GERAÇÃO DE SAMUEL

1SM 1 E 2

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

INTRODUÇÃO: Samuel é tido como um dos maiores profetas do Antigo Testamento. Foi ele ao mesmo tempo profeta, sacerdote e juiz. Homem de um caráter irrepreensível! Como homem de Deus foi comparado a Moisés, e outros profetas e patriarcas bíblicos – “Disse-me, porém, o SENHOR: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, meu coração não se inclinaria para este povo...”, Jr 15.1. Neste texto de Jeremias, encontramos o próprio Deus o colocando na mesma posição espiritual de Moisés, o que nos mostra o valor extraordinário de Samuel. Hoje queremos falar um pouco sobre a vida deste homem que veio ao mundo em resposta à angústia de uma mãe e que o criou ensinando-o a andar nos caminhos do Senhor.

 

 

I. FOI GERADO COMO FRUTO DE ORAÇÃO

 

1. Elcana seu pai possuía duas mulheres Ana e Penina. Penina tinha filhos. Ana, porém, não os tinha – “1 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efraimita. 2 Tinha ele duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra, Penina; Penina tinha filhos; Ana, porém, não os tinha”, 1.1-2.

 

2. Embora Ana fosse amada pelo seu marido, o fato de não gerar filhos, lhe era motivo de sofrimento e até mesmo de escárnio por parte de sua rival – “5 A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o SENHOR a houvesse deixado estéril. 6 (A sua rival a provocava excessivamente para a irritar, porquanto o SENHOR lhe havia cerrado a madre.) 7 E assim o fazia ele de ano em ano; e, todas as vezes que Ana subia à Casa do SENHOR, a outra a irritava; pelo que chorava e não comia. 8 Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de coração triste? Não te sou eu melhor do que dez filhos?”, 1.5-8.

 

3. Numa de suas idas anuais ao Templo do Senhor, Ana dispôs-se a orar e chorar perante o Senhor para que Ele lhe abrisse a madre – “9 Após terem comido e bebido em Siló, estando Eli, o sacerdote, assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do SENHOR, 10 levantou-se Ana, e, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente. 11 E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha. 12 Demorando-se ela no orar perante o SENHOR, passou Eli a observar-lhe o movimento dos lábios, 13 porquanto Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma; por isso, Eli a teve por embriagada”, 1.9-13. Alguns Detalhes:

 

a)      Orou com amargura de alma;

b)      Chorou abundantemente;

c)      Eli, o sumo sacerdote após observá-la, a teve por embriagada;

d)      Porém, Deus a honrou – “19 ... Elcana coabitou com Ana, sua mulher, e, lembrando-se dela o SENHOR, 20 ela concebeu e, passado o devido tempo, teve um filho, a que chamou Samuel, pois dizia: Do SENHOR o pedi”, 1.19-20. O nome Samuel significa “seu nome é El”, prefixo de Eloim – Deus.

 

4. Nossos filhos devem ser gerados em oração, desejados, consagrados ao Senhor e não fruto de pecado, de relações sexuais ilícitas. Talvez seja esta a causa do porque estamos convivendo com uma geração de crianças e adolescentes rebeldes. Muitas crianças não desejadas, não amadas nascem, porém milhares delas são extirpadas por abortos induzidos! Esta é a causa do grande número de abortos clandestinos praticados em nosso país livremente, por muitas mulheres para esconder o pecado. Algumas cifras importantes:

 

a)      Estima-se que a cada três crianças nascidas vivas no País, existe um aborto induzido;

b)      Estima-se que em 2005 foram feitos mais de um milhão de abortos inseguros no País;

c)      De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 31% das gestações terminam em abortos clandestinos.

 

 

II. FOI ENTREGUE INCONDICIONALMENTE AO SENHOR

 

1. Este foi o seu voto durante sua oração – “E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha”, 1.19-20. Duas coisas:

 

a)      Ao Senhor o darei por todos os dias de sua vida. Veja como Ana cumpriu seu voto – “Havendo-o desmamado, levou-o consigo, com um novilho de três anos, um efa de farinha e um odre de vinho, e o apresentou à Casa do SENHOR, a Siló, Era o menino ainda muito criança”, 1.24.

 

b)      Sobre sua cabeça não se passará navalha – voto de nazireado. Uma consagração exclusiva para Deus.

