EU SOU A PORTA
JO 10.7-9
José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
1. Há algum tempo atrás, vimos
como Jesus, a partir da metáfora da luz, se colocou como a "luz do
mundo", mostrando a seus discípulos que aqueles que o seguissem não
andariam em trevas, mas seriam guiados, protegidos pela luz divina.
A luz divina gera dentro
de nós a vida, a vida de Deus! Como isso nos transformamos em depositários da
luz de Deus, com a responsabilidade de espalhar essa luz àqueles que caminham
sem Deus nas trevas deste mundo.
Mateus nos informa que
Jesus em seu nascimento, iluminou aqueles que viviam "... na região da
sombra da morte", Mt 4.16.
2. Hoje, estaremos
iniciando algumas mensagens falando sobre outra metáfora que envolve a vida de
Cristo, a metáfora da porta, também usada por Jesus para falar de mais uma de
suas qualificações pessoais acerca de si mesmo, usando a expressão "Eu
sou".
Sabemos da grande
utilidade da porta como instrumento de acesso a lugares fechados. A palavra
"porta", na língua grega é "thura", cujo significado é:
"uma entrada", "lugar de passagem", "abertura de
acesso".
3. Pense numa casa sem
portas! Haveria sentido? Ou mentalize um curral de
ovelhas totalmente fechado, sem qualquer abertura por onde os animais pudessem
entrar e sair. Somente alguém fora de si construiria locais fechados, sem
portas.
Ao declarar-se a
"porta", Jesus fornece acesso, liberdade, abrigo, entre outras
coisas. Vejamos alguns pontos relacionados a Jesus como sendo a porta:
I. COMO A "PORTA",
JESUS SE COLOCA COMO ÚNICO E EXCLUSIVO RECURSO DE SALVAÇÃO ETERNA PARA O HOMEM
1. Veja a expressão utilizada
pelo Senhor: "Se alguém entrar por mim, será salvo...", v.9. A palavra "salvo" dentro
do texto, vem da palavra grega "sozo", cujo sentido é: "salvar
do perigo ou da destruição", "curar", "restabelecer a
saúde", "libertar". Porém, num sentido mais completo tem a ver
com a "salvação da alma".
É no sentido de
"salvar a alma", que estaremos empregando esta palavra.
2. Ao buscarmos Jesus como
sendo a "porta", ao entrarmos por Ele, alcançamos a salvação e a
libertação do poder do diabo. Sabemos que o homem sem Deus está perdido pela
sua condição de pecador e injusto perante o Criador:
a) A condição de miserabilidade do homem atual é colocada com
clareza na carta de Paulo aos romanos:
- Rm 3.10-18, "10 como está escrito: Não há justo, nem
um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12 todos se
extraviaram, a uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer. 13 A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano,
veneno de víbora está nos seus lábios, 14 a boca, eles a têm cheia de maldição
e de amargura; 15 são os seus pés velozes para derramar sangue, 16 nos seus
caminhos, há destruição e miséria; 17 desconheceram o caminho da paz. 18 Não há
temor de Deus diante de seus olhos".
- Rm 3.23, "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus".
b) Nesta condição, o homem caminha para a perdição eterna, uma vez
que o "salário do pecado (injustiça) é a morte...":
- Rm 6.23, “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
3. A única solução para a
questão do pecado na vida do homem perdido é Jesus. Ele é a porta de acesso!
a) Quando deixou o seu lar na glória para habitar entre os homens,
Jesus tinha como objetivo principal "buscar e salvar os perdidos":
- Lc 19.10, "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se
havia perdido".
É o pecado que nos tornou
"perdidos" e distantes de Deus. Jesus veio para nos "achar"
e nos levar de novo ao encontro de Deus, condição esta, perdida em razão do
pecado adâmico.
b)
Uma parábola importante para ilustrar a presente verdade, é a Parábola da
Ovelha Perdida:
- Lc 15.4-7, "4 Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e
perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a
perdida até que a encontre? 5 E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de
júbilo; 6 e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos
comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido. 7 Digo-vos que assim
haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa
e nove justos que não necessitam de arrependimento".
Observe a
"festa" ocasionada pelo encontro da ovelha extraviada! Assim também,
há uma grande festa nos céus quando um pecador reconhece o seu estado de
miserabilidade perante Deus, se arrepende e volta ao aprisco divino.
