Os Salmos de Libertação
Sl 31
Por Warren Berkley
Pr. José
Antônio Corrêa
Um dos nossos maiores benefícios
no estudo dos Salmos é que somos capazes de, através destes belos poemas,
aprender quanto Deus significava para Davi.
Especialmente quando estudamos a
vida de Davi e então consultamos os Salmos para relacioná-los com suas
experiências da vida, os Salmos se tornam uma rica fonte cheia de verdades
construtivas e fortalecedoras sobre nosso Criador.
Por exemplo, Davi se achou frequentemente
em sofrimento. Por causa de seu próprio pecado, ou como resultado de um
malévolo inimigo, ele sofreu aflições repetidamente.
O modo como reagiu sob pressão se
torna um bom estudo para nós. E o testemunho de Salmos é que Davi estava
predisposto a confiar em Deus quando estava sob pressão.
Esta é uma razão pela qual ele
chamou Deus sua rocha, sua cidadela, libertador e escudo (Salmo 18.2, “O
SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu
rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu
baluarte”). Muitos dos Salmos entram nesta categoria.
O Salmo 31 poderia ser rotulado
um salmo de libertação. A provação de Davi é descrita junto com sua
reação.
I. A provação de Davi
Ele foi apanhado “no laço”, ou
seja, na armadilha dos seus inimigos (31.4, “Tirar-me-ás do laço que, às
ocultas, me armaram, pois tu és a minha fortaleza”) e cercado pela idolatria (31.6,
“Aborreces os que adoram ídolos vãos; eu, porém, confio no SENHOR”).
Ele estava sofrendo aflição e
angústia da alma (31.7, “Eu me alegrarei e regozijarei na tua
benignidade, pois tens visto a minha aflição, conheceste as angústias de minha
alma”) nas mãos de seus inimigos (31.8, “e não me entregaste nas mãos do
inimigo; firmaste os meus pés em lugar espaçoso”).
Ele estava sendo caluniado e
conspiravam contra ele (31.13, “Pois tenho ouvido a murmuração de
muitos, terror por todos os lados; conspirando contra mim, tramam tirar-me a
vida”).
Ele disse: “Compadece-te de mim,
Senhor, porque me sinto atribulado; de tristeza os meus olhos se consomem, e a
minha alma e o meu corpo. Gasta-se a minha vida na tristeza, e os meus anos, em
gemidos; debilita-se a minha força, por causa da minha iniquidade, e os meus
ossos se consomem. Tornei-me opróbrio para todos os meus adversários, espanto
para os meus vizinhos e horror para os meus conhecidos; os que me veem na rua
fogem de mim” (31.9-11).
II. A reação de Davi
A esta provação foi procurar
refúgio no senhor. “Em ti, Senhor, me refugio; não seja eu jamais envergonhado;
livra-me por tua justiça. Inclina-me os ouvidos, livra-me depressa; sê o
meu castelo forte, cidadela fortíssima que me salve. Porque tu és a minha rocha
e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás.
Tirar-me-ás do laço que, às ocultas, me armaram, pois tu és a minha
fortaleza. Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, Senhor,
Deus da verdade” (31.1-5).
Por causa de sua predisposição de
confiança no Senhor, esta foi a reação de Davi:
a) pregar, 31.23-24, “23
Amai o SENHOR, vós todos os seus santos. O SENHOR preserva os fiéis, mas
retribui com largueza ao soberbo. 24 Sede fortes, e revigore-se o vosso
coração, vós todos que esperais no SENHOR.
b) louvar, 31.19-21, “19
Como é grande a tua bondade, que reservaste aos que te temem, da qual usas,
perante os filhos dos homens, para com os que em ti se refugiam! 20 No
recôndito da tua presença, tu os esconderás das tramas dos homens, num
esconderijo os ocultarás da contenda de línguas. 21 Bendito seja o SENHOR, que
engrandeceu a sua misericórdia para comigo, numa cidade sitiada!”.
c) e chorar ao Senhor seu Deus,
31.22, “Eu disse na minha pressa: estou excluído da tua presença. Não
obstante, ouviste a minha súplice voz, quando clamei por teu socorro”.
III. Quando nos encontramos no meio de uma provação desagradável,
qual é nossa reação?
Voltamo-nos, quase impulsivamente,
para algum recurso mundano? Enganamo-nos pensando que temos dentro de nós
a capacidade para enfrentar e sermos corajosos (humanismo)? Ou nos
aproximamos de Deus e fazemos dele nosso refúgio?
Quando em angústia, não podemos
fazer nada melhor do que confiar em Deus e olhar para seu semblante de amor e
misericórdia. Precisamos cultivar a mesma predisposição de confiança que
observamos em Davi.
Lutero disse que este Salmo “é
falado na pessoa de Cristo e seus santos, que são afligidos toda a sua vida,
internamente pelo tremor e o alarme, externamente pela perseguição, a calúnia e
o desprezo, por amor da palavra de Deus, e mesmo assim são livrados por Deus de
todos eles e confortados”.
Isto parece ter alguma base boa,
desde que o Salvador crucificado usou palavras que começam no versículo 5, no
momento de sua morte (veja Lucas 23.46 - “Então, Jesus clamou em alta voz: Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou” - também, a
messiânica interpretação do versículo 10 –“Gasta-se a minha vida na tristeza, e
os meus anos, em gemidos; debilita-se a minha força, por causa da minha iniquidade,
e os meus ossos se consomem” - seria Cristo suportando os pecados do mundo).
O Salmo 31 é um dos muitos salmos
de libertação, escritos para nos levar a uma união mais íntima com nosso Deus,
para que possamos procurá-lo para nos ajudar e nos segurar. Paul
Earnhart, uma vez, observou a respeito dos Salmos: “Muitos filhos de Deus têm
repousado seu coração nas orações daqueles antigos adoradores. Encontramos
neles o eco de algum modo confortante de nosso desespero angustiado e sabemos
que não somos os primeiros filhos de Deus a lutar a sós com temores. Nem os
primeiros, nesse assunto, a conhecer uma alegria toda absorvente” (veja ainda o
Salmo 116).