IGREJA, UMA
FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS
Rm 12.9-21
http://www.sfnet.com.br/~walter.pacheco/meusermoes.htm
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO
Estamos
a pensar na família. Fizemos uma introdução a todo o estudo que é a base de
todos estes estudos. O tema foi: Refletindo sobre a Família. É muito importante
refletir sobre a família, mas refletir dentro da perspectiva do Criador. Sendo
assim, vimos no primeiro estudo o seguinte:
1)
Família deve refletir a imagem de Deus e sua soberania:
Gn
1.26-31, “26 Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os
répteis que rastejam pela terra. 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes
disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja
pela terra. 29 E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que
dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que
há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. 30 E a todos os animais
da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há
fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez. 31
Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o
sexto dia”.
2)
A família é o lugar onde a solidão é banida e o companheirismo e compromisso
são valorizados:
Gn
2.18-25, “18 Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja
só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. 19 Havendo, pois, o SENHOR
Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus,
trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem
desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. 20 Deu nome o homem a
todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos;
para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. 21
Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu;
tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o
SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse
o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á
varoa, porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se
une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. 25 Ora, um e outro, o homem
e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam”.
3)
A família vive sob a influência da queda que trouxe maldição à toda criação:
Gn
3.1-13, 20, “1 Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais
selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus
disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 2 Respondeu-lhe a mulher: Do
fruto das árvores do jardim podemos comer, 3 mas do fruto da árvore que está no
meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não
morrais. 4 Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. 5
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,
como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. 6 ¶ Vendo a mulher que a árvore
era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar
entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. 7
Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram
folhas de figueira e fizeram cintas para si. 8 Quando ouviram a voz do SENHOR
Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do
SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. 9 E chamou o
SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? 10 Ele respondeu: Ouvi a tua
voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. 11 Perguntou-lhe
Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que
não comesses? 12 Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me
deu da árvore, e eu comi 13 Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que
fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi”.
Partimos
do ideal de Deus, o projeto inicial e vimos o que a queda fez com a humanidade.
É sobre isto que temos meditado. Vimos que o pecado afetou toda a criação do
Senhor. A humanidade ficou corrompida. Em consequência disto tudo foi afetado.
Os relacionamentos foram modificados. A relação do homem com Deus foi quebrada.
A relação do homem com a mulher ficou abalada. É por este motivo que vemos
muitos lares a serem destruídos. É por isso que vemos a violência a imperar em nossos
dias.
Nossa
sociedade é injusta. A injustiça social é gritante em nosso meio.
A
justiça social faz com que a violência aumente. Vivemos de crise em crise e
isto acontece por causa do pecado. É em consequência à queda.
Muitas
vezes pais fecham os olhos para o que está a acontecer com os seus filhos. Não
percebem que eles estão a ser agentes cativos da violência. Violência gera
violência. Quem é violentado na área social vai produzir violência física
muitas vezes.
Mas
por que estou a falar tudo isto? Onde isto se relaciona com o tema da mensagem?
Quero
dizer que isto está intimamente relacionado com a igreja. Não o conceito muitas
vezes distorcido que temos de igreja como sendo um lugar para pessoas boas. A
igreja é lugar de acolhimento. É o lugar para os que estão doentes e necessitam
de cura. Veja as palavras do Senhor Jesus: "Vendo os escribas dos fariseus
que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é
que ele como com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo isso,
disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim
chamar justos, mas pecadores":
Mc
2.16-17, “16 Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos
pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe
ele com os publicanos e pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes:
Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim
pecadores”.
Mt
9.10-13, “10 E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos
publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. 11
Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso
Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não
precisam de médico, e sim os doentes. 13 Ide, porém, e aprendei o que
significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e
sim pecadores ao arrependimento”.
A
igreja é para quem necessita ser curado. Quem reconhece que tem um problema
sério chamado pecado e necessita ser perdoado por Jesus. Tens consciência
disto?