4. Outras passagens
bíblicas nos esclarecem ainda mais sobre esta verdade:
a) Sobre Jesus:
- Ele veio não para julgar, mas sim salvar,
Jo 3.17, "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele".
Ver ainda Jo 12.47, "E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar,
eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o
mundo".
- Ele é o único meio de salvação,
At 4.12, "E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu
nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos".
Ver ainda 1Tm 2.5, "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem".
b) Sobre a salvação:
- Ela é concedida mediante a graça de Deus,
At 15.11, "Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do
mesmo modo que eles também".
Ver também Ef 2.8, "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não
vem de vós, é dom de Deus".
- Ela é concedida através da fé,
At 16.30-31, "30 e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é
necessário fazer para me salvar? 31 Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e
serás salvo, tu e tua casa.".
- Ela exige arrependimento e conversão do homem,
Lc 24.47, "... e que em seu nome se pregasse o arrependimento para
remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém".
Ver ainda At 3.19, "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam
apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da
presença do Senhor”.
5. Muitos outros textos
poderíamos citar para falar sobre a doutrina da salvação. Porém, julgamos que
os apresentados são suficientes para mostrar o plano de Deus em buscar e salvar
perdido. Quem entra pela porta do aprisco, Jesus, é salvo!
II. SENDO A "PORTA",
JESUS CONCEDE A LIBERDADE DE IR E VIR PARA O HOMEM
1. Perante o Criador, o homem
tem livre-arbítrio. Olhe com atenção o v.9:
"Eu sou a porta. Se
alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem".
Deparamo-nos aqui com as
palavras "entrará e sairá", o que nos sugere que temos liberdade para
receber a salvação de Deus, como também de recusá-la. Deus não criou o homem
como um "robô" movido a controle remoto, mas com liberdade de
escolha!
Porém, assim como temos
liberdade para escolher entre aceitar ou recusar a vida de Deus, temos também
responsabilidade para arcar com nossos atos contrários à vontade soberana do
Deus Eterno, bem como com suas consequências!
2. Este conceito de
livre-arbítrio já é visto no Velho Testamento, onde Deus dá liberdade de
escolha ao homem em questões cruciais:
a) Escolha entre a vida e o bem, a morte e o mal,
Dt 30.15, "Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o bem, a morte e
o mal".
O povo deveria optar pela
vida e o bem para receber o melhor de Deus. Poderia também fazer opção pelo mal
e a morte, e amargar o desastre da escolha.
b) Escolha entre a vida e a morte, a bênção e a maldição,
Dt 30.19, "O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que
te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a
vida, para que vivas, tu e a tua descendência".
Como no versículo acima, a
morte e a vida são colocadas num paralelo entre a bênção e a maldição, alvos de
escolha pelo povo. Dependendo do rumo que tomassem, poderiam ser abençoados, ou
amaldiçoados.
c) Escolha entre Deus e os deuses falsos,
Jo 24.15, "Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei
hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que
estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém
eu e a minha casa serviremos ao Senhor".
O povo havia tomado posse
da terra, e Josué sabia da preferência de alguns deles pela adoração de deuses canaanitas.
A opção para escolha fica a critério do povo. Porém Josué é claro em sua tomada
de posição: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor".
d) A opção de Moisés,
Hb 11.24-26, "24 Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou ser chamado
filho da filha de Faraó, 25 escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus
do que ter por algum tempo o gozo do pecado, 26 tendo por maiores riquezas o
opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a
recompensa",
Observe que, embora Deus
tivesse preparado Moisés desde o seu nascimento para ser o libertador de seu
povo da escravidão egípcia, ele não foi forçado a deixar Egito e suas riquezas
para servir a Deus. Pelo contrário, ele o fez de livre e espontânea vontade!
c) A opção de Esaú,
Hb 12.16-17, “16 nem haja algum impuro ou profano,
como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura.
17 Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi
rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o
tivesse buscado”.
“Esaú... Por sua própria escolha
tornou-se profano, ou amante das coisas terrenas e sensuais, de modo que perdeu
as duas coisas, o direito da primogenitura e a sensibilidade espiritual”
(Comentário de Moody).
Sua postura fechou-lhe todas as
oportunidades de um retorno para Deus, pois algum tempo depois querendo receber
a bênção foi rejeitado. Sua rejeição foi em razão de sua banalização das coisas
sagradas. Trocou uma vida em Deus por um momento de prazer mundano.
