O CENTURIÃO DE CAFARNAUM
MT 8.5-13
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Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO
A Bíblia nos surpreende com os fatos
que nela se encontram escritos. Não importa do que ela está falando. O certo é
que sempre, em cada mensagem, há um fato novo que nos traz um maravilhoso
ensino. Vejamos este texto que fala do Centurião de Cafarnaum. Parece simples à
primeira vista, mas quando o observamos atentamente, notamos que nele existem
pequenos detalhes relacionados com o Centurião que nos deixa impressionados.
Vejamos.
I. A ATITUDE DO CENTURIÃO,
V.6
A primeira vista parece um fato sem
importância a procura do Centurião pelo Senhor Jesus motivado pela doença de um
seu criado. Porém, quando olhamos a relação Senhor criado, verificamos que o
fato é relevante, porque aquele criado não passava de um escravo. E, na
concepção do povo da época, o escravo não passava de um objeto que fora
adquirido por seu senhor. Os direitos dos senhores de escravos eram extensos.
Estes podiam matar, prender, surrar, etc. (Fm
v.8-21). Então parece muito estranho, quando um dono de um escravo,
encontra esse doente, ao invés de abandoná-lo ao leu, procura socorro. A
atitude do Centurião é de uma pessoa sensata e nos traz uma grande lição.
Quantos de nós por qualquer tolice, pensamos logo na vingança, queremos
retribuir em dobro o mal que alguém nos fez, enquanto que, o Centurião
portou-se de modo contrário. Embora o fato não se tratasse de um mal que alguém
lhe fizera, todavia, tratava-se de um ser que não passava de um escravo, que na
concepção do filósofo grego Aristóteles, não tinha alma.
Outro detalhe importante é que esse
homem não era judeu, mas romana. Não era um adorador em potencial do Deus dos
hebreus pela sua condição de romano. Com toda a certeza fora informado a
respeito do Senhor Jesus. O que impressiona é a sua atitude: queria ver o seu
escravo curado. Isto meus irmão, é o que significa ter um verdadeiro amor,
pois, foi este tipo de amor que o Senhor Jesus classificou como o segundo maior
de todos os mandamentos: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, Mc 12.31.
E nós, o que temos feito em favor dos
escravos que por aí se encontram? Escravos das bebidas alcoólicas, do tabaco,
dos demais entorpecentes, escravos de todo tipo de pecado, em fim, escravos do
diabo. Temos tido amor por esta gente? Ou os tratamos com desdém, com desprezo?
Tenho visto crentes que quando se refere a uma pessoa não evangélica a trata de
ímpia. Esse não deve ser o nosso procedimento. Devemos sempre referir-nos a
tais pessoas com comiseração pelo seu estado pecaminoso.
II. A ORAÇÃO DO CENTURIÃO,
V.5
“E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto
dele um Centurião, rogando-lhe”
O detalhe aqui está na oração ou
pedido desse homem, pois a palavra rogar significa: Pedir com insistência e
humildade; instar, implorar, suplicar. Vou desprezar as demais palavras
sinônimas de rogar e utilizar apenas o sinônimo implorar, pois, este significa:
pedir humildemente; suplicar com lágrimas. Eis aqui, meus irmãos uma grande
virtude do Centurião. Além de humilde era emotivo. Foi ao Senhor chorando:
“Senhor”, veja a expressão: “Senhor”! O Senhor Jesus era um homem comum, da
plebe, enquanto que o Centurião um oficial romano, comandante de uma centúria,
isto é, de uma centena de homens e por isso podia aproveitar-se da condição
cativa do povo judeu e ordenar a um de seus soldados que trouxesse o Senhor
Jesus até sua presença. Não. Ele foi incapaz disso. Humildemente procurou o
Senhor Jesus com lágrimas. Talvez esteja faltando isso em você: descer de seu
pedestal da soberba, do orgulho, da sabedoria aos seus próprios olhos e
humilhar-se, 1Pe 5.6.
Há pessoas que pensam que são donas de
Deus e que Deus é objeto de sua manipulação. Quando enfrentam algum problema ao
invés de apresentar-se a Deus humildemente chegam em suas orações dando ordens
e exigindo cumprimento de promessas e vão logo dizendo que não aceitam tal
situação. Tomemos o exemplo do Centurião em seu pedido: “Senhor, o meu criado
jaz em casa paralítico, e violentamente atormentado”. Que oração linda, que
humildade, que atitude de adoração. Ao contrário de tantos de outros que só
pelo fato de ter o dom da oratória e conseguir sugestionar o povo, quando estão
pregando para uma multidão de pessoas simples já andam pisando duro pensando
ser alguma coisa.
