O ALTAR DE HOLOCAUSTO
ÊX 27.1-21
Pr. José Antônio Corrêa
INTRODUÇÃO:
Pudemos
ver no estudo anterior como o Tabernáculo com suas divisões (o Átrio, o Lugar
Santo e o Santíssimo Lugar), traz a nós figuras inigualáveis, e significados
tão atuais que merecem de nós uma acentuada investigação. Vimos como o
Tabernáculo tem a ver conosco, uma vez que, hoje somos o "santuário do
Espírito Santo". Deus habitava no Santo dos Santos, assim como Ele habita
hoje em nós pelo seu Espírito. Assim como os oficiantes do Tabernáculo, os
sacerdotes, precisavam manter em dia os rituais de sacrifício, e era desta
maneira que a presença de Deus se mantinha no Santuário, assim também nós
precisamos manter nosso corpo, mente e espírito irrepreensíveis (1Ts 5.23),
para que o Espírito de Deus não seja extinto em nossas vidas, 1Ts 5.19.
Continuando nosso estudo, queremos ver hoje o Altar do Holocausto.
I. O ALTAR DO HOLOCAUSTO
1.
O Altar do Holocausto (hle xbzm – mizbeach `olah) ficava no Átrio, ou Pátio do
Tabernáculo. Quando pensamos no Átrio ou Pátio, nos lembramos que ele era um
compartimento, formando um grande retângulo envolvido por uma cortina de linho
branco sustentado por colunas de madeira com pés de bronze e testeiras de
prata. "Dentro desse cercado de linho branco, chamado de Átrio ou Pátio
(media 50m de cumprimento por 25m de largura), podia-se ver em sua primeira
metade o Altar de Holocausto; mais à frente a Pia de Bronze cheia de água. Na
segunda metade desse Pátio ficava uma espécie de casa que seria exatamente a
tenda".(1) Uma descrição um pouco mais pormenorizada do Altar
nos é dada por Shedd:
"O altar para as ofertas queimadas tinha
a forma de uma caixa oca (8), de igual largura e comprimento, mas sem fundo e
sem topo (1). Provavelmente era cheia de terra, sobre a qual as ofertas eram
queimadas. Era de madeira de cetim recoberta de cobre (1,2). Em cada uma das
quatro esquinas superiores havia chifres ornamentais, formando uma só peça com
o altar (2).(2)
2.
Olhando para dentro do Átrio podia-se observar o Altar do Holocausto. Ele
"...era o primeiro item que podia ser visto ao se entrar pela Porta do
Pátio Externo do Tabernáculo. Ele era impressionante em sua construção, sendo
feito de madeira de acácia e recoberto com bronze, tendo
"A finalidade essencial do Altar era a
de ser o lugar onde se oferecia os sacrifícios e ali o sangue era vertido. Ali
no altar se fazia unicamente a expiação pelas almas (Levítico 17.11; ver também
Hebreus 9.22. "Sem derramamento de sangue não há remissão"). O altar
nos falda de Cristo; os sacrifícios nos falam de Cristo, o sacerdote nos fala
de Cristo. O conjunto do que sucedia no altar nos mostra a cruz. Duas verdades
fundamentais saem do Altar de Bronze e dos sacrifícios que nele eram
oferecidos:
a) A necessidade de sangue para apagar o
pecado. Esta verdade é posta em evidência de Gênesis a Apocalipse: "O
salário do pecado é a morte" (Romanos 6.23). O sangue derramado nos fala
da morte do culpado, ou de uma vítima oferecida em seu lugar. Não há outro meio
para apagar o pecado diante de Deus.
b) A doutrina essencial da substituição.
Segundo o pensamento de Deus, uma vítima sem defeito podia ser oferecida em
lugar do culpado, assim como o carneiro foi oferecido em lugar de Isaque,
(Gênesis 22), o cordeiro da Páscoa que morreu em lugar do primogênito (Êxodo
12). "Cristo padeceu uma só vez pelos pecados, o justo pelos
injustos" (1 Pedro 3.18); "aquele que não conheceu pecado, Deus o fez
pecado por nós".(4)
3.
O principal objetivo do sacrifício era expiar o pecado, para o que ofertante
pudesse receber o perdão divino e consequentemente ser aceito diante de Deus, Lv
1.4, "Porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, e este será aceito
a favor dele, para a sua expiação". Citando novamente o comentário de
Barrow, temos:
"O alvo do holocausto era que, por ele,
a pessoa poderia se tornar aceita diante de Deus e perdoada (Levítico 1:4).
