NATAL SEM VINHO
O Jornal Batista, Ano CXIV, Edição 51, Domingo, 21.12.2014
Elias Veloso do Carmo
Pr. José Antônio Corrêa
O doutor Normam Geisler dá testemunho
de que nos EUA a norma prática dos cristãos sempre foi de total abstenção de
bebidas alcoólicas, mas que, atualmente, não é mais assim, cita a pesquisa
Gallup, de julho 2007, que indica o espantoso índice de 64% dos leigos
protestantes fazendo uso da bebida alcoólica, e esse índice vem aumentando ano
após ano. É vergonhoso dizer que os cristãos evangélicos não ficam longe da
sociedade em geral no uso de bebidas alcoólicas. Queria dizer, pasmem. Mas é
inútil porque sei que já é do conhecimento de todos que o uso do vinho já é
rotina até por pastores em nossas igrejas. Alguns ainda bebem escondido para
não escandalizar “a ralé”.
O consumo de bebida alcoólica no
Brasil é associado a ocasiões especiais, inclusive entre os crentes. O vinho,
em particular, é considerado a bebida da celebração. É assim que o vinho é
visto desde sempre por muitos povos. Na Europa, o vinho vem sendo considerado
um alimento. Para os brasileiros, ainda é um evento, sinônimo de comemoração.
Convido você, meu querido leitor, para
conferir comigo, honestamente, sem superfluidades, a verdade bíblica sobre o
uso de bebidas alcoólicas e a necessidade de uma postura radical de ajustamento
com Deus:
A Bíblia condena o uso de bebidas fortes
Tanto o vinho, como as cervejas
atuais, no Brasil são, tecnicamente, bebidas fortes. Basta que haja índice de
3,2% de álcool para ser tecnicamente bebida alcoólica. A revista Galileu,
edição 187, de fevereiro 2007, publicou na Coluna “Vigilantes do Copo”, o
seguinte gráfico fornecido pelo Programa Álcool e Drogas sem Distorção do
Hospital Albert Einstein: teor alcoólico do vinho tinto: 12%; teor alcoólico da
cerveja: 5%; teor alcoólico das bebidas destiladas: 40%.
O vinho usado nos tempos bíblicos era misturado com água
O vinho, como usado antigamente, era
misturado em três partes de água por uma de vinho, possuía 2,25 a 2,75% de
álcool.
No Antigo Testamento, encontramos
bebidas inebriantes feitas com cevada, romãs, tâmaras, maçãs e mel. Todas são
chamadas de bebida forte. A palavra bíblica, do hebraico, para bebida forte é
“secar”. Também encontramos com frequência a palavra “yayin” e normalmente
refere-se ao suco de uva fermentado. Tanto a bebida forte “secar” como “yayin”
é condenada em diversos textos, como por exemplo: “O ‘yayin’ causa zombaria e o
‘secar’ provoca tumultos” (Pv 20.1);
“Não devemos olhar para o ‘yayin’ quando está vermelho. Ele morderá como cobra
e picará como a víbora” (Pv 23.31-32);
“O ‘yayin’ é causa dos ais, dos pesares, das queixas, das feridas sem motivo e
dos olhos vermelhos (Pv 23.29-30).
A ordem de Deus é abstinência total de
bebida alcoólica para todos os crentes. É também a recomendação para reis,
sacerdotes, nazireus, e o povo em geral. O padrão divino, tanto do Antigo, como
do Novo Testamento, sempre foi de abstinência total de todos os tipos de bebida
alcoólica. É verdade, e não preciso omitir, que há uma tolerância para se beber
vinho diluído em água, na proporção mínima de três partes de água para uma de
vinho, para consumo moderado.
O doutor Geisler diz: “Estudos sobre
os costumes antigos revelam que o vinho bíblico era fermentado, mas era também
diluído em água à proporção de três por um, quando usado como bebida ou na
celebração da Páscoa e da Ceia. O Talmude judaico afirma que o vinho da Páscoa
continha três partes de água para uma de vinho”. Está provado que mesmo um
pequeno gole de vinho pode fazer um ex-alcoólatra retornar à dependência. Isso
basta para nem se pensar em usar vinho sem mistura na Ceia.
