DÉBORA E JAEL, DUAS MULHERES DESTEMIDAS
JUÍZES
4.4,6,7,17,19,21
Extraído:
http://www.ebdweb.com.br
José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO
Após a morte de Eude, os israelitas voltaram “a
fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor”, e como consequência, Deus
permitiu que fossem entregues a Jabim, rei de Canaã, ficando subjugados por ele
durante vinte anos (Jz 4.1-3).
Quando o homem não quer servir ao, Senhor, Ele o
entrega às suas inclinações carnais (Rm
1.24,26,28). Nestas circunstâncias o povo clamou a Deus por libertação, e o
Todo-poderoso lhe propiciou livramento através de duas mulheres destemidas,
Débora e Jael, cujas vidas nos deixaram lições preciosas que veremos nesta
aula.
I. DÉBORA, A JUÍZA DESTEMIDA
1. Sua função. O vocábulo “Débora”
significa “abelha”. Era a mulher de Lapidote (v.4), cujo nome significa “luzes”; e com base nisso, há quem diga
que a função dela era a de cuidar das lâmpadas do Tabernáculo, o que não passa
de mera especulação, por falta de apoio bíblico. Tudo indica que Lapidote era
seu esposo.
Débora tomou-se juíza em Israel, combinando essa
sua autoridade com a de profetisa, e aconselhava o povo que vinha consultá-la (Jz 4.4,5).
2. Suas qualidades. Além
de juíza e profetisa, ela era decidida, patriota (v.6), corajosa, animada e confiante em Deus (Jz 4.6,9,14).
3. Sua mensagem a Baraque. O
vocábulo “Baraque” significa “relâmpago”. Débora enviou-lhe uma mensagem,
informando-lhe que Deus o havia escolhido para liderar o exército com o qual
seria vitorioso contra os cananeus, e forneceu inclusive a estratégia que
deveria ser utilizada para tal batalha (vs.
4,6,7).
4. Sua escolha. Certamente, Deus a
escolheu para juíza pelas seguintes razões: o propósito divino em sua vida,
suas qualidades marcantes e a fim de mostrar que Ele não faz acepção de
pessoas.
5. Sua disposição para a batalha. Além
de incentivar Baraque para a guerra, concordou em acompanhá-lo até o lugar da
peleja (Jz 4.8,9). Aqui vemos sua
disposição, coragem e seu dinamismo. Somente os valorosos poderão ser
vitoriosos nas lutas desta vida e depois, entrarem no Céu (Jz 7.3; Ap 21.8).
6. Sua confiança em Deus. Havia
grandes obstáculos a vencer; porém, ela via Deus mais forte que eles (Jz 4.6,7,9,14). Alguns há que só
observam problemas e dificuldades; mas, os que confiam no Senhor, olham para o
seu poder, e não para os obstáculos (Nm
14.8,9; Rm 8.31-39). Diante do incentivo de Débora, Baraque, cheio de fé,
reuniu um exército de dez mil homens, das tribos de Naftali e Zebulom para a
batalha (v. 6).
7. Sua cooperação na batalha. Sua
presença na batalha como autoridade máxima foi marcante. Os dois exércitos
estavam prontos para a guerra. De um lado, no monte Tabor, estava Baraque com
os seus soldados. De outro, Sísera, o general de Jabim, com um batalhão de
noventa carros de guerra (Jz 4.3).
Diante do sinal de ataque, dado por Débora, os
israelitas avançaram contra os cananeus, matando-os, exceto Sísera, que fugiu a
pé e escondeu-se na tenda de Jael, mulher de Heber (Jz 4.14-17).
II. DÉBORA, E O SEU CÂNTICO DE VITÓRIA
Com o seu coração cheio de gratidão a Deus, ela
entoou o seu famoso cântico, como também outros o fizeram, depois de grandes
vitórias, como: Moisés (Êx 15.1-9);
Davi (2Sm 22.1-51); Ana (1Sm 2.1-10); Maria, mãe de Jesus (Lc 1.46-55); Paulo (Rm 8.31-39), etc. Devemos ser gratos a
Deus por todas as coisas (Sl 103.1,2; Cl
3.16; 1Ts 5.18). Vejamos alguns detalhes deste cântico:
1. Gratidão a Deus em tudo. Conforme
Juízes 5.1-31, ela fez menção do
nome do Senhor por doze vezes (vs.
2,3,4,5,9,11,13,23,31). Devemos ser gratos a Deus em todas as coisas (Pv 3.6).
2. Gratidão aos participantes da vitória. As
tribos que se mostraram indiferentes, e não participaram da batalha, foram
censuradas (Jz 5.15-17). Uma menção
honrosa foi feita a Baraque e Jael (Jz
5.12,24). Somente os vencedores são elogiados (Mt 25.2f-23) e desfrutam das bênçãos celestiais (Ap 2.7,11,17,26; 3.5,12,21).