Na
realidade o que quero dizer é que só faz parte da igreja quem chegou com suas
mazelas e lavou-as no sangue de Cristo. Quem foi santificado (purificado),
justificado (inocentado) em o nome do Senhor Jesus e no Espírito de Deus. A
igreja é a comunidade dos "ex". É a comunidade dos que deixaram suas
mazelas e foram lavados pelo precioso sangue de Jesus:
1Co
6.9-11, “9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de
Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem
efeminados, nem sodomitas, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. 11 Tais fostes alguns de
vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em
o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.
Fomos
feitos novas criaturas e agora caminhamos em novidade de vida:
2Co
5.17, “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as
coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”.
Qual
é o nosso conceito de Igreja? Qual o teu conceito de Igreja?
Meu
conceito de igreja é o seguinte:
Igreja
é o ideal de Deus para o mundo. Ser igreja é ser família. Somos filhos do mesmo
Pai. Tratamo-nos por irmãos. Sendo assim, devemos agir como membros da mesma
família. Somos família através do sangue precioso de Jesus e nada poderá
quebrar esta união que existe entre nós.
A
questão que devemos responder é a seguinte:
Como
podemos como igreja ser família para as famílias?
I. SEREMOS UMA FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS, QUANDO O AMOR FOR UMA
REALIDADE
VS.9-11
“9 O amor
seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. 10 Amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros. 11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo
ao Senhor;
Amor
não é sentimento. Amor é ação. É atitude positiva em relação ao outro. Note que
o texto diz que o amor não deve ser fingido (tem que ser sem hipocrisia).
Geoffrey B. Wilson cita o comentário Vine e diz o seguinte: "O amor
cristão, quer dirigido aos irmãos, quer aos homens em geral, não é um impulso
advindo das emoções, não corre sempre de acordo com as inclinações naturais,
não se derrama apenas sobre aqueles com quem alguma finalidade é
descoberta." (Vine) E é assim porque o amor cristão é sempre modelado em
uma experiência do amor sacrificial de Deus, um amor que não olha em momento
algum para o merecimento ou não de seus objetos (cf. Rm 5.8)."[1]
Amar
é ter ações que se tornam em ações positivas em relação aos outros. É o que nos
diz Paulo no capítulo 5.8: "Mas
Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores,
Cristo morreu por nós." E se assim é, como é que nós provamos o nosso
amor?
1.1
- Quando aborrecemos o mal e agarramo-nos ao bem v.9 - O texto diz que devemos rejeitar o mal. Devemos aborrecer o
mal. Temos que virar completamente nossas costas ao mal. Isso só é possível
quando amamos o Senhor. Veja o que o Salmista diz: "Pelos teus preceitos
alcanço entendimento, pelo que aborreço toda vereda de falsidade", Sl 119.104. O salmista diz que para
vivermos este amor não fingido devemos conhecer a Palavra do Senhor.
O
que estamos a dizer é que devemos agir com amor e isto significa que não
devemos valorizar defeitos. Não podemos depreciar as pessoas por causa das suas
falhas. Desprezamos o pecado e amamos o pecador. Jesus mostrou esta realidade
de modo muito claro, Jo 8.1-11. Ele
condenou o pecado da mulher samaritana, mas amou a pecadora. O amor de Jesus a
restaurou. É este amor que devemos nutrir uns pelos outros.
1.2
- Quando desejamos estar juntos v.10
- Note que o texto diz: preferindo-vos em honra. É desejar a exaltação do
outro. A uma correlação com o versículo anterior. "O amor referido no
versículo 9 é o amor demonstrado aos nossos semelhantes e, neste contexto,
refere-se particularmente ao amor manifestado na comunidade da igreja. Porém,
neste e nos versículos seguintes são mencionadas diversas expressões desse
amor. É evidente que nesta instância a comunhão dos santos é vista como um
relacionamento familiar, que, por isso mesmo, exige aquilo que corresponde, na
vida da igreja, a afeição que os membros de uma família mantêm uns pelos
outros."[2] O que está a ser dito aqui é que as pessoas que aqui chegam
devem sentir o amor. Elas necessitam ver que realmente nos amamos. Se uma
pessoa que nunca ouviu falar de Jesus entrasse na igreja e ouvisse a mensagem
de amor da graça, será que ela poderia conciliar a palavra com as nossas vidas?
