TERMINANDO BEM 2010 PARA COMEÇAR ABENÇOADO EM 2011
VIVENDO NA CONDIÇÃO DE SERVOS DE DEUS
Pr. José Antônio Corrêa
Tt 1.1,
“Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para
promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo
a piedade”. Mc 10.45, “Pois o
próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos”.
INTRODUÇÃO:
1. A palavra
“servo” vem dos termos “`ebed”
(hebraico) e doulos (grego), e tem como significado “escravo”, “servidor”,
“aquele que se dá a outro em detrimento de seus próprios interesses”.
2. De acordo
com as tradições judaicas uma pessoa podia adquirir a condição de servo por uma
das seguintes maneiras:
a) Através da compra, onde se era pago um determinado valor, como a compra de
um determinado objeto. Aqueles que eram assim comprados se tornavam
“propriedade” do comprador. Lembremos o fato de que fomos comprados por Cristo,
1Co 6.20, “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois,
glorificai a Deus no vosso corpo”.
b) Vítimas de guerra. Quando um determinado povo vencia outro numa guerra,
normalmente os conquistados se tornavam escravos. Um exemplo desta prática
temos naquela menina que servia na casa de Naamã, 2Rs 5.2, “Saíram
tropas da Síria, e da terra de Israel levaram cativa uma menina, que ficou ao
serviço da mulher de Naamã”.
c) Nascimento.
Os filhos de escravos, automaticamente se tornavam também escravos, Gn 17.23,
“Tomou, pois, Abraão a seu filho Ismael, e a todos os escravos nascidos em
sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo macho dentre os de sua
casa, e lhes circuncidou a carne do prepúcio de cada um, naquele mesmo dia,
como Deus lhe ordenara”.
d) Restituição.
Se alguém tivesse praticado um roubo, ao ser descoberto, deveria pagar pelos
danos causados. Se não tivesse condições, poderia ser tomado com escravo.
e) Incapacidade para saldar uma dívida. Neste caso, o devedor era obrigado a vender os filhos como escravos, ou
eram confiscados pelo credor. Era comum o próprio devedor falido, sua esposa e
seus filhos, se tornarem escravos do credor, 2Rs 4.1, “Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos profetas,
clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que ele
temia ao SENHOR. É chegado o credor para levar os meus dois filhos para lhe serem escravos”. Neste caso
a pessoa servia como escravo apenas por seis anos. Vencido este tempo o seu
senhor o libertava e ainda era obrigado a lhe dar uma compensação, para que
pudesse reiniciar sua vida por seus próprios recursos.
f) Auto venda. Se a pessoa
quisesse poderia se vender voluntariamente como escravo, a fim de escapar da
miséria, mas ficaria livre depois de seis anos e seu senhor era obrigado, por
lei lhe dar alguma compensação.
g) Rapto.
Este tipo de crime era punido com a morte, Dt
24.7, “Se se achar alguém que, tendo roubado um dentre os seus irmãos, dos
filhos de Israel, o trata como escravo ou o vende, esse ladrão morrerá.
Assim, eliminarás o mal do meio de ti”.
3. O que não podemos
nos esquecer é o fato de que éramos escravos do pecado e do diabo, mas fomos
comprados por Cristo para servi-lo. Vamos ver nesta noite:
“ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO SERVO DE DEUS”:
I. O VERDADEIRO SERVO DE DEUS SABE QUE DE FATO FOI COMISSIONADO PARA
SERVIR
1. Já vimos que
esta é a missão principal do servo. Quem não está disposto a servir, ainda não
foi quebrado pelo Senhor. No reino de Deus, muitos que vivem reclamando,
resmungando, murmurando, certamente ainda não ainda não entenderam sua posição
de servo.
2. O maior
exemplo que temos sobre o servir bem nos vem do próprio Senhor, Jo 13.1-5, “1 Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era
chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam
no mundo, amou-os até ao fim. 2 Durante a ceia, tendo já o diabo posto no
coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, 3 sabendo
este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava
para Deus, 4 levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma
toalha, cingiu-se com ela. 5 Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os
pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”.
- Lição do ato de
Jesus, vs. 12-17, “12 Depois de lhes ter lavado os pés,
tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?
13 Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. 14 Ora, se
eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés
uns dos outros. 15 Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz,
façais vós também. 16 Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior
do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. 17 Ora, se
sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes”.
3. Como deve ser o nosso servir?
a) Com temor, Sl 2.11, “Servi ao SENHOR com temor e
alegrai-vos nele com tremor”. A palavra “temor” vem do termo hebraico “yir'ah”
e significa “medo”, “respeito”, “reverência”, “devoção”. É evidente que não
precisamos ter medo de Deus, mas sim temor, reverência.
b) Com Alegria, Sl
100.2, “Servi ao SENHOR com alegria,
apresentai-vos diante dele com cântico”. Deus não aceita em suas fileiras
crentes carrancudos, mal humorados, irritadiços, mas crentes que manifestem
alegria em seus cultos de adoração. No Novo Testamento, temos a carta de Paulo
aos Filipenses que é chamada a carta da alegria, uma vez que as expressões
“regozijai-vos”, “alegrai-vos”, aparecem nela muitas vezes.
c) Com submissão, 1Pe 2.18, “Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso
senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso”. A submissão
do servo aqui é ordenada não somente aos senhores bons, mas também àqueles que
possuírem senhores maus.
d) Sem a intenção de agradar
homens, mas sim agradando a Deus, Ef 6.6,
“não servindo à vista, como para agradar a homens,
mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus”.
Quando servimos em nosso coração, nossa preocupação não deve ser a de agradar
“homens”, mas sim agradar a Deus. Devemos agir como “servos de Cristo”.
3. Sim, a
tarefa do servo é servir!
