QUATRO
JOVENS VENCEDORES NA BABILÔNIA
Por
Raimundo Barreto da Silva
Pr. José
Antônio Corrêa
Gn 10.8-12, “8 Cuxe gerou a Ninrode, o qual começou a ser poderoso na
terra. 9 Foi valente caçador diante do SENHOR; daí dizer-se: Como Ninrode,
poderoso caçador diante do SENHOR. 10 O princípio do seu reino foi Babel,
Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. 11 Daquela terra saiu ele para a
Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir e Calá. 12 E, entre Nínive e Calá, a grande
cidade de Resém”.
Essa passagem de Gênesis descreve a
vida do mais importante líder - descendente da linhagem pecadora de Cão - dos
400 anos entre o dilúvio e Abraão. Foi um grande empreendedor, seu nome era
Ninrode. Ele tinha a fama de ser um “poderoso caçador” (v. 9) e por isso
era admirado por todo o povo, pois aquela era uma época em que animais ferozes
eram uma constante ameaça de morte.
Ninrode era um homem ambicioso e que
administrou a construção da Torre de Babel e, depois da confusão das línguas e
a dispersão do povo, edificou a cidade de Babilônia e três cidades próximas:
Ereque, Acade e Calné, que formavam seu reino (vs. 9 e 10).
Segundo o versículo oito Ninrode era um homem
“poderoso”. No original hebraico foi empregada a palavra “gibbôr”
que também é traduzida como “valente”, e que é a mesma palavra referente
aos Nefilins (cf. 6.4, “Ora, naquele tempo
havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as
filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de
renome, na antiguidade”). Sendo assim, Ninrode, descendente de Cão, era
um Nefilin – ímpio, “filho” de Satanás.
Ninrode foi o grande empreendedor que
comandou a construção da Torre de Babel. A palavra “Torre”, no original
hebraico, é “Zukiratu” e significa, na verdade, “tubo de espírito
divino”. Logo, a Torre de Babel servia como um lugar para a consulta de
espíritos malignos, os falsos deuses, fontes de conhecimentos da magia,
espiritismo e astrologia. Estas torres eram usadas pelos Nefilins antes do
dilúvio e agora Ninrode a utiliza como meio de manter o seu poder e nome.
O versículo nove fala que Ninrode foi um
valente (Nefilin) caçador “diante” do Senhor. Segundo outras versões, a
palavra “diante” é, na realidade, “contra”. Ninrode era um
Nefilin, ímpio caçador que lutava contra Jeová.
A descendência de Ninrode e dos Nefilins
deram origem a várias nações além da Babilônia, algumas delas são: Egito, povos
Cananeus, Creta, Sodoma, Gomorra e Assíria. Além de darem origem a estas nações
os Nefilins criaram e disseminaram seu espírito na religião, cultura,
filosofia, forma de governo, economia, artes etc., destes povos. Portanto,
ainda hoje, muitas das religiões, filosofias, artes, ritmos músicas, formas de
governo, padrões de economia e outras áreas da atividade humana, seguem o mesmo
espírito babilônico e, consequentemente, dos Nefilins que ocupam lugares de
destaque em cada uma destas áreas.
Sendo assim, podemos afirmar que Babilônia,
em seu sentido mais amplo, significa qualquer coisa que é construída fora dos
padrões divinos e que constitui-se o esforço humano para preservar seu orgulho
e domínio fora da submissão do Senhor. A Babilônia se opõe às coisas de Deus,
luta "diante" (contra) o Senhor, desde o seu início.
Vemos este espírito babilônico e Nefilin
presente em muitos dos aspectos da política, da economia, das artes, dos
estilos musicais, da moda, da filosofia, da religião e várias outras facetas da
nossa sociedade. Lembre-se que as bases filosóficas da nossa sociedade moderna
foram inspiradas nos padrões greco-romanos que, por sua vez, buscaram modelos
na antiga Babilônia. Os cristãos da Igreja primitiva reconheciam este espírito
babilônico que havia em Roma (cf. 1Pe 5.13, “Aquela
que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda, como igualmente meu
filho Marcos”).
Como jovens cristãos nos deparamos com estes
padrões babilônicos em nosso dia-a-dia:
- É só ligar a televisão que você terá um
retrato - ao vivo e a cores - da Babilônia.
- Nos deparamos com a Babilônia nas várias
religiões, quando vemos homens engrandecerem o seu nome e não o do Senhor Jesus
Cristo.
- Na moda observamos um estilo de sedução,
arrogância e atrevimento, característicos dos “heróis” - Nefilins.
