UNÇÃO DOBRADA
1RS 19.19-21; 2RS 2.1-10
Autoria desconhecida
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1.
Qualquer um de nós tem desejo de receber uma unção dupla do Espírito Santo de Deus,
o que significaria a sua presença marcante, constante em nossa vida a cada dia,
além de uma medida dupla do seu poder.
3.
Tudo quanto aparece no Antigo Testamento, é sombra do Novo Testamento. Elias é
um tipo de Cristo. Eliseu é um tipo de crente como eu e você. O Novo Testamento
é a substância, a concretização dos fatos ocorridos no Antigo Testamento. Jesus
é a substância da Palavra de Deus e os profetas que viveram antes dEle eram à
sombra desta substância.
4.
Em 1Rs 19.19-21, encontramos o chamamento de Eliseu. Seu rompimento com
o mundo material. Paulo diz que precisamos colocar o mundo, bem como as “coisas
passadas” no esquecimento: Fp 3.13-14, “13 Irmãos, quanto a mim, não
julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para
trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14 prossigo para o
alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.
5.
No capítulo 2 de 2 Reis, encontramos Elias e Eliseu viajando por um
certo número de localizações, o que nos é significativo e informativo,
mostrando que também precisamos caminhar em companhia de Jesus. Vamos
Analisar Estes Locais e Sua Significação
I. PRIMEIRAMENTE EM GILGAL
V. 2.1
1.
Gilgal representa um lugar de atividades religiosas destituídas de poder
sobrenatural. Neste lugar foi onde Josué se instalou com o povo após a
travessia do Rio Jordão, já entrando em Canaã. Observamos que não havia mais
sobre eles a Nuvem de Glória, durante o dia, nem a Coluna de Fogo, durante a
noite: Ausência da Glória e do Poder de Deus, Êx 13.21-22, “21 O SENHOR
ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo
caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que
caminhassem de dia e de noite. 22 Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem
durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite”.
2.
Em Gilgal o maná, que fora o alimento sobrenatural que descia dos céus todos os
dias havia cessado, pois a terra já produzia seu fruto, Js 5.10-12, “10
Estando, pois, os filhos de Israel acampados em Gilgal, celebraram a Páscoa no
dia catorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó. 11 Comeram do fruto da
terra, no dia seguinte à Páscoa; pães asmos e cereais tostados comeram nesse
mesmo dia”. Ausência também do elemento sobrenatural.
3.
Gilgal representa o rompimento total com o Egito, Js 5.9, “Disse mais o
SENHOR a Josué: Hoje, removi de vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome
daquele lugar se chamou Gilgal até o dia de hoje”. Representa o nosso desligamento
total com a vida passada do pecado, surgindo uma nova vida, regenerada, Ef
2.1-7, “1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados, 2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da
desobediência; 3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as
inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. 4 Mas Deus, sendo
rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, 5 e estando
nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça
sois salvos, 6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus; 7 para mostrar, nos séculos vindouros, a
suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus”.
4.
Podemos concluir, que embora Gilgal represente a salvação, libertação do
crente, representa também a religião destituída de poder. Não podemos ficar
apenas em Gilgal, pois corremos o risco de nos sentirmos confortáveis e
acharmos que temos ali tudo o que precisamos, Cl 3.1, “Portanto, se
fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde
Cristo vive, assentado à direita de Deus”. Ainda, corremos o risco de
retroceder, voltar ao Egito.
II. PROSSEGUINDO PARA BETEL
V. 2.2
1.
Betel é o lugar de grandes decisões. É o lugar onde o crente pode submeter-se e
render-se a Deus. É um lugar, onde o crente morre para seus próprios desejos.
2.
Betel é mencionado por todo o relato do Antigo Testamento:
a)
Foi o Lugar onde Abraão armou sua tenda e tomou a decisão de viver para Deus, Gn
12.8, “Passando dali para o monte ao oriente de Betel, armou a sua tenda,
ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente; ali edificou um altar ao SENHOR e
invocou o nome do SENHOR”.
b)
Foi em Betel, que seu neto Jacó, teve sua experiência com Deus, onde decidiu
segui-lo e servi-lo com desprendimento, Gn 28.18-22, “18 Tendo-se
levantado Jacó, cedo, de madrugada, tomou a pedra que havia posto por
travesseiro e a erigiu em coluna, sobre cujo topo entornou azeite. 19 E ao
lugar, cidade que outrora se chamava Luz, deu o nome de Betel. 20 Fez também
Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que
empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, 21 de maneira que eu
volte em paz para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu Deus; 22 e a
pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me
concederes, certamente eu te darei o dízimo”.
3.
No N.T. alguns servos de Deus tiveram o seu Betel:
a)
Maria, Lc 1.38, “Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se
cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela”.
b)
Paulo, At 22.6-10, “6 Ora, aconteceu que, indo de caminho e já perto de
Damasco, quase ao meio-dia, repentinamente, grande luz do céu brilhou ao redor
de mim. 7 Então, caí por terra, ouvindo uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por
que me persegues? 8 Perguntei: quem és tu, Senhor? Ao que me respondeu: Eu sou
Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues. 9 Os que estavam comigo viram a luz,
sem, contudo, perceberem o sentido da voz de quem falava comigo. 10 Então,
perguntei: que farei, Senhor? E o Senhor me disse: Levanta-te, entra em
Damasco, pois ali te dirão acerca de tudo o que te é ordenado fazer”.
4.
