O HOMEM CONTEMPORÂNEO SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS, ATOS 13.22

 

Extraído de http://revistadominical.sites.uol.com.br

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

LIÇÃO 1 – AMA A DEUS E AO SEU PRÓXIMO, 2 SAMUEL 1.1-27

 

INTRODUÇÃO

O propósito principal das lições deste trimestre é instigar seus leitores a serem melhores cristãos. Nesta primeira lição abordaremos o dever do cristão de amar a Deus e ao seu próximo. Para tanto, é necessário ser tolerante e compassivo com o bom e com o mau; com o amigo e com o inimigo.

 

I – ELE É TOLERANTE COM O SEU PRÓXIMO – (VV 1-16)

Davi sentia ainda o sabor da vitória que o Senhor lhe dera sobre os amalequitas (1Sm 30.1-20), quando recebeu a notícia da morte do seu arqui-inimigo. Motivo duplo para comemorar. No entanto, o que vemos é uma reação totalmente contrária. Davi lamenta a morte de Saul, seu grande rival.

Como podemos entender esta atitude se não a olharmos do ponto de vista cristão e segundo o coração de Deus que amou e entregou seu Filho pelos pecadores seus inimigos? (Rm 5.6-10) É por este prisma que queremos analisar o texto bíblico:

 

1. Temos aqui o exemplo de uma reação amorosa – Apesar da aparente contradição entre as narrativas sobre a morte de Saul (1Sm 31.1-6; 2Sm 1.1-10; 21.12; 1Cr 10.1-6), entendemos que Saul acuado pelos filisteus, se jogou sobre a sua espada e morreu. Nesse caso o amalequita teria inventado a sua história para ganhar recompensa do rei. Mas não podemos descartar a hipótese do amalequita ter encontrado Saul ainda com vida agonizando sobre a sua espada e ter dado o "golpe de misericórdia".

O que realmente nos importa é a extraordinária lição deixada por um dos homens mais íntimos de Deus no Antigo Testamento: O amor acima de tudo (1Co 13). O amor que encobre transgressões (Pv 10.12).

Davi teve de esperar uns doze a quinze anos de incerteza e desespero pela justiça divina para que pudesse de vez, assumir o trono. No entanto, ao ouvir a notícia da queda do seu adversário, reagiu da maneira mais digna possível de um homem de Deus: Pranteou, chorou e jejuou por causa de Saul. Esta deve ser a nossa atitude: "Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem quando tropeçar se regozije o teu coração" (Pv 24.17).

 

2. Temos aqui o exemplo de uma atitude justa – Davi entendeu que o mensageiro queria tirar proveito da ocasião. Infelizmente, há em nosso meio muitas pessoas querendo tirar proveito por meios ilícitos, injustos e desonestos. "Cristãos" inescrupulosos, cheios de ambição carnal. A Palavra de Deus nos adverte: "e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade" (Ef 4.24).

Davi mandou que matassem o amalequita imediatamente, para encerrar de vez com aquela tremenda injustiça. Para ele não importava se Saul foi desobediente a Deus se perdeu a unção ou se foi abandonado pelo Senhor, e sim, que um dia recebeu a bendita unção de Deus. Foi esta unção, que esteve sobre Saul, que Davi respeitou até o fim. Esta atitude nos ensina que devemos tratar com respeito, principalmente, as pessoas e objetos ungidos e consagrados ao Senhor, independentemente da sua condição ou estado.

Ao matar o moço, quis agir com justiça. Teve oportunidade de matar Saul vingando toda a sua maldade, mas considerou que ao Senhor pertence à vingança (Rm 12.19). Mas agora não tolerou a impiedade de um homem que tocou naquele que, em tempos remotos, foi ungido do Senhor. "Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda" (Ap 22.11).

 

II – ELE É COMPASSIVO PARA COM O SEU PRÓXIMO – (VV 17-27)

Não há atitude mais nobre para o cristão do que perdoar. Do ponto de vista humano, Davi tinha muitas razões para odiar Saul, no entanto, revela uma atitude totalmente digna de um homem segundo o coração de Deus. Você, leitor, tem um coração semelhante ao de Jesus? Veja o comportamento compassivo de rei:

 

1. Pode-se notar no pranto em forma de cântico – Na nossa versão a palavra é "lamento" (v 17), mas no hebraico, "quinah", que significa "cântico", é um elogio fúnebre pela vida do seu maior amigo (Jônatas) e do seu pior inimigo (Saul). No entanto, Davi não faz distinção entre um e outro, ambos são dignos da sua admiração. Como podemos conceber tal coisa, elogiar aquele que nos perseguiu buscando a nossa própria vida? "Ah! Ornamento de Israel! Nos teus altos, fui ferido; como caíram os valentes!"(v 19).

Precisamos ter este sentimento em relação aos nossos irmãos, amigos e inimigos: "Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).

Davi pede para que ninguém divulgue a morte de Saul e de Jônatas, pois foi uma tragédia vergonhosa nas páginas da história de Israel. Quantas vezes nos achamos noticiando a queda e o fracasso do nosso irmão, como se isso fosse uma grande vitória. Mas o Senhor nos ensina como agir em tal situação. Veja Gálatas 6.1-3.

 

2. Pode-se notar pela maldição lançada sobre Gilboa – "Vós montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia sobre vós..." (v 21). Com estas palavras Davi amaldiçoa os montes que testemunharam a derrota de Saul e de Jônatas. Ele deseja que ali não produza mais "ofertas alçadas". A Vulgata traduz "campos de primícias". Era ali o lugar onde cresciam os primeiros frutos, separados para oferta ao Senhor. O motivo da indignação de Davi é: "pois aí desprezivelmente foi arrojado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, como se não fora ungido com óleo".

Que exemplo de coração bondoso. Isto nos ensina que devemos abominar a atitude daqueles que se gloriam na derrota de um servo de Deus.

Não se sabe até que ponto esta maldição teve efeito sobre aquele lugar, no entanto, sabemos que hoje ali impera um deserto árido. Assim é a vida insípida daqueles que maldizem e zombam da desgraça dos outros, mesmo quando se trata de um inimigo. (Rm 12.9-21).

 

3. Pode-se notar pelo atributo ao amigo e ao inimigo – Para Davi o que importava eram as lembranças do passado, quando Jônatas era seu grande amigo e Saul ainda era desejável. Considerou que as pessoas mudam e são passivas de erros. No entanto, preferiu guardar na memória somente aquilo que fizeram de bom.

É assim que Deus faz conosco: "Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades" (Sl 103.10). "Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais" (Hb 8.12).

Por causa de uma pequena falha na vida de um obreiro, passamos a desconsiderar tudo que ele fez na obra durante anos. Por causa de uma pequena falha no cônjuge, alguns destroem o próprio casamento, deixando de levar em conta o que o outro fez de bom durante a vida toda. Podemos mudar esta maneira de pensar e de agir, se quisermos.

 

4. Pode-se notar pela angústia demonstrada – Jônatas era de fato o melhor amigo de Davi. Ambos tiveram que enfrentar a fúria do rei Saul. Por fim, foram cúmplices em um plano para a fuga de Davi. A declaração do rei não deixa dúvidas quanto ao amor que um tinha pelo outro: "Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres" (2Sm 1.26). Este tipo de comunhão e sentimento só é possível para quem vive com Deus. Para quem tem um coração semelhante ao de Jesus Cristo. De fato o amor erótico sempre estará acompanhado de insegurança e anseios pela necessidade que um tem de satisfazer o outro. Além do mais, sua chama sempre se apaga quando é satisfeito. No entanto, o amor de Deus não traz temor (1Jo 4.18), dura para sempre (1Co 13).

Consideremos que Davi está falando de amor divino, comparando-o com o amor das mulheres, pela sua intensidade e não por semelhança erótica. Os críticos e céticos se aproveitam deste texto para falar de homossexualidade que é abominável a Deus.

Devemos aprender a cultivar o amor de Deus, pois ele existe em nós, mas precisa ser exercitado (1 Jo 3.15,16).

 

CONCLUSÃO

Certamente esta história deveria, na concepção do homem sem Deus, ter outro fim. Davi poderia agora se gloriar de ver a derrota do seu grande inimigo e, também, porque enfim poderia se apossar do trono de Israel. No entanto, o que vemos é um homem quebrantado, angustiado e triste por causa da morte do seu perseguidor.

Que belo exemplo a ser seguido. O amor nos faz tolerantes com a fraqueza do nosso semelhante e gera em nós um coração compassivo pronto para perdoar: "Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4.32).

 

LIÇÃO 2 – É EXALTADO POR DEUS, 2 SAMUEL 5.1-3; 6-12; 18-25

 

INTRODUÇÃO

A exaltação do homem por parte de Deus é algo muito almejado pelos cristãos. No entanto, alguns princípios merecem ser observados neste processo. É claro, não podemos nos esquecer que, a exaltação se dará sempre após a provação e aprovação do cristão autêntico através de inúmeras e imprevisíveis circunstâncias no decorrer de sua carreira cristã. Para melhor avaliarmos o assunto, destacaremos algumas características importantes da vida de Davi, homem segundo o coração de Deus.

 

I - SUA EXALTAÇÃO É EM DECORRÊNCIA  DE SUA VIDA ÍNTEGRA

Convém-nos observar os "credenciais" de Davi, homem exaltado por Deus. Podemos perceber, em primeiro lugar, que:

 

1. Ele era um deles – "Teus ossos e tua carne somos" (v. 1) - A importância de Davi, no momento da sua exaltação pode ser vista, de pronto, no fato de ser Davi nascido em Israel. Ele era filho da nação escolhida e separada por Deus (Ex 6.7). O segredo para receber as bênçãos de Deus está em pertencer a um povo separado. Fazer parte da família de Deus, igreja, que significa "tirados para fora", é de fundamental importância para se chegar à condição de homem segundo o coração de Deus. Não fosse o fato de Cristo nos ter reconciliado em um só corpo (Ef 2.16), isso jamais seria possível.

 

2. Ele estava no meio deles – "Eras tu o que saías e entravas com Israel" (v. 2) - A conduta de Davi era sempre a de alguém que se importava com questões que diziam respeito ao seu povo e ao seu Deus. Seu sangue ferveu quando ouviu as afrontas de Golias e tomou para si uma guerra que não era propriamente sua (1Sm 17). A partir daí, o pastor de ovelhas, poeta e músico, tornou-se um poderoso comandante em Israel destacando-se como um dos seus melhores guerreiros. Estava sempre envolvido na causa, contribuindo para as constantes vitórias, mesmo sendo Saul o seu inimigo mais próximo. Esses fatos ficaram registrados e foram somados no momento da sua exaltação. "O Filho do Homem... dará a cada um segundo as suas obras". Seremos recompensados aqui ou no porvir, o que fazemos e como fazemos certamente implicará no nosso futuro.

 

3. Ele estava debaixo da promessa de Deus – "Apascentarás o meu povo de Israel" (v.2) - Diante de uma promessa feita por Deus não existe barreira intransponível, visto que o próprio Deus é quem se encarrega para fazê-la conhecida de todos, tirando do caminho todo e qualquer impedimento ao seu cumprimento. "Eu velo sobre a minha palavra para a cumprir" (Jr 1.12).

A unção de Davi foi uma ordem dada por Deus a Samuel (1Sm 16). Essa unção era a promessa do trono e, mesmo tendo sido realizada recinto familiar, tornou-se conhecida e respeitada por todo Israel, que, no tempo devido reconheceu ser Davi o escolhido de Deus para assumir a nação, (1Sm 3.18).

 

II – SUA EXALTAÇÃO O TRANSFORMA EM VENCEDOR

Até a esta altura da vida de Davi, suas inúmeras realizações já eram extraordinárias. Porém, o melhor estava por vir. Suas realizações começaram superando em muito as de Josué, Sansão e Saul.

 

1. Conquistou a fortaleza de Sião – "Davi tomou a fortaleza de Sião" (v. 7) - No contexto de Davi, Jerusalém era a cidade mais segura que existia. Nunca pôde ser tomada pelos filhos de Judá desde os tempos de Josué, por isso estava ainda nas mãos dos Jebuseus (Js 15.63). Davi demonstra então sua preocupação em cumprir a vontade de Deus conquistando milagrosamente esta cidade, que passou a ser conhecida por "cidade de Davi". Essa vitória o fez crescer cada vez mais em poder e o povo via que Deus era o poder operante por trás de Davi. Aquele mesmo Espírito, que se apoderara do menino pastor no momento da sua primeira unção, (1Sm 16.13), o fizera um novo homem. Agora, mais do que vencedor.

