PENTECOSTES É TEMPO DE COLHEITA

Atos 2.47- 47

 

Por Mathias Quintela de Souza

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

INTRODUÇÃO

No calendário da Igreja Cristã celebramos hoje o derramamento do Espírito Santo como cumprimento da promessa feita por Jesus em Lucas 24.49 e em Atos 1.4-5.

 

Essa promessa foi cumprida no dia de Pentecostes (Atos 2.1), que acontecia cinquenta dias depois da Páscoa. Daí a origem do nome Pentecostes. Pentecostes era uma das mais importantes festas do Povo de Israel porque nela celebravam-se as colheitas como bênçãos de Deus. Havia muita alegria nesta festa, Dt 16.9-12, “9 Sete semanas contarás; quando a foice começar na seara, entrarás a contar as sete semanas. 10 E celebrarás a Festa das Semanas ao SENHOR, teu Deus, com ofertas voluntárias da tua mão, segundo o SENHOR, teu Deus, te houver abençoado. 11 Alegrar-te-ás perante o SENHOR, teu Deus, tu, e o teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro da tua cidade, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva que estão no meio de ti, no lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher para ali fazer habitar o seu nome. 12 Lembrar-te-ás de que foste servo no Egito, e guardarás estes estatutos, e os cumprirás”.

 

Jesus morreu por nós por ocasião da festa da Páscoa e o Espírito Santo foi enviado por ocasião da Festa de Pentecostes. Isto é significativo. Para que o óleo precioso do Espírito seja derramado (Pentecostes) é preciso que encontre corações limpos, lavados pelo sangue do Cordeiro (Páscoa). O Cordeiro tira os nossos pecados (João 1.29), para dar lugar ao Espírito e, com ele, o amor, a alegria, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio, como já vimos na reflexão sobre o fruto do Espírito.

 

O envio do Espírito no dia de Pentecostes marca o início dos últimos dias, At 2.17, (E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos) que terminarão com a volta gloriosa do Senhor, At 2.20, “O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor”. Entre o Pentecostes e a volta do Senhor é tempo de semear e colher. Não é tempo de especulações sobre "épocas ou estações que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade" (Atos 1.6-7), mas é tempo para levarmos o Evangelho até aos confins da terra (Atos 1.8).

 

ENQUANTO (Atos 2.47b) vivemos diariamente como crentes e como Igreja na plenitude do Espírito Santo (Atos 2.1-4), vidas são ganhas, por que:

 

 

I. NA UNÇÃO DO ESPÍRITO, SOMOS EFICIENTES NA COMUNICAÇÃO

 

Falamos a linguagem do Espírito, e não da carne, e por isso todos entendem quando falamos das grandezas de Deus: “4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem 6 Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua. 7 Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? 8 E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? 11 tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?”, Atos 2.4, 6-8, 11.

 

É exatamente o contrário do que aconteceu em Babel. Lá quiseram subir até aos céus com os seus próprios esforços; Deus teve que confundir a língua deles; em Pentecostes, Deus vem até nós (João 14.23, “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”.) e desfaz a confusão das línguas para que todos entendam o que falamos sobre as grandezas do Pai celestial!

 

Deus desperta através de nós as pessoas para ouvirem a pregação (Atos 2.12-13, “12 Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer? 13 Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!”). As pessoas estavam ouvindo o que os discípulos de Jesus diziam a Deus nas orações e expressões de louvor e adoração (falando das grandezas de Deus), de acordo com 1 Coríntios 14.2, “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios”. Mas ao observarem o que estava acontecendo na comunhão dos crentes, os incrédulos, mesmo os zombadores, despertaram-se para ouvir a pregação de Pedro sobre a obra de Deus em Cristo para a nossa salvação (Atos 2.14-36). Há uma ilustração disto em 1 Coríntios 14.13, 23-25.

 

A linguagem do crente cheio do Espírito promove a comunhão dos irmãos e desperta os incrédulos para ouvirem de Jesus.

 

 

II. NA INSPIRAÇÃO DO ESPÍRITO, SOMOS FIEIS AO CONTEÚDO DO EVANGELHO

 

Na plenitude do Espírito, falamos de Jesus com poder. Pedro explicou que estava se cumprindo a profecia de Joel, At 2.17-21, “17 E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; 18 até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. 19 Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. 20 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor. 21 E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.

