Lições de Uma Batalha Perdida
JS 7.1-12
Por Dennis Allan
Pr. José Antônio Corrêa
A chegada de Israel deixou
os povos da região com medo. Os escravos que saíram do Egito 40 anos antes
estavam reduzindo a nada todos os reis e exércitos que ousavam desafiá-los.
Agora, esta grande ameaça chegou na terra de Canaã. Chegaram à terra conduzidos
por Josué, o líder escolhido pelo próprio Deus. Entraram por um milagre. Quando
os sacerdotes chegaram à beira do rio Jordão, as águas pararam e o povo
atravessou em terra seca. Uma vez que entraram na terra, os israelitas
esperaram antes de começar suas conquistas. Primeiro, eles se dedicaram ao
Senhor através da circuncisão. Depois, participaram da Páscoa, uma festa de
grande importância. Leia os detalhes nos primeiros cinco capítulos do livro de
Josué.
A batalha contra Jericó (Josué 6)
O povo de Israel, guiado
por Deus, iniciou uma série de batalhas, atacando a cidade de Jericó. Era uma
cidade grande e bem fortificada, e a estratégia usada por Josué não fazia
nenhum sentido em termos militares. Mas, quando o povo obedeceu a Deus e
marchou ao redor da cidade 13 vezes, tocou as trombetas e gritou, as muralhas
da cidade caíram. Eles tomaram a cidade com facilidade inédita, e os habitantes
das outras cidades da terra ficaram aterrorizados.
A batalha contra Ai (Josué 7.1-12)
A cidade de Ai, o segundo
alvo do exército israelita, seria uma vitória fácil. Espiaram a cidade e a
acharam fraca e pequena. Josué mandou apenas 3.000
soldados, esperando uma vitória rápida. Ninguém acreditou quando os
cidadãos de Ai se defenderam. Os soldados de Israel viraram as costas e
fugiram. 36 homens morreram na batalha, e o povo de Israel foi totalmente
abalado pela derrota inesperada.
Josué e os anciãos de
Israel buscaram uma explicação de Deus. Não era somente o povo que foi
envergonhado pelo inimigo, Josué afirmou, mas o próprio nome de Deus seria
blasfemado pelos inimigos. A resposta de Deus foi rápida e direta: Israel pecou
e, por isso, perdeu a batalha. Mais ainda, Deus prometeu que continuariam
perdendo suas batalhas enquanto o pecado continuasse no meio do povo.
O pecado descoberto e removido (Josué 7.13-26)
Deus ordenou que Josué
convocasse o povo, no dia seguinte, para descobrir o pecador no seu meio. Acã,
um dos soldados da tribo de Judá, havia desrespeitado a palavra de Deus durante
a batalha de Jericó (veja Josué 6.18-19).
Em vez de destruir as coisas proibidas e entregar os metais preciosos para o
tesouro de Deus, ele levou algumas coisas para a tenda dele. Acã escondeu uma
capa babilônica, um pouco mais de 2 kg de prata e cerca de 500 gramas de ouro.
A consequência era gravíssima. Além dos 36 homens mortos na batalha, Acã, toda
a sua família e todas as suas posses foram destruídas.
A segunda batalha contra Ai (Josué 8)
Uma vez que o pecado foi
removido, o exército de Israel voltou à batalha. A segunda batalha foi bem
diferente. Deus acompanhou o povo e entregou aquela cidade, com todos os seus
12.000 moradores, nas mãos dos israelitas. Por meio dessas duas batalhas, Deus
deixou bem claro que as conquistas em Canaã não seriam alcançadas por causa de
a força militar do povo, mas através da fidelidade espiritual. Deus entregaria
os inimigos aos israelitas fiéis, ou entregaria os israelitas infiéis aos
inimigos. Tudo dependia da obediência do povo.
Lições para nós
A derrota de Israel em Ai
serve como um exemplo importante para nós. O pecado escondido de uma pessoa
custou dúzias de vidas e ameaçou o bem-estar de uma nação inteira.
Considere estas lições:
1. A importância da obediência. Podemos
imaginar Acã ou outros israelitas tentando justificar seu pecado. Um pouco de
ouro ou prata faz mal? Tem alguma coisa errada em possuir uma capa importada? O
problema não está na coisa em si, mas no fato que Deus havia proibido que os
israelitas tomassem qualquer coisa de Jericó.
Hoje, pode ser que você
não entenda o porquê de algumas regras que Deus nos deu. Faz mal satisfazer
algum determinado desejo da carne? Tem problema em tomar uma cervejinha de vez
em quando? Prejudica alguém assistir filmes com cenas de sexo? Faz mal alugar
fitas pornográficas ou comprar revistas pornográficas? Por que não furtar um
pouquinho de dinheiro quando ninguém sentirá falta? Uma mentirinha de vez em
quando vai causar problemas? Tais coisas foram proibidas porque Deus falou.
Mesmo se não entendermos os motivos dele, devemos respeitar as suas regras (1 João 3.3-10).