 

2. Foi reconhecido além fronteira – "Um rei fenício constrói sua casa" (Conf. V 11) - Após muitos anos de perambulações pelo deserto, tendo como teto as cavernas que serviam também de abrigo, Davi recebe de Hirão, um rei fenício, material e mão de obra especializada para a construção do seu palácio real. Esse presente tornou-se um sinal de segurança firmada e da confirmação de Deus sobre o seu reinado.

Agora, além de crescer em graça diante do seu próprio povo, Davi, outrora um fugitivo do deserto, é visto também pelos de fora. Com tudo isso, ele sabe reconhecer que sua exaltação e poder não ocorreram por sua causa pessoal, e sim, por causa de Israel, que, por mãos de Davi seria livre dos inimigos. Somos abençoados para abençoar.

 

3. Derrotou os filisteus – "E feriu-os ali Davi" (v. 20) - Houve um tempo em que Davi precisou habitar com os filisteus na terra de Gate, (1Sm 27), a fim de poupar sua vida das mãos de Saul. Mas agora, como sucessor de Saul, era adversário implacável dos filisteus que, prontamente estacionaram suas forças para a batalha. Começava aí a história da aniquilação gradativa dos filisteus através de Davi.

Era o começo do seu reinado sobre todo o Israel, quando, por duas vezes, os filisteus se levantaram contra Davi a fim de suprimi-lo, visto que crescia muito. Não haviam entendido que as guerras de Davi tinham um comandante superior que garantia suas vitórias. Tal foi a derrota e decepção que sofreram, visto que além de fugirem de diante de Israel, tiveram capturados os seus ídolos. "O Senhor pelejará por vós". (Êx 14.14).

 

III – SUA EXALTAÇÃO NÃO O FEZ SOBERBO

O homem melhor que Samuel procurava foi encontrado no campo cuidando de ovelhas. Esta ocupação lhe deu a chance de aprender a coragem, desenvolver as habilidades poéticas e de entender que Deus está sempre disposto a guiar, proteger, cuidar e estar perto dos seus filhos como o pastor cuida das suas ovelhas (Jo 10.11 e 14). Esse aprendizado ficou impregnado em seu coração como veremos:

 

1. Continuou a depender de Deus – "Davi consultou ao Senhor" (V. 19 e 23) - A direção de Deus é absolutamente essencial para o sucesso de qualquer batalha. Era exatamente neste ponto que Davi se fazia diferente de qualquer outro grande conquistador. Não tomava qualquer decisão, sem saber antes, qual era a decisão de Deus. "Subirei contra os filisteus?"

Paulo entendeu e ensinou a mesma coisa quando disse aos cristãos em Roma que o Espírito Santo habita no crente para guiá-lo a pensar, falar e agir de conformidade com a vontade de Deus (Rm 8.1-17).

 

2. Não confiou somente em seu exército - "Entregar-nos-ás em minhas mãos?" (V.19) - Esta era a prática regular que demonstrava que Davi não se considerava um super-herói. Sua dependência estava centrada em Deus apesar de todo aparato bélico que possuía. Sabia que sem Deus não haveria vitória expressiva.

Paulo nos adverte que nosso campo de sangue está na esfera espiritual onde há uma constante guerra (Ef 6.12), que somente nosso exército de boas intenções não poderá nos valer se não tivermos a ajuda do Espírito Santo (Rm 8.1).

 

3. Usou da sensibilidade e comunhão que tinha com Deus – "Ouvindo tu um estrondo de marcha... então te apressarás" (v. 24) – A guerra continuou porque os filisteus não desistiram facilmente, mas Davi tornou a consultar ao Senhor, que tinha outros planos e lhe deu a seguinte instrução:

Um som de marcha sobre a amoreira seria o sinal de ataque. Davi deveria, então, se mostrar "apressado" e atacar os filisteus. Ao que, obedecendo prontamente, foi-lhe dada uma vitória singular. Mais uma vez Deus usa suas imprevisíveis estratégias de guerra, o que nos impressiona, mas é necessário atentarmos também para a condição de Davi diante do fato.

Sua vida de comunhão com Deus permitiu-lhe desenvolver a sensibilidade espiritual auditiva suficiente para ouvir a voz de Deus diante de uma situação tão tensa, e ter a convicção de que não erraria em obedecer. Sabia reconhecer a voz de Deus, como a ovelha reconhece a voz do seu pastor.

 

CONCLUSÃO

"Quando caminhamos com o Senhor, à luz da sua palavra, que glória Ele derrama em nosso caminho." (J.H.Sammis)

Concluímos que a submissão, a fidelidade e a espera do tempo oportuno (1Pe 5.9) de Deus deverão estar presentes na vida daquele a quem aprouve a Ele exaltar, pois essas bênçãos são o galardão da humildade e o temor do Senhor (Pv 22.4). Dessa maneira todo o povo de Deus estará entre aqueles que herdarão a terra (Mt 5.5), sendo desde já ricos nos dons e bênçãos espirituais (Ap 2.9). "A humildade precede a honra" (Pv 15.33).

 

LIÇÃO 3 – É TEMENTE A DEUS, 2 SAMUEL 6.1-23

 

INTRODUÇÃO

Estaremos abordando nesta lição, um assunto bastante necessário para o povo de Deus, ou seja, o dever que temos de temer ao Senhor. A falta de temor, nestes últimos dias, tem-se tornado em uma epidemia contaminando grande parte da Igreja. Veremos as razões para temermos ao Senhor e a recompensa para quem o teme:

 

I – RAZÕES PARA TEMERMOS AO SENHOR - (VV 1-9)

A falta de respeito com a Casa de Deus e com os objetos consagrados para o culto é gritante. Estão querendo transformar o templo em boate, pista de patinação, comércio e outros. Os líderes, ungidos pelo Senhor, são chamados pela alcunha de "bicho", "cara", "fera" etc. Precisamos nos atentar bem para a mensagem desta lição a fim de corrigirmos esta anomalia.

 

1. O Senhor exige respeito com as coisas sagradas – A Arca representava a presença santa de Deus. Ficava no Santuário, onde só o sumo sacerdote podia entrar uma única vez por ano. Somente os levitas podiam transportá-la (1 Cr 15.2), e ao fazê-lo, não deveriam tocar na Arca e sim sustentá-la nos ombros por meio dos varais (Êx 25.10-16; 37.1-5; Js 3.7-17). Para que não houvesse necessidade dos levitas tocarem na arca, as varas deveriam ficar continuamente presas nas argolas (Ex 25.15). Para se ter noção do respeito exigido por Deus com as coisas sagradas, observemos a terrível praga enviada aos homens de Bete-Semes, só porque olharam para dentro da Arca (1Sm 6.19).

O mesmo tem acontecido hoje com as coisas de Deus. Somos irreverentes. Damos-nos às conversas profanas, mexericos, discussões no santuário, destinado à adoração do Senhor. É bom frisar que se Deus matou Uzá por causa de um símbolo, imagine o que pode acontecer conosco por desrespeitar a presença real de Deus em nosso meio?

 

2. O Senhor exige que sigamos com zelo as suas instruções – Faltou zelo a Davi e a todo o povo que o acompanhava ao transportar a Arca. A Arca foi abandonada anos a fio. Saul nunca se importou com ela e apesar das vitórias que teve sobre os filisteus e a oportunidade de trazê-la de volta para Jerusalém, durante uns oitenta anos ela ficou esquecida pelo governo e pela nação. Talvez por isso, eles haviam esquecido as instruções como conduzir a Arca. Fizeram um carro novo de atração animal e colocaram irreverentemente o objeto sagrada em cima dele. Tudo isto desagradou ao Senhor.

Quando a Palavra de Deus cai no esquecimento, o erro predomina. Fazemos coisas de que nem nos damos conta. Começamos inovar, introduzindo "modelos" novos, copiados de "damasco" (2Rs 16.10-12). Desta forma removemos os antigos marcos e nos corrompemos sem a profecia divina (Pv 22.28; 29.18).

 

3. O Senhor não tolera a imprudência na sua obra – Um terrível incidente aconteceu ao tentarem transportar a Arca para Jerusalém. A distância entre Quiriate-Jearim e Jerusalém era de 12 quilômetros, aproximadamente. Havia subidas íngremes, numa delas os bois deixaram a Arca pender e Uzá estendeu a mão e a segurou. O texto seguinte diz: "Então, a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus" (v 7).

O nome Uzá significa "força". Talvez no zelo quisesse "ajudar" a Deus. O Senhor não aceita tal oferta. O que é para o homem fazer, Deus não faz. O que é para Deus fazer, o homem não pode fazê-lo.

Foi imprudência tocar na Arca. Ele deveria deixá-la cair, pois o Senhor é poderoso para segurá-la. O Senhor não tolera obreiros fraudulentos na edificação da sua obra (Jr 48.10).

Se tentarmos dar uma "mãozinha" para conseguir a salvação, Deus não poderá nos salvar. Ele não divide a sua glória com outrem (Is 42.8). Homem nenhum pode sustentar a Igreja, ou batizar com o Espírito Santo, ou mesmo deixar de pecar se não for pela força de Deus (Fp 2.13).

Uzá foi um obreiro imprudente que quis fazer a obra na força da carne e naufragou (Jr 17.5).

 

II – RECOMPENSAS PARA QUEM TEME AO SENHOR - (VV 10-23)

Davi se deu conta do grande erro que haviam cometido em relação à Arca e o reparou (1 Cr 15.11-15).

 

1. Bênçãos para nós e para todo o nosso lar – Por causa da morte de Uzá, Davi temeu continuar insistindo em levar a Arca para Jerusalém (v 9,10). Deixaram-na então, na casa Obede-Edom que foi abençoado com toda a sua casa por causa da Arca (vv. 11, 12).

Onde Deus está, está também à bênção. Seremos abençoados se estivermos sempre com Ele, pois o Senhor é o nosso grandíssimo galardão (Gn 15.1). Desejar bênçãos e não desejar primeiro a Deus e o seu Reino, é como desejar toda sorte de bons alimentos e não ter saúde para comê-los. Longe de Deus não há bênçãos verdadeiras e os bens não são duradouros.

 

2. Alegria constante na presença do Senhor – Quando o rei soube que Obede estava sendo abençoado, mais que depressa fez os preparativos para trazê-la para Jerusalém. Quem quiser ser abençoado é só convidar Deus a habitar no seu lar, pois Ele está acessível a quem o buscar (Is 55.6).

Desta vez Davi tomou as devidas precauções. Os sacerdotes e demais levitas encarregados de transportar a Arca se santificaram e fizeram exatamente como Deus ordenará a Moisés (1 Cr 15.14,15). Houve grande alegria na cidade e Davi se deixou extravasar na presença de Deus (1 Cr 15.28). "Saltava com todas as suas forças diante do Senhor" (v 14). "... na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente" (Sl 16.11).

 

3. Consciência do dever cumprido – O seu comportamento diante do Senhor causou repudio aos olhos de Mical, primeira esposa de Davi, filha de Saul, que observava tudo da janela, ao invés de estar com o povo se alegrando porque a presença do Senhor, por meio da Arca, retornara a cidade de Davi. Parece que seguiu os caminhos do pai. Não conseguia entender as coisas de Deus. Escandalizou porque Davi se despojou da formalidade de rei. Mas diante do Senhor, não há grande e nem pequeno. Ele é Senhor de todos.

Davi deu a resposta adequada a sua acusadora e prometeu se humilhar mais ainda na presença de Deus. Isto mostra a consciência tranquila do servo de Deus. Tinha convicção de que estava fazendo o que é do agrado de Deus. Mical foi amaldiçoada com a esterilidade. Nunca teve filhos (v 23).

Para sermos crentes valentes na presença do Senhor, precisamos ignorar os "fariseus" e os contradizentes. "Eu sei em que tenho crido" (2Tm 1.12), "por isso não me envergonho do evangelho" (Rm 1.16,17).

