POR QUE A CRUZ?
Mc 15. 21-39
Dr. Carlos Alberto Miranda*
Pr. José Antônio Corrêa
O
apóstolo Paulo afirma, em Romanos 3.23:
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” e, ainda, no mesmo
livro, em Romanos 6.23a: “O salário do
pecado é a morte”. Portanto, todos os homens estão separados de Deus, isto é,
todos os homens estão espiritualmente mortos.
É
de capital importância que saibamos da existência da separação entre Deus e os
homens. A maior evidência dessa separação é a morte. Portanto, morte é
separação; separação do corpo do espírito, separação dos entes queridos ou
separação de Deus. Mas, o apóstolo João, no seu Evangelho, capítulo 1, verso
14, declara: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e
de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”.
Encontramos, também, na carta aos Hebreus,
capítulo 2, versículo 14: “Portanto, como os filhos são participantes
comuns da carne e sangue, também ele semelhantemente participou das mesmas coisas,
para que pela morte derrotasse aquele que ainda tinha o poder da morte, isto é,
o Diabo”.
Concluímos
que o Verbo de Deus, Jesus Cristo, se fez carne, habitou entre nós, como homem,
para que pela sua morte derrotasse o Diabo e a morte. Daí porque houve a
necessidade da cruz. Ele mesmo, Jesus Cristo, levou os nossos pecados em seu
corpo sobre o madeiro (1Pe 2.24).
Quando
Jesus Cristo encarnou veio não só até onde o homem está, foi até onde o homem
pode ir, isto é, até o fundo do poço de sua trajetória neste mundo. Jesus
Cristo viveu todo o drama da vida humana em sua tenebrosa realidade, chegando
até a morte.
Destaquemos
do texto Bíblico em questão, - crucificação e morte de Jesus Cristo - alguns
fatos:
I. TORTURA
A cruz era um terrível instrumento de tortura
romano aplicado aos mais vis criminosos; consistia de uma pesada viga de
madeira rústica, que devia ser transportada pelo condenado até o local da
execução, e fixada a uma estaca vertical, ali existente, onde a vítima era
pendurada por cravos nas mãos e, eventualmente, nos pés.
Existiam requintes de crueldade, para
aumentar o sofrimento e a vergonha, como por exemplo, não levar o condenado à
exaustão, na sua caminhada fatal; dispunham de um bloco de madeira que apoiava
parcialmente o corpo pendurado, visando a aumentar o martírio, que em média
durava cerca de 12 horas.
II.
CONSCIÊNCIA
Jesus
Cristo não aceitou vinho com mirra (v.
23). Essa mistura funcionaria como anestésico. Ele preferiu estar
completamente lúcido em todos os momentos, não se evadindo de sua plena
identificação com a humanidade.
III.
CUMPRIMENTO DE PROFECIAS
No seu martírio, Jesus fez cumprir toda a Lei
de Moisés e todas as profecias, sendo fiel a Deus até na adversidade:
1.
Vestes repartidas - “Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes
dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria” (v. 24). O rei Davi, em Salmos 22.18, assim fala do Messias,
1010 anos antes de Cristo: “Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha
túnica lançam sortes”.
2. Crucificado
com malfeitores - “Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua
direita, e outro à esquerda” (v. 27).
O profeta Isaías, no capítulo 53, verso 12, da seguinte forma refere-se à
aparição, dores e glória do Messias, 740 anos antes de Cristo: “Pelo que lhe
darei o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo;
porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores;
mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu”.
3. Oferecem-lhe
drogas - “Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa
cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo” (v. 36). O Salmo 69.21 registra: “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede
me deram a beber vinagre”.
4.
Cordeiro mudo - “Ora, o centurião,
que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este
homem era filho de Deus” (v. 39). A
forma como Jesus Cristo morreu foi ímpar para aquele soldado, experimentado
naquele tipo de castigo, pois Jesus não retribuiu aos insultos que lhe foram
dirigidos durante o dia todo, além de ter expirado com seis horas de
sofrimento, com um grande brado (v. 34),
cumprindo Isaías 53.7: “Ele foi
oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro que é levado ao
matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele
não abriu a boca”.
IV.
SOFRIMENTO MORAL
Além do sofrimento físico, enfrentou, Jesus
Cristo o moral:
1. Sofreu
desprezo - “Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI
DOS JUDEUS” (v. 26). Os judeus
envergonharam-se do seu rei, que de direito o era, por ser da casa de Davi,
pois o apóstolo João assim registra
no seu evangelho, capítulo 19, verso 21:
“Diziam então a Pilatos os principais sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O
rei dos judeus; mas que ele disse: Sou rei dos judeus”.
2.
Sofreu solidão - Marcos 14.50: “Nisto, todos o deixaram
e fugiram”. Marcos 14.67-68: “e
vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas
com o nazareno, esse Jesus. Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o
que dizes. E saiu para o alpendre”. Marcos
15.29: “E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo:
Ah! Tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas”. Marcos 15.31: “De igual modo também os
principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si : A
outros salvou, a si mesmo não pode salvar”. Marcos 15.32b: “Também os que com ele foram crucificados o
injuriavam”.
Jesus sofreu a
solidão absoluta:
“E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que
traduzido é: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” (Marcos 15.34). Jesus Cristo, mesmo abandonado por Deus, O
reconheceu como Seu Deus e a ele obedeceu até a morte: “Pelo que também Deus o
exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo o nome” (Filipenses 2.9). Jesus Cristo confiou
no Pai e o Pai confiou no Filho. Esse momento foi o mais dramático da
cosmologia, o momento em que a criação se reencontra com o Seu Criador.
Assim
Jesus Cristo reconciliou-nos com Deus, desfazendo a separação, restabelecendo o
caminho de volta para casa.
Se
houver alguém que queira reverenciar Jesus Cristo pela suprema obra por ele
realizada, creia nele, identifique-se com ele, siga-o, pois ele é o caminho de
volta para o Pai (João 14.6).
Amém.
*O Autor é Engenheiro
eletrônico aposentado, Carlos A. Miranda é professor da Escola Dominical da Primeira
Igreja Batista em Cascadura, Rio de Janeiro.