IGREJA, UMA FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS

Rm 12.9-21

http://www.sfnet.com.br/~walter.pacheco/meusermoes.htm

 

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

INTRODUÇÃO

 

Estamos a pensar na família. Fizemos uma introdução a todo o estudo que é a base de todos estes estudos. O tema foi: Refletindo sobre a Família. É muito importante refletir sobre a família, mas refletir dentro da perspectiva do Criador. Sendo assim, vimos no primeiro estudo o seguinte:

 

1) Família deve refletir a imagem de Deus e sua soberania:

 

Gn 1.26-31, “26 Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. 29 E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. 30 E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. 31 Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia”.

 

2) A família é o lugar onde a solidão é banida e o companheirismo e compromisso são valorizados:

 

Gn 2.18-25, “18 Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. 19 Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. 20 Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. 21 Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. 25 Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam”.

 

 

3) A família vive sob a influência da queda que trouxe maldição à toda criação:

 

Gn 3.1-13, 20, “1 Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 2 Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, 3 mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. 4 Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. 6 ¶ Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. 7 Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. 8 Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. 9 E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? 10 Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. 11 Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? 12 Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi 13 Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi”.

 

Partimos do ideal de Deus, o projeto inicial e vimos o que a queda fez com a humanidade. É sobre isto que temos meditado. Vimos que o pecado afetou toda a criação do Senhor. A humanidade ficou corrompida. Em consequência disto tudo foi afetado. Os relacionamentos foram modificados. A relação do homem com Deus foi quebrada. A relação do homem com a mulher ficou abalada. É por este motivo que vemos muitos lares a serem destruídos. É por isso que vemos a violência a imperar em nossos dias.

 

Nossa sociedade é injusta. A injustiça social é gritante em nosso meio.

 

A justiça social faz com que a violência aumente. Vivemos de crise em crise e isto acontece por causa do pecado. É em consequência à queda.

 

Muitas vezes pais fecham os olhos para o que está a acontecer com os seus filhos. Não percebem que eles estão a ser agentes cativos da violência. Violência gera violência. Quem é violentado na área social vai produzir violência física muitas vezes.

 

Mas por que estou a falar tudo isto? Onde isto se relaciona com o tema da mensagem?

 

Quero dizer que isto está intimamente relacionado com a igreja. Não o conceito muitas vezes distorcido que temos de igreja como sendo um lugar para pessoas boas. A igreja é lugar de acolhimento. É o lugar para os que estão doentes e necessitam de cura. Veja as palavras do Senhor Jesus: "Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores":

 

Mc 2.16-17, “16 Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores”.

 

Mt 9.10-13, “10 E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. 11 Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. 13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento”.

 

A igreja é para quem necessita ser curado. Quem reconhece que tem um problema sério chamado pecado e necessita ser perdoado por Jesus. Tens consciência disto?

 

Na realidade o que quero dizer é que só faz parte da igreja quem chegou com suas mazelas e lavou-as no sangue de Cristo. Quem foi santificado (purificado), justificado (inocentado) em o nome do Senhor Jesus e no Espírito de Deus. A igreja é a comunidade dos "ex". É a comunidade dos que deixaram suas mazelas e foram lavados pelo precioso sangue de Jesus:

 

1Co 6.9-11, “9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. 11 Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.

 

Fomos feitos novas criaturas e agora caminhamos em novidade de vida:

 

2Co 5.17, “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”.

 

Qual é o nosso conceito de Igreja? Qual o teu conceito de Igreja?

 

Meu conceito de igreja é o seguinte:

 

Igreja é o ideal de Deus para o mundo. Ser igreja é ser família. Somos filhos do mesmo Pai. Tratamo-nos por irmãos. Sendo assim, devemos agir como membros da mesma família. Somos família através do sangue precioso de Jesus e nada poderá quebrar esta união que existe entre nós.

 

A questão que devemos responder é a seguinte:

 

Como podemos como igreja ser família para as famílias?

 

 

I. SEREMOS UMA FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS, QUANDO O AMOR FOR UMA REALIDADE

VS.9-11

 

9 O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. 11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;

 

Amor não é sentimento. Amor é ação. É atitude positiva em relação ao outro. Note que o texto diz que o amor não deve ser fingido (tem que ser sem hipocrisia). Geoffrey B. Wilson cita o comentário Vine e diz o seguinte: "O amor cristão, quer dirigido aos irmãos, quer aos homens em geral, não é um impulso advindo das emoções, não corre sempre de acordo com as inclinações naturais, não se derrama apenas sobre aqueles com quem alguma finalidade é descoberta." (Vine) E é assim porque o amor cristão é sempre modelado em uma experiência do amor sacrificial de Deus, um amor que não olha em momento algum para o merecimento ou não de seus objetos (cf. Rm 5.8)."[1]

 

Amar é ter ações que se tornam em ações positivas em relação aos outros. É o que nos diz Paulo no capítulo 5.8: "Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós." E se assim é, como é que nós provamos o nosso amor?