 

CONCLUSÃO

Esta lição deixa-nos o aviso: Temer ao Senhor é um dever. O temor é o princípio da sabedoria (Pv 9.10). Precisamos ter cuidado ao entrar na presença de Deus, pois o Senhor não aceitará "fogo estranho" e nem oferta oferecida sobre altar quebrado. Não podemos ajudar a Deus, ajudemo-nos a nós mesmos, a ter vida santa e um reverente temor diante daquele que é fogo consumidor.

 

LIÇÃO 4 – TEM ATITUDES CORRETAS, 2 SAMUEL 7.1-16

 

INTRODUÇÃO

Agir de forma correta, deve ser o objetivo de todo o cristão nesta terra. Mas como fazê-lo se as circunstâncias querem nos impedir. Para que isso seja possível é necessário que os pensamentos estejam também corretos.

É isto que esta lição pretende ensinar, como os planos devem ser pensados, a razão porquê os que não são pensados de acordo com a vontade de Deus estão errados e por que Deus sempre tem o plano melhor.

 

I - ENTENDENDO SUAS LIMITAÇÕES (VV 1-5)

Davi pela situação em que estava vivendo fez os seus planos, mas ele se esqueceu de alguns fatores determinantes para que esses pensamentos viessem a se tornar realidade. Não atentou para o fato de que como ser humano que era possuía limitações que faziam com que aqueles planos não fossem isentos de erros, ou seja, que podiam falhar.

Esse tópico nos mostra os pontos em que devemos estar atentos, para que possamos ver se cumprir nossos projetos.

 

1. Limitado às circunstâncias do tempo presente - Desde o primeiro momento em que a Bíblia fala de Davi, vemos as dificuldades pelas quais ele teve que passar, o gigante Golias, o próprio rei Saul e muitos outros. Mas agora vemos Davi em sua casa depois de ter vencido os filisteus no vale de Refaim.(1Sm 5:22-25)

Ele estava em relativa tranquilidade em uma casa que foi construída com os melhores materiais, também havia se firmado no reino sobre Israel e vencido todos os inimigos em redor. Toda essa situação fez com que Davi imaginasse que estava em uma boa condição, enquanto que a Arca de Deus estava em uma barraca de peles de animais.

Da mesma forma acontece conosco quando estamos bem, planejamos e pensamos, mas não pensamos que o futuro pode nos reservar "surpresas". Na carta de Tiago capítulo 4.13-16, vemos a falibilidade dos nossos projetos, e assim como o Senhor mostrou para Davi o que deveria ser feito, assim devemos estar sujeitos a essa vontade.

 

2. Sem conhecimento pleno dos fatos - O rei da nação israelita como sendo o principal líder do povo, deveria ser exímio conhecedor da lei de Moisés e também deveria conduzir os seus súditos a conhecer a palavra. Mas não foi isso que Davi mostrou ao querer comparar a suas casa com a tenda de peles onde a Arca estava, ele não sabia que aquele tabernáculo havia sido arquitetado pelo Senhor, e que apesar da sua aparente falta de beleza exterior, possuía os melhores materiais e era muito formoso interiormente. (Êx 35 em diante).

Quantas vezes erramos ao pensar que porque cursamos uma boa faculdade já podemos tomar os nossos próprios caminhos, ou porque já temos idade e experiência suficientes podemos planejar o que quisermos. Não devemos deixar que nada disso nos leve a supor que todas as coisas são como pensamos, mas devemos sim estar baseados no conhecimento daquele que possui toda a sabedoria (Tg 4.14)

 

3. sem méritos próprios - Como vimos no início, Davi estava em boa situação mas ele não havia feito nada que justificasse isso. Ele era um homem comum sujeito a falhas e, portanto não era merecedor da bondade de Deus.

Não devemos jamais nos esquecer que tudo que passamos nesta vida provém de um Deus amoroso, portanto não pense que tudo irá acontecer da forma que você determinar, mas sim da forma que o Senhor quiser.

 

II - RECONHECENDO A GRANDEZA DE DEUS (VV 6-16)

O erro dos nossos planos e projetos está na base aonde os firmamos. Se esta base for a sua própria situação, seus conhecimentos e seus créditos, estarão fadados ao fracasso, mas se esta base for em Deus haverá a certeza de que o sucesso será alcançado.

Iremos agora entender o porquê dessa afirmação, pois como vimos o homem possui suas limitações, mas o Senhor Deus não.

 

1. Ele é o Senhor - Davi pensou que estava tudo bem, imaginou até que estivesse melhor do que Deus, quando comparou a sua casa com o tabernáculo (v. 2). Mas o Senhor mostrou a Davi que todas estas coisas estavam debaixo do seu controle e que ele (Davi) era apenas um servo que seguiu todos os caminhos traçados pelo Senhor.

Lembre-se sempre de dizer: "... se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo." (Tg 4.15).

 

2. Ele é detentor de todo o poder - Através do profeta Natã, Deus ensina a Davi que o momento de tranquilidade e prosperidade em que ele vivia, havia sido dado pela maravilhosa operação do seu poder (v. 8 e 9) e que apesar da intenção de Davi de querer "ajudar" a Deus lhe construindo uma casa, Deus é que iria construir uma casa para ele (v. 11).

Entendemos hoje que não devemos nos apoiar nas nossas próprias forças, mas devemos como o apostolo Paulo reconhecer as nossas fraquezas e deixarmos o que é poderoso fazer todos as coisas, agir em nossas vidas. (2Co 3.5; Jr 10.23; 2Co 12.9).

 

3. Ele determina o caminho a ser seguido - Até o profeta Natã foi traído pelos seus pensamentos, pois sem consultar a Deus ele incentiva o rei Davi a prosseguir com o seu plano de construir uma casa para Deus, quando na verdade ele deveria ser o primeiro a impedir Davi de continuar neste intento.

Vemos nesta situação um erro muito comum em nossos dias, onde os cristãos estão determinando o que deve ser feito e querendo que Deus apenas abençoe. Davi tinha um plano falível, mas Deus tinha um plano perfeito e que iria se estender a toda a posteridade do rei, tendo o ponto culminante em Cristo Jesus, Seu Filho.

 

CONCLUSÃO

Todas as vezes que o homem buscar seus próprios caminhos, se frustrará e por fim perceberá que o Deus, poderoso e conhecedor de todas as coisas possui um plano melhor, que ele mesmo abençoará. Que possamos a cada dia nos lembrar da oração de Jesus pouco antes de ser entregue para ser crucificado, "… Pai se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua." (Lc 22:42).

 

LIÇÃO 5 – NÃO ESTA IMUNE AO PECADO, 2 SAMUEL 11.1-10; 14,15; 25-27

 

INTRODUÇÃO

Imunidade significa não estar sujeito a determinado ônus ou encargo. É também um estado que confere ao organismo proteção total contra infecções. Em se tratando de determinadas doenças ou mesmo de liberdade de expressão é possível adquiri-la, entretanto quando o assunto é iniquidade ninguém está imune, d’outra sorte não haveria a necessidade de resistir até o sangue combatendo contra o pecado (Hb 12.4).

Pelo fato de não estarmos imunizados veremos na lição de hoje a forma como o pecado é concebido, o que o homem é capaz de fazer para ocultá-lo e os danos causados pelo mesmo.

 

I – A CONCEPÇÃO DO PECADO

Mesmo que eu e você sejamos homens segundo o coração de Deus, ainda assim estamos sujeitos ao erro. É absolutamente necessário manter um espírito sóbrio e vigilante a fim de que não pequemos. Tg 1.14 diz que cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Vejamos algumas formas através das quais o pecado é gerado.

 

1. O pecado é fruto da ociosidade "... porém Davi ficou em Jerusalém" (verso 1c) - A ociosidade pode conduzir o homem ao erro. Ócio diz respeito a um estado de preguiça, de desocupação. Sendo tempo dos reis irem a guerra Davi ficou em Jerusalém. Em vez da batalha preferiu a tranquilidade do palácio. Ocioso e sem ter o que fazer resolveu passear no terraço da casa real donde viu Bate-Seba, cobiçando-a. Um homem segundo o coração de Deus precisa estar ocupado em alguma atividade. Encontramos-nos em uma guerra espiritual. A nossa luta não é contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). Se formos indolentes sucumbiremos ante a batalha.

 

2. O pecado é fruto da concupiscência dos olhos "... e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando" (verso 2b) - Os olhos são portas de entrada para os pensamentos. Estes por sua vez dão acesso ao coração. Davi poderia fechar tais portas, contudo decidiu abri-las dando vazão à sua cobiça. Ele não fez concerto com seus olhos, antes os fixou na mulher de outrem. Salmos 119.37 diz: "Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade e vivifica-me no teu caminho". Já Pv 6. 25 falando da mulher estranha assim diz: "Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te prendas com os seus olhos". Davi contemplou a vaidade, termo que diz respeito a algo transitório. Seus olhos se prenderam à formosura, decorrendo disto um prazer passageiro.

 

3. O pecado é fruto da cobiça - "Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela" (verso 4a) - Cobiçar é desejar o que é de outrem. A palavra de Deus assim diz: "Inclina o meu coração a teus testemunhos e não à cobiça" (Sl 119.36). Não cobiçarás é um dos mandamentos do decálogo (Ex 20.17). Davi viu a mulher. Vendo-a, cobiçou-a. Cobiçando-a, deitou-se com ela consumando o pecado. Pv 15.27 admoesta-nos dizendo: "O que se dá à cobiça perturba a sua casa, mas o que aborrece as dádivas viverá".

 

II – AS ESTRATÉGIAS PARA OCULTAR O PECADO

1. Primeira estratégia: Dissimulação - "Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como ficava Joabe, e como ficava o povo, e como ia a guerra" (verso 7) - A tendência natural do homem após o cometimento de pecado é ocultar-se. Adão e Eva esconderam-se entre as árvores (Gn 3.8). Davi ocultou-se atrás da dissimulação. Sua maior preocupação não era Joabe, o povo ou a guerra. Ele dissimulou.

Dissimular significa encobrir com astúcia, não dar a perceber. É esconder uma determinada situação a fim de que a verdade não venha à tona. O homem em estado de pecado é um dissimulador em potencial. Pv 26.24 diz: "Aquele que aborrece dissimula com os seus lábios, mas no seu interior encobre o engano" (ARA).

 

2. Segunda estratégia: Fingimento - "Então, disse Davi a Urias: Não vens tu de uma jornada? Por que não desceste à tua casa?" (verso 10b) - Davi vai da dissimulação à hipocrisia. Ele finge zelar pelo seu oficial, demonstrando uma preocupação que na verdade não existia. Ele pretendia que Urias fosse à sua casa, entrasse à sua mulher, a fim de encobrir o adultério praticado por ele. Exteriormente parecia justo, mas interiormente comportava-se como um hipócrita. 1 Pedro 2.1a nos admoesta: "Deixando, pois, toda malícia, e todo engano, e fingimentos...".

 

III – OS DANOS CAUSADOS PELO PECADO

O pecado sempre trás consequências, deixando rastros de destruição. Pelo fato de não estarmos imunes convém velar a fim de que não caiamos em tentação. Dos muitos danos causados pelo pecado citaremos três:

 

1. O pecado destrói o nosso senso de valor - "Escreveu na carta, dizendo: Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra" (verso 15) - Senso de valor tem a ver com senso crítico. É a capacidade de reconhecer as qualidades e méritos de uma pessoa. Urias era o melhor que se podia ter em um exército. Valente, fiel e solidário, escolheu antes dormir à porta da casa real do que se deitar com sua mulher. Não achava razoável ter uma noite de prazer enquanto milhares de israelitas empunhavam espadas na frente da batalha. Davi obscurecido pelo pecado não consegue se dar conta do valor do seu subordinado. Encomenda-lhe a morte através de sentença escrita levada pelo mesmo.

 

2. O pecado banaliza a existência humana - "E disse Davi ao mensageiro: Assim dirás a Joabe: Não te pareça isso mal aos teus olhos; pois a espada tanto consome este como aquele" (verso 25a) - Além de destruir o nosso senso de valor o pecado torna a vida algo fútil e sem importância. Para Davi a existência humana tornou-se apenas um pronome este ou aquele). É certo que na guerra muitos se perdem e são ceifados, mas daí tratar estes mortos como se fossem algo descartável é outra coisa. Davi banaliza a existência. Ele estava falando de pessoas, de gente de carne e osso como eu e você. De indivíduos que tinham por trás de si uma família, não de um produto de supermercado. Se abrigarmos o pecado em nossos corações o sentido da vida perder-se-á. O homem em estado de pecado fere, mata, aniquila etc., como se a vida não valesse nada e não fizesse sentido algum.