3. Vantagem contada pelos inimigos (Jz 5.29,30). Os
inimigos já contavam com a vitória. Sempre tem sido assim, mas a benção é dos
que confiam no Senhor, como fizeram Moisés (Êx 14.23-26; 15.9), Davi (1Sm
17.42-51) e outros.
III. JAEL, A MULHER DESTEMIDA
1. Sua família. Jael, cujo nome
significa “cabra montesa”, era esposa de Heber, o queneu. (Naquela época, havia
paz entre a casa de Heber e Jabim, rei dos cananeus.) A influência desta mulher
em seu lar era grande, pois o seu nome é sempre mencionado antes do de seu
esposo (Jz 4.17-21; 5.24). O mesmo
aconteceu com Priscila (Rm 16.3).
2. Sua coragem. Heber, seu esposo, não
estava em casa, quando Sísera, o general fugitivo e único sobrevivente na
guerra com Israel, procurou refúgio em sua tenda. Ela fingiu acolhê-lo
amigavelmente, providenciou-lhe uma cama com cobertor, deu-lhe leite para
beber, e esperou que ele adormecesse.
Quando dormia um profundo sono, ela o matou,
enterrando uma estava em sua cabeça, ato este comemorado por Débora, em seu
cântico (Jz 5.6,24-27). Portanto,
ela matou Sísera, para consolidar a vitória israelita e fazer cumprir a
revelação divina (Jz 4.9).
3. Sua comunicação a Baraque. Quando
Baraque se aproximou, à procura de Sísera, ela o levou ao interior de sua
tenda, onde o general estava morto (Jz
4.22). Desta forma cumpriu-se a palavra do Senhor (Jz 4.9).
IV. DÉBORA, E JAEL, INSTRUMENTOS PARA A VITÓRIA
A participação
destas mulheres foi importantíssima na vitória de Israel e evidencia alguns
ensinos importantes:
1. Deus usa
instrumentos frágeis. Havia homens valentes em Israel; porém, a
vitória veio de onde não se esperava: de duas mulheres. Deus escolhe as coisas
que não são para confundir as que são (1Co 1.28).
Muitas vezes,
o Senhor usou coisas pequenas, desprezíveis, para conceder grandes vitórias,
como o cajado de Moisés (Êx 14.16,27), a funda de Davi (1Sm
17.40), etc. O Todo-poderoso também se utiliza de pessoas humildes, pequenas a
seus próprios olhos, para a realização de seus propósitos, como Gideão (Jz
6.11-14); Jeremias (Jr 1.5-7); João Batista (Jo 1.19-23); Maria, mãe de Jesus
(Lc 1.47,48), etc.
2. Para Deus
não há distinção de sexo. Deus não faz acepção de pessoas. Em sua obra,
Ele tanto usa homens como mulheres. Vejamos então os nomes de algumas obreiras:
Priscila (Rm 16.3); Febre (Rm 16.1,2); Evódia e Sintique (Fp 4.2), e
de algumas profetisas: Miriã (Êx 15.20); Hulda (2Rs 22.14); Ana (Lc
2.36) e as filhas de Filipe (At 21.9).
Elas se
tornaram grandes instrumentos nas mãos do Senhor. As mulheres foram as
primeiras a chegar ao túmulo de Jesus (Jo 20.1); a proclamar a
ressurreição (Mt 28.8); a testificar aos judeus (Lc 2.37,38). O êxito do
ministério, que Deus confiou aos homens, (Ef 4.8-11; 4. 1Tm 3.1-13),
em muito depende do trabalho que somente as irmãs poderão fazê-lo eficazmente.
CONCLUSÃO
Devemos ser
destemidos, diante dos grandes desafios que a Igreja do Senhor tem a enfrentar
nesta vida. O nosso destemor, com base nas infalíveis promessas de Deus, nos
impulsiona para frente, e nos faz superar todas as barreiras que
estiverem diante de nós (1Co 15.57; 2Co 2.14).
ENSINAMENTOS PRÁTICOS
1. A fé
remove montanhas. Baraque, experiente general israelita, dirigido por sua
racionalidade, achou impossível enfrentar e ser vitorioso, o poderoso exército
cananeu. Mas, incentivado peia confiança que Débora depositava no Senhor, foi
bem sucedido.
2. Não foi
mera coincidência, mas uma determinação de Deus, que duas mulheres fossem as
“estrelas” naquele dia de vitória para Israel. Débora no acampamento, iniciou a
conquista e Jael, na tenda, a consolidou, ao matar Sísera, general do exército
cananeu.
3. Nos dias
atuais, as mulheres também ocupam um espaço preponderante na obra de Deus e
jamais devem ser desprezadas pelos homens, desde que atuem em plena submissão e
concordância dos que ministram a Igreja do Senhor.