato se intensificou:
a) O Senhor previu isto: Mt 20.19, “e
o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e
ao terceiro dia ressuscitará”.
b) O Escárnio dos soldados: Mt 27.29, “e
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma
cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos
judeus!”
c) O escárnio dos anciãos, os principais
do povo, os líderes religiosos: Mt 27.41-43, “41 De igual modo
também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo,
diziam: 42 A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é
ele; desça agora da cruz, e creremos nele; 43 confiou em Deus, livre-o
ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus”.
d) O escárnio do povo: Mt 27.39-40, “39
E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça 40 e dizendo:
Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz”.
5. Ainda hoje, Jesus é alvo de escárnio por
parte de muitas pessoas. Será que você não tem zombado de Jesus, ou das coisas
de Deus?
6. Devemos eliminar as oposições para que
Deus possa operar em nosso meio.
III. O
ATENDIMENTO AO PEDIDO DO PAI AFLITO
1. Foi o poder da palavra do Senhor que
fortaleceu a fé de Jairo, v.36, “O que percebendo Jesus, disse ao chefe
da sinagoga: Não temas, crê somente”. Ver Rm 10.17: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela
palavra de Deus”. Devemos notar que a fé de Jairo havia sido
desafiada, abalada. Quando Cristo disse: “Não temas, crê somente”, sua
fé foi fortalecida. Jesus fortalece a sua fé também.
2. O clima não era dos melhores, afim de que
Jesus operasse com seu poder:
a) Havia incredulidade nos que o acompanhavam,
v.37, “E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e
João, irmão de Tiago”. É possível que tenha sido esta a razão do porque Jesus
não permitiu que os outros discípulos o acompanhassem. Ele permitiu que
entrassem no quarto, apenas Pedro, João e Tiago.
b) Havia um tremendo alvoroço na casa,
vs.38-39, “38 Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus
um alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto. 39 E, entrando,
disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? A menina não morreu, mas dorme”.
O alvoroço, o barulho, a inquietação podem se constituir um tremendo impedimento
para a operação do poder de Deus.
c) Como já vimos havia Também um clima de
zombaria e incredulidade dos amigos do dono da casa, v.40, “E riam-se dele;
porém ele...”. A zombaria e a incredulidade também impedem que a gloria de Deus
se manifeste.
3. Porém, Jesus rompeu com todas estas
barreiras, tomando as seguintes providências:
a) Escolheu somente pessoas de sua
confiança, v.40, “...tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que
com ele vieram, e entrou onde a menina estava”. Para que o poder de Deus seja
manifesto, é preciso se acercar de pessoas que estão devidamente preparadas, no
clima da manifestação da graça do Senhor.
b) Esvaziou a casa, tirando dela a multidão,
v.40, porém ele, tendo feito sair a todos...”. Muitas vezes, é preciso “limpar
a área”, tirando do local os curiosos, os escarnecedores, os incrédulos,
para que Deus possa operar.
c) Ressuscitou a menina, pelo poder de sua
Palavra, vs.41-42, “41 E, tomando a mão da menina, disse-lhe:
Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te. 42 Imediatamente
a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram
tomados de grande espanto”. Podemos observar que a ressurreição da menina
causou no meio do povo um grande espanto, pois jamais esperavam que isto fosse
acontecer. Há poder na Palavra de Jesus!
4. Jamais podemos negligenciar o Poder de
Deus. Aquela era uma situação terrível, desesperadora, sem solução. Porém para
Jesus, não há nada impossível. “Tudo é possível ao que crê”.
CONCLUSÃO
1. Todos aqueles que
estão sem Cristo estão mortos nos seus delitos e pecados, Ef 2.1, “Ele
vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”. Duas coisas
são importante pensarmos aqui:
a) A Bíblia declara que o “salário do
pecado é a morte”, Rm 6.23. Por serem pecadores, todos os homens
estão sob o jugo da morte, condenados.
b) Jesus afirma em Jo
11.25, o seguinte:
“Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá...”. A verdadeira fé em Jesus
nos liberta do poder da morte e nós leva à verdadeira vida.
2. Creia em Jesus como Filho de Deus e como
seu salvador pessoal nesta noite e receba da vida de Deus em você:
a) Embora a Palavra de Deus afirma que o
salário do pecado é a morte, veja o que ela diz na parte final de Rm 6.23:
“...Mas o dom gratuito de Deus é vida eterna em Cristo Jesus”.
b) Citando novamente Ef 2.1, observe: “Ele vos deu vida
estando vós mortos em vossos delitos e pecados”.
3. Diante destas verdades bíblicas, podemos
afirmar que: não devemos ficar preocupados pelo quanto o pecado pode destruir
uma vida, mas sim pelo quanto Jesus a pode restaurar. Jesus tem o poder de dar
novamente a vida, que foi arrancada de nós pelo poder do pecado.