 

3. O pecado nos conduz a uma posição que originariamente não é nossa - "E, passado o luto, enviou Davi e a recolheu em sua casa; e lhe foi por mulher" (verso 27a) - Após a morte de Urias Davi toma Bate-Seba como mulher, tornando-se seu marido. Originariamente esta posição não era dele. Ele era rei sobre ela e não esposo. O pecado nos conduz a uma posição que não é nossa, nos conduz à tristeza, no entanto fomos feitos para a alegria, nos leva à derrota, todavia fomos feitos para a vitória. O galardão do pecado é a morte, entretanto nascemos para a vida. Originariamente Deus nos criou para um estado de comunhão e intimidade com ele. Desfrutávamos de excelência e graça. Perdemos esta posição em virtude da transgressão praticada. O pecado nos rouba o melhor e nos leva a uma posição inferior àquela planejada por Deus.

 

CONCLUSÃO

O fato de não estarmos imunes ao pecado deve despertar em nós um estado de prontidão e vigilância. Ser diligente e cuidadoso é requisito para os que desejam manter-se de pé. Os descuidados sofrerão a pena imposta pelo erro. Nenhum prazer por maior que seja poderá sobrepujar a alegria de manter-se fiel.

 

LIÇÃO 6 – É REPREENDIDO POR DEUS, 2 SAMUEL 12.1-9

 

INTRODUÇÃO

A repreensão vinda de Deus possui um caráter pedagógico. Ela não tem o propósito de nos afastar dEle, de nos castigar penosamente ou mesmo de nos privar da comunhão com a Igreja. Pelo contrário, a repreensão busca nos ensinar que estamos agindo de forma errada. Sabemos que o pecado nos separa de Deus, como disse o profeta Isaías (Is 59.2). A repreensão procura corrigir esta divisão, retirando da nossa vida aquilo que está nos separando de Deus a fim de que restabeleçamos nossa comunhão com Ele.

 

I – O OBJETIVO DA REPREENSÃO VINDA DE DEUS

1. Trazer à memória o pecado oculto (v. 04) - Davi não confessou seu pecado a Deus. Agia como se nada tivesse acontecido e não demonstrava nenhum sinal de arrependimento. Esperava que o tempo abafasse a sua transgressão. O tempo, porém, não apaga pecado. Davi procurou jogar o seu pecado no mar do esquecimento, mas, essa é uma atitude de Deus, e Ele só o faz com os pecados confessados. Talvez sem o confronto com o profeta Natã, ele nunca viesse a se arrepender, e jamais pedisse perdão a Deus. Assim, sua comunhão com o seu Senhor estaria para sempre interrompida. Veja como é grande o amor de Deus. Sendo Ele a parte ofendida, ainda procura o transgressor para lhe fazer lembrar o seu pecado.

 

2. Confrontar o pecador impenitente – "Então, disse Natã a Davi: Tu és este homem" (v. 07a) - Confrontar o rei depois de propor-lhe uma parábola, foi um ato corajoso do profeta Natã. Davi, com a mente cauterizada, não se reconheceu na história. Indignado com a atitude injusta do personagem narrado, logo deu sua sentença. Isto demonstra que no fundo ele tinha conhecimento de que o que fizera era pecado. Uma coisa é esquecermos do pecado que cometemos, outra, é convivermos com ele martelando na nossa mente sem confessá-lo.

 

3. Levar o pecador a entender as consequências do seu erro – "... Davi... disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso" (v. 05) - Depois de ouvir a história contada por Natã, Davi, irado, impetrou uma sentença maior do que a que o transgressor merecia. O homem rico teria apenas que restituir quatro ovelhas pela ovelha que tomou do pobre (Êx 22.1), todavia Davi o condenou à morte. Costumamos usar dois pesos e duas medidas em relação a nós e ao nosso próximo. Condenamos os outros por pecados que, quando praticados por nós mesmos, julgamos como ‘bobagem’.

 

II – O TEOR DA REPREENSÃO VINDA DE DEUS

1. O pecado é um desprezo à Palavra de Deus – "Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor...?" (v. 09a) - Qualquer desobediência à palavra do Senhor é pecado. Davi, mesmo sendo um homem segundo o coração de Deus, desprezou sua palavra, quando se expôs às tentações e perigos. Ao cair em pecado, não estava meditando nas palavras do Senhor, ou se dedicando em consagrar-se. Estava no lugar errado, ocioso e sem vigilância. Deveria estar na batalha junto com seu exército (1Sm 11.1). Hoje, tanto a falta de ocupação, quanto a falta de dedicação ao Reino de Deus, são fatores que contribuem para a queda espiritual.

 

2. O pecado é uma ofensa moral ao Senhor – "... fazendo o mal diante dos seus olhos?" (v. 09b) - Muitas vezes pensamos que Deus não é ultrajado com nossas atitudes pecaminosas. Todavia, o Senhor é a parte mais ofendida quando pecamos. Habacuque, referindo-se a Deus, diz: "Tu és tão puro de olhos que não podes ver o mal..." (Hc 1.13). Davi tinha conhecimento de todas essas coisas, mas não zelou por elas, antes se deixou dominar por sua natureza caída. Sabia que Deus contemplava suas atitudes erradas, mas fez pouco caso disso. Sua preocupação, se é que ela existiu, foi em esconder dos homens todos os seus erros.

 

3. O pecado contra Deus pode atingir nossos semelhantes – "A Urias... mataste com a espada dos filhos de Amon" (v. 09c) - Em geral, quando pecamos, induzimos outros a pecarem juntamente conosco e provocamos a queda daqueles que são fracos na fé. Indiretamente, podemos envolver muitas pessoas no nosso ato pecaminoso. Foi isso que Davi fez. Ele envolveu terceiros em seu pecado (Bate-seba; Joabe; os filhos de Amon e outros). O pior é quando com o nosso pecado atingimos a outros inocentes.

 

III – A QUEM É DIRIGIDA A REPREENSÃO VINDA DE DEUS

A Bíblia nos diz: "... o Senhor repreende aquele a quem ama, assim, como o pai, ao filho a quem quer bem" (Pv 3.12). Somos repreendidos por Deus porque somos seus filhos. Contudo, não recebemos de Deus apenas a filiação: fomos abençoados, enriquecidos, feitos participantes da sua graça e ainda recebemos o direito de entrarmos no céu. A quem muito é dado, muito também é cobrado. Veja a quem é dirigida a repreensão vinda de Deus:

 

1. A um homem a quem Deus ungiu – "Eu te ungi rei sobre Israel..." (v. 07b) - Deus foi muito gracioso para com Davi, pois o tirou de detrás das ovelhas, o ungiu e o colocou à frente do seu povo, Israel. Davi sabia bem o que era uma unção divina. Por duas vezes ele esteve em condições de matar a Saul, que procurava a sua morte, porém não o fez, considerando a unção que este recebera do Senhor (1Sm 24.6; 26.10). Mesmo tendo esta unção em tão alta estima, Davi tropeçou e caiu, pecando contra o Senhor, se tornando alvo da repreensão de Deus.

 

2. A um homem a quem Deus livrou – "... eu te livrei das mãos de Saul" (v. 07c) - Davi passou boa parte de sua juventude fugindo de Saul. A perseguição era tão intensa que por duas vezes ele teve que se refugiar em território inimigo (1Sm 21.10; 27.1). Apesar de todo o cuidado de Deus em preservar a vida de Davi, este não teve o mesmo cuidado em preservar sua comunhão com Ele.

 

3. A um homem a quem Deus abençoou (v. 08) - Davi recebeu incontáveis bênçãos da parte de Deus, e poderia ter recebido muito mais, segundo as palavras do profeta: "... se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas" (v. 8b). Assim como ele, nós não temos como enumerar as bênçãos que recebemos de Deus. Sua bondade para conosco é imensurável. Ele o faz por sua infinita misericórdia. Deveríamos ser-lhe gratos de tal forma, a não cometermos pecado algum contra Ele. No entanto, essa não é nossa atitude, assim como não foi a de Davi. O celeiro de bênçãos do Senhor é inesgotável. Não temos ideia do que ainda poderemos receber da parte dEle. Todos sabemos que pecado traz maldição. Por que deixar a bênção e buscar a maldição? (Sl 109.17).

 

CONCLUSÃO

Necessitamos estar atentos à repreensão divina, precisamos aprender a ouvi-la e aceitá-la. Mesmo sendo desconfortável recebê-la, devemos nos lembrar que ela produz cura e restauração. Cedo ou tarde o Senhor nos confrontará com nossos pecados. Aceitar a repreensão divina; confessar nossos pecados e pedir perdão a Deus, preserva nossa amizade e comunhão com Ele.

 

LIÇÃO 7 – É DISCIPLINADO POR DEUS, 2 SAMUEL 12.10-25

 

INTRODUÇÃO

A Disciplina aplicada pelo Senhor é o objeto de estudo desta lição. Ela é antes de tudo fruto do amor de Deus pelos seus servos: "porque o Senhor corrige o que ama..." (Hb 12.6a). Ela dá mostras de que somos filhos de Deus: "... e açoita a qualquer que recebe por filho" (Hb 12.6b). Todavia, não podemos confundi-la com provação. Esta última tem a finalidade de fortalecer a nossa fé e o nosso caráter cristão. Já a disciplina, objetiva despertar-nos para um viver em santificação diante de

Deus (Hb 12.10,14) e evitar que sejamos condenados com o mundo (1Co 11.32). Não obstante a disciplina ser aplicada em decorrência do pecado ela não pode ser confundida com a consequência do pecado. Esta é extensiva a toda a humanidade, e independe do arrependimento do pecador. A disciplina, no entanto, é exclusiva para os filhos de Deus (Hb 12.6), visando corrigir distorções no comportamento cristão. Por vezes o Senhor pode se utilizar das próprias consequências do pecado para auxiliar na disciplina.

 

I – AS SITUAÇÕES EM QUE PRECISAMOSSER DISCIPLINADOS POR DEUS

Nenhum pai, por mais negligente que venha a ser, deixaria o seu filho em um caminho que fatalmente o levaria a morte. Deus, como um pai zeloso, nos corrige antes de morrermos espiritualmente. Vejamos quando o Senhor utiliza este recurso:

 

1. Quando o desprezamos – "... porquanto me desprezaste..." (v. 10b) - Imagine que você transmita uma ordem ao seu filho e após algum tempo você observa que ele a ignorou totalmente. Qual seria a sua reação? Além de uma cólera natural, é bem provável que você se sinta desprezado. Quando ignoramos a palavra do Senhor e começamos a agir conforme a nossa própria vontade é esta atitude que estamos tendo para com Deus, desprezo. O pecado de Davi, antes de ser uma ofensa a Urias, foi uma afronta a autoridade de Deus. Na Bíblia temos muitos exemplos de homens que sofreram por tomarem a decisão de não desprezar ao Senhor (Dn 3.17,18). Veja a conduta de José. Diante da mulher de Potifar que o assediava ele respondeu: "Como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?" (Gn 39.9b).

 

2. Quando desobedecemos aos seus mandamentos – "... e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher" (v. 10b) - Davi violou parte dos dez mandamentos. Ele cobiçou a mulher de Urias, adulterou com ela e ainda o matou com a espada dos seus inimigos. Por esses pecados ele deveria morrer (Lv 20.10; 24.17). Sendo rei, ele poderia escapar ileso da pena capital. Porém, não poderia jamais escapar das consequências do seu pecado e da disciplina que vem do Senhor, mesmo tendo sido perdoado (v. 13b). É a desobediência que motiva a disciplina. Portanto, "não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido" (Hb 12.5b).

 

3. Quando expomos o seu nome à blasfêmia – "... deste lugar sobremaneira a que os inimigos do Senhor blasfemem..." (v. 14a) - Davi foi escolhido rei diretamente por Deus, e esta informação já era de domínio público (1Sm 5.1,2). Uma atitude insensata por parte dele colocaria em cheque a escolha soberana de Deus. É possível que o pecado de Davi tenha produzido pensamentos do tipo: ‘como Deus pode escolher um homem capaz de um ato tão nefasto?’. Ainda hoje é assim. O doce nome de Jesus é blasfemado pelos incrédulos, quando pecados cometidos em secreto por aqueles que se dizem ser porta-vozes do Evangelho, são trazidos à tona. É necessário que os escândalos venham, disse Jesus, "mas ai daquele homem por quem o escândalo vem" (Mt 18.7).

