LÍNGUA, BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO?
Tg 1.19; 3.1-12; Pv 6.16-19
Autor: Antônio Carlos de
Oliveira Silva
Pr. José Antônio
INTRODUÇÃO
Uma grande necessidade
hoje está no cuidado que devemos ter com aquilo que falamos; pois como diz o
talmude: “a língua do homem é como abelha; tem mel e tem ferrão”.
Oremos, para que através
do ensino deste estudo o Espirito Santo venha nos ajudar a manter a nossa
língua sob freio do temor do Senhor. Que o Senhor nos ajude a viver na prática
da palavra de Deus para não cairmos em descredito daqueles que nos rodeiam.
Por isso precisamos
vigiar, santificando a língua, para que não venhamos a tropeçar por palavras. Certa
pessoa diante de um líder cristão disse: “Eu admiro vosso Cristo, e não vosso
cristianismo”.
I. DEUS CONCLAMA A CADA CRENTE QUE SEJA PRONTO PARA OUVIR
TG 1.19b
1. Prontos para ouvir, Tg 1.19b.
Em Jó 36.11 está
escrito: “Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias em bens e seus anos em
delicias”.
A Bíblia dá mais valor a
quem sabe ouvir do que quem sabe falar. O sábio Salomão nos aconselha:
“inclina-te mais a ouvir”, Ec 5.1. Quando
falamos sempre nos arriscamos a errar, e isto é natural. Mas, quando ouvimos
sempre podemos aprender com os nossos interlocutores, tanto o que é certo
quanto o que é errado. A Bíblia ensina que todo crente seja pronto para ouvir.
O profeta Isaias ratifica essa verdade: “inclinai os ouvidos e vinde a mim;
ouvi, e a vossa alma vivera”, Is 55.3ª.
O próprio Jesus advertiu aos crentes das sete igrejas da Ásia Menor: “Quem tem
ouvidos ouça o que o Espirito diz às igrejas”, Ap 2.17. “As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas”, Ec 9.17; Jó 42.4-5. Habacuque em sua
oração disse: “ouvir, Senhor, a tua palavra e temi”, Hb 3.2. Deus advertiu o povo de Israel: “agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis
a minha propriedade peculiar dentre todos os povos”, Êx 19.5; Dt 4.10; 5.1; Sl 49.1-4; Is 1.2-3; Ap 1.3. Em Eclesiastes 7.5, está escrito: “Melhor
é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir alguém a canção do tolo”. Há um
provérbio popular que diz: “Se alguém quer ser um bom juiz, ouve o que o outro
diz”.
2. Tardio para falar, Tg 1.19c.
Tiago recomenda que todo
homem deve ser “tardio para falar”. Salomão nos adverte: “Não te precipites com
a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de
Deus; porque Deus está nos céus, e tu estais sobre a terra; pelo que sejam
poucas as tuas palavras”, Ec 5.2-3, 6,7.
O velho adágio popular
diz: “Quem muito fala muito erra”. E a Bíblia assevera solenemente em Provérbios 11.12: “O homem de
entendimento cala-se”. E mais: “Até o tolo, quando se cala, será reputado por
sábio; e o que serra os seus lábios, por sábio”, Pv 17.28.
“O que possui o
conhecimento retém, as suas palavras. Os que são sábios refreiam a língua e são
cautelosos quanto àquilo que dizem. Não exageram a verdade, e nem lesam o
próximo enquanto falam; pelo contrario, tomam cuidado em falar com exatidão e
na edificação do próximo”, Sl 39.1-2.
Em Provérbios 10.19 está escrito:
“na multidão de palavras não falta transgressão”.
3. Tardio para se irar, Tg 1.19c.
Por causa da ira,
amizades são perdidas, muitos ficam doentes, deprimidos, acidentes acontecem,
crimes são praticados, e tantos outros males. A Bíblia tem razão quando diz:
“que todo homem seja tardio para se irar”. Em Efésios 4.26-32 está escrito: “irai-vos e não pequeis; não se ponha
o sol sobre a vossa ira…”.