Não podemos permanecer em Gilgal, mas precisamos descer a Betel, para nos
rendermos ali ao Senhor.
III. CHEGANDO A JERICÓ
V. 2.4
1.
Jericó representa o lugar onde as batalhas são travadas. É o lugar de tremenda
oposição de Satanás.
2.
Jericó foi a primeira cidade conquistada pelos judeus, rumo a Canaã. Foi palco
de uma grande batalha onde seus altos e fortes muros vieram abaixo, ao toque
das trombetas, conforme o Senhor havia anunciado, Js 6.20-21, “20
Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo ouvido o povo
o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo
subiu à cidade, cada qual em frente de si, e a tomaram. 21 Tudo quanto na
cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres,
tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos”.
3.
Foi também nas proximidades de Jericó, que Jesus enfrentou Satanás, sendo
tentado por quarenta dias e quarenta noites, Lc 4.1-2, “1 Jesus, cheio
do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no
deserto, 2 durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles
dias, ao fim dos quais teve fome”.
4.
Quando o crente chega a Jericó, enfrenta tremenda oposição de Satanás. É
possível que ele lhe ataque suas finanças, seu corpo (enfermidades), sua mente,
seus familiares. É neste lugar que você terá que combater as forças do inferno.
Porém, é ali também que você encontrará o “Capitão do Exército do Senhor”, Js
5.13-15, “13 Estando Josué ao pé de Jericó, levantou os olhos e olhou; eis
que se achava em pé diante dele um homem que trazia na mão uma espada nua;
chegou-se Josué a ele e disse-lhe: És tu dos nossos ou dos nossos adversários?
14 Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do SENHOR e acabo de chegar.
Então, Josué se prostrou com o rosto em terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz
meu senhor ao seu servo? 15 Respondeu o príncipe do exército do SENHOR a Josué:
Descalça as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué
assim”.
5.
Jamais podemos enfrentar Satanás e suas hostes infernais sozinhos. O Diabo fará
oposição, mas o “Capitão dos Exércitos do Senhor”, também estará ali,
com a espada nua, para ajudá-lo e a vitória é sua! Não distraia.
IV. TERMINANDO JUNTO AO JORDÃO
V. 6.7
1.
No Rio Jordão, Deus abre os nossos olhos e recebemos a visão espiritual. O
Jordão é o lugar onde o crente começa a ver as coisas que estão além do campo
natural. Ele começa a ver as realidades espirituais.
2.
Foi no Rio Jordão, que João Batista viu o Espírito Santo Descer em forma
corpórea sobre Jesus, logo após seu batismo nas águas, Mt 3.16-17, “16
Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. 17 E eis uma voz dos
céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Mais tarde
Pedro fala desta experiência de Jesus, At 10.38, “como Deus ungiu a
Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte,
fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
ele”.
3.
Foi junto ao Rio Jordão, que Eliseu recebeu a porção dobrada do Espírito Santo,
2Rs 2.8-15, “8 Então, Elias tomou o seu manto, enrolou-o e feriu as
águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passaram ambos em seco. 9
Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te
faça, antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por
herança porção dobrada do teu espírito. 10 Tornou-lhe Elias: Dura coisa
pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém,
se não me vires, não se fará. 11 Indo eles andando e falando, eis que um carro
de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num
redemoinho. 12 O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel e
seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, tomando as suas vestes, rasgou-as em
duas partes. 13 Então, levantou o manto que Elias lhe deixara cair e,
voltando-se, pôs-se à borda do Jordão. 14 Tomou o manto que Elias lhe deixara
cair, feriu as águas e disse: Onde está o SENHOR, Deus de Elias? Quando feriu
ele as águas, elas se dividiram para um e outro lado, e Eliseu passou. 15
Vendo-o, pois, os discípulos dos profetas que estavam defronte, em Jericó,
disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. Vieram-lhe ao encontro e se
prostraram diante dele em terra”.
4.
Eliseu fez ali duas coisas:
a)
Rasgou suas vestes velhas, indicando que se desligara do velho homem e do
passado. Você não poderá operar no Reino de Deus, se seu velho homem
permanecer ativo, Ef 4.22-24, “22 no sentido de que, quanto ao trato
passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as
concupiscências do engano, 23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,
24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão
procedentes da verdade”. Bartimeu, o cego, deixou sua capa, Mc 10.46-52, “46
E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e
numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à
beira do caminho 47 e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar:
Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim! 48 E muitos o repreendiam, para que
se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de
mim! 49 Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe:
Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama”. 50 Lançando de si a capa, levantou-se
de um salto e foi ter com Jesus. 51 Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te
faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver”.
b)
Apanhou a manta que tinha caído, sabendo que a dupla porção do Espírito
Santo lhe havia sido dada. Quando aquilo que é novo estiver a caminho,
desista do seu passado.
CONCLUSÃO
1.
Não convêm que o crente fique em Gilgal, lugar de mediocridade, onde a operação
sobrenatural de Deus está ausente.
2.
É mister que ele avance até Betel, pois cabe-lhe morrer para o próprio “eu”,
resolver que viverá para Deus, para sempre.
3.
Daí, cumpre-lhe caminhar até Jericó, pois terá que combater com os poderes
malignos, mas a vitória é certa e contará com o auxílio do “Príncipe dos
Exércitos do Senhor”.
4.
Finalmente, às margens do Jordão, esse crente começará a contemplar as
promessas do céu, que lhe foram feitas, apropriando-se das mesmas. Será uma
força que abalará os céus e o inferno.