 

 

III. FOI PROFETA, SACERDOTE E JUIZ

 

1. Como profeta, seu oficio ficou evidente logo em sua chamada, “10 Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel! Este respondeu: Fala, porque o teu servo ouve. 11 Disse o SENHOR a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que a ouvir lhe tinirão ambos os ouvidos. 12 Naquele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. 13 Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu. 14 Portanto, jurei à casa de Eli que nunca lhe será expiada a iniquidade, nem com sacrifício, nem com oferta de manjares. 15 Ficou Samuel deitado até pela manhã e, então, abriu as portas da Casa do SENHOR; porém temia relatar a visão a Eli. 16 Chamou Eli a Samuel e disse: Samuel, meu filho! Ele respondeu: Eis-me aqui! 17 Então, ele disse: Que é que o SENHOR te falou? Peço-te que mo não encubras; assim Deus te faça o que bem lhe aprouver se me encobrires alguma coisa de tudo o que te falou. 18 Então, Samuel lhe referiu tudo e nada lhe encobriu. E disse Eli: É o SENHOR; faça o que bem lhe aprouver”, 1Sm 3.10-18

 

2. Como Sacerdote, oferecia sacrifícios ao Senhor diante do povo, 1Sm 7.9- “9 Tomou, pois, Samuel um cordeiro que ainda mamava e o sacrificou em holocausto ao SENHOR; clamou Samuel ao SENHOR por Israel, e o SENHOR lhe respondeu. 10 Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram à peleja contra Israel; mas trovejou o SENHOR aquele dia com grande estampido sobre os filisteus e os aterrou de tal modo, que foram derrotados diante dos filhos de Israel”.

 

3. Como Juiz, trabalhou todos os dias de sua vida, “15 E julgou Samuel todos os dias de sua vida a Israel. 16 De ano em ano, fazia uma volta, passando por Betel, Gilgal e Mispa; e julgava a Israel em todos esses lugares. 17 Porém voltava a Ramá, porque sua casa estava ali, onde julgava a Israel e onde edificou um altar ao SENHOR”, 1Sm 7.15-17.

 

 

IV. MARCOU UM PERÍODO DE TRANSIÇÃO

 

1. A vida de Samuel abrange o final do período dos juízes e o início do período monárquico. Era o fim do governo teocrático e o começo do reino. No período teocrático o povo dependia somente de Deus que escolhia seus líderes. Como a instauração do reino, embora os primeiros reis tenham sido escolhido por Deus como no caso de Saul e Davi, a partir de então, os próximos reis recebiam a autoridade para governar obedecendo à linha de sucessão que era concedida por direito ao filho mais velho do rei. O povo passou a ser dirigido pela cabeça do rei e não mais pela vontade de Deus.

 

2. É bem verdade que esta mudança foi um choque para Samuel. Quando ele foi procurado pelo povo que exigia um rei, um forte sentimento de rejeição tomou conta de seu coração. Porém, Deus lhe disse que obedecesse a voz do povo e lhes mostrasse a responsabilidade desta decisão – “4 Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, 5 e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações. 6 Porém esta palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos governe. Então, Samuel orou ao SENHOR. 7 Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele. 9 Agora, pois, atende à sua voz, porém adverte-o solenemente e explica-lhe qual será o direito do rei que houver de reinar sobre ele”, 1Sm 8.4-7, 9.

 

3. Samuel foi o responsável para ungir os dois primeiros reis:

 

a) Unção de Saul – “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?”, 1Sm 10.1.

 

b) Unção de Davi - “Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá”, 1Sm 16.13.

 

CONCLUSÃO: Samuel foi o único homem bíblico que se colocou diante povo para uma devassa em sua vida, porém, em nada puderam acusá-lo, devido a sua retidão diante deles e de Deus: “1 Então disse Samuel a todo o Israel: Eis que vos dei ouvidos em tudo quanto me dissestes, e constituí sobre vós um rei. 2 Agora, eis que o rei vai adiante de vós; quanto a mim, já sou velho e encanecido, e meus filhos estão convosco: eu tenho andado adiante de vós desde a minha mocidade até o dia de hoje. 3 Eis-me aqui! testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido. De quem tomei o boi? ou de quem tomei o jumento? ou a quem defraudei? ou a quem tenho oprimido? ou da mão de quem tenho recebido peita para encobrir com ela os meus olhos? E eu vo-lo restituirei. 4 Responderam eles: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de ninguém. 5 Ele lhes disse: O Senhor é testemunha contra vós, e o seu ungido é hoje testemunha de que nada tendes achado na minha mão. Ao que respondeu o povo: Ele é testemunha”, 1Sm 12.1-5.