3. Deixando um pouco o
conceito de livre-arbítrio do Velho Testamento, onde o povo podia escolher
entre vida e morte, entre bênção e maldição, entre o Deus-Poderoso e outros
deuses, voltemos ao Novo Testamento, onde a ideia da liberdade de escolha pelo
homem é mais abrangente, senão vejamos:
a) Perder ou salvar a vida,
Mt 16.25, "...pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim
perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á".
A liberdade de escolha
entre salvar ou perder a vida está em nossas mãos! É evidente que aqui Jesus
está falando, não de perder a vida física no sentido de morte física, mas
perder a vida mundana, para ter a vida de Deus! Aquele que não está disposto a assumir os riscos
envolvidos em ser um seguidor de Cristo termina por perder sua vida eterna.
Porém, o inverso também é verdade.
b) Crer ou não crer,
Mc 16.16, "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer
será condenado".
É pela fé que recebemos a
salvação! Mas, é pela falta de fé no Filho de Deus que podemos receber a
condenação. O ter fé, ou não ter fé, é do homem! Ou cremos, ou não cremos!
c) Receber ou rejeitar,
Jo 1.11-12, "11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12
Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder
de se tornarem filhos de Deus".
A expressão "os
seus", tem a ver com os judeus que optaram pela rejeição de Jesus e foram
rejeitados por Deus; já, "os que creem no seu nome", são aqueles que,
embora não sendo judeus, aceitaram a graça de Deus e se tornaram participantes
da vida eterna.
d) Luz e trevas,
Jo 3.19, "E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens
amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más".
Observe que o contexto deste versículo nos fala de fé, ou
descrença em Jesus,
Jo 3.17-21, “17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18 Quem nele crê
não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do
unigênito Filho de Deus. 19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os
homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. 20
Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a
fim de não serem arguidas as suas obras. 21 Quem pratica a verdade aproxima-se
da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus”.
Quem crer não é julgado,
mas quem não crer recebe condenação, juízo! Qual é a razão de muitos não
crerem? É porque amam intensivamente o mundo (trevas) em detrimento da vida em
Deus (luz).
4. Certamente, como
homens, está em nossas mãos, o aceitar ou rejeitar o plano divino de salvação!
III. SENDO A
"PORTA", JESUS FORNECE ACESSO DE ALIMENTO ESPIRITUAL AO HOMEM
1. "Se alguém entrar
por mim... achará pastagem", v.9.
A expressão "achará
pastagem", tem a ver com o alimento das ovelhas. Sabemos que uma das
funções do pastor de ovelhas nos tempos bíblicos era providenciar alimento ao
rebanho, o que se tornava uma tarefa árdua, em virtude do clima desértico da
Palestina.
Devido ao clima desértico
na região, os pastos verdes eram muito raros, escassos, e muitas vezes para
procurá-los, o pastor empreendia juntamente com o rebanho, longas viagens. É
muito como na linguagem do Velho Testamento a expressão “pastos no deserto”,
Jl
2.22, “Não
temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o
arvoredo dará o seu fruto, a figueira e a vide produzirão com vigor”.
2. Jesus é o pastor por
excelência! Nada descreve melhor o seu amor e cuidado pelas suas ovelhas do que
o Salmo 23:
Vs.1-2, “1 O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. 2 Ele me faz
repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso”.
Este texto fala de como
Deus se preocupa com a provisão de alimentos ao rebanho. Observe que o salmista
não somente fala da garantia de comida – "pastos verdejantes", como
também faz alusão à bebida – "águas tranquilas".
Debaixo do cuidado do
Senhor nossa fome e sede espirituais são saciadas! "Nada nos
faltará"!
3. Queremos ver alguns
exemplos bíblicos de como a nossa fome pode ser saciada:
a) No Antigo Testamento.
1) Melquisedeque, Gn 14.18, “Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão
e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo”.
Sabemos
que Melquisedeque é uma figura de Deus. Não é por acaso que a Palavra de Deus
menciona que quando este personagem veio ao encontro de Abraão, trouxe “pão e
vinho”. Pão e vinho na cultura bíblica se refere à abundância de alimentos:
Êx 23.25, “Servireis ao SENHOR, vosso Deus, e ele
abençoará o vosso pão e a vossa água; e tirará do vosso meio as enfermidades”.
