AS CINCO DESCULPAS DE MOISÉS
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO
A vida de Moisés não começou em Hebreus
11, o “Quem é Quem da Fé”. Ela se iniciou junto a um arbusto ardente, em
conversa com Deus. Moisés não disse ousadamente: - “Sim, Senhor, que Tua
vontade seja feita”.
A conversa foi mais ou menos como: - “Senhor,
não podes enviar outra pessoa?”.
A imagem poderosa de um
príncipe egípcio, profeta e chefe militar que libertou milhões de pessoas da
escravatura é aquela que nos vem das histórias de nossa infância. Víamos a
figura de um caráter supra-real e pensávamos:- “Puxa!!! Eu nunca poderia ser
como ele”. Mas uma leitura acurada da narrativa bíblica nos ajuda a ver
Moisés sob luz mais realista.
Ë essa a imagem, sem diminuir o
impacto que ela teve na história do mundo e da salvação, nos dá esperança,
coragem e fé.
Moisés cresceu como um príncipe
do Egito, mas fugiu de Faraó depois de se Ter interposto numa briga entre
um hebreu e um egípcio e matado essa último. Tendo ficado exilado no
deserto por cerca de 40 anos, Moisés, com 80 anos a essa altura
da narrativa, estava pastoreando ovelhas próximo ao monte Horebe,
quando viu algo estranho.
Chamas subiam de um arbusto, mas esse
não se queimava. Ao Moisés aproximar-se do arbusto, ouviu uma voz chamando-o
pelo nome. A voz identificou quem falava:
“Eu Sou o Deus de teu pai, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó” (v.6). Deus, então, participou Seu plano a Moisés:
Ele tinha ouvido os clamores
de Seu povo por causa da opressão da escravidão egípcia, e viera para resolver
a situação. O Senhor queria que Moisés se unisse a Ele na libertação
do povo (Êxodo 3:7-10)
Nesse ponto, Moisés começou a
apresentar uma série de desculpas, algumas das quais podem parecer
familiares a você.
Vejamos
em Êxodo 3:
DESCULPA Nº 1
“Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do
Egito os filhos de Israel”? (v.11).
Boa pergunta. Moisés tinha estado
apascentando ovelhas durante 40 anos, e o pensamento de um pastor, a quem
os egípcios desprezavam (Gn 46.34),
ir falar com um rei era contrário ao protocolo usual.
A
resposta de Deus:
“Eu irei contigo; e isto te será por
sinal de que Eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis
a Deus neste monte”, (v.12).
Deus não somente prometeu Sua
presença, Ele também deu a Moisés a certeza de que sua missão seria bem
sucedida. Mesmo na presença de um rei terrestre, ele não tinha razão para
temer ou sentir-se inferior. Contudo, Moisés não entendeu a coisa
dessa maneira.
DESCULPA Nº 2
“Eis que quando for aos filhos de
Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me
disserem: Qual é o Seu nome? Que lhes direi?” (v.13).
Outra boa interrogação. Se você for
dizer a centenas de milhares de pessoas que foi convidado a comandar sua
libertação, seria bom ter o nome da pessoa de quem você recebeu tal autoridade.
Também, os nomes eram muito importantes para a mentalidade semita,
porque descreviam o caráter do indivíduo.
A
resposta de Deus:
“Eu Sou o que Sou” (v.14).
Nas Escrituras, depois de Deus Se ter
revelado a Seu povo, eles frequentemente O descreviam de uma nova maneira, à
medida que O iam conhecendo (ver, por exemplo, Sl 140.7, “meu forte libertador”, Sl 71.5, “minha esperança”, 2Co
1.3, “Deus de toda consolação”).
Os judeus sempre reconheceram Eu
Sou como o nome que distinguia o Deus verdadeiro dos deuses falsos.
Não havia engano sobre quem enviava Moisés em sua missão. Deus não apenas disse quem
Ele era, mas também exatamente a quem falar, o que dizer, e lhe deu a garantia de
que eles o ouviriam. Agora Moisés está pronto para sua missão. Bem , ainda
não!.
DESCULPA Nº 3
“Mas sei que não crerão” (Êx 4.1).
Notemos isso: Deus acabara de
assegurar a Moisés que os líderes do povo o ouviriam. Está ficando bem claro
que Moisés não era um sujeito bem disposto. Contudo, Deus sabia que a fé de
Moisés ainda precisava ser fortalecida.
A
resposta de Deus:
Assim Ele operou através dele para
transformar uma vara numa cobra (vs.3,4)
para tornar sua mão leprosa e depois curá-la (vs.6,7) e transformar água em sangue (v.9).
Não gostaríamos, por vezes, que Deus nos
mostrasse sinais sobrenaturais, e então prometeríamos confiar nEle e
obedecê-Lo? Sua Palavra parece não ser suficiente.
Egito: eis que chegamos ao destino!
Bem, não exatamente.
