O CARTAS DE DAVI - ESCRITURAS
Extraído da Revista Ultimato
Pr. José Antônio Corrêa
Em toda a Bíblia não há outra pessoa de tanta
notoriedade quanto Davi. Nem Abraão, que Deus chama de “meu amigo” (Is 41.8). Nem Moisés, que preferiu
sofrer o desprezo por causa do Messias a possuir todos os tesouros do Egito (Hb
11.26). Nem os grandes profetas, como Isaías e Jeremias, que gastaram todos os
seus dias e todas as suas forças para chamar de volta para Deus o povo eleito.
Nem Paulo, o maior missionário e maior expositor do evangelho de todos os
tempos.
A notoriedade de Davi nasce do seu
relacionamento com Deus, o que se pode ver nas atitudes e nas composições
poéticas e melódicas do ex-pastor de ovelhas. Tudo se resume nestas duas declarações
que se completam: Davi é o “homem de Deus” (2Cr 8.14) e o Senhor é o “Deus de Davi” (2Rs 20.5).
“O meu servo Davi”
Deus se refere a Davi como “o meu servo Davi”
(1Rs 11.34, 36 e 38) e diz a seu
respeito: “Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração; ele
fará tudo o que for da minha vontade” (At
13.22).
“O suave cantor de Israel”
As versões são diferentes, mas todas chamam a
atenção para a musicalidade de Davi (2Sm
23.1). Ele é “o suave cantor de Israel”, “o doce salmista”, “o mavioso
salmista”, “o cantor dos cânticos”, “o favorito dos cânticos” ou “o compositor
das belas canções de Israel”. Além de ser “um bom músico” (1Sm 16.17, BP), tocador de harpa ou cítara, e compositor de muitas
das “canções alegres” de Sião (Sl 137.3),
Davi era fabricante dos instrumentos musicais usados pelos levitas no serviço
de adoração (2 Cr 7.6). A ele são
atribuídos 73 dos 150 poemas do livro dos Salmos, um dos mais lidos de toda a
Bíblia. Ainda se diz que Davi, quando jovem, teria praticado aquilo que hoje se
chama de musicoterapia, para serenar o ânimo do rei Saul em suas estranhas
crises emocionais (1Sm 16.14-23).
“Como o meu servo Davi”
O comportamento de Davi como homem e como rei
tornou-se o padrão de conduta para os seus sucessores. Depois da divisão do
reino, Deus disse a Jeroboão: “Tirei o reino da família de Davi e o dei a você,
mas você não tem sido como o meu servo Davi” (1Rs 14.8). Do rei Abias, neto de Salomão, diz-se que “seu coração
não era inteiramente consagrado ao Senhor, ao seu Deus, quanto fora o coração
de Davi, seu predecessor” (1Rs 15.3).
Está registrado que Asa “fez o que o Senhor aprova, tal como Davi, seu
predecessor” (1Rs 15.11). De
Amazias, o cronista escreve: “Ele fez o que o Senhor aprova, mas não como Davi,
seu predecessor” (2Rs 14.3). E de
Acaz registra-se que “ao contrário de Davi, seu predecessor, não fez o que o
Senhor, seu Deus, aprova” (2Rs 16.2).
“Por amor a Davi...”
Exclusivamente “por amor a Davi” (1Rs 11.12), Deus é capaz de segurar por
mais algum tempo a sua indignação contra Salomão por ele ter cedido à pressão
de suas mulheres estrangeiras e construído altares para os seus deuses em
Jerusalém. Pela mesma razão, não tiraria o reino inteiro de Salomão para dá-lo
a Jeroboão, mas deixaria com ele as tribos de Judá e de Benjamim (1Rs 11.13). A expressão “por amor a
Davi” aparece em várias outras passagens do Antigo Testamento (1Rs 11.32, 34; 15.4; 2Rs 8.19; 19.34; 20.6;
Sl 132.10). Numa delas, Deus promete ao rei Ezequias logo depois de sua
cura: “Defenderei esta cidade [Jerusalém] por causa de mim mesmo e do meu servo
Davi” (2Rs 20.6). O cartaz de Davi
diante do Senhor beneficiou ora os reis, ora o povo, ora a cidade de Jerusalém.
“A cidade de Davi”
Embora não fosse a sua cidade natal,
Jerusalém é chamada de “a cidade de Davi”. O cronista registra que, quando
Salomão “descansou com os seus antepassados, foi sepultado na cidade de Davi,
seu pai” (1Rs 9.31). O mesmo se diz
do sepultamento de Roboão, Asa, Acazias, Joás e dos demais reis de Judá. A
cidade do nascimento de Davi não era Jerusalém, mas Belém (1Sm 20.6), que também é chamada de “cidade de Davi” (Lc 2.11). Foi Davi quem conquistou dos
jebuseus a fortaleza de Sião, que veio a ser “a cidade de Davi” (2Sm 5.6-8).
“O Filho de Davi”
Jesus era chamado pelo simpático nome de
“Filho de Davi” e não por “Filho de Abraão” ou de qualquer outro membro de sua
árvore genealógica. Em Nazaré, dois cegos clamavam atrás de Jesus: “Filho de
Davi, tem misericórdia de nós!” (Mt 9.27).
Após as curas realizadas por Jesus, o povo se perguntava: “Não será este o
Filho de Davi?” (Mt 12.23). Mesmo
fora do território israelita, uma mulher da região de Tiro e Sidom foi a ele e
gritou: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! [pois] minha filha
está endemoninhada e sofrendo muito” (Mt
15.22). Dois outros cegos, ao saberem que Jesus estava passando pela
estrada de Jericó, gritaram a plenos pulmões para ele: “Senhor, Filho de Davi,
tem misericórdia de nós” (Mt 20.31).
E na entrada de Jesus em Jerusalém, no final de seu ministério, tanto a
multidão que ia na frente como a multidão que vinha atrás começaram a gritar:
“Hosana ao Filho de Davi!” Quando a enorme procissão chegou ao templo, as
crianças também entoavam: “Hosana ao Filho de Davi” (Mt 21.8 e 15). “Filho de Davi” era o título que os judeus davam a
Jesus, na esperança de que ele fosse o Messias prometido e aguardado.