 

II – A DISCIPLINA NÃO NOS ISENTA DAS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO

Vejamos algumas consequências do pecado de Davi que o Senhor usou para discipliná-lo:

 

1. Espada e sofrimento – "... não se apartará a espada jamais da tua casa..." (v. 10a) - A expressão: "da tua casa", mostra que as consequências do pecado não se restringiram apenas ao transgressor, mas caíram como uma avalanche sobre toda a sua família. Davi chorou amargamente a morte prematura de três de seus filhos. Além da morte do recém nascido, provocada por uma ação direta de Deus, ele participou do funeral de Amnon seu filho, vitimado pela espada de seu outro filho, Absalão (1Sm 13.28,29). Anos depois, este mesmo Absalão fez um levante contra o pai para tomar-lhe o reino e foi morto por Joabe, sobrinho de Davi (1Sm 18.14). Após a morte de Davi, a espada continuou a fazer vítima na família. O sucessor do trono, Salomão, matou a Adonias, seu irmão (1Rs 2.25). Observe que eles não foram mortos pela espada inimiga, mas, pelos da própria casa.

 

2. Humilhação e vergonha (vv. 11,12) - Aquilo que Davi fizera com a mulher de Urias em secreto, Absalão fez abertamente com suas concubinas (1Sm 16.22). Este escândalo público tinha para Absalão o propósito de minar a autoridade de Davi diante de Israel e deixar claro que ele era o novo rei. Contudo, isso aconteceu como consequência do pecado de Davi, para se cumprir à profecia da parte do Senhor. A atitude de Absalão foi uma humilhação a Davi. Humilhação e vergonha são as principais consequências do pecado na vida de um cristão. Entretanto, não devemos jamais esconder os nossos erros para com isso evitarmos a vexação pública. Desta forma estaremos nos privando do perdão de Deus e não seremos curados (Pv 28.13a).

 

3. Morte e dor – "... também o filho que te nasceu certamente morrerá" (v. 14b) - A consequência imediata do pecado de Davi foi a doença e morte do seu filho recém nascido, conforme a profecia de Natã. Muitas profecias condenatórias são condicionais, ou seja, podem ter seu cumprimento anulado de acordo com a atitude do homem (Is 38.1,5; Jn 3.9,10). Outras, porém, são incondicionais, vão ser cumpridas literalmente, independente do arrependimento do pecador. Davi bem que apelou para a misericórdia de Deus, mas não obteve sucesso. Teve que conviver com a dor da perda do seu filho. Quantas vezes, em troca de um prazer momentâneo, o cristão se sujeita a viver toda uma vida dolorosa! (Rm 8.13).

 

III – OS RESULTADOS DA DISCIPLINA

A disciplina é antes de tudo um ato de amor. Ela nos ensina que é muito melhor andar na presença de Deus "... do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado" (Hb 11.25). Vejamos os resultados que a disciplina pode trazer:

 

1. Restabelecimento da comunhão com o Senhor – "... e entrou na casa do Senhor, e adorou" (v. 20a) - Davi estava completamente curado. Não carregava mais sobre os seus ombros o peso do seu pecado. Tinha a certeza de estar agora no centro da vontade de Deus. Assim, podia entrar na casa do Senhor para adorar. Na casa do Senhor Davi podia desfrutar de uma íntima comunhão com Ele, e isso era o seu prazer. Dizia ele: "Alegrei-me quando me disseram, vamos à casa do Senhor" (Sl 122.1). Esta atitude demonstra que Davi aceitou a correção. Ainda que ele fosse o monarca e dominasse sobre todo o Israel, o Senhor era o soberano da sua vida. Somos disciplinados por Deus para jamais sermos privados da sua maravilhosa presença. Que bênção!

 

2. A bênção do Senhor – "... e ela teve um filho, e chamou o seu nome Salomão" (v. 24b) - O nascimento de Salomão, e a sua confirmação como sucessor no trono de Israel, era a certeza de que Deus verdadeiramente o perdoara. Salomão foi o homem mais rico e mais sábio de toda a terra, e vejam quais foram as palavras do Senhor em relação a ele: "Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens e com açoites de filhos de homens" (1Sm 7.14). A disciplina do Senhor é um chamado constante á obediência.

 

CONCLUSÃO

Temos muito que aprender com o exemplo de Davi. Inclusive com os seus erros, e a maneira como ele foi corrigido pelo Senhor. O desejo do coração de Deus é que andemos em retidão e justiça diante dEle. Se, contudo falharmos, a disciplina é o recurso que Ele tem à sua disposição para nos colocar de novo diante da sua presença. (Ec 12.13,14).

 

LIÇÃO 8 – É RECONCILIADOR, 2 SAMUEL 21.1-14

 

INTRODUÇÃO

Segundo o dicionário, um reconciliador é aquele que estabelece a paz entre pessoas que se malquistaram ou tornaram-se inimigas; Característica que se torna mais difícil a cada dia, pois certamente temos mais pessoas dispostas a atiçar uma discussão, do que aquele que se dispõe a intervir como apaziguadores. Entretanto, para ser um homem segundo o coração de Deus, é indispensável adquirir essa qualidade e temos em Davi o exemplo para alcançá-la, analisando a sua intervenção entre os gibeonitas e Israel, ele ensina que o homem somente será um reconciliador, quando observar algumas atitudes imprescindíveis:

 

I – QUANDO AVALIA O PASSADO

"É por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os gibeonitas" (v.1) – O povo de Israel padecia durante três anos, por isso Davi sabia que havia algo de errado, e então "Davi consultou ao Senhor" (v.1) e obteve Dele a resposta. Nos dias atuais o reconciliador também deve estar atento ao que se passou antes do conflito, para agir com justiça, pois o tempo não apaga os erros do passado, por isso, ao que se propõe ser um reconciliador, é necessário:

 

1. Identificar os erros – "ora os gibeonitas não eram dos filhos de Israel, mas do resto dos amorreus, e os filhos de Israel lhes tinham jurado" (v.2). Não consultar ao Senhor, deixar-se levar pela aparência dos homens, desobedecer uma ordem de Deus e não confessar o seu pecado ao Senhor (Js 9.1-27), foram os erros que Israel cometera no passado em relação aos gibeonitas. Como esqueceram que nada fica em oculto aos olhos de Deus (Lc 12.2) e que o tempo não apaga os nossos pecados, o povo padecia. Cabe então ao reconciliador, tornar claro o que está em oculto e identificar os erros do passado para que sejam sanados.

 

2. Reconhecer as injustiças – "Quanto ao homem que nos destruiu e procurou que fôssemos assolados, sem que pudéssemos subsistir em termo algum de Israel" (v.5). Uma aliança errada havia sido feita (Dt 7.1,2), e desonestamente estava sendo descumprida. Como nação, Israel sofria pela imprudência de Josué e pela infidelidade de Saul. Como reconciliador Davi precisava ensinar ao povo de Israel que um erro jamais justifica o outro e que a fidelidade ao Senhor, deve sobrepor o desejo de vingança e de justiça (1Sm 24.10,11), afinal é o Senhor que peleja por nós (Rm 12.18-21). Ainda hoje muitos servos de Deus tomam decisões erradas, sendo ainda mais injustos, por causa de atos cometidos anteriormente.

 

3. Perceber o valor de um compromisso – "para que os enforquemos ao Senhor" (v.6). O Senhor ajudou a Israel honrar o seu compromisso com os gibeonitas, parando o sol e a lua quase um dia inteiro, para impedir a sua destruição (Js 10.6,7,13). Embora sendo um povo pagão, os gibeonitas também levaram a sério o seu compromisso, e exigiram que fosse cumprida uma determinação de Deus (Nm 30.2; 35.33). Infelizmente a exemplo de Israel, hoje as alianças são facilmente desvalorizadas, como o casamento, os negócios e outros compromissos firmados. Como reconciliador, o homem segundo o coração de Deus, assim como Davi, deve não somente reconhecer, como ensinar o valor da palavra de um cristão (Tg 5.12).

 

II – QUANDO AGE NO PRESENTE

"E que satisfação vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?" (v.3). Depois de analisar o passado, Davi precisava agir, afinal é a ação do reconciliador fundamental para que a paz seja restaurada, no entanto, ele nos ensina que somente podemos fazê-lo:

 

1. Compreendendo que Deus cuida dos injustiçados – "E houve, em dias de Davi, uma fome de três anos, de ano em ano" (v.1). A justiça de Deus não se corrompe, mesmo para proteger o seu povo (Jó 8.3). Israel foi punido, até que se fizesse justiça aos gibeonitas, e Davi, como reconciliador, também agiu a favor dos injustiçados. Atualmente muitos atos de injustiça são cometidos, dentro e fora das igrejas visando favorecer aos parentes, amigos, irmãos de fé etc. É preciso compreender que Deus cuida dos injustiçados e ser reconciliador é estar acima dos próprios interesses (Lv 19.15).

 

2. Cumprindo a justiça divina – "E os entregou na mão dos gibeonitas, os quais os enforcaram no monte, perante o Senhor" (v.9). Israel já sabia o que lhes sobrevinha caso não cumprissem o pacto com os gibeonitas (Js 9.20). Entregar os filhos de Saul, com certeza foi para Davi uma tarefa muito difícil, porém a justiça de Deus deve ser cumprida a todo custo. Para ser um reconciliador é preciso ter muita coragem, e temos um exemplo fiel disso por meio de Jesus Cristo que "se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus" (Ef 5.2), nos concedendo o ministério da reconciliação (2Co 5.18).

 

3. Agindo Corretamente – "Porém o rei poupou a Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, por causa do juramento do Senhor, que entre eles houvera" (v.7). Davi sabia que não poderia incorrer no mesmo erro de Saul e deveria cumprir o juramento que havia feito a Jônatas e também a seu pai Saul (1Sm 24.21,22), sendo assim um grande exemplo para seu filho (1Rs 3.6) e também para todos nós. Devemos honrar os nossos compromissos, sejam dentro ou fora da igreja, para manter a integridade necessária a um reconciliador e podermos dizer como Davi: "(...) julga-me, Senhor, conforme a minha justiça e conforme a integridade que há em mim" (Sl 7.8). Afinal, as nossas ações falam mais alto do que as nossas próprias palavras.

 

III – QUANDO SE PREPARA PARA O FUTURO

"E, depois disso, Deus se aplacou para com a terra" (v.14). A fidelidade de Deus sempre supera a nossa, portanto cabe ao reconciliador fazer a sua parte:

 

1. Esperando o Perdão do Senhor – "Então Rispa, filha de Aia, tomou um pano de cilício, e estendeu-lho sobre uma penha, desde o principio da sega, até que destilou a água sobre eles do céu" (V.10). A mãe destes jovens, também deixa-nos uma grande lição: A Bíblia não diz que ela esbravejou contra a morte dos seus filhos ou mesmo revoltou-se contra a atitude do rei, mas diz que se manteve firme ao lado dos corpos dos seus filhos, defendendo-os, como se fossem "altares" – ofertas de paz ao Senhor "até que destilou a água sobre eles do céu". Os seus filhos não tinham morrido em vão, o propósito do reconciliador Davi, havia sido alcançado e agora o povo gozava do perdão de Deus.

 

2. Esperando a Providência do Senhor – "Quando os céus se cerrarem, e não houver chuva, por terem pecado contra ti, (...), e se converterem dos seus pecados, havendo-os tu afligido, ouve tu, então, nos céus, e perdoa o pecado de teus servos (...) e dá chuva na terra que deste ao teu povo em herança" (1Rs 8.35,36). Essa oração de Salomão parece refletir o acontecido a Israel. O nosso reconciliador Davi já havia feito o necessário para que fosse restaurada a paz, agora era preciso esperar a ação de Deus. Há momentos, em que não há nada mais que o reconciliador possa fazer, a não ser esperar pela providência divina.

 

3. Esperando as bênçãos do Senhor – "Enterraram os ossos de Saul e de Jônatas, (...); e, depois disso, Deus se aplacou para com a terra" V.14. A nação de Israel foi restaurada, pois Davi agiu com temor e fidelidade ao Senhor (2Sm 22.21). Embora seja árdua a tarefa de um reconciliador, não há nada mais edificante e que nos retorne em bênçãos, afinal "os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz" (Sl 37.11).