Ao
transmitir o decálogo divino e as demais instruções legais ao povo, Moisés fala
que Deus, mediante a obediência deles, não deixaria de provê-los com “pão e
água”, mesmo em meio ao deserto.
Ec 9.7,
“Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois
Deus já de antemão se agrada das tuas obras”.
Sempre haverá fartura de
pão e vinho para aqueles que sevem a Deus de coração!
Como Melquisedeque é uma
figura de Deus, entendemos que o suprimento levado a Abraão tinha a ver com o
fato de que Deus se agradara dele e com isso lhe forneceu suprimentos materiais
e espirituais.
2) Maná, Dt 8.3, “Ele te humilhou, e te deixou ter fome,
e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam,
para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que
procede da boca do SENHOR viverá o homem”.
Todos
sabemos da importância do maná no sustento dos israelitas durante sua caminhada
no deserto. Este fato não somente impactou aquela geração, mas também ficou marcante
na mente e no coração do povo de Deus nas gerações futuras, o maná sempre era
lembrado em momentos de celebração:
Ne
9.20, “E lhes concedeste o teu bom Espírito, para os
ensinar; não lhes negaste para a boca o teu maná; e água lhes deste na sua
sede”.
Com
líder do povo na reconstrução dos muros de Jerusalém na volta do cativeiro,
Neemias traz à memória do povo que Deus nunca negou a eles o alimento – maná,
suprindo-os também com água para matar-lhes a sede.
Sl 78.24,
“fez chover maná sobre eles, para alimentá-los, e lhes deu cereal do céu”.
Aqui o salmista fala do
“maná” vindo sobre eles como um cereal caindo do céu. Nossas provisões precisam
vir dos céus!
Até mesmo Jesus fala do maná que desceu do céu:
Jo 6.31, “Nossos pais comeram o maná no deserto,
como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu”.
3) A Palavra de Deus, Jr 15.16, “16 Achadas as tuas palavras, logo as
comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu
nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos”.
Observe que a Palavra de
Deus foi ingerida pelo profeta, o que lhe trouxe “gozo e alegria” ao coração.
Num outro exemplo ela é destacada como sendo doce como mel:
Ez 2.9-10, “9 Então, vi, e eis que certa mão se
estendia para mim, e nela se achava o rolo de um livro. 10 Estendeu-o diante de
mim, e estava escrito por dentro e por fora; nele, estavam escritas
lamentações, suspiros e ais”.
Ez 3.1-3,
1 Ainda me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, vai e
fala à casa de Israel. 2 Então, abri a boca, e ele me deu a comer o rolo. 3 E
me disse: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre e enche as tuas entranhas
deste rolo que eu te dou. Eu o comi, e na boca me era doce como o mel”.
Porém, nem sempre a Palavra de Deus é doce ao paladar,
Ap 10.8-10, “8 A voz que ouvi, vinda do céu, estava
de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão
do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. 9 Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe
que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele
será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel. 10
Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como
mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo”.
A Palavra de Deus se torna amarga quando ela trata como os nossos
pecados e com o nosso comportamento errado diante de Deus,
Jr 19.13, “Ouvi a palavra do SENHOR, ó reis de
Judá e moradores de Jerusalém. Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de
Israel: Eis que trarei mal sobre este lugar, e quem quer que dele ouvir retinir-lhe-ão
os ouvidos”.
Aqui
a profeta Jeremias transmite a Palavra de Deus mostrando ao povo seu
descontentamento e o mal que lhes sobreviria em razão de seu pecado e
desobediência.
b) No Novo Testamento.
1) Jesus, Jo 6.57, "Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai,
assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim".
- Veja no texto a
expressão: "... quem de mim se alimenta, também viverá por mim".
Assim como ao comermos, os
alimentos se transformam em sangue, cabelo, unhas, etc., mantendo a vida do
nosso corpo, ao nos alimentarmos de Jesus, sua vida será produzida em nós e nos
manterá espiritualmente vivos!
- Daí, a importância da
Ceia do Senhor, que deve ser realizada periodicamente pela Igreja, não somente
para lembrar a morte e o sofrimento do Senhor - seu objetivo principal -, mas
também isso, porque ao participarmos dela nos alimentamos espiritualmente da
vida de Deus!
1Co 11.24-25, “24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo,
que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 25 Por semelhante modo,
depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova
aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de
mim”.
