A CEIA DO SENHOR
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Pr. José Antônio Corrêa
A Ceia do Senhor é um sinal visível,
no qual o Cristo crucificado é colocado diante de nós; é o sacramento do Novo
Testamento pelo qual, recebendo o pão e o vinho, temos comunhão com Cristo,
sendo nós participantes da Sua carne e sangue e dos benefícios que advêm da Sua
morte. É um meio pelo qual Deus nos traz a Sua bênção; é um meio de graça. O
Breve Catecismo pergunta. O Que é a Ceia do Senhor? E ele responde que “A Ceia
do Senhor é o sacramento no qual dando-se e recebendo-se pão e vinho, conforme
a instituição de Cristo se anuncia a sua morte, e aqueles que participam
dignamente tornam-se não de uma maneira corporal e carnal, mas pela fé,
participantes do seu corpo e do seu sangue com todas as suas bênçãos para o seu
alimento espiritual e crescimento em graça”.
I. QUAL A FINALIDADE DA CEIA DO SENHOR PARA O CRENTE?
1. Para que nos lembremos sempre da
Sua morte (1Co 11.24,25). Não apenas uma lembrança histórica, da morte de
Cristo. Judas lembrou-se da Sua morte e O traiu; Pilatos lembrou-se da Sua
morte e O crucificou. Essa lembrança deve ser:
a) Uma lembrança cheia de tristeza –
Não podemos lembrar-nos da Sua morte sem sentir tristeza porque a nossa culpa
caiu sobre Ele no Calvário. O profeta Zacarias disse que aqueles que O
traspassaram haveriam de pranteá-lo e chorar por Ele (Zc 12.10) – Fomos nós com os nossos pecados que O traspassamos e
devemos recordar isso com tristeza;
b) Uma lembrança cheia de alegria –
Parece paradoxal: Quando o cristão participa desse sacramento, deve ter muita
alegria, porque através desse sacramento estamos participando e rememorando a
nossa união com Ele. Nesse sacramento temos koinonia, (participação). E terão
comunhão com Cristo na Sua morte. Através de Sua morte Ele nos deu vida. Isso é
motivo de regozijo! Nesse sacramento as nossas forças espirituais são renovadas.
Isso é motivo de regozijo! Um encontro e união com Jesus. Isto é alegria! – “O
sangue de Cristo é a chave que abre o céu”. Que alegria!
2. Para que participemos do próprio
Cristo. O apóstolo assevera que o pão partido e o cálice que bebemos revelam a
participação (”koinonia”) Que temos do corpo e do sangue de Jesus. Há um
sentido em que participamos realmente da Sua carne e sangue. O resultado á essa
participação é,
a) que Ele e Seu povo se tomam um.
b) todos os verdadeiros crentes, em
virtude desta união com Cristo, se tornam um corpo – “membros uns dos outros”.
Cristo e Seu povo são um de tal modo
que não são eles que vivem. mas Cristo vive neles (Gl 2.20); Cristo mora neles; Sua vida é a vida deles; porque Cristo
vive eles também viverão (Jo 14.19).
Obs: Essa participação do corpo e sangue de Cristo não é literalmente física
como ensina a teologia romana. Cremos que a presença de Cristo na Ceia é real,
mas não física e local. Essa presença é mística e espiritual. e nos é
comunicada pelo Espírito Santo e a recebemos por um ato de fé – recebemos o
corpo e o sangue de Cristo simbolicamente. A participação na Ceia é mais do que
um simples memorial. mas é um meio pelo qual Deus nos abençoa. É por isso que
se chama meio de graça.
II. QUAL É A EFICÁCIA DO SACRAMENTO DA CEIA DO SENHOR PARA O CRENTE?
Na Ceia do Senhor nós recebemos cada
vez Cristo e os benefícios de Sua redenção. Essa participação na Ceia nutre a
nossa alma e faz-nos crescer espiritualmente. A bênção que os crentes recebem
não difere em nada daquela que eles recebem mediante a pregação da Palavra. Não
há qualquer poder no pão e no vinho em si mesmos, mas a bênção vem quando há
participação com confiança da parte dos crentes. A eficácia desse sacramento
não depende somente da presença real (isto é, não imaginária, nem física ou
local) de Cristo. Mas também da fé da parte daqueles que o recebem. Os
incrédulos podem recebê-lo, mas não recebem a bênção porque não recebem a coisa
significa da que é Cristo e Sua obra. Jesus disse: “Isto é meu corpo que é dado
por vós… isto é o meu sangue derramado em favor de vós… “Quando estas palavras
são recebidas com fé, o coração enche-se de alegria, gratidão, amor e devoção,
de tal modo que quando o crente se levanta da mesa do Senhor a sua confiança
nele está renovada.
