O VERDADEIRO SENTIDO DA PÁSCOA

Por Josias Moura de Menezes

 

Pr. José Antônio Corrêa

 

 

INTRODUÇÃO: Não existe este vocábulo na língua portuguesa; entrou na língua por efeito da linguagem litúrgica da Igreja Católica.

 

È de origem grega, que por, sua vez, foi tirado do verbo hebraico PASOH que quer dizer “Passar além, passar por cima”.

 

No hebraico, a palavra descreve a passagem do anjo da morte, quando seriam mortos todos os primogênitos do Egito e poupados os dos israelitas.

 

 

I. A PÁSCOA PARA ISRAEL

 

1. INSTITUIÇÃO – Foi instituída no Egito para comemorar o acontecimento culminante da redenção de Israel, Êx 12.14.

 

2. ELEMENTOS DA PÁSCOA

 

a) CORDEIRO – Representava o preço da redenção e libertação de Israel do Egito; o sacrifício.

 

b) OS PÃES AMOS – Revelavam a pressa com que abandonariam a terra do Egito. A farinha amassada sem ter recebido o fermento, por falta de tempo.

 

c) ERVAS AMARGAS – Ou alface agreste, recordavam a opressão do Egito, a amargura do cativeiro, além de dar melhor sabor á carne do cordeiro.

 

d) SANGUE – Representa a expiação.

 

3. RITUAL DA CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA

 

a) Deveriam tomar para si o Cordeiro, Êx 12.3.

 

b) A família deveria participar e comer todo o cordeiro. Caso a família fosse pequena, deveria juntar-se a outra vizinha, Êx 12.4.

 

c) O Cordeiro seria sem mácula de um ano de idade e primogênito.

 

d) Deveria ser assado inteiro e comido com pães asmos e ervas amargas, Êx 12.8.

 

4. SÍMBOLO NEOTESTAMENTÁRIO

 

a) O Cordeiro – Simboliza Cristo, a libertação do pecado, Jo 1.36, “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

 

Era sem defeito, Êx 12.5; 1Pe 1.18-19.

 

Foi sacrificado, no entanto seus ossos não foram quebrados, Êx 12.46; Sl 34.20; Jo 19.36.

 

Foi comido na páscoa, Mt 26.26.

 

b) Os pães asmos – Simbolizam pureza. O pão deveria ser sem fermento.

 

A proibição baseava-se em que o fermento é um agente de decomposição e servia de símbolo da corrupção moral, e também de doutrinas falsas, Mt 16.11; Mc 8.15.

 

Na nossa comunhão com Cristo não pode haver impureza.

 

A ausência do fermento simboliza a santidade de vida que no serviço de Deus.

 

c) Ervas amargas – Simbolizavam a amargura que o cordeiro iria passar e a amargura das almas humanas por causa do pecado. Hoje, todas as vezes que celebramos a Ceia do Senhor, relembramos o grande feito da nossa redenção feita não por Cordeiro, não mais por um cativeiro físico, mas pelo próprio filho de Deus.

 

“Podemos dizer que o Egito foi o Calvário da nação hebraica, como o Calvário de Jerusalém foi o nosso Calvário”.

 

d) Sangue – A garantia do perdão – “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados”, Hb 9.22. O Sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo o pecado, 1Jo 1.7. O pecado do homem foi coberto pelo sangue propiciatório do cordeiro de Deus.

 

O sangue derramado para a expiação dos pecados era o penhor da salvação, Êx 12.13; 1Jo 1.7.

 

 

II. A PÁSCOA NOS NOSSOS DIAS E OS SEUS SÍMBOLOS

 

1. INSTITUIÇÃO – A festividade da páscoa foi fixada pelo Concílio de Nicéia em 325 d.C.. É uma festa anual da Igreja Católico Romana, comemora a ressurreição de Cristo.

 

2.  OS SÍMBOLOS

 

a) O coelho – Substituíram o cordeiro pelo coelho, como símbolo de fecundidade (chegando até produzir aproximadamente cento e dez filhotes por ano). Apareceu por volta de 1915, na França. A sua cor e sua rapidez contribuíram para o seu lugar na simbologia. Dizem mais que ele representa a morte e a ressurreição de Cristo pelo fato de alguns que habitam em lugares frios e nevados hibernam e só saem da caverna quando chegam à primavera. Sabemos que não podemos aceitar tamanha aberração, pois em toda a Bíblia encontramos o Cordeiro e não o coelho como símbolo de Cristo.

 

b) O ovo – O ovo significando começo, origem de tudo. Quando incubado, dele sai vida, porque nele está contido a vida. Em Cristo não está contido a vida, Ele é a própria vida, Jo 11.25.

 

Está presente na mitologia antiga, nas religiões do oriente, nas tradições populares e numa grande parte da Cristandade. Na idade média os europeus adotaram o costume chinês de enfeitar o ovo. Em 1928 surgiram os ovos de chocolate que industrializaram em larga escala.

 

No século XVIII a Igreja Católica Romana adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo.

 

c) O peixe – É símbolo de Cristianismo. Dizem que no passado quando os cristãos se reuniam, faziam desenho de um peixe. Na semana santa, não comem carne, por causa do corpo de Cristo e substituíram a carne por peixe, mas na páscoa judaica comiam cordeiro.

 

Estes símbolos modernos são uma mistura de mitologia pagã com a simbologia cristã paganizada.

 

 

III. A PÁSCOA PARA OS EVANGÉLICOS

 

Para os evangélicos, a Páscoa tem apenas valor histórico e figurativo. O que tem sentido e valor para nós é a Ceia do Senhor, pois Jesus quando comeu a última páscoa com seus apóstolos antes do sofrimento, deu um caráter todo especial ao acontecimento, Lc 22.15. Ele estava instituindo a Ceia que, para nós, os cristãos, substituía a páscoa, Lc 22.15-20.

 

A Páscoa Bíblica, portanto, consumou-se em Cristo, que a instituiu como um novo memorial – a sua Ceia, na qual o crente comemora a morte do Senhor até que Ele venha. Não há no Novo Testamento mais lugar para a páscoa ou outras festividades mosaicas, as quais foram abolidas na cruz, juntamente com outras ordenanças, como sombras das coisas futuras, espirituais, pertencentes à dispensação da graça.

 

 

CONCLUSÃO

 

O apóstolo Paulo nos adverte em sua Primeira carta a Timóteo, 4.1-3. Não envolvemos com tais tradições mas, nós que provamos do novo nascimento, que se tornou real com o sacrifício do filho de Deus, o verdadeiro Cordeiro pascoal, recordemo-nos do Calvário constantemente independente de uma data fixada no calendário anual. Temos em nós esse Cristo ressurreto. Aleluia!

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

ALMEIDA, Abraão de. Babilônia ontem e hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 1982.

 

ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada. Edição Revista e Corrigida. São Paulo: Editora Vida, 1985.

 

BOYER, O. S. Pequena enciclopédia bíblica. 8 ed. Miami, Flórida: Editora Vida, 1981.

 

DAVIS, John. Dicionário da bíblia. 22 ed. São Paulo: Agnos,1982.

 

HOFF, Paul. O Pentateuco. Miami, Flórida: Vida, 1985.

 

MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo no livro de êxodo. 4 ed. Rio de janeiro: JUERP, 1979.

 

NAIR, S. E. Mc. Pequeno dicionário bíblico. 4 ed. Teresópolis. RJ: Casa Editora Evangélica, 1947.