 

1.1 - Quando aborrecemos o mal e agarramo-nos ao bem v.9 - O texto diz que devemos rejeitar o mal. Devemos aborrecer o mal. Temos que virar completamente nossas costas ao mal. Isso só é possível quando amamos o Senhor. Veja o que o Salmista diz: "Pelos teus preceitos alcanço entendimento, pelo que aborreço toda vereda de falsidade", Sl 119.104. O salmista diz que para vivermos este amor não fingido devemos conhecer a Palavra do Senhor.

 

O que estamos a dizer é que devemos agir com amor e isto significa que não devemos valorizar defeitos. Não podemos depreciar as pessoas por causa das suas falhas. Desprezamos o pecado e amamos o pecador. Jesus mostrou esta realidade de modo muito claro, Jo 8.1-11. Ele condenou o pecado da mulher samaritana, mas amou a pecadora. O amor de Jesus a restaurou. É este amor que devemos nutrir uns pelos outros.

 

1.2 - Quando desejamos estar juntos v.10 - Note que o texto diz: preferindo-vos em honra. É desejar a exaltação do outro. A uma correlação com o versículo anterior. "O amor referido no versículo 9 é o amor demonstrado aos nossos semelhantes e, neste contexto, refere-se particularmente ao amor manifestado na comunidade da igreja. Porém, neste e nos versículos seguintes são mencionadas diversas expressões desse amor. É evidente que nesta instância a comunhão dos santos é vista como um relacionamento familiar, que, por isso mesmo, exige aquilo que corresponde, na vida da igreja, a afeição que os membros de uma família mantêm uns pelos outros."[2] O que está a ser dito aqui é que as pessoas que aqui chegam devem sentir o amor. Elas necessitam ver que realmente nos amamos. Se uma pessoa que nunca ouviu falar de Jesus entrasse na igreja e ouvisse a mensagem de amor da graça, será que ela poderia conciliar a palavra com as nossas vidas?

 

O texto diz que devemos nos amar cordialmente. Pedro diz o seguinte: "tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados", 1Pe 4.8. O termo ardente é intenso. A ideia no grego algo forçado, no sentido de esforço. Atletas que estão a se preparar para competições e estão a se esforçar ao máximo para estarem preparados. Sendo assim, Pedro estar a dizer-nos que devemos nos esforçar para estar juntos dos nossos irmãos e a demonstrar amor a eles. É fácil de compreendermos o porquê disto: "Se há um tempo em que necessitamos nos unir, este dia é hoje. Não brinque com o inimigo. Este é o momento de permanecermos unidos. Não desperdice seu precioso tempo criticando outros cristãos. Não perca seu tempo criticando outra igreja de outro pastor. Passe seu tempo animando uns aos outros, em fervente amor."[3] Deseje estar com as pessoas, mas deseje estar com elas para demonstrar amor autêntico e verdadeiro.

 

1.3 - Promovendo cuidado v.11 - Aqui há três ideias. Elas mostram como devemos agir e o porquê deste agir. Primeiro diz que devemos nos esforçar com diligência. É necessário amparar uns aos outros. Há momentos que necessitamos consolar uns aos outros, Is 40.1, “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. Infelizmente, é triste reconhecer isto, mas muitas vezes falhamos nesta área. Para ilustrar este facto quero contar-vos uma história. Um pastor que amou sua igreja e o trabalho pastoral. Sempre apoiou seus colegas. Ficou doente e não pôde mais participar das reuniões da ordem dos pastores. Ele teve que deixar o ministério pastoral. Sua igreja continuou apoiando-o. Amparando-o. Seus colegas, salvos raríssimas exceções foram visitá-los em seu leito de dor. Não foi demonstrado cuidado. Entretanto, Paulo diz que devemos ser fervorosos no cuidado. É esta atitude que fará com que nossa vida devocional está a espelhar aqui que realmente somos. Nossas palavras condizem com nossas ações. Tudo o que fazemos deve ser feito no Senhor. É preciso entender que as pessoas são nossa prioridade. Vivemos para as pessoas. Como disse Swindoll: "Preocupar-nos com as pessoas, interessando-nos de fato por seu mundo, sua situação e seus cuidados, ainda é o método mais eficaz de ganhar os perdidos."[4]