 

Mas, para que os crentes recebessem essa promessa, foi necessário que Jesus cumprisse todo o plano de Deus para a nossa salvação. De fato, o Espírito Santo não glorifica a si mesmo, mas glorifica a Jesus (João 16.14, “Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.). Quanto mais cheios do Espírito, mais apaixonados somos por Jesus; mais glorificamos a Jesus! Não falamos de nós mesmos; não falamos tanto sobre o Espírito Santo, mas o Espírito nos inspira a falar da pessoa e da obra de Jesus, como Pedro fez a partir do versículo 22.

 

Cheios do Espírito, somos fiéis ao conteúdo do Evangelho, que é a pessoa e a obra de Jesus (1 Coríntios 15.3-4, “3 Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”). Pedro destacou em sua mensagem a revelação de Deus através do ministério de Jesus (At 2.22, “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis”.), a necessidade da morte do Senhor na cruz para o perdão dos nossos pecados (At 2.23, “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos”.), a ressurreição dele para nos dar vida nova (At 2.25-32) e a sua glorificação à direita do Pai (At 2.33-36) para nos assegurar posição celestial (Ef 2.6, “e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”). A exposição do Evangelho na inspiração do Espírito Santo atinge os corações como flecha de Deus, At 2.37, “Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?”.

 

Jesus é o único fundamento (1 Coríntios 3.10, “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica”). Só podemos confessar a Jesus como Senhor pelo poder do Espírito Santo. Chegará o momento em que todos confessarão que Jesus é Senhor, Fp 3.9-11, “9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; 10  para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; 11  para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos”.

 

 

III. NA CONVICÇÃO DO ESPÍRITO PELA PALAVRA, SOMOS COMPROMETIDOS COM O REINO

 

A convicção gerada pelo Espírito leva ao arrependimento e à fé (At 2.37-38, 40, “37 Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? 38  Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. 40  Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa). Os corações atingidos pela Palavra como flecha de Deus se quebrantam e se arrependem. O resultado é a salvação, o perdão dos pecados.

 

O batismo é compromisso com e no corpo de Cristo. Pela fé em Cristo, recebemos o mesmo Espírito da promessa e somos inseridos no Corpo de Cristo (At 2.39, 41, 39 Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. 41 Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”; 1Co 12.13, “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”). Desde o dia de Pentecostes, o Espírito está presente na comunhão dos remidos e agindo no mundo através do Corpo de Cristo, no qual habita.

 

A vida cristã poderosa é vivida no compromisso com o Senhor e com os discípulos do Senhor na igreja como corpo vivo de Cristo. É nas células que este grau de compromisso é vivido de maneira real e intensa.

 

 

IV. NA COMUNHÃO DO ESPÍRITO, VIVEMOS COMO COMUNIDADE DO REINO DE DEUS NO MUNDO

Perseveramos nos elementos essenciais da vida cristã (At 2.42, “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”).

 

Vivemos na comunhão vertical com Deus e na horizontal com os irmãos, na igreja como comunidade do Espírito (At 2.43-45, “43  Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. 44  Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum”).

 

Cultuamos ao Senhor nas celebrações e nas células com alegria e simplicidade de coração (At 2.46, “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração”).

 

Louvamos ao Senhor como estilo de vida e contamos com a simpatia da comunidade secular (At 2.47, “louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”).

 

A Igreja como comunidade espiritual é amostra do que será o Reino de Deus em sua plenitude; por isso, atrai os famintos e sedentos de justiça, de salvação, de vida autêntica e verdadeira.

 

 

CONCLUSÃO

 

A colheita de vidas preciosas para o Reino de Deus é consequência da experiência diária do Pentecostes (plenitude do Espírito), pois, cheios do Espírito, somos eficientes na comunicação, fieis ao conteúdo do Evangelho na pregação e no testemunho, levamos vidas ao compromisso absoluto com Jesus como Salvador e Senhor, demonstramos de maneira prática os valores do Reino de Deus na comunidade dos crentes e o resultado é o mesmo registrado em Atos 2.47b: "ENQUANTO ISSO, ACRESCENTAVA-LHES O SENHOR, DIA A DIA, OS QUE IAM SENDO SALVOS". "Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa", Jo 4.35.