 

CONCLUSÃO

Devemos nos lembrar sempre de exemplos como o de Davi, que como reconciliador soube proteger a sua nação, estabelecendo a justiça e cumprindo as ordenanças de Deus. Assim também Cristo teve vários propósitos quando nos reconciliou com o Senhor, e um deles com certeza, foi fazer de cada um de nós um reconciliador (2Co 5.19).

 

LIÇÃO 9 – EXPRESSA O SEU CÂNTICO A DEUS, 2 SAMUEL 22.1-7; 21-33

 

INTRODUÇÃO

Este é o cântico de um guerreiro que revela um conhecimento profundo a respeito de Deus. Conhecimento este que só é possível ser adquirido por meio de experiências pessoais. É um cântico em ação de graças, pois quando este guerreiro gritou a Deus em meio à sua aflição pôde ver a manifestação do poder divino a seu favor desembaraçando completamente o seu caminho. Vejamos as razões pelas quais o cristão expressa o seu cântico de alegria a Deus:

 

I – PELA SEGURANÇA QUE ELE DÁ

Em sentido figurado Davi usa vários símbolos que descrevem o cuidado de Deus por nós em nossas lutas contínuas contra as forças físicas e espirituais do presente. Todos os nossos benefícios e proteção vêm da parte Dele como bem expressou Davi.

 

1. Salva da violência - Em toda a sua história Davi enfrentou guerras violentas e seus inimigos eram os mais selvagens. Experiências como enfrentar a violência na casa de Saul, quando este, consumido pelo ódio e pela inveja, procurou encravar Davi com sua lança na parede (1Sm 19.10), demonstram o cuidado de Deus desde a sua juventude. Davi, que tocava sua harpa, não estava em condições de se defender, mas uma coisa é certa: Ele habitava no esconderijo do Altíssimo (Sl 91.1), pois fez de Deus o seu rochedo e o seu lugar forte (v.2). Inúmeras foram as vezes que Deus o salvou da violência dos tiranos, e, por isso, agora lhe dedicava o seu louvor.

 

2. Salva do inimigo mais forte - O primeiro versículo menciona o livramento das mãos de todos os inimigos e destaca a Saul. Talvez esse tenha sido seu inimigo mais forte dentre todos por dois motivos completamente opostos:

a) Saul era ungido de Deus. (somente quanto ao papel de rei de Israel). Davi jamais ousaria tocar-lhe para tirar a vida (1Sm 24.10). Não poderia de si mesmo livrar-se de Saul. Deus constituiu, Deus destitui.

b) Saul era constantemente possuído por um espírito maligno. A força do seu ódio por Davi não era meramente humana. Dessa forma tinha que enfrentar uma fúria infernal, precisando fugir e dependendo da proteção divina para escapar dos ataques, quase sempre inesperados.

Davi, então, louva a Deus por ser o seu escudo, assim como foi para Israel, "o escudo do seu socorro" (Dt 33.29) e a sua fortaleza.

 

3. Oferece refúgio e livramento - "... e nele confiarei." (v.3). A fé é a condição necessária a fim de que "sejamos guardados na virtude de Deus" (1Pe 1.5). Por isso Davi fez de Deus o seu alto-retiro (v.3). Este é o único lugar seguro para nos elevar acima dos perigos desta vida, livres do poder de qualquer inimigo.

Israel sempre viveu a tensão dos ataques dos inimigos, porém Deus sempre se mostrou suficiente para a defesa. Embora muitos destes povos e nações tenham desaparecido na violência das guerras, Israel continua existindo.

 

II – PELA PROVAÇÃO VENCIDA

Sendo este um cântico de vitória já alcançada, Davi passa a descrever de forma poética as situações mais aflitivas que enfrentou, sem esquecer de mencionar que para vencê-las passou pelo jardim da oração. "O senhor, digno de louvor, invoquei..." (v.4).

 

1. Contra as torrentes de Belial - Belial – Tanto no Novo como no Velho Testamento, essa palavra trata de um apelativo que se refere tanto a satanás quanto à iniquidade Davi diz que as torrentes de Belial o assombraram, ou seja, uma abundância, tanto de iniquidade como de força satânica, o deixaram atordoado.

Nossa guerra não é contra carne ou sangue (Ef 6.12), "Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo". (1Co 15.57).

 

2. Contra as ondas da morte (angústia) - Ao falar da morte Davi fala em ondas como se visualizasse um mar revolto. Seus inimigos eram como as águas agitadas com tamanha braveza produzindo um pesadelo que ninguém seria capaz de conter. Somente a providência de Deus seria suficientemente forte para salvar uma alma à deriva no mar da angústia. Essas experiências o levaram a escrever o imortal salmo que diz: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo." Esta promessa também nos diz respeito, visto que Cristo garantiu: "e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos." (Mt 28.20).

 

3. Contra as cordas do inferno (aflição) - De acordo com as traduções do presente texto, "as cordas do inferno" tem a mesma tradução de "ondas da morte" do tópico anterior. A diferença pode estar no grau de gravidade da situação. É possível que em algum momento, Davi tenha enfrentado a morte de forma tão próxima, que, encurralado, tenha visto chegar de fato o seu fim, sentindo o apertar das cordas infernais sobre a sua vida. Tanto no sentido físico como espiritual, somos também informados, de que estando no mundo não seríamos livres das aflições (Jo 16.33), mas, não nos deve faltar o ânimo, visto ser o Senhor aquele que nos socorre em tempos de aflição.

 

III – PELO DEUS QUE ELE É

Impossível descrevê-lo em palavras. Quando entramos no mérito do conhecimento de Deus, penetramos em um mistério insondável, pois com nossa mente não podemos alcançá-lo. Porém, naquilo que Ele se deixa revelar, podemos, mesmo limitados, louvá-lo pelo mínimo que compreendemos de sua essência.

 

1. É a candeia que clareia nossas trevas - "A luz e as trevas são descritas na Bíblia, respectivamente como santidade e pecaminosidade". A principal característica do ímpio é que ele aborrece a luz, amando mais as trevas (Jo 3.19-21), tendo sua atenção voltada completamente para o pecado e para a imoralidade. Mas o homem segundo o coração de Deus, tem o seu prazer na lei do senhor meditando nela dia e noite (Sl 1.2), porque "A lei do

Senhor é a Lâmpada que ilumina o nosso caminho" (Sl 119.105), dissipando as trevas e refletindo o caráter moral de Deus.

 

2. Possui caminhos perfeitos - Enquanto o homem está numa procura inútil a fim de encontrar o melhor caminho, Deus nunca se equivoca. A solução para os nossos dilemas não está naquilo que achamos ser, visto que nossos caminhos parecem bons, mas seu fim não é o melhor (Pv 14.12). Os caminhos de Deus são mais altos do que os nossos (Is 55.9).

A perfeição é um dos atributos divinos. Seu plano é sempre o melhor, seus atos são justos e o caminho que toma está sempre correto. É da sua inteira vontade que andemos na direção que Ele traçou.

 

3. Desembaraça o nosso caminho - Desde o início, Davi entendia que a lei de Deus para o seu povo representava um avanço que não podia regredir por causa de misturas pagãs. O mandamento era "Perfeito serás como o Senhor teu Deus" (Dt 18.13). A vontade de Deus para nós é a nossa transformação moral enquanto aqui estivermos para sermos totalmente agradáveis a Ele, e isso através do poder do Senhor Jesus (Hb 13.21), a quem devemos atribuir toda glória. Ele é o Caminho que nos conduz a uma vida vitoriosa, de forma que o nosso caminho, embaraçado pelo pecado, dá lugar a um caminho vivo, consagrado a nós (Hb 10.20), na pessoa do Senhor Jesus Cristo.

 

CONCLUSÃO

"Há a divindade, que dá forma a nossos fins". (Shakespeare).

Que seria de cada um de nós se Deus nos deixasse à mercê da própria sorte, negando-se a ouvir o nosso clamor? Que seria da nossa alegria se não houvesse a intervenção divina para nos conduzir à vitória em nossas lutas? Como poderíamos expressar um cântico de vitória e gratidão, não fosse o cuidado que Ele nos dispensa e a proteção que só Ele pode dar? A Ele toda honra, glória e louvor!

 

LIÇÃO 10 – FALA PALAVRAS PROFÉTICAS DE DEUS, 2 SAMUEL 23.1-7

 

INTRODUÇÃO

O capítulo 23 de segundo Samuel, é um registro das últimas palavras de Davi (v 1), não que sejam as últimas de sua vida, mas o seu último discurso formal. Nesse momento, após revelar a inspiração divina do que já havia falado (v 2), ele faz um pronunciamento profético que consistiria em uma base para os demais profetas que o sucederia.

Ao fazermos uma associação do conteúdo desta profecia com a forma de como ela foi pronunciada, não só identificamos a intimidade de Davi com o Deus que também servimos, como somos instruídos da importância de se anunciar esta Palavra.

 

I - PROFETIZANDO SOBRE O ENVIADO DE DEUS - (VV 3-4)

A Bíblia está repleta de profecias que falam da soberania do enviado de Deus (Is 11.1-5; Mt 3.11). Neste tópico, veremos como Davi ressaltou esta soberania ao revelar fatos que autenticariam o cumprimento desta profecia.

 

1. Anunciando a justiça do enviado de Deus - O reinado de Davi, nos dez primeiros capítulos de segundo Samuel, prefigura o reinado messiânico de Cristo; mas com o seu pecado (Lição V), comprova-se a necessidade de um justo à frente do povo. Devido a isto, esta se torna a sua mensagem profética.

Em meio a um mundo de injustiças, onde já não há mais esperanças para o oprimido, nem limites para os opressores, sejamos insistentes em anunciar o Cristo como aquele que trará justiça na sua vinda (Jr 23.5-6; 33.14-16). Assim sendo, ressaltaremos que tudo quanto ocorre no universo um dia estará diante da justiça divina.

 

2. Anunciando o poder do enviado de Deus - Com o acréscimo da ciência e da força dos governantes e eleitorado, vemos que sendo grande ou pequeno, o homem nunca tem se achado tão forte. Daí a necessidade do que Davi profetizou: "Haverá um justo que domine sobre os homens..." (v 3a).

Ainda que se coloque um objeto sobre uma planta, ela o contornará em direção ao sol. Esta verdade é semelhante à do versículo quatro, pois ao poder do enviado de Deus, todos se direcionarão a Ele (Fp 2.9,10). Portanto, anunciemos esta verdade para que o homem compreenda que sem Cristo, todos os seus atos são inúteis (Jo 15.5).

 

3. Anunciando a reverência ao enviado de Deus - A palavra "temor" no versículo três não tem a mesma conotação de medo, mas de reverência. Pois o que Davi está anunciando é que o domínio do Enviado de Deus não será conforme a sua própria vontade, e sim, à daquele que o enviou (Jo 5.30).

A falta de temor tem levado o homem a agir com irreverência na obra do Senhor, ao basear-se na própria vontade e não na de Deus. Portanto, se o temor é indispensável entre os representantes de Deus (Ex 18.21,22), tenhamos em Cristo a prerrogativa para dizer: "andai no temor do Senhor, com fidelidade e inteireza de coração" (II Cr 19.9).

 

II - PROFETIZANDO SOBRE O CONCERTO DE DEUS - (V 5)

Esse concerto a que Davi se refere, o qual se encontra em (2Sm 7.12-16), é o desdobramento do que foi feito no Éden (Gn 3.15), e firmado com Abraão (Gn 17.7), Isaque (Gn 17.21) e Jacó (Gn 28.10-15); daí a razão da sua segurança ao profetizar.

 

1. Anunciando a durabilidade do concerto de Deus - Quando nos deparamos com a ruína dos descendentes de Davi por se distanciarem do seu Deus, entendemos o porquê da declaração: "Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno" (ver Am 9.11).

Como está escrito: "se formos infiéis, ele permanece fiel" (2Tm 2.13); devido a isto, O Senhor conservou a todos que valorizaram a sua Aliança, pois como prometera, da família de Davi viria o Rei eterno (2Sm 7.12-16; Lc 1.30-33). Portanto, ao anunciarmos esta verdade, o mundo saberá que não há outro nome que sobreponha ao de Cristo.

