Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1. Durante seu
ministério terreno, Jesus gastou grande parte de seu tempo atendendo pessoas
individualmente. Entre as pessoas atendidas por Jesus desta forma, estão: Marta
e Maria, A Mulher Samaritana, o Moço Rico, Nicodemos, o Cego de Nascença,
Simão, o Fariseu, Zaqueu, entre tantos outros.
2. Normalmente,
destas conversas individuais, podemos extrair verdades profundas, doutrinas
básicas para a fé cristã, como por exemplo, a “doutrina do novo nascimento”, a
“doutrina do arrependimento”, o ensino sobre a “Água Viva”, o ensino sobre a
“fé”, o ensino sobre o “amor” e muitas outras doutrinas e ensinos que
certamente podem mudar as vidas daqueles que buscam a Palavra de Deus.
3. Nesta noite,
queremos analisar um encontro particular de Jesus na cidade de Jericó,
conhecida no Velho Testamento como a “cidade das palmeiras”. Este encontro foi
com um homem chamado Zaqueu. Queremos analisar cada personagem envolvido no
texto da Escritura. Portanto vamos ver nesta noite:
alguns pontos importantes sobre os
personagens que aparecem em nosso texto
I. SOBRE ZAQUEU
1. Era chefe dos
publicanos. O “publicano” era um tipo de coletor de impostos a favor do
império romano. Zaqueu, não somente era um “coletor de impostos”, mas chefiava
um departamento de diversos coletores sendo, portanto, um alto funcionário de
Roma. Porém, em virtude de sua ligação com o império romano os publicanos eram
odiados pelos judeus. Eram considerados traidores (uma vez que muitos deles
eram também judeus), e comparados aos piores pecadores, Mc 2.16, “Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos,
perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e
pecadores?”.
2. Era muito rico.
Sua riqueza, evidentemente tinha uma origem duvidosa, uma vez que parte dela
advinha de extorsão, valores cobrados a mais dos penalizados contribuintes. Um
texto que nos sugere que de fato os publicanos eram desonestos é Lc 2.12-13:
“12 Foram também publicanos
para serem batizados e perguntaram-lhe: Mestre, que havemos de fazer? 13
Respondeu-lhes: Não cobreis mais do que o estipulado”. Temos aqui uma menção
aos publicanos que iam procurar o batismo de João, o Batista. A recomendação de
João para que eles não cobrassem mais do que o devido, nos sugere que a maioria
dos publicanos agia desonestamente.
3. Desejava
conhecer a Cristo. Evidentemente, a fama de Jesus já chegara há muito tempo
em Jericó e certamente as narrativas de seus milagres e curas grandiosas eram
cridas e espalhadas no meio do povo comum. É importante observarmos que embora
Zaqueu tivesse tudo o que um homem podia ter em termos materiais, sua vida
espiritual estava carente. Ele queria conhecer Jesus, desejava vê-lo a qualquer
custo.
a) Deus Jamais deixa
passar em branco o desejo espiritual de qualquer pecador, Jr 29.13, “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes
de todo o vosso coração”.
b) Vejam o que Jesus
disse:
“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a
mim; e o que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora”,
Jo 6.37.
4. Para conseguir
seu intento, fez algo incomum. “subiu em um sicômoro”. O sicômoro era uma
árvore frutífera, mas de qualidade inferior. Seu fruto era semelhante ao figo e
era normalmente consumido pelas classes mais pobres entre a população da
Palestina. Esta planta era também chamada de Figueira Brava, como aparece em
algumas traduções mais antigas.
a) Um dos profetas
do Velho Testamento tinha como profissão “colhedor de sicômoros”, Am 7.14,
“Respondeu Amós e disse a
Amazias: Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor
de sicômoros”.
b) Vejam, mesmo Zaqueu, sendo um homem da alta
sociedade, subiu em cima de uma árvore como um moleque travesso, podendo até
mesmo ser ridicularizado pelo povo em virtude de seu ato. Porém, maior era o seu desejo de conhecer a Jesus do
que a sua preocupação com a sua posição social.
