IGREJA DE LAODICÉIA

AP 3.14-22

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

INTRODUÇÃO:

 

1. A cidade de Laodiceia foi fundada por Antíoco II no século III a.C., e recebeu o nome de sua esposa, Laodice. Devido a sua posição, era um centro comercial extremamente próspero, especialmente durante o governo romano.

 

2. Porém, diferentemente das outras cidades, quando foi destruída por um terremoto, pôde se dar ao luxo de rejeitar o auxílio do Império Romano para a sua reconstrução, em virtude de sua situação financeira privilegiada. Era um importante centro bancário e de troca de moedas. A cidade era rodeada por terras férteis. Seus principais produtos incluíam a lã negra polida e tabloides, ou pós medicinais.

 

3. Porém, a cidade tinha uma desvantagem: Nela não havia suprimento de água. A água que chegava até à cidade, vinha através de canos de uma fonte que ficava a certa distância, e provavelmente chegava a seu destino morna. Provavelmente Laodiceia recebeu a Palavra de Deus, quando Paulo morou em Éfeso, At 19.10, “Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos”. Mas quando a carta de Apocalipse foi escrita a encontrou em péssimas condições espirituais. Vamos ver o conteúdo da carta.

 

 

I. IDENTIFICAÇÃO

 

1. Cristo se identifica como: “O Amém, Testemunha Fiel e Verdadeira”:

 

a) A palavra “amém” traz o significado de “assim seja”, “é assim”. Ela era usada na liturgia judaica e nos cultos de adoração como afirmação de fé na validade, ou veracidade da mensagem que era lida ou proferida. Ao ser aplicada a Cristo, esta palavra significa que Ele é a afirmação da Palavra de Deus. Ele é a própria Palavra de Deus, o Logos Eterno.

 

b) A expressão “Testemunha Fiel e Verdadeira” indica que a mensagem de Cristo é veraz e o seu serviço é completo, sem quaisquer falhas. Uma testemunha de nada vale se não dizer a verdade. Ele deve ser inerentemente verdadeira, genuína e sincera. Jesus é a Fiel e Verdadeira Testemunha da verdade de Deus, Ap 1.4-5, “4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados”.

 

2. “O Princípio da Criação de Deus”. Tais palavras, podem ser confrontadas com a mensagem de Cl 1.16-18, “16 Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. 18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia”. A palavra “princípios”, nada tem a ver com a ideia de que Cristo foi o primeiro dos seres criados, pois Ele é o Criador, distinto sua criação. Ele é Eterno:

 

Jo 1.1, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

 

Hb 7.3, “...sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote perpetuamente”.

 

Esta palavra (princípio) traz a ideia de “originador”, “iniciador”. É a palavra grega “arch”.

 

 

II. APROVAÇÃO

V. 15

 

1. “A tuas obras”. Esta Igreja é a única que tem muito pouco para Jesus aprovar. Mesmo suas obras citada por Jesus, não são um sinal de aprovação, mas de desaprovação.

 

 

III. REPROVAÇÃO

VS. 15, 17

 

1. “Nem és frio, nem quente”, v. 15. Os laodicenses, não tinham água própria. Eram servidos por um aqueduto e neste processo a água chegava até eles “morna”. Os crentes desta cidade se assemelhavam a sua própria água. Eram “mornos”, isto é, sem ousadia, acomodados, sem entusiasmo, sem vida.

 

2. Aos seus próprios olhos eram considerados ricos, abastados, v. 16. Porém, vejamos como Cristo os estava vendo:

 

a) “Um infeliz” (coitado). Muitos daquela Igreja supunham que a felicidade é determinada pelo saldo credor na conta bancária, ou pelo acúmulo de posses carnais, que alguém pode dar-se ao luxo de ter. Espiritualmente, porém, eram infelizes (desgraçados). Estavam perdendo o melhor das bênçãos de Deus, Ef 1.3, “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo”.