Se como objetivo principal
a Ceia do Senhor nos leva a lembrança do sacrifício no Calvário, o seu objetivo
secundário, é ativar nossa memória sobre o fato de que diariamente precisamos
nos alimentar de Jesus, mantendo desta maneira nossa vida espiritual em dia!
2) A oração do Pai-Nosso, Mt 6.11, “o
pão nosso de cada dia dá-nos hoje”.
Nessa oração chamada a
“oração modelo”, Jesus faz referência ao pão que deve ser buscado diariamente
junto a Deus. De certa forma tem a ver com a nossa dependência material e
espiritual do Senhor. Na verdade precisamos pedir até aquilo que Deus já nos
concedeu. Deus se alegra quando manifestamos nossa total dependência dele.
3) A Palavra de Deus.
Outro meio de alimentação espiritual é a própria palavra de Deus,
que gera em nós crescimento:
a) Ela é "o puro leite espiritual",
1Pe 2.2, "...desejai como meninos recém-nascidos, o puro leite
espiritual, a fim de por ele crescerdes para a salvação".
Ao recebermos a salvação
de Deus, não podemos ficar estáticos, bebês eternos! Urge que cresçamos! A
ração necessária para o nosso crescimento, não é outra a não ser a própria
Palavra de Deus, lida e absorvida por nós.
No dizer de Jeremias a Palavra precisa ser "comida",
Jr 15.16, "Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas
palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó
Senhor Deus dos exércitos".
b) Ela é a nossa arma de ataque,
Ef 6.17, “Tomai também o capacete da salvação e a
espada do Espírito, que é a palavra de Deus”.
Todo crente que ingere a
Palavra de Deus com responsabilidade estará armado quando chegarem as tentações
e insinuações do nosso inimigo. Não foi com a Palavra de Deus que Jesus se
defendeu e contra atacou quando o diabo tentou destruir seu objetivo? Veja Mateus 4.1sess.
c) Ela deve ser praticada,
Hb 5.12-14, "12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo
ao tempo decorrido, necessitais de que se vos torne a ensinar os princípios
elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito tais que precisais de
leite, e não de alimento sólido. 13 Ora, qualquer que se alimenta de leite é
inexperiente na palavra da justiça, pois é criança; 14 mas o alimento sólido é
para os adultos, os quais têm, pela prática, as faculdades exercitadas para
discernir tanto o bem como o mal".
- Fica claro, que no
início de nossa vida em Deus, precisamos buscar o conhecimento de sua Palavra
para crescermos espiritualmente. O nosso crescimento espiritual será
proporcional ao tempo que nos dedicarmos à leitura, oração e meditação nas
Escrituras. Quem não agir assim, não crescerá na sua vida em Deus!
- No dizer do escritor da
Carta aos Hebreus, não podemos ficar apenas nos "... princípios elementares
dos oráculos de Deus", mas buscarmos princípios mais profundos. Na
verdade, o que ele faz é nos exortar a praticar o que estamos aprendendo
através da meditação e leitura da Palavra.
- Observamos ainda que Tiago acrescenta o fato de que precisamos
praticar a Palavra de Deus,
Tg 1.22, "E sede cumpridores da palavra e não somente
ouvintes...".
A palavra "cumpridores"
vem do grego "poietes" que em algumas versões é traduzida por
"praticantes", o que nos sugere que a leitura bíblica sem a devida
prática, não produz vida, não gera crescimento!
No dizer de Tiago, quando
não praticamos a Palavra de Deus, estaremos apenas, "... enganando-nos a
nós mesmos", Tg 1.22.
5. Se quisermos crescer em
nossa vida espiritual, não podemos negligenciar a comunhão como o Senhor e a
leitura meditativa em sua Palavra!
CONCLUSÃO:
1. Ao Jesus declarar que é
a "Porta", entendemos que ele nos oferece:
a) Salvação para a alma;
b) Liberdade de escolha;
c) e alimentação espiritual.
2. Outras ideias poderiam
ainda ser discutidas, como por exemplo: a segurança de estar em seu abrigo, seu
amor acolhedor, etc. Porém, cremos que os princípios aqui discutidos serão
úteis para aqueles que desejam aprofundar-se no estudo das Escrituras,
objetivando o melhor proveito. Que Deus os abençoe ricamente!