A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA: A MULHER ADÚLTERA
Altair Germano
Pr. José Antônio Corrêa
Conforme o texto de Jo 8.1-11, Jesus
ensinava o povo quando alguns escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma
mulher surpreendida em adultério. Não temos informações acerca do homem que com
ela adulterava, nem a razão de não ter sido trazido também.
É possível imaginar a hostilidade com
que a mulher foi tratada, a vergonha pública a que foi submetida. Havia por
parte dos escribas e fariseus um suposto desejo de justiça em relação ao fato,
visto que na verdade o interesse maior era ter do que acusar Jesus (v. 6).
"Mestre, esta mulher foi apanhada
em flagrante adultério. E na lei mandou Moisés que tais mulheres sejam
apedrejadas; tu, pois, que dizes?", foi a pergunta dos escribas e
fariseus. A lei determinava a pena de morte para este delito (Lv 20.10; Dt 22.22-24). Silenciosamente
Jesus se inclina e passa a escrever na terra com o dedo. Os acusadores insistem
na pergunta, pelo que Jesus se levanta e diz: "Aquele que dentre vós
estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra" (v.7). Ele volta silenciosamente a
inclinar-se e a escrever no chão.
Enquanto Jesus escreve na terra, suas
palavras escrevem e marcam a consciência dos escribas e fariseus, e um após
outro, a começar pelos mais velhos até os últimos, se retiram.
É neste exato momento, ao ficar só com
a mulher, que a graça (favor imerecido) será percebida claramente na fala e nos
atos de Jesus.
A GRAÇA DIALOGA
Apenas pela graça, visto que o pecado
separou o homem de Deus, é que se torna possível o diálogo de Deus com o homem.
Assim como em tantos outros eventos, a começar pelo Éden, aqui, mais uma vez, o
Senhor toma a graciosa iniciativa de conversar com o ser humano, sendo Ele quem
é, e nos quem somos: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém
te condenou? Respondeu ela: Ninguém Senhor!" (v.10,11a).
A GRAÇA ABSOLVE
Pela lei a mulher era culpada. O rei
Davi vivenciou uma situação parecida, e mesmo sendo culpado foi objeto da graça
de Deus (2Sm 12.1-15). Jesus, Deus
encarnado, lhe diz: "Nem eu tampouco te condeno" (v.11b). O libelo acusatório é
graciosamente contestado e suplantado pelo argumento e tese da graça.
"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os
justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Rm 8.33-34).
A GRAÇA LIBERTA
A graça liberta das prisões do pecado
e da culpa. A ordem é clara: "vai" (v.11c). Sem discursos, sem rodeios, sem ameaças. A libertação
provinda da graça é objetiva, plena e verdadeira: "Se, pois, o Filho vos
libertar, verdadeiramente sereis livres" (Jo 8.36).
A GRAÇA RESPONSABILIZA
Não estamos tratando aqui de
relativização moral ou de antinomismo (aversão às leis). Estamos tratando sobre
a graça que busca na essência e no espírito da lei o seu real significado e
propósito. A graça de Deus outorga perdão, mas é acompanhada de um convite à
responsabilidade: "não peques mais" (v.11d). A superabundância da graça (Rm 5.20) não nos dá o direito de abusar ou de banalizá-la:
"Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais
abundante? De modo nenhum! como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele
morremos?" (Rm 6.1-2).
A graça de Deus se manifestou
salvadora a todos os homens (Tt 2.11).
Se aproprie dela em nome de Jesus!