O
texto diz que devemos nos amar cordialmente. Pedro diz o seguinte: "tendo
antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma
multidão de pecados", 1Pe 4.8.
O termo ardente é intenso. A ideia no grego algo forçado, no sentido de
esforço. Atletas que estão a se preparar para competições e estão a se esforçar
ao máximo para estarem preparados. Sendo assim, Pedro estar a dizer-nos que
devemos nos esforçar para estar juntos dos nossos irmãos e a demonstrar amor a
eles. É fácil de compreendermos o porquê disto: "Se há um tempo em que
necessitamos nos unir, este dia é hoje. Não brinque com o inimigo. Este é o
momento de permanecermos unidos. Não desperdice seu precioso tempo criticando
outros cristãos. Não perca seu tempo criticando outra igreja de outro pastor.
Passe seu tempo animando uns aos outros, em fervente amor."[3] Deseje
estar com as pessoas, mas deseje estar com elas para demonstrar amor autêntico
e verdadeiro.
1.3
- Promovendo cuidado v.11 - Aqui há
três ideias. Elas mostram como devemos agir e o porquê deste agir. Primeiro diz
que devemos nos esforçar com diligência. É necessário amparar uns aos outros.
Há momentos que necessitamos consolar uns aos outros, Is 40.1, “Consolai, consolai o meu povo,
diz o vosso Deus”. Infelizmente, é triste reconhecer isto, mas muitas
vezes falhamos nesta área. Para ilustrar este facto quero contar-vos uma
história. Um pastor que amou sua igreja e o trabalho pastoral. Sempre apoiou
seus colegas. Ficou doente e não pôde mais participar das reuniões da ordem dos
pastores. Ele teve que deixar o ministério pastoral. Sua igreja continuou
apoiando-o. Amparando-o. Seus colegas, salvos raríssimas exceções foram
visitá-los em seu leito de dor. Não foi demonstrado cuidado. Entretanto, Paulo
diz que devemos ser fervorosos no cuidado. É esta atitude que fará com que
nossa vida devocional está a espelhar aqui que realmente somos. Nossas palavras
condizem com nossas ações. Tudo o que fazemos deve ser feito no Senhor. É
preciso entender que as pessoas são nossa prioridade. Vivemos para as pessoas.
Como disse Swindoll: "Preocupar-nos com as pessoas, interessando-nos de
fato por seu mundo, sua situação e seus cuidados, ainda é o método mais eficaz
de ganhar os perdidos."[4]
II. SEREMOS UMA FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS QUANDO NOS IDENTIFICARMOS COM AS
NECESSIDADES REAIS DAS FAMÍLIAS
VS.12-17
“12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na
tribulação, na oração, perseverantes; 13
compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;
14 abençoai os que vos perseguem,
abençoai e não amaldiçoeis. 15
Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. 16 Tende o mesmo sentimento uns para com os
outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não
sejais sábios aos vossos próprios olhos. 17
Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante
todos os homens”
Não
podemos viver isolados do mundo. Não podemos viver presos a uma micro ética. Se
agirmos assim, não atingiremos as pessoas. Nossa visão é muito reducionista.
Nós, os evangélicos, estamos sempre preocupados com o pecado pessoal - mentir,
adulterar, etc. - mas raramente levantamos nossa voz contra as estruturas sociais
pecaminosas. Isto porque a própria igreja usa dessa estrutura social para
enriquecer a si e também à sua instituição."[5] Devemos tocar no cerne da
questão. Temos que aprofundar a coisas.
Como
é que nos identificamos com as pessoas?