Deixemos isso e falemos de mais uma
característica do Centurião
III. A HUMILDADE DO CENTURIÃO,
V.8
Diante do pedido com lágrimas do
Centurião, o Senhor lhe respondeu: “Eu irei, e lhe darei saúde” (v.7). Aí entra a humildade do homem. O
Centurião quando ouviu o Senhor Jesus dizer que ia à sua casa tremeu. Espere
aí, em minha casa? Senhor, não sou digno que entres em minha casa. No
pensamento do Centurião veio a sua condição de pecador. A sua casa era imunda
para uma pessoa tão importante como o Senhor Jesus entrar. E a nossa casa como
anda. Será que o Senhor Jesus está realmente no nosso interior? Nossas atitudes
não de humildade? De pureza? De santidade? De bom testemunho? Ou somos indignos
de que o Senhor entre em nossa casa? Eu estou falando de casa espiritual,
mesmo. Paulo diz que somos o templo de Deus, 1Co 6.12-20.
A coisa é séria. Tem gente por aí
dizendo que é crente, mas as suas atitudes são na verde de pessoas ímpias:
compram e não pagam, se deliciam em estar no caminho dos pecadores, falam mal
da vida alheia, são capazes de se numa loja após uma compra receberem um troco
errado para mais de irem embora, mesmo sabendo que o caixa que lhe deu o troco
errado pagará no fim do expediente pelo erro. São pessoas que não têm dignidade,
mas são incapazes de dizer ao Senhor Jesus que não são dignas de que Ele entre
em baixo de seu telhado. Falta-lhes humildade suficiente para isso.
IV. A FÉ DO CENTURIÃO,
Vs.8,9
“Dize somente uma palavra, e o meu
criado sarará”.
Que fé. Ele sabia do poder que o
Senhor Jesus era investido. Por isso, querendo demonstrar esse conhecimento
sobre o poder do Senhor Jesus, assim se expressa: “Eu também sou homem sob
autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e
a outro: Vem, e ele vem e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz”. Em outras
palavras o Centurião queria dizer é que sendo ele um homem comum tinha recebido
autoridade para dar ordens a pessoas que foram colocadas sob sua autoridade, muito
mais o Senhor Jesus que era o filho de Deus. E eu tenho certeza de que o
Centurião tinha conhecimento disto, pois, conforme Lucas ele mandara edificar
uma sinagoga para os judeus (Lc 7.5), se assim não fora ele não teria usado tal
expressão demonstrando que cria que o Senhor Jesus poderia de onde se
encontrava, com uma palavra apenas, dissipar a enfermidade.
Tal foi a demonstração de fé do
Centurião que o Senhor Jesus se admirou e disse: “nem mesmo em Israel encontrei
tanta fé”.
CONCLUSÃO
Queremos milagre? A resposta é sim.
Todas as vezes que convidamos as pessoas a frente, fazemos porque acreditamos
em milagres e os irmãos vêm porque acreditam que os milagres vão acontecer em
suas vidas. Mas foi estudando este texto que aprendi que se não seguirmos os
passos do Centurião quando buscava a cura de seu criado, não podemos encontrar
êxito para a nossa pretensão.
Os
milagres acontecem sim. Mas para que aconteçam precisamos:
1.
De uma oração convincente, e essa oração convincente tem que ser acompanhada de
lágrimas.
A Bíblia diz que “O choro pode durar
por uma noite, mas a alegria vem pela manhã”, Sl 30.5. Eu não sei quanto tempo vem durando a sua noite, tão
pouco, quando será o seu amanhã. Deus o sabe.
2.
De uma oração com humildade.
Na oração com humildade demonstramos
toda a nossa dependência a Deus. O Senhor Jesus disse: “Sem mim nada podeis
fazer”, Jo 15.5.
3.
De uma oração de fé.
Na carta aos Hebreus 11.1 está escrito: “Fé é o firme fundamento das coisas que
se esperam, e a prova das coisas que se não veem”.
Quem deseja receber alguma coisa de
Deus precisa se aproximar dele com fé, Hb
11.6.
Que o Senhor Jesus nos abençoe.