Para o holocausto, um animal macho era sacrificado: um carneiro, um bode, um
boi ou uma rola (ou um pombinho) (Levítico 1:13-17). A oferta deveria ser sem
mancha ou defeito, a mais saudável e a melhor disponível".(5)
4.
Observe que o sangue era derramado ao redor do altar, Lv 1.5,
"Depois imolará o novilho perante o Senhor; e os filhos de Arão, os
sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar
que está à porta da tenda da revelação". Este fato, pode nos trazer uma
impressão ruim sob a ótica do mundo de hoje. Mas, de acordo com os princípios
divinos exarados na Sua Palavra, o pecado do homem só pode ser expiado,
coberto, através do sangue de uma vítima destinada ao sacrifício, Hb 9.22,
"E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem
derramamento de sangue não há remissão".
5.
Com estas considerações iniciais podemos agora falar sobre o simbolismo
envolvendo o Átrio e o Alta do Holocausto.
SIMBOLISMOS DO ALTAR DO HOLOCAUSTO
1.
Como já vimos no primeiro estudo, o Átrio significa o nosso homem velho, o
homem natural e que precisa ser redimido pelo Senhor. Não é por acaso que é no
Átrio que ficava o Altar do Holocausto, instrumento usado para o sacrifício e
consequentemente o local de perdão. Todo homem que quiser aproximar-se de Deus
precisa primeiro passar pelo Altar do Holocausto, onde deixará seus pecados que
ali são tratados pelo Senhor. É no Altar do Holocausto que nossos pecados são
extirpados pelo Senhor, e onde deve ocorrer o "novo nascimento", Jo
3.3, "Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus". É no Altar do
Holocausto que o nosso coração de pedra, o coração que ainda não foi trabalhado
por Deus, é substituído pelo coração de carne, um coração novo recebido pelo
Senhor, Ez 36.26, "Também vos darei um coração novo, e porei dentro
de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos
darei um coração de carne". A verdade do presente texto, é que Deus fala
através da boca de Ezequiel do novo nascimento, um nascimento espiritual, que
ocorreria futuramente na vida de seu povo. Este novo nascimento acontece na
vida de todo aquele que tem um encontro com o Senhor.
2.
Devemos notar que o Altar de Holocausto era feito de madeira de acácia e
recoberto de bronze. Temos aqui uma representação de Cristo e da natureza
humana que deve ser trabalhada por Deus. Veja o comentário de Barrow:
"A madeira de Acácia é muito resistente
e de alta qualidade, representando o melhor da humanidade, que é Cristo. O
bronze na Bíblia fala do julgamento de Deus, particularmente Seu julgamento
sobre nossas palavras e pensamentos de rebeldia contra Ele (como em Números
16:29-40 e Judas 11). Visto que a madeira é recoberta com bronze, o Altar de
Holocausto nos faz lembrar do homem sob o julgamento de Deus, em virtude de
nossas rebeliões contra Ele. Sendo que a madeira é de acácia, isto fala de
Jesus sofrendo julgamento de Deus na cruz, em nosso lugar".(6)
Sobre
o bronze utilizado para cobertura do Altar temos ainda o seguinte comentário:
"O Altar era feito de bronze, um metal
não encontrado na natureza, que consistia de uma liga de cobre e zinco feita
pelo homem. Simbolicamente é mostrado que o pecado não estava previsto em nosso
esquema evolutivo, constituindo uma anomalia na natureza tanto quanto suas consequências,
isto é, a dor e a morte simbolizadas pelas vítimas sacrificadas. Enquanto o
Altar foi feito de um metal artificialmente composto, o fogo que ardia sempre
sobre ele era de origem divina e conservado aceso de ano para ano com o mais
perfeito zelo. Nenhum outro fogo jamais foi usado, e podemos mencionar, como
exemplo, o caso de dois sacerdotes presunçosos e rebeldes que ousaram
desobedecer essas ordens usando um fogo estranho. Em consequência, encontraram
morte horrível e instantânea. Também para nós, uma vez que tenhamos feito o
juramento de aliança com o Mestre Místico, o Eu Superior, será extremamente
perigoso desprezar os preceitos que nos foram dados".(7)
2.