2.1
- Quando partilhamos as alegrias vs.12,15
- Eis aqui algo muito complicado. Alegrar-se com os que estão alegres. Talvez
alguém diga que isto é fácil, mas é extremamente complicado. É complicado por
causa do pecado que nos destruiu. Paulo toca numa questão delicada. O ciúme e a
cobiça. "O maior problema de todos é o do ciúme e da inveja. Pode-se dizer
que o mais alto que uma pessoa natural pode subir é a evitar a inveja, e mesmo
isso é quase impossível. Pode-se chegar ao estágio em que não é demonstrada
inveja, mas existe uma real diferença entre demonstrar e não sentir. A questão
é que não devemos nem sentir inveja. No entanto, isso é negativo, enquanto o
apóstolo é bastante positivo. Diz ele que você deve ter prazer positivo na
alegria do seu irmão na fé; você deve realmente envolver-se em sua felicidade e
alegrar-se com o sucesso ou com o que quer que seja que o esteja levando a
alegrar-se. A ação negativa não é o suficiente."[6] Devemos nos alegrar
genuinamente com os nossos irmãos. As alegrias e conquistas deles devem ser
nossas alegrias e conquistas.
2.2
- Quando partilhamos as tristezas vs.13-15
- Partilhar é dividir. É poder fazer com que a dor do outro se torne mais leve.
Acudir é socorrer. Chorar é prantear, entristecer juntamente. Isto só é
possível acontecer se houver identificação. Se nos pusermos no lugar do outro.
Para ilustrar esta situação vou partilhar uma experiência pessoal. Quando minha
mãe faleceu, estávamos na igreja e muita gente chegava, falava a tentar nos
consolar. Entretanto, veio uma irmã muito querida, missionária norte-americana,
Doris Bellington, deu-me um abraço e calda chorou comigo. Minha dor e tristeza
foram partilhadas ali naquele momento. Ela foi sensível o suficiente para
compreender o momento. A igreja necessita ter esta capacidade de sentir com.
Necessita partilhar a tristeza, suavizar a dor. Se fizer assim, será família
para as famílias.
2.3
- Quando partilhamos nossos bens e vidas v.13
- Agora a coisa complicou. Partilhar um pouco de mim tudo bem, mas dos meus
bens é mais complicado. Será que não pensamos assim?
Jerry White escreveu o seguinte: "Os
verdadeiros cristãos abrem suas vidas aos outros. Permitem que eles invadam sua
privacidade e tomem seu tempo. Deixam que olhem dentro dos recantos privados de
sua vida. Os lares estão sempre abertos aos outros e a agenda se ajusta às
necessidades alheias. Restringem suas liberdades pessoais. Permitem que os
outros influenciem suas escolhas relacionas à diversão e outras
atividades."[7] Entregue-se aos demais, seja família para eles.
2.4
- Quando partilhamos nossa vida espiritual vs.12,16-17
- Perseverar na oração. Acomodando-se as coisas simples. Isto só é possível em
consequência desta vida íntima de comunhão com o Senhor. Quando se vive o
compromisso de um relacionamento íntimo com o Senhor e permitimos que Ele nos
oriente. Quando procuramos nossos irmãos para que nos ajudem e nos orientem
naquilo que temos dúvidas. Ninguém é igreja sozinho. Igreja é família. E se os
que chegam destroçados, destruídos pelo pecado virem que somos esta família que
se ampara e param para meditar no que o Senhor tem preparado para nós, eles
desejarão fazer parte desta família. É fundamental, partilhar a vida
espiritual. O Senhor Jesus disse o seguinte: "E, aproximando-se Jesus,
falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto
ide (indo), fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos", Mt 28.18-20. É
uma caminhada de partilha.
III. SEREMOS UMA FAMÍLIA PARA AS FAMÍLIAS, QUANDO APRENDERMOS A VENCER AS
NOSSAS LUTAS
VS.18-21
18 se possível, quanto depender de vós, tende
paz com todos os homens; 19 não vos
vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim
me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. 20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome,
dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto,
amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. 21
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”.
Paulo
era muito lúcido. Era uma pessoa muito sensata. Ele reconhecia a dificuldade da
caminhada cristã. Note que ele diz que há crises na vida familiar da igreja.
Ele não escamoteia, mas mostra que devemos nos esforçar para que a paz reine em
nosso meio.
Como
é que vencemos as nossas lutas?