- A corrupção, mentira, engano dos Nefilins
está presente em muitos dos sistemas políticos e de governo, vemos países
querendo dominar o mundo, subjugando povos por meio do dinheiro, guerras e uma
diplomacia maligna.
- Os Nefilins estão por aí, reinando sobre a
Babilônia, engrandecendo-se contra Deus.
Diante de toda esta realidade, como devemos
agir diante da atual Babilônia?
Vamos estudar um pouco sobre a vida de Daniel
e seus três companheiros judeus, que tiveram que viver na Babilônia durante
toda a sua vida. Estes quatro jovens foram vencedores na Babilônia e, por seus
exemplos, podemos extrair força para sermos, também, vencedores na atual
Babilônia. Acompanhe o texto em sua Bíblia.
Dn 1.1-4, Nos mostra que
o rei da Babilônia mandou chamar alguns jovens para viverem no seu palácio.
Dentre estes estavam quatro dos descendentes de Judá: Daniel, Hananias, Misael
e Azarias, que receberam nomes babilônicos - respectivamente: Beltessazar,
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.
“1 No ano terceiro
do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a
Jerusalém e a sitiou. 2 O Senhor lhe entregou
nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da Casa de Deus; a
estes, levou-os para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e os pôs na
casa do tesouro do seu deus. 3 Disse o rei a
Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel,
tanto da linhagem real como dos nobres, 4
jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria,
doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para
assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos
caldeus”.
Mesmo estando na Babilônia, morando no
palácio real, sofrendo vários tipos de pressão, tanto espiritual, psicológica,
como física, estes quatro jovens judeus não se deixaram contaminar pelo mal
reinante naquele Império.
Vamos compreender a fé destes jovens para ver
as atitudes que os levaram a serem vencedores na Babilônia.
I. NÃO SE
CONTAMINARAM COM AS LUXÚRIAS DA BABILÔNIA
Dn 1.5, 8-16, “5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias
da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três
anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei. 8 Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as
finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos
eunucos que lhe permitisse não contaminar-se. 9 Ora, Deus concedeu a Daniel
misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos. 10 Disse o chefe dos
eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa
comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do
que o dos outros jovens da vossa idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça
para com o rei. 11 Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos
eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a
comer e água a beber. 13 Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos
jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus
servos. 14 Ele atendeu e os experimentou dez dias. 15 No fim dos dez dias, a
sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que
comiam das finas iguarias do rei. 16 Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles
as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes”.
Esta passagem mostra a determinação que havia
no coração de Daniel, de não se contaminar com os prazeres e luxurias da
Babilônia. Ele, pela fé, mesmo estando na Babilônia, preservou sua educação e
costumes.
Como podemos aplicar isso ao nosso dia-a-dia?
Bem, a Babilônia atual nos oferece muitos prazeres, emoções, experiências e
luxúrias, que trazem em si um espírito errado. Diante destas coisas devemos
perseverar na conservação de nossa educação e formação cristã.
II. NÃO
ADORARAM A IMAGEM DE OURO
O capítulo 3 de Daniel mostra que os
jovens judeus passaram por um teste da sua fé.
O rei fez uma imagem de ouro e exigiu que
todos os moradores do seu Império a adorassem. Os três jovens, porém, não se
curvaram à imagem (v. 12, “Há uns homens
judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província da Babilônia: Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti, a teus
deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste”).
A Babilônia atual tem muitos ídolos. Alguns
na política, na ciência, música, artes, literatura e moda, a quem as pessoas
fazem questão de adorar e servir, seguindo seus ensinamentos, estilos de vida
ou imitando-os. Como cristãos, filhos do Reino, não devemos seguir estas
pessoas. Nossa adoração, admiração e serviço devem estar inteiramente voltada
para o Senhor, mesmo que com isto tenhamos que passar por uma fornalha de fogo
ardente.
Na fornalha de fogo, por rejeitarmos adorar
os ídolos da Babilônia, teremos um encontro com um Deus vivo (vs. 23-25, “23 Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,
caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa. 24 Então, o rei
Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa, e disse aos seus
conselheiros: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam
ao rei: É verdade, ó rei. 25 Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens
soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do
quarto é semelhante a um filho dos deuses.”). Estes também serão
momentos oportunos para testemunharmos o nome do Senhor, e
Ele nos exaltará (vs. 28-30, “28 ¶Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos,
que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo
entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu
Deus. 29 Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que
disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja
despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro deus
que possa livrar como este. 30 Então, o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego na província da Babilônia”).