 

2. Anunciando o cumprimento do concerto de Deus - Com as palavras proféticas: "... em tudo será ordenado e guardado", Davi anuncia que cada detalhe do que Deus prometeu teria o seu fiel cumprimento. Desta forma, quando O Eterno viesse a entronizar na esfera da humanidade, não haveria motivos para dúvidas de que se tratava do Cristo, O Senhor de Israel (Mq 5.2; Lc 2.4-7).

Como esse concerto também se estenderia à igreja (At 2.29-36), isto nos traz a incumbência de anunciarmos os cumprimentos finais desta aliança, a fim de que todos quantos a ouvirem, reconheçam a importância da vigilância.

 

3. Anunciando a finalidade do concerto de Deus - Sabemos que o concerto firmado com Davi se referia à sua posteridade, porém, ele o aplica à sua vida quando diz: "toda a minha salvação e todo o meu prazer estão nele". Com estas palavras, Davi traz a público o que já estava no coração de Deus, pois, conforme o próprio Cristo garante, esta é a finalidade do concerto: A salvação (Jo 3.16).

Cristo é a maior prova de que Deus não desistiu do homem (Cl 1.20). Estando cientes desta verdade, devemos anunciá-la aos homens, não com pesar no coração, mas com alegria (Sl 100.2) e demonstração de que também fazemos parte do concerto (Sl 62.1).

 

III - PROFETIZANDO SOBRE OS INIMIGOS DE DEUS - (V 6-7)

Filhos de Belial é uma referência aos inimigos de Deus e, conforme a Bíblia, há pelo menos quatro tipos deles: diabo, demônios, morte (1Co 15.26) e homens que rejeitam a expiação de Cristo. Concernente aos tais, vejamos como Davi profetizou:

 

1. Anunciando a inutilidade dos inimigos de Deus - Davi nunca foi de se intimidar diante dos inimigos de Deus (1Sm 17.42-51; 2Sm 21.15-22); por esta razão, ele estava bem seguro quando anunciou a inutilidade dos tais ao compará-los com espinhos que se lança fora.

Somente aqueles que têm um relacionamento estreito com Deus, apresentam convicção de que, por mais que os inimigos insistam em sufocar o crente, nunca prevalecerão (Mt 16.18). Portanto, jamais deixe de anunciar esta verdade, pois desta forma, os inimigos entenderão que perseguir a igreja é perseguir a Deus (At 9.1-5).

 

2. Anunciando as precauções para com os inimigos de Deus - Davi sabia da importância de se estar preparado diante dos inimigos de Deus, por esta razão recomenda: "Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança" (v 7a). Pois mesmo em se tratando de inúteis, jamais devemos subestimá-los. A primeira providência que se deve tomar em relação aos inimigos de Deus é aceitar a Cristo como Senhor e Salvador (Rm 10.9), para gozar dos privilégios, devemos estar fortalecidos no Senhor (Ef 6.10-18).

 

3. Anunciando o fim dos inimigos de Deus - Como naquela época era comum a utilização de espinhos para combustível (Sl 58.9; Ec 7.6), eis a razão de se dizer: "e a fogo serão totalmente queimados". Desta forma, Davi estava anunciando que o Deus de misericórdia também é Deus de justiça.

Anunciar a vitória de Deus sobre os seus inimigos é uma forma de enaltecer e glorificar o seu nome (Ap 19.1-4; Êx 15.20-21). Portanto, façamos como Davi, pois se tem algo que ninguém conseguirá evitar é que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.10,11).

 

CONCLUSÃO

Com esta minuciosa análise da última profecia de Davi, onde enfatizamos a forma como ele a pronunciou, sem esquecermos do que foi profetizado, pudemos extrair ricas instruções quanto à importância de mantermos um relacionamento íntimo com o Senhor.

É claro que o foco desta profecia foi o de anunciar o Cristo como o centro da promessa do Pai. Mas, o que não se pode esquecer é que, assim como Davi, todo crente que procura manter uma vida de consagração ao Senhor, sempre terá uma mensagem profética para edificar a igreja.

 

LIÇÃO 11 – É RECONHECEDOR DE SEUS PRÓPRIOS ERROS, 2 SAMUEL 24.1-17

 

INTRODUÇÃO

A fraqueza humana nos leva a cometer muitos deslizes na vida cotidiana. Por isso, a necessidade de estarmos atentos aos ataques do inimigo e também aos da nossa própria carne.

Esta lição pretende mostrar que o cristão precisa se retratar diante de Deus pelos erros que comete e se humilhar na presença daquele que pode perdoar pecados e restaurar vidas, cuja misericórdia dura para sempre (Sl 136.1). Vejamos, então, a atitude do servo de Deus:

 

I – ELE SE RETRATA DIANTE DE DEUS - (VV 1-10)

Pior que cometer pecados é não confessá-los. Esconder o pecado como fez Acã é desastroso basta ver o fim que levou. Davi escreveu no Salmo 32.1: "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é perdoado".

Eis os passos a seguir, para encontrar graça diante do trono de Deus:

 

1. Reconhece que foi ludibriado por Satanás - Como já vimos na lição 05 desta revista, mesmo o homem segundo o coração de Deus, não está imune ao pecado. Basta um momento de descuido e o inimigo arma alguma cilada. 1 Pedro 5.8 diz que devemos ser vigilantes, pois o diabo, nosso adversário, anda ao nosso derredor querendo nos tragar.

O censo não foi o único motivo da indignação do Senhor contra Israel. Outros males a nação havia cometido e isto levou Deus a irar-se.

Embora o texto afirme que Deus incitou Davi a numerar a Israel, 1 Crônicas 21.1, afirma que foi Satanás que incitou Davi. Na verdade o Senhor deu permissão a Satanás para incitar Davi. O poder do inimigo é limitado, só vai até onde Deus permite. (Jó 1.9-12; 2.4-6). Davi reconheceu que pecou gravemente contra o Senhor.

 

2. Sente profundo pesar pelo erro cometido – O texto diz que "o coração doeu a Davi, depois de haver numerado o povo". Satanás é astuto e age com sutileza. Às vezes sua oferta vem com aparência de algo bom, justo e santo e quando nos damos conta do mal que cometemos já é tarde demais. O adultério parece tão atrativo e bom; a desonestidade vem vestida do slogan: "O crime compensa!". No entanto, depois que caímos prostrados no chão, Satanás tira a sua mão e expõe todo o nosso vitupério como espetáculo para o mundo. Lembra do pecado de Acã? Do de Davi? E do pecado de Pedro?

Parece tão insignificante o ato de Davi ter numerado Israel, mas por trás de tudo isto, revela-se a soberba e a exaltação. Queria saber quantos estavam debaixo do seu poderio e o tamanho do seu poderoso exército. Para que isto se a nação não estava em guerra, e se Deus sempre foi aquele que garantiu a vitória à nação? Foi uma ação diabólica e de pura vaidade e ostentação.

Não são poucos os líderes hoje com esta atitude. São inumeráveis estatísticas para exibir o tamanho da "sua" igreja.

 

3. Confessa o pecado com toda a intensidade que há nele – Davi não tentou encobrir a sua transgressão, pois sabia que não ria prosperar (Pv 28.13). Antes abriu o seu coração e disse: "Muito pequei no que fiz; porém agora, ó Senhor, poço-te que traspasse a iniquidade do teu servo; porque tenho procedido mui loucamente". Repare que em nenhum momento culpou a Satanás, ou a nação. Apenas confessou: "Pequei", "fiz", "tenho procedido mui loucamente".

Somos habilidosos em arranjar desculpas e tentar amenizar o veneno do pecado. Colocamos apelidos nele revestindo-o com nova aparência, tornando-o bastante tolerável. Para muitos o pecado habitual se tornou em um grande e inseparável amigo de todas as horas. Confessa-o meu irmão, com toda a intensidade.

 

II – ELE SE CHEGA HUMILHADO DIANTE DE DEUS - (VV 11-23)

Podemos tomar a decisão de viver desconexo com a vontade de Deus. A carne e a vaidade deste presente século têm muitos atrativos. Lembre-se, porém do seu Criador, para quem terás que prestar contas. Um exemplo disto encontra-se em Amós 4.1-12, onde o Senhor repreende a nação de todas as maneiras, ela, porém não se arrepende, então ouve de Deus a palavra final: "... prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus". Este momento chegou para Davi, como veremos a seguir:

 

1. Reconhece a difícil situação de estar em pecado diante de Deus – "Estou em grande angústia" – Creio que Davi se sentiu como a criança que fez travessuras e sua mãe prometeu contar tudo para o pai quando esse chegar do serviço. O rei estava acuado diante das palavras do enviado do Senhor. Temos muito tempo em toda a nossa vida, para abandonar o caminho errado por onde andamos, porém quando Deus nos chamar à juízo, não haverá tempo para arranjar desculpas. Simplesmente teremos de ouvir estas palavras: "Delibera, agora. E vê que resposta hei de dar ao que me enviou". "E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar" (Hb 4.13).

 

2. Reconhece o quão terrível é cair nas mãos de Deus, mas conta com a sua misericórdia – Três propostas fez o Senhor a Davi e nenhuma era boa, porque o pecado sempre trás maus resultados. Tudo que o homem semear, isto colherá (Gl 6.7). Davi teria que escolher uma das três: Fome, perseguição pelo inimigo ou doenças. No aperto, preferiu cair nas mãos de Deus que é infinitamente mais poderoso do qualquer inimigo, mas também é infinitamente misericordioso.

Somos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais. Deus nos deu o seu precioso Espírito e entregou o seu Filho por nós, para que alcancemos a salvação eterna, mesmo assim insistimos em viver fora dos seus planos, desonrando-o e rejeitando o seu presente, Jesus Cristo. A qualquer momento, poderá o Senhor, nos oferecer doenças, guerras, aperto financeiro etc. e de maneira nenhuma escaparemos da sua indignação (Pv 29.1).

 

3. Reconhece o mal que os seus erros causaram ao próximo – Davi não disse o que queria que Deus fizesse, mas disse o que não queria: "Nas mãos dos homens não caia eu". Diante desta resposta, o Senhor enviou a peste, dizimando setenta mil vidas. Vendo o rei o destroço, ajuntou-se com os anciãos e prostraram-se diante do Senhor. Naquele momento é registrado na história bíblica, uma das mais comoventes confissões: "E disse Davi a Deus: Não sou eu o que disse que se contasse o povo? E eu mesmo sou o que pequei e fiz muito mal; mas estas ovelhas que fizeram? Ah! Senhor, meu Deus, seja a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai e não para castigo de teu povo" (1 Cr 21.17).

Uma atitude um tanto nobre, reconhecer que nossos erros afetam a igreja, nossa família e a sociedade.

Davi estava certo. O Senhor cessou com o mal porque a sua misericórdia dura para sempre.

 

CONCLUSÃO

Vimos nesta lição que todos os seres humanos estão sujeitos a muitas falhas. O erro faz parte do nosso viver nesta carne fraca. O que a lição também deixa claro é que precisamos buscar em Deus mudanças, constantemente e, que devemos nos arrepender dos males que cometemos, prejudicando o próximo.

Pode ser que você e a sua família, bem como as pessoas com quem você convive, estejam sofrendo o dano consequente da sua vida errada. Arrependa-te. Nele há abundantes misericórdias. Onde abundou o pecado, superabundou a graça.

 

LIÇÃO 12 – TEM UM ALTAR CONSAGRADO A DEUS, 2 SAMUEL 24.18-25

 

INTRODUÇÃO

Estamos encerrando o trimestre. Deus nos tem dado preciosas lições a cada domingo pela manhã. Nesta, falaremos sobre o altar consagrado ao Senhor, mostrando que é dever de todos os cristãos edificarem um ao seu Deus.

O que Davi erigiu é cheio de expressão e de valor. Não podemos oferecer ao Senhor sacrifício vil, como veremos a seguir:

 

I – UM ALTAR EXPRESSIVO (VV 18-21)

Vimos na lição passada, que Davi cometeu um grande erro ao numerar Israel. O Senhor não havia exigido nada disto ao rei e não havia necessidade justa para tal. Foi, como vimos, pura altivez.

Os textos de 2Sm 24.18-25 e 1Cr 21.18-30, encerram esta história, com o mandamento de Deus, ordenando a Davi que lhe levante um altar. Veremos o que expressa este altar:

 

1. Expressa a vontade de Deus – O Senhor ordenou, por meio do profeta Gade, que Davi levantasse um altar na eira de Araúna ou Ornã como consta em 1 Cr 21.18, o jebuseu.