3.1
- Quando nos esforçamos para manter a paz v.18
- É o desejo de não alimentar a confusão. Esforçamo-nos para não ficar com
relacionamentos partidos. Lutamos para que possamos continuar os laços de
amizade, mas note que Paulo diz que muitas vezes não é possível. O cristão
esforça-se para promover a paz. Enquanto estiver nele e depender dele e lutará
pela paz. Ser família para as famílias é ser um pacificador, Mt 5.9, “Bem-aventurados
os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”. Um cristão
procura estar em paz com todas as pessoas, Hb
12.14, “Segui a paz com todos e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor”. Ele tem consciência que isto é
testemunho. Quando as pessoas virem esse ambiente de paz, desejarão fazer parte
desta família.
3.2
- Quando não alimentamos sentimentos de vingança v.19 - Não fica bem um cristão iracundo. Não fica bem viver em uma
família quezilenta. Não buscamos a vingança porque o verdadeiro amor, o amor
que devemos nutrir uns pelos outros perdoa. Como Paulo escreveu em Coríntios:
"tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas
havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo
ciência, desaparecerá", 1Co 13.7-8.
Quem vive este amor consegue ultrapassar as traições da vida. Sente o amor do
Senhor e se deixa encher deste amor para poder perdoar o que parece
imperdoável.
Quem
não se vinga é porque está cheio do amor do Senhor. É uma pessoa que
compreendeu que deve fazer o mesmo que o seu Senhor. Reflita no seguinte: Se
Jesus perdoou todos os seus pecados, tudo quanto você já fez, quem é você para
não perdoar o pecado do seu semelhante?
Se
vivermos esta realidade de perdão, as pessoas encontrarão na igreja uma
família.
3.3
- Quando demonstrarmos generosidade e benignidade vs.20-21 - Paulo diz que não devemos ser destruídos pela força
maléfica que rege este mundo. Ele diz que devemos vencer o mal com o bem. Essa
vitória passa pelas atitudes que temos diante dos outros.
Se
tens consciência de quem é o teu adversário e ele está em aflição, ajuda-o. Sê
presente na vida dele e propicia-lhe o melhor.
Não
é apenas não se vingar, mas é ser generoso e bondoso para com aqueles que nos
ferem. Se as pessoas nos virem manifestar um amor autêntico, elas reconhecerão
o Senhor em nosso meio e entregarão suas vidas Ele. Como é que temos agido?
Qual
tem sido nossa atitude em relação aos que nos perseguem?
Estamos
a ser uma família coesa a refletir a luz do Senhor?
CONCLUSÃO
Igreja,
uma família para as famílias. Este é o desafio que temos.
Aqui,
pessoas chegam destroçadas. Muitas com famílias desfeitas. Outras trazem sua
raiva e ressentimento. A revolta é uma realidade, mas quando aqui chegarem
devem ser contagiadas pelo amor e graça do Senhor Jesus.
Aqui
elas devem sentir o fluir do perdão. Não podem ser julgadas, mas amadas e
acolhidas. O perdão deve ser uma realidade na vida de todos.
Se
isto for real, seremos uma família para as famílias.
Que
Deus nos abençoe!
---------------------------------------------------------------------
[1]
WILSON, Geoffrey B. Romanos: Um Resumo do Pensamento Reformado, 1ª Edição, PES
Editora, São Paulo 1981
[2]
MURRAY, John. Romanos 1ª Edição Editora FIEL, São José dos Campos - SP, 2003
[3]
SWINDOLL, Charles R. Renove Sua Esperança, 1ª Edição Editora ATOS Belo Horizonte,
MG 1999.
[4]
SWINDOLL, Charles R. A Noiva de Cristo, -- Editora Vida, São Paulo, 1996.
[5]
SOUZA FILHO, João A. de, Violência tem solução? 1ª Edição, Editora Betânia,
Venda Nova - MG, 2002
[6]
LLOYD-JONES, D. Martyn, Romanos: exposição sobre o Capítulo 12. O comportamento
Cristão, 1ª Edição PES Editora, São Paulo, 2003
[7]
WHITE, Jerry E., O poder do compromisso: como pessoas comuns podem causar um
impacto extraordinário no Mundo, 1ª Edição Editora Textus, Niterói - RJ, 2003