5. De Zaqueu
aprendemos: Deve haver em nós um profundo desejo de buscar a Deus!
II. SOBRE JESUS
1. Conhece o
homem. Um fato que marca nossa história e certamente mexeu com o coração de
Zaqueu é o fato de que Jesus o chama pelo nome de nascimento, sem nunca o ter
visto. Jesus não olha para multidões anônimas, mas sim para o indivíduo com
nome, endereço, situação espiritual, etc. Ele se importa com você! Ele conhece você! Ele sabe o que se passa em
seu coração e em sua vida neste exato momento, pois Ele é Deus.
- Junto ao poço de
Jacó, em uma de suas jornadas da Judéia para a Galileia, o mestre revelou
particularidades de uma mulher, sem mesmo nunca a ter visto, Jo 4.16-19, “16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu
marido e vem cá; 17 ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido.
Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; 18 porque cinco maridos já
tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. 19 Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és
profeta”. O fato de Jesus entrar na intimidade daquela mulher, mostrando
conhecer sua vida em detalhes fez com que ela o reconhecesse como o Messias, o
Cristo de Deus. Veja o que ela vai transmitir aos moradores da vila no v. 29,
“Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo
quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!”.
2. Estabelece
contato com o homem. Vejam o que Jesus disse a Zaqueu: “...desce depressa,
porque hoje me convém pousar em sua casa”. Zaqueu queria apenas dar uma
olhadela em Jesus, e ganhou uma noite em sua companhia. Deus pode lhe dar muito
mais do que você imagina! Veja Ef 1.3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que
nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em
Cristo”.
- Um fato digno de nota é que quando você busca a Deus,
Ele vem em seu encontro. Temos esta verdade
claramente demonstrada na volta do “filho pródigo”, Lc 15.17-20, “17
Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com
fartura, e eu aqui morro de fome! 18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai,
e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de
ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.
20 E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o
avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou”.
3. Jesus veio para
salvar e buscar o perdido. A Palavra de Deus nos declara que o homem é pecador:
a) Rm 3.10-18, “10 como está escrito: Não há justo, nem um
sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12 todos se
extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer. 13 A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano,
veneno de víbora está nos seus lábios, 14 a boca, eles a têm cheia de maldição
e de amargura; 15 são os seus pés velozes para derramar sangue, 16 nos seus
caminhos, há destruição e miséria; 17 desconheceram o caminho da paz. 18 Não há
temor de Deus diante de seus olhos”.
b) Olhem agora como o
apóstolo Paulo culmina o presente texto, Rm 3.23, “pois todos pecaram e carecem da
glória de Deus”.
4. De Jesus
aprendemos: Por mais que sejamos pecadores, e de fato o somos, quando nos
achegamos a Deus, através de seu Filho, somos perdoados e recebemos vida, Is 1.18, “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o
SENHOR; ainda que os vossos pecados
sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam
vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã”.
III. SOBRE A MULTIDÃO
1. A multidão
impede a obra de Deus. Notem que a multidão, aliada à baixa estatura de
Zaqueu se constituía uma barreira que o impedia de aproximar-se do Mestre. Para
nos aproximarmos de Jesus, há muitas vezes grandes barreiras levantadas pelo
inimigo, ou até mesmo, barreiras criadas por nós. Estas barreiras podem ser: a
família, a posição social, a religião, e outras tantas.
a) A Palavra de Deus
nos mostra um exemplo de alguém que procurou a Jesus e uma certa barreira o
impediu de seguir ao mestre. Trata-se do “Moço Rico”, Mt 19.16-22, “16 E eis que alguém, aproximando-se,
lhe perguntou: Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? 17
Respondeu-lhe Jesus: Por que me perguntas acerca do que é bom? Bom só existe
um. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. 18 E ele lhe
perguntou: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás, não adulterarás, não furtarás,
não dirás falso testemunho; 19 honra a teu pai e a tua mãe e amarás o teu
próximo como a ti mesmo. 20 Replicou-lhe o jovem: Tudo isso tenho observado;
que me falta ainda? 21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os
teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. 22
Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de
muitas propriedades”.
b) É por esta razão
que Jesus nos alerta que para ser seus discípulos, precisamos romper com muitas
barreiras, Lc 14.26,
“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. A
palavra “aborrecer”, nos sugere aqui que se tivermos que optar entre o Senhor e
a nossa própria família terrena, devemos optar pelo Senhor. Se a nossa vida for
um impedimento à manifestação do reino devemos renunciá-la.