Era uma prática comum erguer altar ao Senhor. Outros homens tementes, também o fizeram, tais como: Noé (Gn 8.20,21), Abraão (Gn 12.7), Jacó (Gn 33.20) etc.

É a vontade de Deus que erijamos um altar em nosso lar e em nosso coração, para lhe oferecer sacrifícios de louvor (Hb 13.15). Para isto, é necessário derrubar antigos altares: Do orgulho, da impureza, da incredulidade, do amor ao dinheiro, do paganismo, do mundanismo em nossas vidas. Não podemos remendá-los ou reforma-los. Deus quer um altar novo, num coração novo e dentro de um lar restaurado.

 

2. Expressa o sacrifício substitutivo de Cristo – Davi subiu ao monte e fez ali um altar a Deus. O lugar escolhido por Deus tem um histórico fantástico. Nesse lugar, Abraão oferecera Isaque (Gn 22.1-14). Naquele mesmo local estavam o tabernáculo e o altar das ofertas queimadas (1 Cr 16.39; 21.29; 2 Cr 1.3,13). Tempos depois, Salomão construiu o templo (2 Cr 3.1). Tudo isso nos leva a entender que o que aconteceu ali foi um sacrifício substitutivo, ou seja, apontava para o sacrifício de Jesus Cristo em favor da humanidade, também sobre um monte perto de Jerusalém.

 

3. Expressa a provisão de Deus – "E chamou Abraão o nome daquele lugar o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá" (Gn 22.14). Deus providenciou um carneiro para morrer no lugar de Isaque (Gn 22.13) e Jesus para morrer em nosso lugar: "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito" (1Pe 3.18).

Se oferecermos nossas vidas a Deus sobre o altar (Rm 12.1), Ele proverá libertação, cura física e espiritual, paz e vida eterna.

 

II – UM ALTAR VALIOSO (VV 22-25)

Temos que admitir que o Evangelho tem sido banalizado por alguns "inovadores". Praticamente não entendemos mais o significado de colocar o Reino em primeiro lugar e o poder da renúncia. Preocupamos-nos em prover alimento, vestimenta, estudos e as melhores posições nas empresas para nossos filhos, mas não nos preocupamos com as coisas de Deus. A obra de Deus está praticamente abandonada por grande parte dos cristãos. No entanto, o Senhor exige de nós mais que palavras, quer entrega total. Suba agora ao monte e erga ali um altar precioso para Deus:

 

1. Valioso porque exige o preço da dedicação pessoal – Davi teve que deixar sua posição no palácio para ir se humilhar no monte indicado por Deus (1 Cr 21.19). Teve de abrir mão da própria vida ao entregá-la para cessar a peste em Israel. Entregou a sua vida e a de toda a sua família (v.17).

Oferecer um altar vazio a Deus, não faz sentido. Precisamos dedicar nele a nossa vida inteira (2Co 4.6-11).

 

2. Valioso porque exige o preço da entrega dos bens – Davi poderia ter feito uma boa economia recebendo o terreno de graça e também os bois e até a lenha para o holocausto (v 22), no entanto, rejeitou cabalmente, pois não queria oferecer holocausto sem valor a Deus (v 24).

Parece que muitos estão procurando uma maneira mais barata de servir a Deus. Invertemos as coisas: Não damos nada a Deus e exigimos tudo o que é dele. Oferecemos hipocritamente ao Senhor o animal cego, o coxo, o enfermo, o desprezível, o roubado (Ml 1.8-13). "Pois maldito seja o enganador ... promete e oferece ao Senhor uma coisa vil; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o meu nome será tremendo entre as nações" (Ml 1.14).

"Quando tudo perante o Senhor estiver/ e todo o teu ser Ele controlar/ Só, então, hás de ver que o Senhor tem poder/ Quando tudo deixares no Altar". (HC 577)

 

3. Valioso porque nele o Senhor dispensa perdão – O texto diz: "... Assim, o Senhor se aplacou para com a terra e cessou aquele castigo de sobre Israel" (v 25). Houve perdão imediato. O Senhor respondeu "com fogo" (v 26).

O Senhor jamais rejeitará a nossa oferta voluntária, quando a depositarmos no altar consagrado a Ele. "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (Hb 4.16).

 

CONCLUSÃO

O Senhor nos ordena hoje que lhe dediquemos um altar, não um altar sem o preço da renúncia e da dedicação pessoal na sua obra. O Senhor está pronto para medir o teu altar meu irmão. Achará nele alguma coisa de valor? "E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o anjo e disse: Levanta-te e mede o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram" (Ap 11.1).

Dispõe-te, sobe ao monte indicado por Deus e deixe ali para Ele toda a sua vida, disposição, bens, família, tempo etc.

 

LIÇÃO 13 – RESUMO DAS 12 LIÇÕES - RECAPITULAÇÃO, 2 SAMUEL 1.17-27

 

INTRODUÇÃO

Nesta lição estaremos relembrando os principais pontos abordados nas lições do trimestre, para que as verdades bíblicas sejam fixadas na mente e no coração dos filhos de Deus, a fim de que todos possam andar dignamente diante do Senhor lhe agradando em tudo (Cl 1.10).

 

I – O COMPORTAMENTO DO HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1. Ele ama a Deus e ao seu próximo – (2Sm 1.1-27) - Davi teve de esperar uns doze a quinze anos de incerteza e desespero pela justiça divina para que pudesse de vez, assumir o trono. No entanto, ao ouvir a notícia da queda do seu adversário, reagiu da maneira mais digna possível de um homem de Deus: Pranteou, chorou e jejuou por causa de Saul. Esta deve ser a nossa atitude: "Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem quando tropeçar se regozije o teu coração" (Pv 24.17).

 

2. Ele é temente a Deus - (2Sm 6.1-23) - Quando a Palavra de Deus cai no esquecimento, o erro predomina. Fazemos coisas de que nem nos damos conta. Começamos inovar, introduzindo "modelos" novos, copiados de "damasco" (2Rs 16.10-12). Desta forma removemos os antigos marcos e nos corrompemos sem a profecia divina (Pv 22.28; 29.18).

Foi imprudência tocar na Arca. Ele deveria deixá-la cair, pois o Senhor é poderoso para segurá-la. O Senhor não tolera obreiros fraudulentos na edificação da sua obra (Jr 48.10). Uzá foi um obreiro imprudente que quis fazer a obra na força da carne e naufragou (Jr 17.5).

 

3. Ele tem atitudes corretas - (2Sm 7.7-16) - Na carta de Tiago capítulo 4.13-16, vemos a falibilidade dos nossos projetos, e assim como o Senhor mostrou para Davi o que deveria ser feito, assim devemos estar sujeitos a essa vontade.

Quantas vezes erramos ao pensar que porque cursamos uma boa faculdade já podemos tomar os nossos próprios caminhos, ou porque já temos idade e experiência suficientes podemos planejar o que quisermos. Não devemos deixar que nada disso nos leve a supor que todas as coisas são como pensamos, mas devemos sim estar baseados no conhecimento daquele que possui toda a sabedoria (Tg 4:14)

Quando tiver que tomar decisões, lembre-se sempre de dizer: "... se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo." (Tg 4.15).

 

II – AS EXPERIÊNCIA DO HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1. Não está imune ao pecado - (2 Sem 11.1-10; 14-15; 25-27) - O pecado é fruto da ociosidade "... porém Davi ficou em Jerusalém" (v 1c) - A ociosidade pode conduzir o homem ao erro. Sendo tempo dos reis irem a guerra Davi ficou em Jerusalém. Em vez da batalha preferiu a tranquilidade do palácio. Ocioso e sem ter o que fazer resolveu passear no terraço da casa real donde viu Bate-Seba, cobiçando-a.

Encontramos-nos em uma guerra espiritual. A nossa luta não é contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). Se formos indolentes sucumbiremos ante a batalha.

 

2. É repreendido por Deus - (2Sm 12.01-09) - Davi não confessou seu pecado a Deus. Agia como se nada tivesse acontecido e não demonstrava nenhum sinal de arrependimento. Esperava que o tempo abafasse a sua transgressão. O tempo, porém, não apaga pecado. Davi procurou jogar o seu pecado no mar do esquecimento, mas, essa é uma atitude de Deus, e Ele só o faz com os pecados confessados. Talvez sem o confronto com o profeta Natã, ele nunca viesse a se arrepender, e jamais pedisse perdão a Deus. Assim, sua comunhão com o seu Senhor estaria para sempre interrompida. Veja como é grande o amor de Deus. Sendo Ele a parte ofendida, ainda procura o transgressor para lhe fazer lembrar o seu pecado. "Tu és tão puro de olhos que não podes ver o mal..." (Hc 1.13).

 

3. É disciplinado por Deus - (2Sm 12.10-25) - Nenhum pai, por mais negligente que venha a ser, deixaria o seu filho em um caminho que fatalmente o levaria a morte. Deus, como um pai zeloso, nos corrige antes de morrermos espiritualmente. Toda a disciplina que vem de Deus será sempre motivada por nossas ações pecaminosas. Afinal, disciplina sem fundamento é abuso.

A disciplina é antes de tudo um ato de amor. Ela nos ensina que é muito melhor andar na presença de Deus "... do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado" (Hb 11.25).

 

4. É reconciliador - (2Sm 21.1-14) - O povo de Israel padecia durante três anos, por isso Davi sabia que havia algo de errado, e então "Consultou ao Senhor" (v.1) e obteve Dele a resposta. "É por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os gibeonitas" (v.1).

Como reconciliador Davi precisava ensinar ao povo de Israel que um erro jamais justifica o outro e que a fidelidade ao Senhor, deve sobrepor o desejo de vingança e de justiça (1Sm 24.10,11), afinal é o Senhor que peleja por nós (Rm 12.18-21).

 

III – A VIDA PRÁTICA DO HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1. Fala as palavras proféticas de Deus - (2Sm 23.1-7) - A Bíblia está repleta de profecias que falam da soberania do enviado de Deus (Is 11.1-5; Mt 3.11). Neste tópico, veremos como Davi ressaltou esta soberania ao revelar fatos que autenticariam o cumprimento desta profecia.

Esse concerto a que Davi se refere, o qual se encontra em (2Sm 7.12-16), é o desdobramento do que foi feito no Éden (Gn 3.15), e firmado com Abraão (Gn 17.7), Isaque (Gn 17.21) e Jacó (Gn 28.10-15); daí a razão da sua segurança ao profetizar.

Com as palavras proféticas: "... em tudo será ordenado e guardado", Davi anuncia que cada detalhe do que Deus prometeu teria o seu fiel cumprimento. Desta forma, quando O Eterno viesse a entronizar na esfera da humanidade, não haveria motivos para dúvidas de que se tratava do Cristo, O Senhor de Israel (Mq 5.2; Lc 2.4-7).

 

2 . Tem um altar consagrado a Deus - (2Sm 24.18-25) - É a vontade de Deus que erijamos um altar em nosso lar e em nosso coração, para lhe oferecer sacrifícios de louvor (Hb 13.15). Para isto, é necessário derrubar antigos altares: Do orgulho, da impureza, da incredulidade, do amor ao dinheiro, do paganismo, do mundanismo em nossas vidas. Não podemos remendá-los ou reformá-los. Deus quer um altar novo, num coração novo e dentro de um lar restaurado.

Davi teve que deixar sua posição no palácio para ir se humilhar no monte indicado por Deus (1 Cr 21.19). Teve de abrir mão da própria vida ao entregá-la para cessar a peste em Israel. Entregou a sua vida e a de toda a sua família (v.17).

Oferecer um altar vazio a Deus, não faz sentido. Precisamos dedicar nele a nossa vida inteira (2Co 4.6-11).

Parece que muitos estão procurando uma maneira mais barata de servir a Deus. Invertemos as coisas: Não damos nada a Deus e exigimos tudo o que é dele. "Pois maldito seja o enganador ... promete e oferece ao Senhor uma coisa vil; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o meu nome será tremendo entre as nações" (Ml 1.14).

 

CONCLUSÃO

Esperamos que estas lições tenham concorrido para o bem dos servos de Deus. Ser homens e mulheres segundo o coração de Deus deve ser uma ambição de todos nós.