Outro detalhe importante para pensarmos é que no Altar do Holocausto, ocorria o
sacrifício das vítimas, e o sangue era vertido, derramado. Este sangue tinha
como objetivo a remissão de pecados. Lembre-se que "sem derramamento de
sangue não há remissão de pecados", Hb 9.22. A vítima com seu
sangue derramado em volta do Altar, representa Cristo, o Cordeiro que foi
morto, derramando o seu sangue pelos nossos pecados. Lembre-se da apresentação
que João Batista fez de Jesus aos seus discípulos: "No dia seguinte João
viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo", Jo 1.29. Certamente Jesus foi levado como
cordeiro ao sacrifício, Is 53.7, "Ele foi oprimido e afligido, mas
não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha
que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca".
a)
O sacrifício de Jesus por nós foi idealizado por Deus "antes da fundação
do mundo", e foi concretizado no Calvário, 1Pe 1.18-20, "18
sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos
pais, 19 mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha,
o sangue de Cristo, 20 o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da
fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós".
b)
Sabendo que o homem é pecador – "Não há justo, nem sequer um...", Rm
3.10, a grande verdade em tudo isso é que nós é quem deveríamos ser
sacrificados, mortos pelos nossos pecados, uma vez que "o salário do
pecado é a morte", Rm 6.23. Porém tanto no Velho Testamento, como
no Novo Testamento, Deus providenciou para o homem um substituto, alguém que
morresse em seu lugar! No Velho Testamento, a substituição acontecia através da
morte dos animais; já no Novo Testamento, o nosso substituto por excelência é o
"cordeiro imaculado", que deu a sua vida por nós, 1Pe 3.18,
"Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos
injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas
vivificado no espírito".
3.
Precisamos diariamente chegar no altar de Deus, pedindo perdão pelos nossos
pecados e assim sermos aceitos diante dEle. Conforme nos diz Barrow:
"Aprenda a vir a este altar todos os
dias para confessar os seus pecados a Deus e para lembrar (oferecendo a Deus
sacrifícios de louvor, Hebreus 13:15) que o Senhor Jesus morreu em seu lugar
para te perdoar e te limpar de todos os seus pecados pelo Seu sangue (1 João
1:7-9; Hebreus 8:12; 9:14), a fim de que você pudesse viver não mais para si
mesmo, mas para Ele (2 Coríntios 5:15).(8)
4.
Com o Altar do Holocausto aprendemos a necessidade de que nossos pecados
precisam ser tratados por Deus. Isto somente é possível através do sacrifício
do Filho de Deus, que deu a Sua vida por nós em oferta agradável a Deus, Ef
5.2, "... e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou
a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave".
BIBLIOGRAFIA:
BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos
Holocaustos". http://www.domini.org/tabern.
martyn@domini.org. Tradução: Pastor
Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy Ellaina Gardner (02/02). Calvin G.
Gardner 03/02.
BÍBLIA ONLINE. Sociedade Bíblica do Brasil. Versão 2.01.
1999.
CHAGAS, Sheder. Artigo "Tabernáculo – Parte 2,
"ÁTRIO OU PÁTIO". http://www.netgospel.com.br/.
http://www.adoracao.com.br/.
HURTADO, Juan Anca. Artigo "El tabernáculo y sus
utensilios (sus significados)". www.monografias.com.
jusahu@starmedia.com.
SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova.
São Paulo. Vol. I, págs. 143-154.
NOTAS:
(1) CHAGAS, Sheder. Artigo "Tabernáculo –
Parte 2, "ÁTRIO OU PÁTIO". http://www.netgospel.com.br/.
http://www.adoracao.com.br/.
(2) SHEED, Russel. O Novo Comentário da Bíblia.
Edições Vida Nova. São Paulo. Vol. I, pág. 145.
(3) BARROW, Martyn. Artigo "O Altar dos
Holocaustos". http://www.domini.org/tabern.
martyn@domini.org. Tradução: Pastor
Eduardo Alves Cadete (05/01). Revisão: Joy
Ellaina Gardner (02/02). Calvin G. Gardner 03/02.
(4) HURTADO, Juan Anca. Artigo "El tabernáculo y sus utensilios (sus
significados)". www.monografias.com. jusahu@starmedia.com.
(5) BARROW, Martyn, op. cit.
(6) BARROW, Martyn, op. cit.
(7) Autoria desconhecida.
(8) BARROW, Martyn, op. cit.