O perigo do pecado escondido. Muitas
pessoas pensam que o pecado oculto não prejudica ninguém. O caso de Acã mostra
que o pecado escondido pode prejudicar muitas pessoas. Acã conseguiu esconder
seu pecado de todos, mas Deus o viu (veja Hebreus
4.13 e Efésios 5.11-13). Pense
sobre algumas consequências do pecado oculto:
a) O pecado escondido tormenta a consciência. A criança com a
consciência pesada treme quando os pais a chamam. Provérbios 28.1 diz que o pecador reage da mesma forma: "Fogem
os perversos, sem que ninguém os persiga; mas o justo é intrépido como o
leão".
b) O pecado oculto pode trazer consequências terríveis. Por causa do pecado de
Acã, 36 famílias enterraram seus filhos, pais e maridos. O povo foi
envergonhado, perdendo uma batalha para um inimigo fraco. Será que outras
pessoas, até entes queridos, sofrerão por causa do seu pecado escondido? Será
que seu erro oculto levará outras pessoas à morte? Um exemplo mostrará que tais
consequências são possíveis hoje em dia: Quantas mulheres inocentes têm morrido
de AIDS por causa do pecado "escondido" do próprio marido?
c) A iniquidade escondida destrói o espírito. Considere três
versículos do Novo Testamento. Tiago
4.1 fala sobre os "prazeres que militam na vossa
carne". É linguagem
de guerra, que implica a possibilidade de perder e morrer. 1 Pedro 2.11 explica melhor quando cita "Paixões
carnais, que fazem guerra contra a alma". Quando deixamos os desejos da carne
dominar as nossas vidas, estamos destruindo a própria espiritualidade. Hebreus 12.17 mostra que podemos ficar
tão cauterizados no pecado a ponto de não conseguirmos voltar, arrependidos,
para Deus.
Como devemos lidar com pecados escondidos?
As Escrituras mostram a
necessidade de certas atitudes para se livrar do erro oculto. Considere estes
princípios bíblicos e faça as mudanças necessárias na sua própria vida:
1. Tem que parar de se enganar e
reconhecer que o seu pecado escondido está errado. Uma das defesas mais
antigas do pecador é de negar o fato do pecado. Se você consegue se persuadir
que seu hábito não é pecaminoso, a consciência não vai doer tanto. Mas o padrão
que define o pecado é a palavra de Deus, não os desejos e opiniões do homem: "...
o pecado é a transgressão da lei" (1 João 3.4). "Há
caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte" (Provérbios
14.12). Podemos fechar os olhos à verdade e recusar ouvir a palavra de
Deus, mas tal rebeldia não mudará nem um "i" da verdade revelada. "O
que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável" (Provérbios
28.9).
2. É necessário arrepender-se. O
homem procura maneiras suaves de tratar o problema do pecado, mas Deus não as
aceita. Ele exige o arrependimento verdadeiro, nascido da tristeza segundo Deus
(2 Coríntios 7.10). "O
que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e
deixa alcançará misericórdia" (Provérbios 28.13). Para ficar livres do
pecado, temos que deixá-lo.
3. Precisa pedir perdão a Deus. O perdão divino é condicionado na
confissão do pecador. João escreveu para cristãos que, como todos, tinham seus
defeitos. Mas ele não minimizou o problema do pecado. "Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1.9; veja, também, Atos 8.20-23).
Se não consegue vencer o
pecado sozinho, procure a ajuda de alguém. O Diabo utiliza bem a
vergonha do ser humano. A tendência é de pensar assim: "Não posso falar
com ninguém, porque outras pessoas vão pensar mal de mim, perder respeito por
mim, ou falar para todo mundo sobre o meu problema." É normal sentir
vergonha quando revelamos nossas fraquezas e pecados a outros. Quando nos abrimos,
tornamos vulneráveis e sentimos desprotegidos. Mas, não seria melhor arriscar a
vergonha agora do que passar eternidade banido da presença de Deus (2 Tessalonicenses 1.7-8). Se você não
consegue se livrar dos seus hábitos pecaminosos sozinho, peça ajuda. Tiago 5.16 mostra que confessamos
nossos pecados a outros porque queremos ser curados: "Confessai,
pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo." No
mesmo contexto (5.14), Tiago diz que
os doentes (a mesma palavra, usada outras vezes no Novo Testamento, se refere a
pessoas espiritualmente doentes) devem chamar os presbíteros da igreja, os
homens responsáveis por instruir e corrigir os cristãos.
Entenda que, mesmo depois
de ser perdoada pelos pecados do passado, uma pessoa pode sofrer consequências do erro. Davi se arrependeu e foi
perdoado depois de cometer adultério e matar o marido da amante (2 Samuel 12.13-14), mas ainda perdeu o
filho que nasceu e, depois, mais três filhos. Hoje em dia, há pessoas que
morrem de câncer porque fumavam escondidas. Algumas pessoas que nunca revelaram
seus problemas com bebidas alcoólicas sofrem, depois, de doenças do fígado. A
fornicação e o adultério são descobertos, em alguns casos, por causa de
gravidez ou doenças sexualmente transmitidas. Muitas vezes, essas consequências
vêm depois da pessoa se arrepender e ser perdoada.
Conclusão: dominando o pecado
Quando a oferta de Caim
foi rejeitada por Deus, ele ficou irado. Deus falou com ele, e o avisou da
mesma batalha que acontece na vida de cada um de nós: "Se
procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis
que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre
dominá-lo" (Gênesis 4.7). Sabemos o que Caim fez
quando enfrentou esse desafio. Nós, pela graça de Deus, podemos fazer melhor (Romanos 6.12-14; Colossenses 3.1-3; Hebreus
2.18). Que Deus nos abençoe e nos ajude na batalha contra o pecado.