UM HOMEM (QUASE) FELIZ
2 Reis 5.1-19
Autor: Pr Clovis Correia
Pr. José Antônio Corrêa
“Ora, Naamã, chefe do exército do rei da
Síria, era um grande homem diante do seu senhor, e de muito respeito, porque
por ele o Senhor dera livramento aos sírios; era homem valente, porém
leproso”.
Naamã era um homem bem sucedido (era o chefe
do exército do rei da Síria).
Naamã era um homem que tinha seu talento
reconhecido pelo próprio rei.
Naamã era amado por seus soldados.
Naamã gozava de muito conceito e respeito por
todos do seu país.
Naamã era um homem abençoado por Deus (por
meio dele, Deus dera livramento aos sírios).
Naamã tinha uma esposa que o amava e se
preocupava com ele.
Naamã era valente.
Naamã era feliz? Não! Naamã era um homem
quase feliz.
Ele até que poderia ser muito feliz, mas
havia um “porém”: Naamã era leproso.
(Lembre-se que naquela época a lepra não
tinha cura; privava o doente do convívio social e levava-o a uma morte diária,
lenta, sofrida e solitária).
É exatamente assim que muitas pessoas se
sentem. Apesar de terem alcançado o
sucesso profissional e familiar, apesar de gozarem do respeito de todos que o
rodeiam, apesar de se sentirem pessoas abençoadas por Deus, apesar de serem
valentes e lutadores, não são inteiramente felizes. Há sempre um “porém” que
consume suas energias, privando-os da felicidade plena, levando-os a
experimentar uma mortificação diária, lenta, sofrida e solitária.
No entanto, Naamã encontrou a cura do seu mal
e a felicidade plena.
UM HOMEM QUASE FELIZ ENCONTRA A FELICIDADE!
E nós, também podemos encontrar a nossa, se
mantivermos as mesmas posturas que ele manteve:
I. NAAMÃ DEU OUVIDOS AO TESTEMUNHO DE UMA PESSOA SIMPLES
“Os sírios, numa das suas investidas, haviam
levado presa, da terra de Israel, uma menina que ficou ao serviço da mulher de
Naamã. Disse ela a sua senhora: Oxalá que o meu senhor estivesse diante do
profeta que está em Samaria! Pois este o curaria da sua lepra. Então Naamã foi
notificar a seu senhor, dizendo: Assim e assim falou a menina que é da terra de
Israel. Respondeu o rei da Síria: Vai, anda, e enviarei uma carta ao rei de
Israel”.
Naamã deu ouvidos às palavras de uma
menina-escrava. Tanto acreditou que levou o assunto ao seu rei, que o autorizou
a viajar para Israel e, ainda, se dispôs a escrever uma carta de recomendação
ao rei de Israel.
Esta menina era muito simples; provavelmente,
analfabeta. Mas, Naamã acreditou em suas palavras, pois ela falava de algo que
conhecia pessoalmente lá da sua terra e não de alguma teoria que aprendera em
bancos escolares.
E nós, quantas vezes temos desprezado o
testemunho vivo de alguém tão-somente porque se trata de uma pessoa simples?
Será que poderíamos contar quantas vezes o patrão ou a patroa desprezou o
testemunho de seus empregados cristãos? Será que teríamos condições de
contabilizar quantas vezes o rico não deu ouvidos aos crentes pobres? Ou,
quantas vezes o “doutor” desqualificou a palavra de fé das pessoas simples?
Sabe o que a Bíblia diz acerca deste
assunto?
“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para
confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir
as fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as
que não são, para reduzir a nada as que são; para que nenhum mortal se glorie
na presença de Deus” (1Co 1.27-29).
II. NAAMÃ FOI BUSCAR AJUDA
“Foi, pois...”.
Quando estamos enfrentando um problema sério
na vida, especialmente doenças graves, incuráveis, ficamos como que
anestesiados, tão grande é a desgraça que se abateu sobre nós e nossa família.
“Não tem jeito! Não tem cura! Não tem saída!”
Parece que o diagnóstico dos especialistas fica ecoando em nossa mente e nos
deixa de mãos e alma amarradas.
Por mais certos que eles estejam, porém, sua
perspectiva é puramente humana.
A Bíblia nos diz, por outro lado, que para
Deus não existe a palavra IMPOSSÍVEL.
Naamã não se deixou abater com o diagnóstico
dos médicos.
Ele acreditou e tomou uma decisão, uma
atitude de fé: Foi, pois... buscar ajuda em Deus.
Muitas vezes até acreditamos no testemunho de
fé das pessoas mais simples, mas ficamos paralisados diante da desgraça e não
tomamos a decisão de nos levantarmos para buscar a face de Deus.
Sabe o que a Bíblia diz acerca deste assunto?
“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar,
invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6).
“Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono
da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos
no momento oportuno” (Hb 4.16).
