Busca de Satisfação na Vida
Por Gary Fisher
Pr. José Antônio Corrêa
Você
já tentou pegar a fumaça do escapamento de um carro ou ônibus? Parece bem
substancial, mas quando você tenta agarrá-la, percebe-se que não apanhou nada. A
vida é assim. Parece impressionante, mas quando você para e a analisa, não há
nada durável ou satisfatório nela. É vazia.
O
livro de Eclesiastes registra a busca de Salomão por significado e propósito na
vida. Ele buscava valor real em diferentes áreas, mas o resultado final era
deprimente. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades,
tudo é vaidade" (1.2).
"Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o
trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr
atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol" (2.11).
Ele
achava a vida vazia e sem significado. Ele disse que era como caçar o vento:
nunca se consegue pegá-lo. Estaremos constantemente frustrados se procurarmos
ganhar algo na vida que não está nela. Quando reconhecemos que a vida é vazia,
somos libertados para buscar seu verdadeiro significado fora desta existência
temporal, e então encontramos o significado e propósito verdadeiro.
Eclesiastes contém
quatro pensamentos básicos:
1.
A busca do Pregador por valor real na vida; ele concluiu que tudo é vaidade.
2. Razões
para as frustrações na vida.
3.
Alguns modos melhores para viver a vida apesar dela ser vazia.
4. A
única satisfação que há para um homem. Estudaremos os pontos 1, 2 e 4.
I. O escritor buscou significado em muitas áreas
1.
Ele tentou a sabedoria: "Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei
em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o
meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. Apliquei
o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é
estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento. Porque na
muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza"
(1.16-18).
Com
o aumento da sabedoria veio o aumento da dor, porque maior percepção do mundo
leva a maior frustração com as coisas tortas do mundo que não podem ser
retificadas.
2. Ele
buscou prazer: "Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria; goza,
pois, a felicidade; mas também isso era vaidade. Do riso disse: é loucura; e da
alegria: de que serve?" (2.1-2).
3.
Ele procurou significado no uso moderado de álcool: "Resolvi no meu
coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à
loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo
do céu, durante os poucos dias da sua vida" (2.3).
3. Ele
tentou satisfazer-se com grandes realizações: "Empreendi grandes obras;
edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para
mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes,
para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores" (2.4-6).
4. Ele
comprou escravos: "Comprei servos e servas e tive servos nascidos em
casa" (2.7).
5.
Ele acumulou grande riqueza: "Também possuí bois e ovelhas, mais do que
possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém. Amontoei também para
mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias" (2.7-8).
6.
Ele buscou divertimento e prazer sexual: "Provi-me de cantores e cantoras
e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres" (2.8).
7.
Ele também observou o resultado da busca por popularidade (4.13-16).
Depois
dessa análise detalhada, qual foi a conclusão final?
"Considerei
todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com
fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e
nenhum proveito havia debaixo do sol" (2.11). Não havia satisfação em nenhuma destas buscas.
II. Razões para as Frustrações na Vida
Há
boas razões pelas quais a vida é inerentemente insatisfatória, não importa quão
bem sucedidas nossas buscas possam ser.
1.
Nenhuma realização. Nada realmente acontece na vida. Há uma infindável e
cansativa sucessão de acontecimentos, mas não há resultado. Essa monotonia é
bem ilustrada pelos ciclos naturais na terra (1.3-7). O sol se levanta, põe-se, e levanta-se novamente. Muita
atividade, nenhuma mudança. O vento sopra para o norte, sopra para o sul, e
sopra para o norte novamente. Muito movimento, nenhuma realização. Os rios
correm para o mar, e correm para o mar, e correm para o mar. Estão em constante
movimento mas jamais se esvaziam e o mar jamais se enche.
2. Não
se pode mudar nada. Nunca se consegue, realmente, fazer muita diferença. As
coisas vão acontecer quando acontecerem e pouco haverá que se possa fazer para
mudar isso. Este é o ponto do Pregador em 3.1-8
quando ele discute como há um tempo para tudo (veja também 3.14 e 8.8). Há muitas
coisas importantes sobre as quais não temos, absolutamente, nenhum domínio: o
clima, as condições econômicas, a guerra, a doença, a morte, etc. É frustrante
estar à mercê de forças externas.