II. O VERDADEIRO SERVO DE DEUS SABE NÃO TEM VONTADE PRÓPRIA
1. Assim como o
servo nas condições citadas, submetia-se à vontade de seu senhor, sem mesmo ter
direito à própria vida, como servos de Cristo, precisamos também estar
conscientes de que nossa vontade própria, nossa vida, deve ser submetida ao
Senhor e controlada por ele.
a) Devemos aceitar o fato de que como servos de Cristo
estamos crucificados com Ele, Gl
2.19, “Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de
viver para Deus. Estou crucificado com Cristo”. Uma pessoa morta não fala, não
anda, não raciocina. Notem que Paulo declara que “morreu”, a fim de viver para
Deus.
Gl 6.14,
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus
Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo”. Aqui,
não somente Paulo afirma que morreu para o mundo, mas também o mundo “morreu”
para ele. Ambos estão mortos!
c) Se estou crucificado com Cristo,
Ele deve assumir total controle sobre minha vida, Gl 2.20, “logo, já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na
carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por
mim”. Minha vida foi substituída pela vida de Cristo. Isto equivale a dizer que
é Cristo quem deve usar minhas pernas, meus braços, minha voz, meu corpo.
2. O verdadeiro servo de Deus, não tem mais vontade própria. Sua vontade
e seus desejos foram substituídos pela vontade e pelos desejos de seu Senhor.
III. O VERDADEIRO SERVO DE DEUS SERÁ RECOMPENSADO QUANDO CRISTO VIER
BUSCÁ-LO
1. Muitos
crentes que se dizem servos de Deus gostam de trabalhar para Deus, mas querem
ser notados. Gostam de receber elogios, reconhecimento, gratificações dos
homens. Este era o comportamento dos fariseus, Mt 6.2, “Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de
ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados
pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa”. Muitos
acabam recebendo a recompensa dos homens e chegam diante de Deus de mãos
vazias.
2. Porém quando
olhamos para a Palavra de Deus, podemos observar que o nosso galardão será
ganho, não agora, mas, quando o Senhor se manifestar em sua segunda vinda.
a) Parábola dos talentos, Mt 25.14-30, “14
Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes
confiou os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um,
a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. 16 O que recebera
cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. 17
Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. 18 Mas o que recebera
um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 Depois de
muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. 20
Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco,
dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos
que ganhei. 21 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no
pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 22 E,
aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois
talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei. 23 Disse-lhe o senhor:
Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei;
entra no gozo do teu senhor. 24 Chegando, por fim, o que recebera um talento,
disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e
ajuntas onde não espalhaste, 25 receoso, escondi na terra o teu talento; aqui
tens o que é teu. 26 Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente,
sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? 27 Cumpria,
portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar,
receberia com juros o que é meu. 28 Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem
dez. 29 Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que
não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e
ranger de dentes”. Nesta parábola, podemos observar que aqueles servos
que trabalharam e produziram, receberam recompensa, porém aquele que foi
negligente sofreu castigo. Assim devemos nos comportar em relação ao reino de
Deus.
b) A imarcescível coroa, 1Pe 5.4, “Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis
a imarcescível coroa da glória”. Note, não é agora, mas quando o Supremo Pastor
se manifestar. Esta era a confiança que Paulo tinha, 2Tm 4.8,
“Já agora a coroa da justiça me está guardada,
a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas
também a todos quantos amam a sua vinda”. Precisamos amar ao Senhor e nos
dedicar a Ele.
c) O galardão nos céus, Mt 5.12, “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de
vós”. O galardão será grande e será dado não aqui na terra, mas “nos céus”.
d) O galardão será compatível com
nossas obras em Deus, 1Co 3.12-15, “12 Contudo, se o que alguém
edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,
13 manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque
está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o
provará. 14 Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou,
esse receberá galardão; 15 se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano;
mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”. Nossas obras
serão provadas e aprovadas pelo Senhor. Se edificarmos sobre o fundamento com o
ouro (obras realizadas em amor), certamente seremos coroados pelo Senhor, porém
se nossas obras forem equiparadas à palha, à madeira (obras realizadas sem
amor, embora possam exigir tremendos esforços), não teremos saldo positivo
diante de Deus.
CONCLUSÃO:
1. Como servos de
Deus, precisamos tomar consciência de nossa posição. Muitos crentes que povoam
a Igreja de Deus acabam tendo atitudes que são mais de senhores, de donos, de
proprietários, do que propriamente de servos. Precisamos corrigir nosso
comportamento na obra de Deus para sermos abençoados por ele.
2. Como vimos
nesta noite, um verdadeiro servo de Deus, sabe que foi comissionado para servir
e não para ser servido, sabe que deve exercer a vontade de Deus e não a sua
própria vontade, sabendo ainda, que a sua recompensa está reservada para o dia
do retorno de seu Senhor. Devemos estar preparados para receber de Jesus o “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco,
sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
3. Que estejamos vivendo de fato a condição de servos! Vamos “servir”, e
não sermos “servidos”! Vamos servir por amor e não como que obrigados!
(Ilustração – O servo da orelha furada,
Ex 21.2-6, “2 Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao
sétimo, sairá forro, de graça. 3 Se entrou solteiro, sozinho sairá; se era
homem casado, com ele sairá sua mulher. 4 Se o seu senhor lhe der mulher, e ela
der à luz filhos e filhas, a mulher e seus filhos serão do seu senhor, e ele
sairá sozinho. 5 Porém, se o escravo expressamente disser: Eu amo meu senhor,
minha mulher e meus filhos, não quero sair forro. 6 Então, o seu senhor o levará aos juízes, e
o fará chegar à porta ou à ombreira, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma
sovela; e ele o servirá para sempre”.