III. NAAMÃ SE HUMILHOU PERANTE DEUS
“... e levou consigo dez talentos de prata, e
seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa. Também levou... a carta... Veio,
pois, Naamã com os seus cavalos, e com o seu carro, e parou à porta da casa de
Eliseu. Então este lhe mandou um mensageiro, a dizer-lhe: Vai, lava-te sete
vezes no Jordão, e a tua carne tornará a ti, e ficarás purificado. Naamã,
porém, indignado, retirou-se, dizendo: Eis que pensava eu: Certamente ele sairá
a ter comigo, pôr-se-á em pé, invocará o nome do Senhor seu Deus, passará a sua
mão sobre o lugar, e curará o leproso. Não são, porventura, Abana e Farpar,
rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não poderia eu
lavar-me neles, e ficar purificado? Assim se voltou e se retirou com
indignação. Os seus servos, porém, chegaram-se a ele e lhe falaram, dizendo:
Meu pai, se o profeta te houvesse indicado alguma coisa difícil, porventura não
a terias cumprido? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te, e ficarás purificado.
Desceu ele, pois, e mergulhou-se no Jordão sete vezes, conforme a palavra do
homem de Deus; e a sua carne tornou-se como a carne dum menino, e ficou
purificado”.
Naamã trouxe seu ouro e sua prata: símbolos
da sua riqueza pessoal.
Naamã trouxe dez mudas de roupas finíssimas:
símbolos do seu bom gosto.
Naamã trouxe uma carta de recomendação do rei
da Síria: símbolo do seu prestígio.
Porém, Naamã trouxe também a altivez, o
orgulho dentro do seu coração.
O texto bíblico declara que Naamã esperava
que o profeta de Deus viesse recebê-lo à porta – quem sabe – com um tapete
vermelho, impressionado com sua riqueza, bom gosto e prestígio e faria um
ritual elaborado diante dele, pelo qual estaria disposto a pagar muito bem (se
resolvesse o seu problema, é claro).
Mas, Deus é sábio e resolveu quebrar o
orgulho de Naamã por meio do profeta, que, além de nem sair pra fora para ver
“o importante general sírio”, enviou um moleque de recado para lhe ordenar que
se banhasse sete vezes no barrento Rio Jordão.
Naamã se revoltou. Revelou o orgulho que
havia em seu coração e negou-se a cumprir a ordem do profeta. Não fossem seus
soldados a convencê-lo a obedecer, Naamã teria voltado para a Síria exatamente
do mesmo jeito que de lá viera. Mas seus soldados o amavam (até chamavam-no de
“pai”) e insistiram com ele, e ele cedeu.
Mesmo contrafeito, tomou o banho da
humilhação sete vezes (o número sete é o número-símbolo daquilo que é perfeito
ou completo – isto significa que Naamã foi completamente humilhado diante dos
seus soldados). Quando Deus viu que Naamã se humilhou, restaurou a sua saúde!
Quantas vezes nos aproximamos de Deus
tentando impressioná-lo com nossa “riqueza pessoal”, com nossas palavras bem
elaboradas e com nosso prestígio? Mas Deus não se impressiona com nada destas
coisas que nós consideramos importantes, antes, decide humilhar-nos, para que
entendamos que qualquer ação Dele em nossa vida é graça, e não mérito humano.
Quantas pessoas já voltaram para casa sem a
bênção divina porque não quiseram se humilhar diante de Deus? Talvez tenha se
negado a ir à frente para receber a oração ou para admitir publicamente a sua
miséria e infelicidade; ou, então, revoltaram-se contra alguma orientação de um
homem de Deus.
Sabe o que a Bíblia diz acerca deste assunto?
“Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar,
será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado” (Mt 23.12).
“Deus resiste aos soberbos; porém, dá graça
aos humildes” (Tg 4.6).
IV. NAAMÃ CONVERTEU-SE NUM VERDADEIRO ADORADOR
“Então voltou ao homem de Deus, ele e toda a
sua comitiva; chegando, pôs-se diante dele, e disse: Eis que agora sei que em
toda a terra não há Deus senão em Israel; agora, pois, peço-te que do teu servo
recebas um presente. Ele, porém, respondeu: Vive o Senhor, em cuja presença
estou, que não o receberei. Naamã instou com ele para que o tomasse; mas ele
recusou. Ao que disse Naamã: Seja assim; contudo dê-se a este teu servo terra
que baste para carregar duas mulas; porque nunca mais oferecerá este teu servo
holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor”.
Deus impôs a humilhação a Naamã com um
propósito: revelar-se a ele.
A cura divina restaurou não apenas o físico
de Naamã, mas também sua alma.
Seu corpo foi curado, sim, mas sua visão
acerca das coisas espirituais foi totalmente aberta; agora ele sabe que só há
um Deus verdadeiro em todo o mundo, o Deus de Israel.