3.
Não se pode prever nada. "Porque este não sabe o que há de suceder; e,
como há de ser, ninguém há que lho declare" (8.7). Há tantas incertezas, tantas perguntas sem respostas na vida.
Podemos nos juntar a Jó ao perguntar por que, e acompanhá-lo no passar de
muitos dias agonizantes sem nenhuma resposta.
4. O
mesmo destino para todos. A mesma coisa acontece aos homens bons e aos
perversos. "Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a
todos sucede o mesmo" (9.1-3).
A morte é muito democrática; há uma para todos. Quanto a esta vida, a mesma
coisa que acontece conosco acontece aos animais: morremos e nossa carne
apodrece (3.18-21). Se a vida atual
fosse tudo o que há, nosso fim seria exatamente igual ao dos animais. Que
deprimente!
5. O
acaso governa. "Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio,
nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos
prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do
tempo e do acaso" (9.11). O
sucesso não está sob o nosso comando. O melhor sujeito nem sempre ganha. Às
vezes a vitória é apenas uma questão de sorte.
6.
Nenhuma retenção. Aqui nada é durável. Poucos anos depois que morrermos ninguém
se lembrará de nós nem se importará conosco. Nosso legado será passado para
alguém que não trabalhou por ele e que, consequentemente, não o apreciará nem
usará como nós o faríamos. "Pois, tanto do sábio como do estulto, a
memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no
esquecimento. Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! ... Também
aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o
seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. E quem pode dizer se
será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas
fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade" (2.16, 18-19). O empenho humano não pode
ser recordado, retido ou passado a outro.
7.
Nenhuma satisfação. As pessoas frequentemente pensam, "Se tivéssemos mais
um pouco, poderíamos ser felizes." Assim conseguem um pouco mais; porém,
ainda estão infelizes. As coisas desta vida nunca satisfazem; nosso vazio
sempre fica mais e mais profundo. "Todo trabalho do homem é para a sua
boca; e , contudo, nunca se satisfaz o seu apetite" (6.7).
“Injustiça”.
A vida não é justa. Quem consegue o emprego ou a promoção? Muitas vezes é a
pessoa que menos merece. Geralmente é preciso menos esforço para criar um
problema do que para resolvê-lo. "Qual a mosca morta faz o unguento do
perfumador exalar mau cheiro, assim é para a sabedoria e a honra um pouco de
estultícia" (10.1).
"Velhice”.
Eclesiastes 12.2-8 registra uma
descrição poética do envelhecimento. Em termos pitorescos, as fraquezas da
velhice são descritas: as mãos trêmulas, a postura encurvada, os dentes
perdidos, a visão diminuída, a audição debilitada, o sono intermitente, a voz
áspera, o cabelo encanecido, o andar desajeitado, etc. Assim, se não morrermos
antes, estaremos todos destinados a esse estado débil. Que deprimente!
III. A Verdadeira Satisfação na Vida
Necessitamos
dessa mensagem. É má notícia. Mas precisamos receber as más notícias para
procurarmos a cura. Podemos menosprezar o fato da vida ser vazia, podemos
ocupar-nos em atividades frenéticas, podemos trombetear em alto som que estamos
felizes e satisfeitos, mas não podemos escapar.
Buscando
sombras incontáveis ficamos cada vez mais vazios. Somente quando reconhecermos
a total futilidade de todos os esforços nesta vida, nos voltaremos para aquele
que pode dar o significado e a satisfação que buscamos.
A
vida realmente tem significado, propósito e valor quando nossa meta é servir a
Deus. "De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus
mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a
juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam
más" (12.13-14). Há um espaço
em nossa alma que somente Deus pode ocupar, e nunca estaremos em paz até que
permitamos que ele a preencha.
Esta
é a mensagem de Eclesiastes. A vida é vazia, a menos que façamos de Deus nossa
vida. Ele é a única meta adequada de nossa existência. Sem ele descemos no
vazio e no desespero, apesar de todos os esforços para nos enchermos com o
mundo. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é
vaidade" (1.2).