Por causa dessa
tendência de pecar com a língua Tiago exorta a todo o ser humano a está pronto
para ouvir e tardio para falar, tardio para se irar, Tg 1.19.
a) A ira priva o crente
da graça de Deus;
A ira se não for
controlada, se transforma em cólera cega, e incontrolável, Hb 12.15. O salmista nos aconselha no Salmo 37.8: “Deixa a ira e abandona o furor; não te indignes, para
fazer o mal” (Pv 14.17; 19.3, 19.25.23;
29.22; 30.33; Lv 19. 17-18). “Não te apresses no teu Espirito a irar-te,
porque a ira abriga-se no seio dos tolos”, Ec
7.9.
b) A ira é fruto da
carne, Gl 5.19-21.
Paulo nos ensina que
todo crente deve ter vida santa, sem ira nem contenda (1Tm 2.8). Em Provérbios 15.1-2
está escrito: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a
ira. A língua dos sábios adorna a sabedoria, mas a boca dos tolos derrama estultícia”.
O nosso irmão Lucas
inspirado pelo Espirito Santo nos ensina no seu evangelho cap. 17.3-4. “Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar conta ti,
repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe”.
No tocante à declaração
de Jesus a respeito do perdão ao próximo, observamos o que se segue:
- Jesus deseja que o
crente queira sempre perdoar e ajudar os que o ofendem, em vez de abrigar um
espirito de vingança e ódio, Mt 5.44-48.
- O ofendido deve estar
disposto a continuar perdoando, se o culpado se arrepender sinceramente. Quanto
a perdoar “sete vezes no dia”, Jesus não está justificando a prática do pecado
habitual. Nem está Ele dizendo que o crente deve permitir que alguém o maltrate
ou abuse dele indefinidamente. Seu ensino é que devemos estar sempre dispostos
a ajudar e a perdoar o ofensor.
O escritor aos Hebreus
escreve: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor”. Hb 12.14.
4. Cada crente deve
saber refrear a sua língua, Tg 1.26.
Para alguém ser
verdadeiro religioso precisa saber dominar a língua, do contrário “A religião
desse é vã”. É o tipo de religiosidade sem valor, sem vida, sem poder, sem
salvação, visto que a pessoa é conhecida pelo que expressa com a língua, pois
Jesus disse que: “da abundância do coração fala a boca”, Lc 6.45.
Como crentes, nossas
palavras, no dia a dia, tem causado mais benefícios ou malefícios a quem nos
ouve? Cada crente deve se auto examinar. Em Tiago 1.22 está escrito: “E sede cumpridores da palavra e não
somente ouvintes, enganando-vos com falso discursos”.
No Salmo 141.3 o salmista na sua oração pediu a Deus. “põe, ó Senhor,
uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios”. Em Provérbios 13.3 esta escrito: “O que
guarda a sua boca conserva a sua alma”.
A conversa descuidada e
a língua desenfreada podem estragar nossa motivação pela retidão, leva-nos a
pecar (Ec 5.6) e afeta nosso
relacionamento com Deus (Ec 5.7). Um
crente com total maturidade deve controlar com cuidado as suas palavras (Pv 8.6-8). Devemos orar para que Deus
nos ajude a controlar nossa língua (Pv 10.14,19;
18,7; Tg 3.2-13; Sl 17.3-5; Sl 39.1-2,9; Jó 40.4; Pv 30.32,33). Não te
precipites em falar desenfreadamente, “põe a mão na boca guarda a tua língua do
mal e teus lábios de falarem enganosamente”, Sl 34.11-16.
Que Deus nos ajude a
disciplinarmos a nossa língua para que sirva de instrumento à sua exaltação. “Põe
ò Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios”, Sl 141.3.
II. OS MALES PROVENIENTES DA LÍNGUA
TG 3.3-6
1. A língua é um fogo, v.6.
Tiago usa esta figura
para mostrar que, assim, como um pequeno fogo podo incendiar um grande bosque, v.5. “A língua também é um fogo”, Pv 16.27. “Como um mundo de iniquidade,
posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da
natureza, e é inflamada pelo inferno”. Realmente, na vida cotidiana, vemos que
a língua serve de instrumento para propagação de mentiras, das falsas
doutrinas, da intriga, da inveja, das agressões verbais, da fofoca, que tantos
males tem causado às igrejas.
“A boca do tolo é a sua
própria destruição, e seus lábios, um laço para a sua alma”, Pv 18.7. A Bíblia diz que “a língua do
ímpio intenta o mal, como uma navalha afiada, traçando enganos. Tu amas mais o
mal do que o bem; e mais a mentira do que o falar conforme a retidão. Amas
todas as palavras devoradoras, ò língua fraudulenta”, Sl 52.2-4. Que Deus nos guarde de tal coisa.