A quantos falsos deuses será que Naamã já
havia implorado cura? Somente o Deus verdadeiro supriu sua maior necessidade!
Todo o ouro, prata e presentes que ele trouxe
quer agora dar ao profeta, não para comprá-lo ou impressioná-lo, mas como uma
legítima expressão de gratidão por aquilo que Deus fez em sua vida através
daquele homem.
(O profeta de Deus não aceita, pois os
verdadeiros homens de Deus não se prevalecem destes momentos para arrancar
dinheiro ou presentes das pessoas).
Naamã pede, então, para carregar duas mulas
com terra. Sim, terra! Quatro sacos de terra. Por quê? Para colocar num
cantinho de sua casa e ali, sobre aquela pequena porção da terra de Israel,
adorar ao Deus verdadeiro. É meio esquisito, é claro, mas foi sua forma simples
de expressar que a partir daquele momento ele seria um verdadeiro adorador do
Deus de Israel e que nunca mais iria adorar ou oferecer sacrifícios a outros
deuses.
Quando Deus abençoa alguém, Sua benção sempre
quer ir além daquilo que a pessoa pediu. Junto com a graça solicitada, Deus
quer salvar a alma daquela pessoa, por meio da fé em seu único filho, Jesus
Cristo.
Infelizmente, muitos que um dia foram curados
e abençoados por Deus irão para o inferno, pois rejeitaram um compromisso mais
sério com Ele. Querem tão-somente se livrar do sofrimento e voltar o quanto
antes ao seu velho estilo de vida.
Querem a benção, mas rejeitam o Abençoador.
Foi assim com os 10 leprosos que Jesus curou
de uma só vez: somente um voltou para agradecer.
Sabe o que a Bíblia diz acerca deste assunto?
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
“... eis que em sonho lhe apareceu um anjo do
Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher,
pois o que nela se gerou é do Espírito Santo; ela dará à luz um filho, a quem
chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.20-21).
“Mas a hora vem, e agora é, em que os
verdadeiros adoradores adoração o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai
procura a tais que assim o adorem” (Jo
4.23).
V. NAAMÃ REAVALIOU SEUS CONCEITOS
“Nisto perdoe o Senhor ao teu servo: Quando
meu amo entrar na casa de Rimom para ali adorar, e ele se apoiar na minha mão,
e eu também me tenha de encurvar na casa de Rimom; quando assim me encurvar na
casa de Rimom, nisto perdoe o Senhor ao teu servo. Eliseu lhe disse: Vai em
paz”.
Tão logo Naamã declarou que nunca mais iria
adorar ou oferecer sacrifícios a outros deuses, senão ao Deus verdadeiro, se
lembrou que o seu senhor, o rei da Síria, quando entrava no templo do deus
Rimom (um deus sírio), gostava de se apoiar na sua mão e ele, Naamã, por
respeito ao seu senhor e no cumprimento de seus deveres, também tinha que se
encurvar diante da estátua daquele falso deus.
Agora ele sabe que isto é errado e pede
perdão a Deus.
Foi seu primeiro conflito espiritual; sua
primeira reavaliação de seus atos e estilo de vida.
Esta é a marca mais legítima daqueles que de
fato tiveram uma experiência real e transformadora com Deus: uma total e
completa reavaliação de todas as suas atitudes, de toda a sua filosofia de vida
e de todas as suas crenças e posturas.
Tais pessoas querem agora viver de maneira
tal que agrade ao Deus verdadeiro.
E quanto a nós? Nossas “experiências” com
Deus ou com seu poder têm nos levado a uma tão grande reflexão? Ou,
levianamente, continuamos a viver nossas vidinhas do mesmo jeito que antes?
Sabe o que a Bíblia diz acerca deste assunto?
“Pelo que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 17.17).
“Exterminai, pois, as vossas inclinações
carnais; a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscências, e a
avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vêm a ira de Deus sobre os filhos
da desobediência; nas quais também em outro tempo andastes, quando vivíeis
nelas; mas agora despojai-vos também de tudo isto: da ira, da cólera, da malícia,
da maledicência, das palavras torpes da vossa boca; não mintais uns aos outros,
pois já vos despistes do homem velho com seus feitos e vos vestistes do novo,
que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”
(Cl 3.5-10).
Conclusão
Naamã voltou para casa curado, mas também
transformado.
Com foi que isto aconteceu? Como um homem
quase feliz encontrou a felicidade?
a) Ele deu ouvidos ao testemunho de uma
pessoa simples;
b) Ele foi buscar ajuda em Deus;
c) Ele se humilhou diante de Deus;
d) Ele se converteu num verdadeiro adorador;
e) Ele reavaliou os seus conceitos.
Façamos o mesmo!
UM HOMEM QUASE FELIZ ENCONTRA A FELICIDADE!