A Mishná judaica, que é a antiga
coleção escrita de interpretações orais da lei mosaica, que antecederam ao
Tamud, ordena: “Não pronunciem a bênção sobre o vinho até que água lhe seja
acrescentada. A mesma Mishná declara que os judeus utilizavam com certa
regularidade o vinho fervido, ou seja, o suco de uva reduzido a uma
consistência grossa mediante a ação do calor. Quando Aristóteles descreveu o
vinho da Arcádia disse que era tão espesso que era necessário raspar as
garrafas de couro em que estavam armazenados e depois diluir estes pedaços de
raspas em água para fazer uma bebida. O historiador romano Plínio se referiu
com frequência a um tipo de vinho não embriagante. O poeta romano Horácio
escreveu em 35 a.C. que “Aqui as pessoas ingerem múltiplos copos de vinho sem
embriagar-se”.
No nono livro de sua obra Odisseia,
Homero anota que Ulisses colocou em sua embarcação uma bolsa de couro carregada
de um vinho doce e negro, que era necessário diluir com vinte partes de água
antes de ser bebido. Num antigo livreto chamado “A tradição apostólica”,
aprendemos que a Igreja Primitiva seguia o costume de usar somente esta classe
de vinho misturado, mesmo que fosse a partir de um xarope ou do suco
recém-espremido. Estudos mostram que se a mistura for na proporção três de água
por uma de vinho, a embriaguez só acontecerá depois da vigésima taça.
O doutor Geisler cita o professor
Robert Stein, que em seu livro “Vinho Bebido no tempo do Novo Testamento”,
declara: “Nos tempos antigos, o vinho era geralmente armazenado em grandes
cântaros de formato angular chamados amphorae. Para ser consumido, o vinho era
derramado das amphorae para dentro das vasilhas chamadas krater, onde era
misturado com água. (...) Com o vinho dessas krater, enchiam-se taças ou
kylix”.
Até mesmo os pagãos consideravam um
ato bárbaro tomar vinho não misturado com água. Doutor John McArthur Jr. é um
dos autores que menciona a citação de Mnesiteu de Atenas, que confirma essa
afirmação: “Se misturares vinho com água na proporção meio a meio, terás
loucura; não misturado terás colapso do corpo”. Clemente de Alexandria
escreveu: “Convém misturar vinho com a maior quantidade de água possível”.
Conclusão
O padrão de vida cristã na Bíblia não
admite praticar aquilo que Deus condena. Aliás, na teologia sistemática, a
segunda estratégia para identificação daquilo que é pecado é, justamente, olhar
para aquilo que o soberano Deus já declarou que condena, independente do motivo
alegado para praticar.
Um argumento interessante de ser
considerado por aqueles que defendem o uso do vinho é que 10% das pessoas que
bebem, mesmo socialmente, se embriaga. Você embarcaria em um avião se soubesse
que haveria 10% de chance do avião cair? Advertência bíblica: “É melhor não
comer carne, nem beber vinho, ou fazer qualquer outra coisa que se torne motivo
para que seu irmão tropece” (Rm 14.21).
Reflita nessa palavra de Deus ao povo:
“Vocês não comeram pão, nem beberam vinho, nem qualquer outra bebida
fermentada. Fiz isso para que vocês soubessem que eu sou o Senhor, o seu Deus”
(Dt 29.6).
Meu querido leitor, fuja da “nova
moralidade” que não é outra coisa, senão, a velha imoralidade com rótulo novo.
Nosso desafio como povo de Deus é buscar a santificação, a plenitude do
Espírito, o caráter de Cristo. Está chegando o Natal e as festas de fim de ano.
Comemore sem vinho, sem álcool. Comemore com sua consciência em paz, como tem
que ser a festa do povo de Deus.