DESCULPA Nº 4:
“Ah, Senhor! Eu não sou homem eloquente,
nem de ontem, nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao Teu servo,
porque sou pesado de boca, e pesado de língua“ (v.10).
À luz do que estava acontecendo – Deus
lhe prometera Sua companhia, assegurou-lhe do êxito de sua missão e
forneceu-lhes sinais miraculosos – e relutância de Moisés não era um sinal de
humildade ou reconhecimento da própria incapacidade. Ele revelou incredulidade na
capacidade divina.
Quando recusamos a nos unir
a Deus em Sua obra, estamos revelando falta de confiança em Sua habilidade de
operar em nós. A Palavra de Deus é cheia de promessas e garantias de Sua
presença e competência de agir em nós e por nós.
Precisamos aprender a tomá-Lo pela Sua
Palavra.
Houve
tempos quando cheguei a perguntar a Deus:
- “Por que o Senhor me deu esta
incumbência? Há tantas outras pessoas que não têm as fraquezas que eu tenho.
Por que o Senhor não as usa”?
Mas
então vem a resposta:
- “A Minha graça te basta porque o Meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co
12.9).
Se nos sentimos fracos,
limitados, ou inadequados, somos o melhor instrumento mediante o
qual o poder de Deus pode operar.
Isso não significa que Deus
nos queira manter sob Sua tutela como fracos. Ele Se ocupa do
crescimento das pessoas. Deseja que sejamos confiantes e tenhamos um forte
senso de valor próprio.
Contudo, em lugar de nossa confiança e
sentimentos de valor virem de coisas ou de outras pessoas, eles devem ser o
resultado de nosso relacionamento com Ele.
A
resposta de Deus:
“Quem fez a boca do homem? ou quem fez
o mudo ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não Sou Eu, o Senhor? Vai, pois,
agora, e Eu serei com tua boca, e te ensinarei o que hás de falar” (vs.11,12).
Aparentemente, Moisés não tinha
compreendido bem que o Deus que criou sua boca, ouvidos e olhos era plenamente
capaz de fazê-los funcionar. Por vezes nos esquecemos de que estamos lidando
com o Criador do Universo.
Agora, Deus ordena que Moisés vá e
promete estar com ele. Está Moisés pronto?
DESCULPA Nº 5
“Ah, Senhor! envia por mão daquele a
quem Tu hás de enviar” (v.13).
Em nossa tradução tais palavras soam
como uma queixa, mas no original hebraico repercute como rudeza:
“Por favor, envia por mão daquele a
quem tu hás de enviar”. Em outras palavras: “Não gostaria de dar essa
informação a uma pessoa que vai aceitar o encargo?”.
Quando Deus contestou todas as
desculpas de Moisés, seus motivos secretos foram revelados; Ele não queria a
designação. Acho que Moisés queria unir-se a Deus em Sua obra – apenas tinha
dificuldade em crer que Deus poderia torná-lo suficientemente capaz para o
trabalho.
O mesmo que sucede com muitos de nós.
Quando somos relutantes em obedecer a Deus, não é que não queremos. É que não
nos sentimos suficientemente capazes. Mas é aí que precisamos tomar a Deus
em Sua Palavra. Precisamos confiar nEle o bastante para crer que Ele é capaz de
nos qualificar para a obra à qual nos chama. E quando estamos
dispostos a avançar pela fé e a obedecê-Lo, vamos sentir a Deus como nunca
antes.
A
resposta de Deus:
“Que tal teu irmão Arão?” (v.14).
Deus estabeleceu um relacionamento com
Moisés. Ele desejava que Moisés se unisse a Ele na obra em favor de
Seu povo. Assim o Senhor estava disposto a encontrar-Se com Moisés justamente
onde esse se achava. Infelizmente, o poder que Deus prometeu a Moisés não
lhe foi suficiente. Ele somente aquiesceu quando a ajuda de uma
criatura finita lhe foi oferecida. Moisés falaria mediante Arão e
isso o limitava em sua obra.
CONCLUSÃO
O que acontece com você? Tem você se
valido de qualquer das desculpas de Moisés no diálogo com Deus?
Está tendo dificuldades de
confiar que Ele é capaz de qualificá-lo para o
trabalho ao qual o chamou?
Se Deus quisesse criaturas perfeitas
para cooperar com Ele, poderia ter usado anjos. Mas, em vez disso, Ele nos escolheu. Se permitirmos
que o Senhor trabalhe por nosso intermédio, tornar-nos-emos uma evidência
inquestionável de Seu poder. Pela obediência, Moisés tornou-se um
líder poderoso – poderoso o suficiente para mudar o curso da
história. Ainda mais importante: ele se tornou um possante homem de
fé, que participou com Deus da história da salvação e que foi ressuscitado e
levado para o céu porque Deus o considerou “Seu amigo” (Êx 33.11).
Você está em boa companhia! - Bonita
J. Shields (Colaboração enviada por leitor).