COMO REAGIR DIANTE DA TRAIÇÃO, SL 54
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO: Júlio César (100 e 44 a.C.), o mais
conhecido imperador romano, foi general, conquistador, tribuno e historiador. Aumentou
consideravelmente as fronteiras do mais organizado império jamais existente - o
Romano. Foi ao Egito, onde teve uma relação amorosa com Cleópatra. A sua
audácia, astúcia e o seu fim trágico transformaram-no numa lenda. Amado e
odiado, conseguia movimentar-se na complexa teia de influências da Roma de
então. Quando caiu em desgraça perante os seus amigos, foi assassinado, em
pleno Senado, por 60 conjurados, entre eles um familiar insuspeito: o seu
próprio sobrinho e filho adotivo - Brutus.
Conta-se
que Júlio Cesar lutou violentamente contra aqueles que o atacavam, mas ao ver a
adaga nas mãos de Brutus, seu filho adotivo e amigo íntimo, perdeu a vontade de
lutar. Entregou-se! Ele morreu de traição ao ver Brutus golpear seu corpo
ensanguentado! Essa traição de Brutus acabou eternizando a célebre frase de
Júlio César, que disse em latim: Tu quoque, Brute, fili mi? (Até tu, Brutus,
meu filho?).
Quando
Jesus reuniu seus doze discípulos na sala da ceia, Judas esgueirou-se pelas
sombras para vender o filho de Deus por trinta moedas de prata. Se próprio
Jesus não escapou do gosto amargo da traição, podemos concluir que nós também,
poderemos enfrentá-la um dia.
Neste salmo, Davi retrata sua
experiência na traição dos zifeus quando estes vieram encontrar-se com Saul
informando que Davi escondia-se muito próximo de Saul e até mesmo, entre eles –
“19 Então, subiram os zifeus a Saul, a Gibeá,
dizendo: Não se escondeu Davi entre nós, nos lugares seguros de Horesa, no
outeiro de Haquila, que está ao sul de Jesimom? 20 Agora, pois, ó rei, desce
conforme te impõe o coração; toca-nos a nós entregarmo-lo nas mãos do rei”, 1Sm 23.19-20.
A reação de Davi nos mostra como nos também podemos reagir diante
de uma traição:
1)
Buscou a Deus em oração, v2,
“Escuta, ó Deus, a minha oração, dá ouvidos às palavras da minha boca”.
Precisamos levar a Deus nossas desilusões, nossos contratempos. Falamos muito,
mas não com a pessoa certa;
2)
Falou com Deus sobre a natureza dos homens que o haviam traído, v3, “Pois contra mim se levantam os
insolentes, e os violentos procuram tirar-me a vida; não têm Deus diante de
si”. Detalhou para Deus sobre sua visão com relação aos seus algozes. No
entender dele tais traidores foram “insolentes” (zuwr - inimigo, repugnante), e
“violentos” (‘ariyts - apavorante, aterrador, terrível, aterrorizador, cruel);
3)
Confessou que seu socorro poderia vir somente do Senhor, v4, “Eis que Deus é o meu ajudador, o
SENHOR é quem me sustenta a vida”. Há situações em nossa vida pastoral que
ninguém poderá nos socorrer, a não ser Deus, Jó 6.13, “Não! Jamais haverá socorro para mim; foram afastados de
mim os meus recursos”. Porém, devo me voltar para Deus: “Na minha angústia,
invoquei o SENHOR, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a
minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos”, Sl 18.6;
4)
Reconheceu que Deus é o seu vingador, v5, “Ele retribuirá o mal aos meus opressores; por tua fidelidade
dá cabo deles”. Não precisamos esboçar qualquer tentativa de vingança, retaliação!
Deus é nosso vingador! Veja a atitude de Cristo diante da afronta de seus
inimigos: “pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando
maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente”, 1Pe 2.23.
5)
Reavivou seu culto ao Senhor, v6,
“Oferecer-te-ei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, ó SENHOR,
porque é bom”. Quando estamos em grandes dificuldades, nossa tendência é ficar
reclamando, murmurando, falando pelos cotovelos, etc.. Porém, se de fato desejamos
um concerto, uma ação de Deus em nosso favor, precisamos incrementar nosso
devocional, nosso culto diário.
6) Contemplou sua libertação
e a ruína de seus inimigos. Com certeza quando agimos de acordo com os pontos
mencionados iremos ver a angústia daqueles que se levantaram contra nós e nos
traíram. E ainda, precisamos chorar com eles!