2. A dubiedade da
língua, Tg 3.9-10.
“A sua garganta é um
sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides esta
debaixo de seus lábios; cuja boca esta cheia de maldição e amargura”, Rm 3.13-14. Por isso é preciso muito
cuidado no falar, pois com a mesma língua com que “bendizemos a Deus e pai”
“amaldiçoamos os homens, feito a semelhança de Deus”, v.9. “Ainda que de uma mesma fonte não saia água doce e água
amargosa”, Tg 3.11. Ou “de uma
figueira sair azeitona, ou da videira sair figos”, Tg 3.12. Infelizmente, da mesma língua pode sair a benção e a
maldição. Não nos esqueçamos de que um dia cada um prestará conta a Deus, porque
por suas palavras será justificado e por tuas palavras será condenado (Mt 12.36-37; Rm 14.12; 2Co 5.10; Ec 12.14).
A mensagem final do
livro de Eclesiastes faz-nos lembrar de uma verdade solene e inalterável: a
prestação de contas do ser humanos perante Deus, por todos os seus atos. O
Senhor julgará a todos nós, crentes e incrédulos, isto é todos os nossos atos,
bons e maus. Jesus advertiu: “seja, porem, o vosso falar: sim, sim; não, não,
porque o que passa disso é de procedência maligna”, Mt 5.37; Tg 5.12.
3. O justo aborrece a
palavra de mentira, Pv 13.5.
Prefere sofrer por falar
a verdade a evitar o sofrimento usando de mentira (Dn 3.16-18). Tais pessoas sabem que mentir por hábitos é pecar
contra o Senhor (Pv 12.22), e que
viver desse modo é excluir-se do reino de Deus. No evangelho segundo São João 8.44 está escrito: “O diabo é
mentiroso e pai da mentira e não se firmou na verdade”. A mentira é uma
destacada característica do diabo. Ele é a fonte geradora de toda a falsidade (At 5.3-5; 2Ts 2.9-11; Pv 12.22; 14.5;
18.21; Sl 5.4-6; 109.2; 119.69; Jr 9.5-8; Sl 101.7; Ap 22.15). “Qualquer
que ama e comete a mentira”. Note como os dois últimos capítulos da Bíblia
destacam o caso da mentira. Os praticantes da mentira são mencionados três
vezes:
- Todos os mentirosos,
“a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre”, Ap 21.8.
- Os que cometem mentira
não entrarão na cidade eterna de Deus, Ap
21.27.
- Os que amam e comentem
mentira estarão fora do reino eterno de Deus.
A mentira é o pecado
final condenado na Bíblia, possivelmente porque foi uma mentira que levou à
queda da raça humana (Gn 3.1-5).
Estas palavras solenes devem servir de advertência a todos que, inclusive na
igreja, acham que Deus tolera a mentira e o engano.
Oremos ao Senhor para que
o querido Espirito Santo santifique e controle a nossa língua, para abençoar os
que nos ouve, (Gn 12.3).
4. A difamação, Lv 19.16; Pv 16.28-30; Pv 25.18.
A difamação é crime
contra a honra, previsto no código penal brasileiro. É perigoso o tropeço na palavra,
falar contra a honra de alguém. Se alguém fuma é cortado da comunhão. Fumar é
pecado contra o corpo, mas será isto mais grave do que difamar alguém?
Uma jovem contou que seu
pastor a excluiu da igreja porque, um irmão disse que ela estava namorando um
incrédulo, quando isto não era verdade. Nem sequer teve oportunidade de defesa.
Enquanto isso o difamador ficou normalmente nas atividades da congregação. A
Bíblia diz: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão,
e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; ora, se julgas a lei, não
és observador da lei, mas juiz. Há um só legislador e juiz, aquele que pode
salvar e destruir; tu, porém, quem és, que julgas ao próximo?”, Tg 4.11-12. É desprezar a lei declinar
do amor em relação a uma pessoa que está sendo acusada de algo:
- Não procurar conhecer
os detalhes da situação;
- Não falar com a
própria pessoa que está sendo acusada; e
- Difamar essa pessoa.