III. COMO OS CRENTES DEVEM SE PORTAR AO TOMAR A CEIA DO SENHOR?
1Co 11.27; 31,32 Rm 6.17,18
No Breve Catecismo na Pergunta 97 diz:
Que se exige para participar dignamente da Ceia do Senhor? “Exige-se daqueles
que desejam participar dignamente da Ceia do Senhor que se examinem sobre o seu
conhecimento em discernir o corpo do Senhor, sobre a sua fé para se alimentarem
dele, sobre o seu arrependimento, amor e nova obediência; para não suceder que,
vindo indignamente. comam e bebem para si a condenação.” A Escritura ordena ao
crente: “examine-se a si mesmo” (1Co
11.28) Esse autoexame é algo profundamente necessário para que a nossa alma
desfrute das bênçãos da obra sacrifical de Jesus de uma maneira mais abundante.
Esse autoexame consiste na inquirição do coração, é a anatomia do coração, onde
o homem o examina em todas as suas partes e vê o que está errado por dentro à
luz da Palavra, sob a iluminação do Espírito é um diálogo consigo mesmo (Sl 77.6), é um exame crítico da alma.
Através da Palavra e sob a ação do Espírito, conseguimos detectar as impurezas
do nosso interior. Deus usa O Seu Espírito e a Sua Palavra para sondar o nosso
coração. Nessa busca o Senhor nos traz ao arrependimento e à confissão de
nossos pecados.
IV. POR QUE NÓS OS CRENTES DEVEMOS EXAMINAR A NÓS MESMOS?
1. Porque é uma ordem e não um conselho
(1Co 11.28).
2. Porque é algo que não gostamos de
fazer. Não há nada a que o coração humano seja mais avesso (e averso) do que ao
autoexame. Esse exame frequentemente nos leva a conhecer o que realmente somos,
e não gostamos disso.
3. Porque doutra maneira não
conheceremos nosso interior. Ele é difícil de ser sondado, muito fácil examinar
os atos exteriores da religião, mas sondar coisas profundas, o nosso “eu”
Precisamos as lentes da Palavra e do Espírito para que conheçamos o nosso
coração.
4. Porque é benéfico para as nossas
almas. Descobrimos os perigos dentro da alma e encontramos o caminho para o
perdão e a purificação
V. QUANDO NÓS OS CRENTES APROXIMAMOS CORRETAMENTE DIANTE DA MESA DO
SENHOR?
1. Quando nos aproximamos com humilde
senso de indignidade. Não merecemos uma migalha sequer do Pão da vida; somos
pobres indigentes criaturas. Devemos ser qual publicano diante da presença
santa do Senhor: “Sê propício a mim, pecador” (Lc 18.13). Digno ver-se indigno diante do Senhor.
2. Quando nos aproximamos dela com fé.
“Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb
11.6) – Sem o agrado de Deus não receberemos bênção. Com a Ceia acontece da
mesma maneira como na pregação da Palavra. Há que se ter fé (Hb 4.2). Quando vamos com confiança,
Cristo abençoa nossa participação do Seu corpo e sangue. O corpo de Cristo está
no céu, mas a fé torna Cristo presente em nossa alma e o crente sente a
presença real de Cristo no sacramento. O corpo do sol está no firmamento, mas a
luz do sol nos atinge. Assim estando no céu, está conosco habitando em nossos
corações pela fé (Ef 3.17). A fé é o
paladar que prova Cristo (1Pe 2.3,7)
A fé torna-nos um com Cristo (Et 1.15.23),
membros do Seu corpo.
3. Quando nos aproximamos dela amando
ao Salvador e os remidos dele. Precisamos ter atitudes de amor quando
participamos da Ceia do Senhor – amor ao Salvador que por amor morreu por nós
entregando Seu corpo e derramando Seu sangue. Como não amar Aquele que tanto
nos amou? Esse nosso amor também deve ser extensivo aos santos, aqueles por
quem o Salvador morreu. Em nosso coração não deve haver amargura alguma contra
qualquer deles.
Se essa não for a nossa postura diante
da mesa do Senhor, estaremos participando dela indignamente (1Co 11.27) e estaremos comendo e
bebendo para nossa própria condenação (1Co
11.29).
CONCLUSÃO
O sacramento da ceia é um santo
mistério. Portanto, venhamos a ele com santo coração. É necessário participar
da Ceia do Senhor com os corações agradecidos, cheios de amor, reconhecidos de
nossas próprias fraquezas, mas purificados. Participemos santamente. Quando
você for participar da Ceia meu irmão minha irmã “examine-se a si mesmo e assim
coma do pão e beba do cálice” (1Co 11.28).
Esta é a ordem. Tenha coragem, examine-se. confesse as suas impurezas, receba o
perdão e se alimente do Salvador. O corpo e o sangue no sacramento são o mais
soberano conforto para a alma angustiada Cristã sendo recebido através dos
elementos é medicina para a cura das nossas enfermidades interiores. Portanto,
participe dos elementos com confiança, arrependido, humilde, cheio de amor, e
você será profundamente abençoado pelo Senhor que os elementos representam.