OS DONS ESPIRITUAIS
Pr. Severino
Ramos
Pr.
José Antônio Corrêa
Textos Bíblicos: 1Co 12.7; 1Co 12.1-11
Objetivo:
Refletir a respeito da doutrina dos dons espirituais, ressaltando sua
atualidade para a edificação do Corpo de Cristo.
INTRODUÇÃO
A doutrina
dos dons espirituais tem total respaldo bíblico. No texto em foco da 1ª
Epístola aos crentes de Corinto, Paulo apresenta uma categorização, ainda que
seja exaustiva, de alguns dons úteis para a edificação da igreja. No início da
aula, definiremos o que seja os dons espirituais.
Em seguida,
a partir de 1Co. 12, estudaremos a
diversidade dos dons espirituais.
Ao final,
refletiremos, com base em 1Co. 14, a
respeitos de alguns princípios bíblicos para o uso prático dos dons na igreja
local.
I. A DEFINIÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
A palavra
comum, no grego, para dons é charismata que, nos textos bíblicos, refere-se, no
plural, às manifestações sobrenaturais provenientes do Espírito Santo para a edificação
do corpo de Cristo (1Co 12.4). Tal
palavra vem de charis (graça), sendo, portanto, assim como a salvação, dádiva
divina, sem que haja merecimento.
Esses são
dons espirituais (pneumaticos no grego) não são resultantes do esforço
meramente humano (1Co 12.7; 14.1). O
estudo desses vocábulos, a partir do grego do Novo Testamento, nos leva a
concluir que os dons são dádivas espirituais, concedidas pelo Espírito Santo,
sem que haja merecimento humano, a fim de favorecer a edificação da igreja.
II. OS DONS ESPIRITUAIS EM 1CO 12
Neste
trecho da Epístola, Paulo trata a respeito das “coisas espirituais”
(pneumatikon em grego), o que significa, mais especificamente, os dons
espirituais (v.1). Em seguida, o
apóstolo destaca a importância desses dons para a igreja (v.4-6). A manifestação dos dons do Espírito visa, além da
edificação do Corpo, a glorificação de Cristo (v.11), com vistas à unidade, isto é, para que seja “tudo em todos”
(v.6).
Paulo dá
três listas de dons neste capítulo, os quais são manifestos de acordo com a vontade
do Espírito Santo (v.7). É o Espírito
que dá manifestações (revelações, meios pelos quais os se dá a conhecer). Esses
dons não são distribuídos para benefício próprio, mas com vistas, esses dons
sequer são individuais, eles devem “ser úteis”.
Eles podem ser classificados como:
1) Palavra
de Sabedoria e Palavra do Conhecimento;
2) Fé, Dons
de curar, Oração, Milagres;
3)
Profecia, Capacidade para Discernir os Espíritos, Línguas e Interpretação de Línguas.
A
diversidade desses dons é fundamental a fim de que a igreja possa ser amplamente
favorecida.
Por meio da
palavra de sabedoria, Deus trás, à igreja, uma palavra prática para uma
necessidade ou problema em questão (At
6.2-4; 15.13-21) ou diante dos adversários (At 4.8-14; 19-21; 6.9,10).
A palavra
de conhecimento é o discernimento sobrenatural quanto à revelação de Deus na
Bíblia (At 10.47,48; 15.7-11).
O dom da fé
(1Co 13.2) não é a fé salvadora, mas
um dom especial com vistas a beneficiar a igreja local ou para a realização de
um milagre (At 27.25).
Os dons de
curas (assim mesmo no plural) são manifestados para que Deus intervenha, curando
doenças e enfermidades (At 3.6; 4.30).
O dom de
operação de maravilha sugere muitas variedades de milagres e ações de poder
sobrenatural (At 13.9-11).
A profecia
é disponibilizada para todos os crentes (At
2.17,18) para a edificação, exortação e consolação do Corpo.
O
discernimento de espírito visa distinguir as operações satânicas da real manifestação
do poder divino (At 5.3; 8.20-23; 13.10;
16.16-18).
As
variedades de línguas (1Co 14.2) são
uma demonstração da possibilidade da igreja falar em mistério.
A
interpretação de línguas, por sua vez, capacita os crentes a traduzir,
sobrenaturalmente, algo falado em línguas (1Co
14.6,13,16).
III. A APLICAÇÃO DOS DONS NA IGREJA LOCAL
A igreja
deve buscar “com zelo os melhores dons” (1Co
12.31), mas principalmente o de profetizar. A razão para a prioridade desse
dom é a edificação da igreja, considerando que o falar em línguas edifica
apenas a si mesmo, a menos que sejam interpretadas (1Co 14.2). Por isso, aquele que fala línguas deve buscar
interpretá-las (1Co 14.5-14). Paulo
dá o testemunho que prefere falar, na igreja, cinco palavras com entendimento,
do que dez mil palavras em língua estranha (1Co 14.19).
O culto,
por assim, dizer, não pode se restringir a um “festival” de línguas estranhas.
O dom de línguas deva ser motivado quando os crentes estiverem sozinhos em suas
devoções particulares. Esse é o caminho do amadurecimento espiritual, saber
quando se deve ou não falar línguas (1Co 14.20). As línguas no culto,
principalmente quando interpretadas, servem de sinal para os descrentes, para
que saibam quão distanciados de Deus estão (1Co 14.21; At 2.6).
Mas, se
transformamos o culto num encontro para que todos falem línguas estranhas, os
incrédulos não compreenderão a mensagem do evangelho e os crentes, como
aconteceu em Jerusalém (At 2.13),
serão chamados de loucos. Por isso, Pedro, em At 2.14, não falou a multidão em línguas estranhas, mas de forma
audível e compreensível, o resultado foi uma conversão de quase três mil
pessoas.
Assim, que
tudo seja feito com decência e ordem, para a edificação do Corpo de Cristo, se
não houver quem interprete as línguas, que fique calado ou fale apenas consigo
mesmo (1Co 14.28).
Quanto à
profecia, que falem dois ou três e outros julguem (1Co 14.29-31-32), isso mostra que o dom profético não é canônico,
como a escritura, infalível, por isso, deva ser julgado à luz da Escritura.
Paulo admite que as pessoas podem acrescentar seus próprios sentimentos. Talvez
isso tenha acontecido quando os de Tiro, “pelo Espírito”, exortaram Paulo para
que não fosse a Jerusalém (At 21.4,11,12).
Aquelas
profecias não foram infalíveis porque outras passagens, como a de At 9.16, 27.23,24, revelam que era a
vontade de Deus que Paulo fizesse aquela viagem.
CONCLUSÃO
Os dons
espirituais, conforme nos instrui o apóstolo Paulo, são dados para “cada um
para o que for útil” (1Co 12.7) e
visam, acima de qualquer coisa, à edificação e à santificação da igreja (1Co 12.7).
Esse dons –
charismata - são espirituais – pneumatikon - concedidos de acordo com a vontade
do Espírito Santo (1Co 12.11) a fim
de suprir as necessidades da igreja (1Co
12.31; 14.1).
Esse dons
não se restringiram apenas aos dias apostólicos, a igreja atual também pode
usufruir deles com decência e ordem, de modo que não falte esses e outros dons
(Rm 12.6-8) até a vinda do nosso
Senhor Jesus (1Co 1.7).
BIBLIOGRAFIA
HORTON, S.
M. I e II Coríntios: os problemas da igreja e suas soluções. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007. MORRIS, L. I Coríntios: Introdução e comentário.
São Paulo: Vida Nova, 2007.