O salmista nos adverte:
“Aquele que difama o seu próximo às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem
olhar altivo e coração soberbo, não o suportarei”, Sl 101.4-8. E continua o mesmo salmista: “Senhor, quem habitará no
teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente,
e pratica a justiça, e fala verazmente segundo o seu coração”; “É aquele que
não difama com a sua língua, nem faz mal a seu próximo, nem aceita nenhuma
afronta contra o seu próximo”, Sl
15.1-3; Jo 15.5-6.
Em Provérbios 16.27-30 está escrito: “O homem vão cava o mal, e nos
seus lábios se acha como que um fogo ardente. O homem perverso levanta a
contenda, e o difamador separa os maiores amigos. O homem violento persuade o
seu companheiro e guia-o por caminho não bom, fecha os olhos para imaginar
perversidade; mordendo os lábios, efetua o mal”.
Jesus também nos
advertiu no seu sermão da mantenha: “Qualquer que lhe chamar de louco será réu
do fogo do inferno” (Mt 5.22- 23, 44-48).
E continua o nosso mestre: “não julgueis” (Mt
7.1-6). Jesus condena o hábito de criticar os outros, sendo nós mesmos
faltosos. O crente deve primeiramente submeter-se ao justo padrão de Deus,
antes de pensar em examinar e influenciar a conduta de outros cristãos.
Em muitas igrejas só são
punidos aqueles que adulteram ou roubam, mais ficam totalmente impunes os
caluniadores os injuriadores e os difamadores. Alguém responderá pois no juízo
de Deus!.
III. OS CRIMES COMETIDOS COM A LÍNGUA
1. A calunia, Lv 19.11; Pv 30.10; 1Tm 3.3.
A calunia pode ser feita
através da mentira, falsidade e invenção contra alguém. O código penal
brasileiro prevê penas contra os caluniadores.
Não é de admirar que, em
muitas igrejas, quem calunia não sofre qualquer ação disciplinar, e por isso o
mal se avoluma, pois o caluniador é assim estimulado na sua tarefa maligna e
destruidora dos valores alheios. Outros da mesma índole tem prazer em
relembrar, comentar e espalhar fraqueza, imperfeições e pecados a outros,
servindo-se da língua.
A Bíblia condena a
calunia (Êx 20.16). “Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo”. O novo mandamento protege o nome e a
reputação do próximo. Ninguém deve fazer declarações falsas a respeito do
caráter ou dos atos de outra pessoa. Devemos falar de modo justo e honesto a
respeito de quem quer que seja (Êx 23.1-2,7).
“A falsa testemunha não ficará impune; e o que profere mentira perecerá” (Pv 6.16-19; 19.9).
Cada crente deve estar
todo o dia vigiando e orando e pedindo ao Senhor a sua graça para ser
instrumento de benção e não de maldição.
Outros tropeços na
palavra, Pv 24. 28; Lv. 19.16; Sl 5.5-6,9;
2Co 12.20.
2. O boato.
Originalmente boato vem
do latim, significando “mugido ou berro de boi”. Hoje significa “notícia
anônima que corre publicamente sem confirmação; balela, rumor, zunzunzum”. Há
um demônio espalhando esse tipo de coisa em muitas igrejas.
É o “ouvir dizer” “o
disse-me-disse” sinônimo de mexerico (Lv
19.16). Em Provérbios 24.28 está
escrito: “não sejas testemunhas sem causa contra o teu próximo; porque
enganarias com os teus lábios”?
O salmista também
condena este tipo de gente, quando disse: “porque não há retidão na boca deles;
o seu intimo são verdadeiras maldades; a sua garganta é um sepulcro aberto;
lisonjeiam com a sua língua”, Sl 5.9.
Já é conhecida a
história do homem que espalhou boato contra outro. Este, abatido, ficou doente,
depois, ficou provado que o fato não era verdade. O boateiro foi pedi perdão ao
atingido pela má notícia. Este lhe disse: “eu perdoo se você fizer duas
coisas”. O outro indagou: “O que?” “Primeiro que você pegue este saco de penas
suba a um monte bem alto e deixe o vento leva-las”. O boateiro disse: “Sim,
isto é fácil. Faço logo”. E o fez. Ao retornar a homem ofendido lhe disse. “A
gora peço que faça a segunda coisa: vá e junte todas as penas que espalhou”. O
mentiroso disse: Há! Isso é impossível! A palavra de Deus condena este tipo de mau
uso da língua (Êx 23.1). Tenhamos
cuidado com esse mugido de boi do diabo.