 

b) “Miserável”. Não precisavam mendigar o pão, seus filhos eram bem vestidos, tinham bons cuidados médicos, diversões, viagens. Na realidade, porém, eram “miseráveis” espirituais. A miséria é caracterizada pela ausência dos recursos básicos para a sobrevivência de qualquer ser humano. Eles tinham estes recursos, até mesmo em abundância, porém lhes faltavam os recursos espirituais, Mt 6.19-20, “19 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam. 21 porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.

 

c) “Pobre”. Este estado é o estado daquele que vive em extrema pobreza e miséria. É o oposto de ser rico.

 

d) “Cego”. Nos países orientais são comuns as enfermidades nos olhos, que levam à cegueira. Laodiceia, contava com uma escola de medicina, sendo produtora de muitos medicamentos. Contava com meios de combate à cegueira física, mas faltavam-lhes recursos para combater a cegueira espiritual, Jo 9.39, “Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos”.

 

e) “Nu”. Laodiceia era famosa por sua indústria de roupas. Os crentes desta cidade, se vestiam com elegância, mas espiritualmente falando, estava nus.

 

 

IV. CONSELHOS

VS. 18, 19

 

1. “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças”, v. 18. Tal conselho apontara o ouro puro, em contraste com as riquezas poluídas que possuíam, 1Tm 6.17, “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento”.

 

2. “Te vistas com vestidos brancos e não apareça a vergonha de tua nudez”, v. 18. Embora aqueles crentes se vestissem com elegância, o que de fato precisavam, era de vestidos brancos o que aponta para a autêntica santidade de vida, a elegância espiritual. As vestes brancas devem caracterizar aqueles que foram lavados pelo sangue de Cristo, Ap 7.9, 13-14, “9 Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; 13 Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? 14 Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro”.

 

 

3. “Te unjas os olhos com colírio e vejas”, v. 18. Já vimos que a cidade era produtora de medicamentos, os mais diversos, e certamente produzia vários tipos de colírio. A palavra traduzida por “colírio”, é “kollurion” – e se referia a um rolo de pão grosseiro, um tipo de emplasto para tratamento de muitas infecções, inclusive infecções nos olhos. Isto retrata a operação do Espírito Santo, o que dá ao crente visão e discernimento espirituais, Ef 1.18, “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos”.

 

4. “Sê pois, zeloso e arrepende-te”, v. 19. Os crentes mornos, são agora conclamados a serem “fervorosos”, “quentes”, de modo a serem conduzidos a um autêntico arrependimento.

 

 

V. AVISOS

VS. 16, 19

 

1. “Vomitar-te-ei da minha boca”, Vs. 16. Temos a ideia de repelência, de nojo. A pessoa, ou a igreja morna, é repelente, espiritualmente falando. Trata-se de uma rejeição conferida pelo próprio Senhor.

 

2. “Repreendo e castigo a todos quantos amo”, v. 19. Está em foco a disciplina de Deus, que vem sobre os filhos verdadeiros, Hb 12.6-8, “6 porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. 7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 8 Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos”.

 

 

VI. PROMESSAS

VS. 20-21

 

1. “Estou à porta e bato, se alguém, ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo”, v. 20. A porta é a vida do indivíduo, ou da Igreja. Cristo deseja entrar em sua vida para abençoá-lo. A pintura de Holman Hunt apresenta Cristo batendo numa porta, sem maçaneta pelo lado de fora.

 

2. “Ao que vencer, lhe concederei que se assente no trono comigo”, v. 21. Na Palavra de Deus, os vencedores reinarão com Cristo.

 

Ap 2.26, “Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações”.

 

Ap 20.4, “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”.

 

O trono não é apenas um lugar onde se assenta, mas um símbolo de autoridade.

 

 

CONCLUSÃO

 

1. Com está a tua temperatura em termos espirituais? Frio, quente, ou morno?

 

2. Como você tem se julgado a seus próprios olhos? Você se considera rico espiritualmente? Rico mesmo, é aquele que ajunta tesouros nos céus.

 

3. Não Crente: Cristo bate à sua porta! Você vai deixá-lo entrar?