 

 

II. SEREMOS UMA FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS QUANDO NOS IDENTIFICARMOS COM AS NECESSIDADES REAIS DAS FAMÍLIAS

VS.12-17

 

12  regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; 13  compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; 14  abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. 15  Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. 16  Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. 17  Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens”

 

Não podemos viver isolados do mundo. Não podemos viver presos a uma micro ética. Se agirmos assim, não atingiremos as pessoas. Nossa visão é muito reducionista. Nós, os evangélicos, estamos sempre preocupados com o pecado pessoal - mentir, adulterar, etc. - mas raramente levantamos nossa voz contra as estruturas sociais pecaminosas. Isto porque a própria igreja usa dessa estrutura social para enriquecer a si e também à sua instituição."[5] Devemos tocar no cerne da questão. Temos que aprofundar a coisas.

 

Como é que nos identificamos com as pessoas?

 

2.1 - Quando partilhamos as alegrias vs.12,15 - Eis aqui algo muito complicado. Alegrar-se com os que estão alegres. Talvez alguém diga que isto é fácil, mas é extremamente complicado. É complicado por causa do pecado que nos destruiu. Paulo toca numa questão delicada. O ciúme e a cobiça. "O maior problema de todos é o do ciúme e da inveja. Pode-se dizer que o mais alto que uma pessoa natural pode subir é a evitar a inveja, e mesmo isso é quase impossível. Pode-se chegar ao estágio em que não é demonstrada inveja, mas existe uma real diferença entre demonstrar e não sentir. A questão é que não devemos nem sentir inveja. No entanto, isso é negativo, enquanto o apóstolo é bastante positivo. Diz ele que você deve ter prazer positivo na alegria do seu irmão na fé; você deve realmente envolver-se em sua felicidade e alegrar-se com o sucesso ou com o que quer que seja que o esteja levando a alegrar-se. A ação negativa não é o suficiente."[6] Devemos nos alegrar genuinamente com os nossos irmãos. As alegrias e conquistas deles devem ser nossas alegrias e conquistas.

 

2.2 - Quando partilhamos as tristezas vs.13-15 - Partilhar é dividir. É poder fazer com que a dor do outro se torne mais leve. Acudir é socorrer. Chorar é prantear, entristecer juntamente. Isto só é possível acontecer se houver identificação. Se nos pusermos no lugar do outro. Para ilustrar esta situação vou partilhar uma experiência pessoal. Quando minha mãe faleceu, estávamos na igreja e muita gente chegava, falava a tentar nos consolar. Entretanto, veio uma irmã muito querida, missionária norte-americana, Doris Bellington, deu-me um abraço e calda chorou comigo. Minha dor e tristeza foram partilhadas ali naquele momento. Ela foi sensível o suficiente para compreender o momento. A igreja necessita ter esta capacidade de sentir com. Necessita partilhar a tristeza, suavizar a dor. Se fizer assim, será família para as famílias.

 

2.3 - Quando partilhamos nossos bens e vidas v.13 - Agora a coisa complicou. Partilhar um pouco de mim tudo bem, mas dos meus bens é mais complicado. Será que não pensamos assim?

 

 Jerry White escreveu o seguinte: "Os verdadeiros cristãos abrem suas vidas aos outros. Permitem que eles invadam sua privacidade e tomem seu tempo. Deixam que olhem dentro dos recantos privados de sua vida. Os lares estão sempre abertos aos outros e a agenda se ajusta às necessidades alheias. Restringem suas liberdades pessoais. Permitem que os outros influenciem suas escolhas relacionas à diversão e outras atividades."[7] Entregue-se aos demais, seja família para eles.

 

2.4 - Quando partilhamos nossa vida espiritual vs.12,16-17 - Perseverar na oração. Acomodando-se as coisas simples. Isto só é possível em consequência desta vida íntima de comunhão com o Senhor. Quando se vive o compromisso de um relacionamento íntimo com o Senhor e permitimos que Ele nos oriente. Quando procuramos nossos irmãos para que nos ajudem e nos orientem naquilo que temos dúvidas. Ninguém é igreja sozinho. Igreja é família. E se os que chegam destroçados, destruídos pelo pecado virem que somos esta família que se ampara e param para meditar no que o Senhor tem preparado para nós, eles desejarão fazer parte desta família. É fundamental, partilhar a vida espiritual. O Senhor Jesus disse o seguinte: "E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide (indo), fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos", Mt 28.18-20. É uma caminhada de partilha.