Paulo avisou os crentes
de corinto do seu receio a esta má conduta (2Co 12.20).
- Mexeriqueiros. A
Bíblia condena os pecados da língua que prejudica o próximo, como sendo ofensas
graves contra a lei cristã do amor.
Qualquer tipo de
conversa que rebaixa o próximo ou que difama seu caráter deve ser reprovada. A
conversa ou menção de delitos do próximo deve ser feitos somente com o motivo
sincero de ajudar tal pessoa, ou de proteger os outros e o reino de Deus. Pedro
nos adverte desta má conduta (1Pe 2.1).
3. A murmuração:
(Rosnar), Ex16.2,7-8; Nm 14.2; 10.33;
14.28-38.
Murmurar significa
“Dizer em voz baixa, censurar disfarçadamente; conversar, difamando ou
desacreditando”.
a) O povo de Israel
murmurou contra Moisés, Êx 16. 2,7–8; Nm
10.33; 14.2.
Depois de apenas três
dias de viagem o povo começou a murmurar e a queixar-se porque as condições não
eram excelentes. Quão rapidamente se esqueceram do livramento do Egito e dos
atos poderosos de Deus em seu favor. Não quiseram confiar em Deus e deixar com
ele sua vida e seu futuro.
b) A nação de Israel murmurou
contra o próprio Deus, Nm 14.27.
“Ate quando sofrerei
esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações dos
filhos de Israel, com que murmuram contra mim”, Nm 14.27. Apesar de ter sido redimido e alvo da graça de Deus, o
povo murmurou contra Ele (Nm 14.3,27);
endureceu o coração (Hb 3.8),
rebelou-se contra o Senhor; desconsiderou o Senhor e recusou-se a ouvir a sua
voz (Nm 14.11,23); tentou ao Senhor
(Nm 14.22), deixou de obedecer aos
seus mandamentos (Nm 14.24) e
desviou-se de seguir o Senhor (Nm 14. 43).
c) Os murmuradores não
vão entrar no céu, Nm 14.28-38.
Por consequência da
desobediência dos israelitas, veio sobre eles a ira de Deus (1Co 10.5-10; Hb 3.10,17). Veio a morte
e a destruição (Nm 14.29,35). Deixaram
de entrar na terra de Canaã (Nm 14.22,23).
Perderam o direito ao repouso com Deus (Sl
95.7-11; Hb 3.11,18).
O Novo Testamento
declara explicitamente que Deus ordenou seu julgamento sobre Israel por sua
desobediência e incredulidade, para que isso servisse de advertência a todos os
crentes (1Co 10.11). Considerando o
fracasso de Israel no deserto, temos para os crentes em Cristo a seguinte
advertência: “vede, irmão, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e
infiel, para se apartar do Deus vivo e verdadeiro”, Hb 3.12. Rogamos ao Senhor a sua graça e misericórdia sobre as
nossas vidas, para que satanás não venha corromper os nossos sentidos e nos
apartar da simplicidade que há em Cristo (2Co
11.1-3; Rm 12.1-2; Fp 2.5-11).
d) Nunca se levante
contra um líder constituído por Deus. Alguém pode até morrer se assim proceder
(Nm 12.2,8-10; 21.4-9; 16.11,42,48-49; 2Sm
1.5-16).
O pecado de Miriã e de
Arão ao questionarem a autoridade de Moisés foi falta de temor a Deus e
desacato a sua Palavra através do profeta de Deus. Moisés foi o mediador do
antigo concerto, assim como Jesus é o mediador do novo (Hb 3.2-6). Deus falava diretamente com Moisés (Nm 12.8), e a palavra que Moisés transmitia ao povo era a palavra autêntica
de Deus. Embora Miriã e Arão fossem líderes de Israel, não tinham o direito de
contestar a autoridade de Moisés. Assim como Deus lhes mostrou que não tinham o
mesmo grau de autoridade de Moisés.
Coré e aqueles demais
homens Datã, Abirão e 250 homens maiorais dos filhos de Israel pensavam que
poderiam escolher por contra própria os dirigentes do povo. Deus, porém, deixou
claro que Ele estava no governo. Segundo o Novo Testamento, é Deus quem
continua decidindo que tipo de pessoas devem pastorear a sua igreja (1Tm 3.1-12;Tt 1.5-9; At 13.1-3).