III. FORAM
INFLEXÍVEIS NA ORAÇÃO E ADORAÇÃO
Dn 6.10-12, “10 Daniel, pois, quando soube que a escritura estava
assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas
abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava,
e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer. 11 Então, aqueles
homens foram juntos, e, tendo achado a Daniel a orar e a suplicar, diante do
seu Deus, 12 se apresentaram ao rei, e, a respeito do interdito real, lhe
disseram: Não assinaste um interdito que, por espaço de trinta dias, todo homem
que fizesse petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei,
fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse: Esta palavra é certa,
segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar”.
Este capítulo 6 mostra
a vitória que Deus deu a Daniel na cova dos leões. Os vs. 10-12 relatam
que o sustento de Daniel vinha por causa da adoração e oração constantes que
ele fazia ao Senhor. “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava
assinada,” – o rei sancionou o decreto para jogar Daniel na cova dos leões
– “entrou em sua casa, e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas
da banda de Jerusalém, três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava
graças, diante do seu Deus, como costumava fazer”, v. 10.
Não tenha dúvida, a adoração nos sustenta
diante deste mundo tenebroso. Como estes quatro filhos de Judá: seja um
adorador e uma pessoa de oração! Seja uma pessoa que extrai força e vida pela
presença e comunhão do Senhor.
Mesmo estando longe de Jerusalém, Daniel
abria as janelas do seu espírito para ter comunhão com Deus. Esta disciplina
alimentava sua fé. Portanto, não alimente seu espírito apenas nos dias de
reunião da sua igreja, desenvolva a comunhão com o Senhor em seu quarto, em
seus momentos particulares a sós COM o Pai. Lembre-se do ensinamento de
Jesus: “E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de
orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens.
Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa” – serem vistos
pelos homens – “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a
porta, ararás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vêm em secreto, te
recompensará” (Mt 6.5, 6).
Diante de tantos estímulos e prazeres que a
Babilônia lhe oferece, mantenha seu foco no Senhor e no Seu Reino.
IV.
REJEITARAM OS PRÊMIOS DO REI
Em 5.17 (“Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus
presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia, lerei ao rei
a escritura e lhe farei saber a interpretação”) vemos que o
adorador Daniel rejeitou os prêmios e reconhecimento do rei da Babilônia.
Cuidado! Se Satanás e a Babilônia não
conseguirem desviar o seu foco do Senhor, nem apagar a chama da sua adoração,
vai tentar derrubá-lo por outros meios como, por exemplo, vaidade, posição,
fama ou sucesso. Satanás age assim, se não consegue diminuir nossa dedicação ao
Senhor, tentará fomentar em nosso coração o orgulho, a fim de afastar-nos do
Senhor e da comunhão com o Corpo.
V. COMO
RESPOSTA DE DEUS ELES PROSPERAM NA BABILÔNIA
Por causa de todas as atitudes positivas que
os quatro jovens, filhos de Judá (palavra que significa louvor ou adoração)
tiveram, o Senhor os exaltou na Babilônia. Leia as seguintes passagens do livro
de Daniel:
Dn 1.17, “Ora, a
estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e
sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos”.
Dn 3.29-30, “29 Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e
língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego
seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro
deus que possa livrar como este. 30 Então, o rei fez prosperar a Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego na província da Babilônia”.
Dn 6.1-3, “1 Pareceu bem a
Dario constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas, que estivessem por
todo o reino. 2 e sobre eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos
quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano. 3 Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes
presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei
pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino”.
É da vontade do Senhor que venhamos a
prosperar em tudo o que fazemos, no estudo, trabalho e tudo o mais. Porém,
antes dEle nos conceder esta graça, nossa fidelidade, adoração, fé e constância
serão provadas, na Babilônia.
É interessante notar como Deus usa a
Babilônia para fazer-nos amadurecer. Isso significa que não devemos sair do
mundo, não devemos nos alienar, mas devemos ser fiéis ao Senhor na escola, no
trabalho, nas nossas amizades e diante da Babilônia. E lá, após sermos provados
e aprovados, seremos engrandecidos e vencedores, até o tempo em que o Senhor
destruirá a Babilônia (conforme Ap 18), restaurar a sorte de Sião (o Seu
Reino) e colocá-Lo como objeto de louvor na terra.
2Ts 1.3-10, “3 Irmãos,
cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois
a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros
vai aumentando, 4 a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas
de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e
nas tribulações que suportais, 5 sinal evidente do reto juízo de Deus, para que
sejais considerados dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais
sofrendo; 6 se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação
aos que vos atribulam 7 e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente
conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder,
8 em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra
os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. 9 Estes sofrerão penalidade
de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, 10
quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que
creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho)”.