 

 

III. SEREMOS UMA FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS, QUANDO APRENDERMOS A VENCER AS NOSSAS LUTAS

VS.18-21

 

18  se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; 19  não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. 20  Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. 21  Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”.

 

Paulo era muito lúcido. Era uma pessoa muito sensata. Ele reconhecia a dificuldade da caminhada cristã. Note que ele diz que há crises na vida familiar da igreja. Ele não escamoteia, mas mostra que devemos nos esforçar para que a paz reine em nosso meio.

 

Como é que vencemos as nossas lutas?

 

3.1 - Quando nos esforçamos para manter a paz v.18 - É o desejo de não alimentar a confusão. Esforçamo-nos para não ficar com relacionamentos partidos. Lutamos para que possamos continuar os laços de amizade, mas note que Paulo diz que muitas vezes não é possível. O cristão esforça-se para promover a paz. Enquanto estiver nele e depender dele e lutará pela paz. Ser família para as famílias é ser um pacificador, Mt 5.9, “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”. Um cristão procura estar em paz com todas as pessoas, Hb 12.14, “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Ele tem consciência que isto é testemunho. Quando as pessoas virem esse ambiente de paz, desejarão fazer parte desta família.

 

3.2 - Quando não alimentamos sentimentos de vingança v.19 - Não fica bem um cristão iracundo. Não fica bem viver em uma família quezilenta. Não buscamos a vingança porque o verdadeiro amor, o amor que devemos nutrir uns pelos outros perdoa. Como Paulo escreveu em Coríntios: "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá", 1Co 13.7-8. Quem vive este amor consegue ultrapassar as traições da vida. Sente o amor do Senhor e se deixa encher deste amor para poder perdoar o que parece imperdoável.

 

Quem não se vinga é porque está cheio do amor do Senhor. É uma pessoa que compreendeu que deve fazer o mesmo que o seu Senhor. Reflita no seguinte: Se Jesus perdoou todos os seus pecados, tudo quanto você já fez, quem é você para não perdoar o pecado do seu semelhante?

 

Se vivermos esta realidade de perdão, as pessoas encontrarão na igreja uma família.

 

3.3 - Quando demonstrarmos generosidade e benignidade vs.20-21 - Paulo diz que não devemos ser destruídos pela força maléfica que rege este mundo. Ele diz que devemos vencer o mal com o bem. Essa vitória passa pelas atitudes que temos diante dos outros.

 

Se tens consciência de quem é o teu adversário e ele está em aflição, ajuda-o. Sê presente na vida dele e propicia-lhe o melhor.

 

Não é apenas não se vingar, mas é ser generoso e bondoso para com aqueles que nos ferem. Se as pessoas nos virem manifestar um amor autêntico, elas reconhecerão o Senhor em nosso meio e entregarão suas vidas Ele. Como é que temos agido?

 

Qual tem sido nossa atitude em relação aos que nos perseguem?

 

Estamos a ser uma família coesa a refletir a luz do Senhor?

 

 

CONCLUSÃO

 

Igreja, uma família para as famílias. Este é o desafio que temos.

 

Aqui, pessoas chegam destroçadas. Muitas com famílias desfeitas. Outras trazem sua raiva e ressentimento. A revolta é uma realidade, mas quando aqui chegarem devem ser contagiadas pelo amor e graça do Senhor Jesus.

 

Aqui elas devem sentir o fluir do perdão. Não podem ser julgadas, mas amadas e acolhidas. O perdão deve ser uma realidade na vida de todos.

 

Se isto for real, seremos uma família para as famílias.

 

Que Deus nos abençoe!

 

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[1] WILSON, Geoffrey B. Romanos: Um Resumo do Pensamento Reformado, 1ª Edição, PES Editora, São Paulo 1981

 

[2] MURRAY, John. Romanos 1ª Edição Editora FIEL, São José dos Campos - SP, 2003

 

[3] SWINDOLL, Charles R. Renove Sua Esperança, 1ª Edição Editora ATOS Belo Horizonte, MG 1999.

 

[4] SWINDOLL, Charles R. A Noiva de Cristo, -- Editora Vida, São Paulo, 1996.

 

[5] SOUZA FILHO, João A. de, Violência tem solução? 1ª Edição, Editora Betânia, Venda Nova - MG, 2002

 

[6] LLOYD-JONES, D. Martyn, Romanos: exposição sobre o Capítulo 12. O comportamento Cristão, 1ª Edição PES Editora, São Paulo, 2003

 

[7] WHITE, Jerry E., O poder do compromisso: como pessoas comuns podem causar um impacto extraordinário no Mundo, 1ª Edição Editora Textus, Niterói - RJ, 2003