Quando os membros de uma
igreja deixam de lado os padrões divinos para o ministério pastoral e procuram
eles mesmos dirigir esse assunto, desprezando a Palavra de Deus, estão
manifestando a atitude rebelde de Coré e dos demais que se ajustaram a ele. A
direção da obra de Deus deve basear-se na sua vontade revelada à Igreja.
IV. A POSTURA DE UM VERDADEIRO CRISTÃO
1. A sua palavra seja
temperada com sal, Cl 4.6.
Paulo escrevendo aos
nossos irmãos colossenses aconselhou-os: “a vossa palavra seja sempre
agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada
um”, Cl 4.6. A conversa do crente
deve ser agradável, cativante, amável e graciosa. Deve ser uma linguagem
originada na graça de Deus operando em nosso coração, que contem a verdade com
amor (Ef 4.15). “Temperada com sal”
significa conversa apropriada e marcada pela pureza. O salmista disse: “o meu
coração ferve com palavras boas…” (Sl 45.1-2).
Jesus disse a seus discípulos. “vós sois o sal da terra” (Mt 5.13-16). Os cristãos são “o sal da terra”; Dois dos valores do
sal são: o sabor e o poder de preservar da corrupção.
2. O crente tem que Ter
cuidado com as suas palavras e comportamento, 1Tm 4.11-13; Mt 4.14-16; 2Rs 4.8.
Paulo advertiu os
crentes de Corinto dizendo: “Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão,
para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar
reprovado”, 1Co 9.27. O crente
precisa ter muito cuidado naquilo que vai se expressar tanto para os de dentro
como para os de fora (1Tm 4.12; 2Rs
4.8-9; Pv 24.25-27).
3. O cristão maduro deve
manter a sua língua sobre o controle do Espírito Santo, 2Co 10.5.
Mediante a ajuda do
Espírito Santo que leva cativo todo o entendimento a obediência de Cristo (2Co 10.5). Cada cristão deve vigiar
controlando a sua língua e pensamentos (Fp
4.8-9; 2Ts 2.17). A boca do crente é para falar da justiça e louvar a Deus
todo dia (Sl 35.28). “O cristão
sábio retém as suas palavras, e o que possuir o conhecimento são sábios” (Pv 17.27). Não exageram a verdade, nem
lesam o próximo enquanto falam; pelo contrário, tomam cuidado em falar com
exatidão e na edificação do próximo (Sl
39.1). Salomão inspirado pelo Espírito de Deus escreveu: “como maçãs de
ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no seu tempo certo” (Pv 25.11-13).
“A boca do justo é manancial
de vida”, Pv 10.11ª. “O justo
profere a verdade ama a justiça, em todas as suas palavras” (Pv 8.6-14).
O salmista Davi orou ao
Senhor e com muita alegria disse: “E pois um novo cântico em minha boca um hino
em minha boca" (Sl 40.3; 96.1; Cl
3.16).
Devemos orar para que
Deus nos ajude a controlar nossa língua. Que possamos dizer como o salmista
Davi: “sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus
pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo o caminho
eterno”, Sl 139.23-24. O mesmo
salmista continua a sua oração e pediu ao Senhor: “põe, ò Senhor, uma guarda à
minha boca; vigia a porta dos meus lábios”, Sl 141.3.
Que possamos dizer como
disse Davi: “Bendize, ó minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o
seu santo nome” (Sl 103.1; Ec 12.13).
CONCLUSÃO:
Diante do que temos
visto, o crente só pode combater o tropeço na palavra, lendo a Palavra de Deus
(Sl 1.1-2; Js 1.8). Deixando-se
dominar pelo Espírito Santo, vigiando e disciplinando o falar. Usemos a língua
para o bem (Fp 4.19) pois somos
cidadãos dos Céus e não devemos descer a linguagem ao nível diabólico. Devemos
usar a língua para encorajar outros, louvar a Deus (Cl 3.16) e levar a mensagem do evangelho aos perdidos.
Assim fazendo,
dificilmente tropeçaremos em palavras. Que Deus nos ajude a manter a nossa língua
no controle do Espírito Santo. “Antes, seguindo a verdade em caridade,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”, Ef 4.15.