2. Fonte de
murmuração. Foram alguns da multidão que “murmuram” contra o Senhor pelo
fato dele se hospedar em casa de um publicano. Lembre-se que os publicanos eram
odiados pelos judeus. A palavra “murmuração” vem do termo hebraico “hbd” – dibbah e significa “sussurar”, “falar entre os
dentes”, “caluniar”, “difamar”. Esta era a intenção da multidão, ou seja,
difamar Jesus pelas costas. Normalmente o murmurador fala “às escondidas”, daí
o sentido de “sussurar”, “falar entre os dentes”. A Palavra de Deus nos alerta
quanto ao perigo da murmuração:
a) Nm 14.1-4, 11-12, “1
Levantou-se, pois, toda a congregação e gritou em voz alta; e o povo chorou
aquela noite. 2 Todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra
Arão; e toda a congregação lhes disse: Tomara tivéssemos morrido na terra do
Egito ou mesmo neste deserto! 3 E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para
cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa?
Não nos seria melhor voltarmos para o Egito? 4 E diziam uns aos outros:
Levantemos um capitão e voltemos para o Egito”. Vejam a reação do Senhor: “11
Disse o SENHOR a Moisés: Até quando me provocará este povo e até quando não
crerá em mim, a despeito de todos os sinais que fiz no meio dele? 12 Com
pestilência o ferirei e o deserdarei; e farei de ti povo maior e mais forte do
que este”.
b) 1Co 10.10, “Nem
murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador”.
Nesta passagem Paulo alerta os irmãos de Corinto contra esta prática desastrosa
no seio da Igreja, informando que a causa do povo judeu ter ser destruído pelo
“Exterminador” no deserto, quando estava em demanda à Canaã, foi a
“murmuração”.
c)
1Pe 4.9, “Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração”.
Esta passagem fala daqueles que “murmuram” quando estão hospedando um servo de
Deus. Porém, o texto ainda pode nos sugerir que não devemos fazer a obra de
Deus murmurando, nos queixando. Muitas vezes fazemos a obra como um “peso” e
ainda criticando aqueles que não fazem. Olhem o que Paulo fala aos Efésios: Ef
6.7, “servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens”. A
palavra “servir”, vem do termo grego “douleuw”
– douleuo, que significa “trabalhar como servo”, “ser
um escravo”, “completa submissão”, “absoluta obediência”. Em outras palavras
Paulo ensina o “servir sem reclamar, ou murmurar”, sabendo que estamos servindo
ao Senhor e não a homens.
3. Sobre a multidão aprendemos:
Precisamos nos desvencilhar das barreiras que se interpõem entre nós e Jesus e
também não permitirmos que a murmuração nos torne estéreis na obra de Deus.
CONCLUSÃO:
1. Sabemos que a
pessoa que tem um encontro com o Senhor, nunca mais será a mesma. Foi o que
aconteceu com Zaqueu. A Palavra nos fala que no dia seguinte ele tomou uma
posição que era a evidência clara de que uma nova vida estava se iniciando para
ele: “Entrementes, Zaqueu se
levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus
bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais”.
Jamais Zaqueu poderia ter tomado esta decisão de não fosse pelo seu encontro
com o Senhor.
2. Da mesma forma
Jesus quer que você nesta noite tome uma posição diante dele. Convide-o a
entrar em sua vida, em sua casa, em sua família e você provará o poder de Deus.
Ilustração: Agostinho e a prostituta.