Graça e
Mercado de Trabalho
Por Robert
J. Tamasy
Pr. José
Antônio Corrêa
De tempos em tempos ouvimos pessoas
discutindo os méritos de diferentes religiões e sistemas de crenças. Porém, um
dos aspectos que é único apenas no cristianismo é o conceito de graça, definida
como “favor imerecido” ou “aceitação incondicional”. Graça não é algo que possa
ser conquistado, tampouco algo que recebemos por que a merecemos. Ao contrário,
graça é receber o que não merecemos.
Graça é um conceito estranho ao mercado.
Fala-se em “ganhar a vida”. Há profissionais, especialmente da área de vendas,
que recebem bônus pela sua performance, segundo o volume de negócios que gera
para sua empresa, ou o desempenho da companhia sob sua liderança. Com que
frequência ouve-se falar desempregados mantidos sem o "merecerem”, quando
deviam ser despedidos?
Refletindo sobre minha carreira de
jornalista, posso lembrar de muitas vezes em que fui beneficiado pela graça,
ocasiões em que, se eu fosse meu chefe, provavelmente eu teria me despedido. Em
meu primeiro ano como editor de jornal, contrariado com o debate durante uma
reunião da prefeitura, levantei-me para dizer o que pensava. Inexperiente,
ainda sem consciência que meu trabalho consistia em relatar notícias e não
criá-las. Como resultado, meu supervisor recebeu queixa sobre minha atitude.
Graciosamente ele relevou meu equívoco jornalístico, atribuindo-o à exuberância
e ingenuidade de minha juventude, alertando-me a jamais cometer o mesmo erro.
Na Bíblia encontramos inúmeros exemplos de
graça: Jacó, que enganou seu irmão Esaú, tomando-lhe a primogenitura; José, que
ostentava ser o favorito de seu pai diante de seus irmãos; Moisés, que matou o
capataz egípcio; Davi, o rei que se envolveu em adultério e tentou encobrir o
fato determinando a morte do marido da mulher que seduzira. Cada um deles foi
usado por Deus de maneira extraordinária.
Jesus frequentemente ofereceu graça aos Seus
“trabalhadores”. Em João 15.16 Ele lembrou ao atabalhoado grupo de seguidores:
“Vocês não Me escolheram, mas Eu os escolhi para irem e darem frutos”. Mais
tarde, depois de Simão Pedro havê-lo negado três vezes, Ele perdoou o impetuoso
discípulo e o instruiu: “Cuide das Minhas ovelhas” (João 21.17). Com aquelas
poucas palavras, sem rodeios, Pedro foi restaurado ao serviço.
Obviamente um empregado pode ser inadequado
para um trabalho específico. Um comportamento antiético ou imoral pode fazer
que a demissão seja a única saída. Mas algumas vezes, quando alguém não “está à
altura”, oferecer graça pode fazer a diferença, no que diz respeito ao
indivíduo vir a ser um membro valioso e produtivo da equipe.