OS
DIÁCONOS
William McDonald
Pr. José Antônio Corrêa
No estudo
sobre os anciãos,
vimos que a sua função é cuidar dos interesses espirituais e superintendência
da Casa de Deus. Notámos ainda que os bispos também são chamados anciãos, e que
havia diversos bispos numa Igreja, em vez de um bispo sobre várias igrejas.
Agora
vamos estudar quem são os diáconos, e quais as suas funções:
I. A palavra
"diácono" significa simplesmente servo - um homem (ou mulher) que exerce algum ministério
ou serviço. A palavra é usada frequentemente no Novo Testamento num sentido
geral. Por exemplo: O Magistrado que exerce autoridade é chamado ministro ou
diácono de Deus (Rm 13.4) Febe é chamada uma irmã que serve (diaconisa) na
Igreja em Cencreia (Rm 16.1). Cristo mesmo é chamado Ministro
(Diácono) da Circuncisão por causa da Verdade de Deus (Rm
15.8).
A palavra tem sido aplicada aos
sete varões que foram escolhidos para fazer a distribuição dos fundos da Igreja
(Atos 6.1-7).
Realmente a palavra "diácono" não se encontra na passagem referida,
nem o uso da palavra se limita àquelas obrigações. Aplica-se a qualquer espécie
de serviço não designado.
II.
Apesar de não se especificar na Escritura os deveres dos diáconos,
contudo, as suas qualificações são-nos reveladas explicitamente em 1Timóteo cap. 3.
Principiando no v.
8, lemos:
"Da mesma sorte os diáconos sejam
honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe
ganância, guardando o mistério da fé, em uma pura consciência, e estes sejam
primeiramente provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma
sorte, as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os
diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e as suas
próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si
uma boa posição, e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus".
a) O
primeiro requisito é seriedade ou honestidade - homem inconstante e frívolo não ganha facilmente a confiança daqueles
a quem serve.
b) O
diácono não deve ser de língua dobre. Isto é:
não deve ser fingido. O que diz a uns deve dizer aos outros, pois a verdade é
sempre a mesma. Honestidade e franqueza são qualidades que se impõem. Se a
responsabilidade do diácono for financeira, ele deve usar métodos que não levem
ninguém a duvidar ou a suspeitar da integridade do seu carácter.
c) Não
deve ser dado ao vinho. Ninguém
pode confiar numa pessoa que abusa do vinho. A experiência prova que a
intemperança e o excesso são inimigos da retidão e da confiança. Arruínam o
testemunho do homem como filho de Deus e incapacitam-no para o serviço divino.
d) Também
não deve ser cobiçoso de torpe ganância. Muitos destes requisitos são idênticos aos dos bispos. Um espírito
avarento é um laço. Se homem tem o coração posto em acumular riquezas, esta sua
ambição contribuirá para que todas as outras atividades da sua vida lhe fiquem
subordinadas. O Reino de Deus e a sua Justiça deixam de ter o primeiro lugar na
sua vida, e a sua obra para Deus enfraquece e torna-se inaceitável.
e) Deve
guardar o mistério da fé numa consciência pura. Isto é importante. Não é suficiente conhecer a
Verdade. Deve praticá-la com uma consciência livre de ofensa para com Deus.
Himeneu e Alexandre conheciam a Palavra de Deus, mas deram ligar ao pecado -
desviando-se da verdade e divulgando doutrina falsa (2Tm 2.17). Abafaram a voz da
consciência e fizeram naufrágio na fé (1Tm 1.19-20). Não há nada que possa substituir uma
consciência sensível e vigilante pronta a discernir o que a Deus é desagradável
resistindo ao erro e pugnando pela Verdade.
f) Depois
lemos: "E também estes sejam, primeiro provados, depois sirvam, se forem
irrepreensíveis". Isto é
um princípio divino de grande importância. "Estes sejam primeiro
provados". Em outra passagem lemos: A ninguém imponhas precipitadamente as
mãos (1Tm 5.22).
É uma admoestação para todos nós. Todos somos inclinados a deixarmo-nos
impressionar por uma pessoa que vemos pela primeira vez. O resultado é
querermos dar-lhe um lugar de responsabilidade imediatamente. Mais tarde
reconhecemos que nos precipitámos, Pois "nem Judo o que luz é ouro";
o mal foi tirarmos conclusões a seu respeito cedo demais.
g) Em
1Timóteo 3.11 lemos: "Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não
maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo". A referência não é necessariamente às esposas dos diáconos, mas
aplica-se às diaconisas isto é, às mulheres que prestam serviço na igreja local.
Febe era uma diaconisa (ver Rm 16.1).
h) Como
no caso dos anciãos, o diácono deve ser marido duma só mulher, e governar bem
os seus filhos e a sua casa. Já nos
referimos ao facto de que se o homem não impõe respeito e autoridade em sua
própria casa, dificilmente o fará na Igreja.
III. A recompensa do
diácono é dupla.
Se servir bem como diácono,
alcança justa preeminência devido à boa reputação entre os crentes e tem a
probabilidade de ser recompensado no Tribunal de Cristo.
Em segundo lugar, adquire para si
muita confiança e intrepidez na fé que há em Cristo Jesus. O mundo considera
isto de pouco valor; é místico demais, intangível, vago; mas para o crente é de
maior valor que o ouro ou as pedras preciosas.
Quanto ao sustento deles, a regra
é a mesma dos anciãos. Há alguns que fazem trabalho secular; assim suprem as
suas próprias necessidades. Porém outros há que dedicam todo o seu tempo a.
obra do Senhor; para estes, a regra é:
a) "Aos
que anunciam o Evangelho, que vivam do Evangelho" (1Co 9.14).
b) "E,
o que é instruído na Palavra, reparta de todos os seus bens com o que o
instrui" (Gl 6.6).
IV. Ao
terminarmos o nosso estudo sobre os diáconos, chamamos a atenção do leitor, mais
uma vez, para Filipenses 1.1. Nesta passagem lemos de três classes de pessoas
na Igreja de Deus: Santos, bispos e diáconos. Isto é digno de nota. A falta de
referência a qualquer outra classe, como o clero, é notável.
Barnes chama a nossa atenção para
isso no seu comentário sobre o Novo Testamento:
"Não há "três ordens"
de clero no Novo Testamento. Em 1Timóteo cap. 3, o apóstolo Paulo revela
expressamente as características dos que têm responsabilidade na Igreja, mas
menciona só duas classes: bispos e diáconos. Os bispos são ministros da
Palavra, e têm a seu cargo os interesses espirituais da Igreja; dos diáconos
não lemos que pregassem.
Não há uma terceira ordem. Não há
referência nenhuma acerca de qualquer pessoa superior aos bispos, isto é,
diáconos. Visto o apóstolo Paulo estar a dar expressas instruções acerca da
organização da Igreja, uma omissão destas seria inconcebível, se tivesse de
haver uma ordem de prelados na Igreja. Porque será que o apóstolo nem sequer
faz referência a eles nem ás suas qualificações? Se Timóteo tivesse de ser um
prelado, não seria ele que transmitir o seu cargo a outros? Não deviam ser
mencionadas às qualificações particulares de tais homens? Não seria, pelo
menos, falta de respeito da parte de Paulo, não fazer referência ao cargo de
Timóteo, se ele fosse, de facto um prelado?"
É evidente que se a organização
da Igreja segundo o Novo Testamento tivesse outra ordem além de: bispos
(anciãos) e diáconos, Paulo o teria dito nas suas Epístolas.
Atualmente há muitos sistemas
eclesiásticos organizados pelos homens, mas sem qualquer fundamento na Palavra
de Deus